História A Thousand Roses - Capítulo 8

Emma Swan

A noite de quinta-feira chegou mais rápido do que eu estava pensando, a ansiedade me consumia para voltar a competir e eu mal podia esperar para vencer algo de novo, estava um pouco nervosa também, mas eu acreditava no meu potencial, tinha tudo para dar certo.

Deixei as crianças na casa de meus pais antes do jantar e segui para a academia para treinar um pouco antes da luta, depois de uma hora suando duro estava na hora de ir para a ação, liguei para Ruby para saber onde ela se encontrava e ela me falou que estava já sentada, juntamente com Killian.

Segui para o lugar onde estavam ocorrendo as batalhas, me aproximei de Luke e ele me disse que a próxima seria eu, me animei, pois ainda estava quente do treino, o que facilitaria muito minha condição, observei a bancada e encontrei Ruby e Killian torcendo por mim, sorri para ambos e fui me preparar, coloquei minhas luvas da sorte, que estavam guardadas faziam longos anos e voltariam à ação hoje e segui para o ringue.

A minha adversária não parecia intimidadora, no entanto tinha a certeza de que ela era de dar trabalho, muito determinada.

A luta aconteceu e tenho certeza que para quem viu de fora não foi tão bonito assim, como eu pensei ela era muito determinada, não era de desistir fácil, da mesma forma que que eu não era, então a luta durou bem mais do que o normal, eu sentia meus braços quentes, meus joelhos estavam doendo e minha cara ardendo demais, mas nem por isso desisti, o estado da minha adversária também não era o melhor alguns cortes na sua face e colo, os braços extremamente vermelhos... Quando eu achava que ela iria desistir ela me pegou de jeito certo, e eu percebi que ali era o meu fim, ela me tirou completamente a força que restava enquanto eu ficava no chão apenas me debatendo, tentando me salvar, do nada pareceu que a menina que não era tão intimidadora estava prestes a me matar, com medo acabei desistindo, me dando por vencida, quando notei Ruby estava correndo para perto de mim e me ajudando a levantar do chão do ringue, me levando para o banheiro, lembro de sentar em algum banco, mas não estava vendo nada pois estava de olho fechado.

-Puta que pariu! A menina deu a louca no fim? Aquilo é permitido? Ela iria matar você se você não desistisse Emma meu deus!

-Hey hey, calma, ela deu a louca mesmo, mas estava dando tudo certo até ao momento.

-Estava, mas neste momento você está deitando sangue por todo lado e eu nem sei o que fazer, por amor de deus não desmaia.

-Ruby, não é a primeira vez que isso acontece, eu não vou desmaiar, pega uma toalha molhada e passa na minha cara por favor. - fiquei alguns minutos esperando, ouvindo os passos de Ruby e a água correndo, quando ela se aproximou senti a toalha molhada sendo passada superficialmente.

-Isso não tá doendo? - perguntou.

-Não, ainda estou quente, aproveita.

Ruby me falou que limpou tudo o que conseguia e eu finalmente consegui abrir os olhos mesmo que com dificuldade, segui até ao espelho para ver o estrago e realmente não está nada bom, tinha um corte no lábio, um corte na testa, outro no sobrolho, um dos olhos nem abria e estava inchando, eu estava totalmente ferrada.

Depois da brincadeira Ruby e Killian me acompanharam até ao meu apartamento, conversei um pouco com Killian, e ele me deu a maior bronca, no entanto não me preocupei muito, apenas cheguei em casa e me joguei na cama da forma que eu estava.

Acordei apenas na manhã seguinte e já era tarde demais, felizmente minhas sessões seriam apenas à tarde, meu corpo doía por toda a parte, me permiti observar o que conseguia, meus braços roxos, minhas pernas não estavam melhores, tudo dolorido, me levantei e segui para o banheiro para ver como estava o meu rosto, e continuava horrível como no dia anterior, retirei toda a minha roupa notando algumas manchas de sangue na camiseta, talvez de algum dos cortes, entrei no chuveiro quente que me aliviou bastante as dores do corpo mas piorou as dores da cara e logo terminei.

Eu não fazia ideia do que fazer com minha cara, não estava habituada a cuidar de machucados, passei apenas um creme que cicatrizava aa feridas mais rápido e rezei para aquilo ser suficiente, passei também um creme para as dores musculares no resto do corpo e tomei um medicamento para as dores, coloquei jeans e uma blusa de manga longa para tapar pelo menos a situação do corpo e saí de casa.

A tarde no trabalho passou rápido, com poucas sessões consegui sair um pouco antes do planeado para pegar as crianças na escola, assim que as encontrei estavam bastante empolgadas por irem encontrar com Regina.

-Mamãe, o que aconteceu no seu rosto? - Henry perguntou me observando melhor, logo Violet estava me observando da mesma forma.

-É... Foi no treino da mamãe, mas tá tudo bem, é apenas um machucado. - Eu não sabia ao certo como falar sobre lutar, eu não o faria pois se Henry ficasse com curiosidade Regina me mataria e eu não estaria aqui para contar a história, então eu não entraria em detalhes. Ele pareceu aceitar o que eu disse e voltou a atenção para a estrada de novo.

Dirigi por quinze minutos até à mansão Mills com duas crianças bastante falantes, era habitual elas estarem assim em dias normais e eu amava quando elas ficavam assim. Henry saiu correndo e ajudando Violet a sair assim que estacionei no interior da mansão, os deixei ir e fiquei apenas verificando se estavam bem e olhei para o espelho tentando que a minha cara não estivesse tão ruim, minhas dores não suportariam levar mais ainda. Respirei fundo e saí do carro, não tinha volta a dar, eu não precisava dizer o que havia feito, podia apenas ter caído, eu sou bem desastrada mesmo.

Caminhei até à porta de entrada que estava aberta e sem ninguém e entrei, encontrando Granny a poucos metros e Regina abraçando as duas crianças que estavam no seu colo.

-Boa tarde, Granny! - Disse a abraçando calorosamente, eu amava aquela mulher desde sempre.

-Boa tarde, querida, o que foi isso na sua cara? - perguntou me inspecionado.

-É... Nada não, estou bem. - Falei e me virei para encarar Regina que não abraçava mais as crianças, elas haviam corrido para algum canto.

Quando me encarou ficou tão surpresa que não conseguiu evitar a boca aberta.

-O que aconteceu com você? - perguntou se aproximando, Granny se afastou pedindo licença para procurar pelas crianças que já estavam correndo em algum canto.

-Eu... caí feio ontem. - Disse a primeira coisa que veio na cabeça.

-Olhe bem para mim, acha que eu sou o Henry? - perguntou séria se aproximando mais, me fazendo recuar alguns passos.

-É verdade. - disse calma.

-É mentira, eu te conheço bem demais para saber que está mentindo, e mais ainda para saber como isso aconteceu. - Respirei fundo, era verdade, ela me conhecia bem demais. Então só esperei a bomba. - Você é tão idiota Emma, sério, eu não posso acreditar que está fazendo isso, há quanto tempo?

-Desde ontem, eu estava precisando.

-PRECISANDO MORRER? VOCÊ ACHA QUE JÁ NÃO CHEGA UMA DAS MÃES ESTAR MORRENDO? QUER DEIXAR OS SEUS FILHOS SEM NENHUMA?

-Hey hey! Calma! Regina eu não vou morrer, eu não morri das outras vezes não será dessa.

-Fala a verdade, eu preciso ouvir a verdade da sua boca com todas as palavras. - Falou se aproximando das costas do sofá e se encostando. Respirei fundo

-Eu voltei pra luta, pro combate, ontem foi meu primeiro depois de todos esses anos, estava dando tudo certo, mas a menina deu a louca e isso aconteceu, mas eu não morri, eu nunca chegaria a esse ponto, eu sei o meu limite, sempre soube.

-Até quando? Até perder a cabeça por algum motivo e deixar o seu limite de lado, você se olhou bem no espelho? Henry perguntou o que aconteceu certo?

-Sim, mas eu não falei o que foi, nunca faria isso com você.

-Ainda bem, você sabe o que aconteceria. - Certo, aquilo foi uma ameaça ou eu sonhei? Eu não diria nada, estava cansada demais para isso.

-As crianças ficarão com você até quando? - perguntei tentando mudar de assunto.

-Eu estou me sentindo melhor, acredito que aguente até ao próximo final de semana. - Ela estava recuando devido a eu voltar a lutar?

-Você está fazendo isso pela luta? Regina por amor de deus!

-É, pode ser que assim aprenda! - Eu estava pronta para dar meia-volta até sentir Regina apertando o meu pulso forte e me puxar para o andar superior, não falei nada apenas a segui, entramos no seu quarto que um dia foi nosso e ela me sentou na cama sumindo para o banheiro em seguida. Quando voltou trazia a caixa de primeiros socorros e eu entendi que o que eu tinha feito não estava tão bonito como eu achava.

Regina não falou nada, apenas tratou de limpar os machucados com delicadeza como se não tivesse passado anos desde a última vez.

-Como você é idiota Emma! - Ela falou do nada ainda tentando desinfetar os machucados.

-Ai! - gritei de dor quando ela tocou o meu lábio machucado.

-Quem mandou ser idiota? - perguntou e me deu um soco no braço, eu tava sofrendo mais nas mãos dela do que no combate. - Idiota! Burra! Sem noção! - E mais socos. - Meu Deus eu odeio você! - Falou e surpresa senti os seus lábios nos meus, Regina estava me beijando, REGINA ESTAVA ME BEIJANDO????????? Por impulso me afastei um pouco, mas não consegui pois ela se aproximou novamente tomando os meus lábios, sem pensar correspondi e ficamos alguns minutos nos beijando até ouvir passos no corredor e me afastar bruscamente, eu não sabia o que estava acontecendo, mas mostrar para Henry ou Violet algo assim nunca seria bom.

-MAMÃEEEEEEEEEEE - Violet gritou entrando no quarto- Granny chamou você para tomar seu remédio.

-Obrigada, amor, eu já estou descendo.

Me recompus e me levantei da cama de Regina seguindo para a porta.

-Eu volto na semana que vem, se precisar de algo me avise. - Falei sem olhar para trás e saí do quarto, me despedi das crianças e dirigi até casa.

Estava em outro mundo ainda, Regina havia me beijado, após três anos sem qualquer tipo de contacto ela me beijou sem mais nem menos e eu não entendi o que estava acontecendo, porque ela me beijou? Talvez fosse a fragilidade da doença? O facto de eu estar machucada? Eu não conseguia pensar em qualquer outra coisa, eu sabia que ela não sentia saudades minhas e muito menos estava gostando de mim ainda, eu entendia que ela me odiava. Eu não pretendia questionar o que aconteceu, apenas esquecer, aquilo não era bom nem para Regina nem para mim, muito menos para os nossos filhos.