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História A Traição - Jungkook - Saga: O Início XIV


Escrita por: Powlledy

Notas do Autor


FELIZ ANO NOVOOOOOOOO


Primeiro capítulo do ano caprichado só pra deixar o dia de vocês melhor nesse sábado q não fazemos nada hehe. Postei agr porq tenho compromisso mais tarde então algumas de vocês devem estar dormindo ainda hehe, bom sonhos, manas ♥️♥️


Boa leitura!!!

Capítulo 14 - Saga: O Início XIV





Fomos surpreendidos por Caius, mas o que não esperávamos é que ele viria acompanhado de outros lobos.

Percebo que os lobos da alcateia de Seul estavam se comunicando entre si por telepatia, algo que me deixava totalmente em desvantagem, pois eu não saberia ao certo o que eles pretendiam fazer.

Segue seu instinto.

Minha loba dava a solução, afinal, meu instinto nunca falha. Então vamos agarrar essa alternativa com todas as forças e confiar que aquilo que eu pretendo fazer, seja de acordo com o que os garotos também farão.

Eu precisava somente de um sinal. Um mísero sinal, porque um movimento brusco pode custar muito caro e um único erro qualquer pode levar a algo bastante grave.

Tsc! Estava ficando encurralada.

— Olha, eu até que fui bonzinho de avisar que iria chegar em breve. Acho que vocês não compreenderam — Caius analisa o ambiente ao redor.

— Se vamos lutar, que seja lá fora. Esses móveis são muito caros — o Alpha diz.

Caius riu e os dois lobos atrás dele rosnaram ainda mais e em um momento de bipolaridade Caius gritou com os lobos.

— Fiquem quietos! — e os lobos obedeceram.

Fechei minhas mãos em punhos e por reflexo avancei um passo. Como um lobo se rebaixa desse modo a um vampiro escroto como Caius?

Aquilo me chateava imensamente ver esses lobos sendo humilhados. Nenhum lobo gosta de ser ameaçado por vampiros, podia ver que esses daí também não eram diferentes, mas por algum motivo eles tinham que obedecer Caius.

— Ainda fica se doendo por ver outros lobos submissos a vampiros, querida? — Virou-se para mim.

— Só fico pensando o que você fez para que eles te obedeçam, está claro que não é por vontade própria — dei de ombros — e eu acho bastante triste, lobos obedecerem alguém inferior a eles.

O semblante de Caius mudou drasticamente para algo bem assustador em questão de segundos. Estava mais que claro de que ele não suportava quem o insultava. E era bastante divertido ver essa expressão, me causava adrenalina. Conseguia sentir o sangue fluindo em minhas veias e as batidas de meu coração acelerando — não só o meu, mas de todos ao redor também.

Não conseguia esconder o sorriso em meu rosto por conseguir atingi-lo tão facilmente. Aquilo estava saciando a minha sede.

Me aproximei, Caius não moveu um músculo sequer. Fiquei cara a cara com ele até conseguia sentir sua respiração bater em meu rosto.

— É tão fácil tirá-lo do sério que chega a ser cômico como muda de expressão instantaneamente — soltei uma risada baixinha provocando-o.

Ele continua como antes.

— Você não tem medo do perigo, cadela? — Passei minhas mãos pelo seu rosto e aproximei minha boca de seu ouvido.

— Você tem que aprender que: eu sou o próprio perigo — sussurrei em seu ouvido e logo mordi o lóbulo do mesmo.

Quando Caius iria me afastar, eu arranquei sua orelha facilmente cuspindo perto de seus lobos.

— Devem estar felizes por isso — lancei-lhes uma piscadela.

Hihihi.

Pelo visto não foram só eles que ficaram felizes, minha loba também estava altamente eufórica.

— Desgraçada! Argh! — Caius tentava estancar o sangue com suas mãos e eu tive a oportunidade de rir dessa cena.

Passei a língua entre meus lábios, o gosto de seu sangue não me agradava.

— Eca! Até seu sangue é podre. Como imaginei, nada que vem de você é bom — faço um barulho com a boca de quem está decepcionada.

— Você vai me pagar, sua vadia!

E então Caius fez com que o tempo parasse ou... pelo menos tentou. De alguma forma o poder dele não fez nenhum efeito sobre qualquer um que estava naquela sala.

Olhei para trás rapidamente, Jin não estava aqui. Sorri de lado, ele era definitivamente o nosso salvador.

Estalei os dedos e mexi o pescoço de um lado para o outro.

— A diversão está prestes a começar — ouço Namjoon dizer e então toma a frente.

E como um passe de mágica eles estavam fora da casa, os outros o seguiram, já em sua forma lupina. Quando eu iria segui-los, Jin surge das sombras e segura em meu ombro, virando-me para ele.

— O que foi? — Não escondo meu tom de descontentamento por ele ter me impedido.

Ele não diz nada, só mostra um espelho.

— O que isso significa? — bufei.

— Você não está sabendo esconder sua parte vampiresca, olhe — vejo meu reflexo.

A mesclagem de vermelho e azul davam realmente um contraste diferente, um violeta vivo. Eu gostava daquela coloração.

— E daí? — Olhei-o, não sabia aonde ele queria chegar.

— Você sabe o que acontece quando se deixa levar por sua parte vampiresca, não sabe? — Me olhou cauteloso e eu baixei a guarda.

— Eu sei me cuidar, não vou deixar ela me dominar de novo.

— Você sabe o que vou ter que fazer caso você se descontrole, né?

Assenti.

— Então está avisada — dito isso, ele desapareceu.

Respirei fundo. Não queria passar por aquilo de novo, por isso tratei de ter a certeza que era eu quem estava no comando.

Ter que manter a vampira dentro de mim, era fácil em todos os sentidos, mas acaba se tornando difícil quando não consigo controlar minha fúria. Por isso eu sempre era muito cautelosa em todas as minhas decisões perante ao inimigo, não podia me deixar levar por qualquer coisa, tinha de manter meu autocontrole pelo meu bem e pelo bem de minha loba, porque essas minhas duas partes raramente sabem trabalhar em equipe, portanto as duas sempre entram em conflito. E para que tudo volte ao normal, Jin teria que me “desligar” por completo e a consequência depois disso era: uma luta entre minha loba e minha parte vampiresca. A que perdesse era trancada dentro de uma jaula e só poderia sair se seu recipiente — no caso, eu — tiver dado uma brecha.

Essa luta geralmente é muito dolorosa, porque acontece dentro de mim. Mexe com todos os meus órgãos e mente, acaba me deixando exausta pelas minhas duas partes estarem debilitadas pós-luta.

Tsc! Experiência horrível.

Comecei a andar em direção onde todos se encontravam. Tentava manter a calma e concentrar em usar somente minha loba.

Isso não abalava em nada, eu estava confiante, nunca mais deixaria que aquilo acontecesse de novo. Eu estava mais ansiosa que nunca para ver o que eu perdera com toda essa distração.

Quando cheguei a porta, consegui ver Caius encurralado pelo Alpha, Jungkook e Namjoon. Os lobos que estavam aliados a Caius, parece que se viraram contra o mesmo porque estavam ajudando os lobos da alcateia de Seul que cuidavam de duas pessoas, que eu julgava ser os feiticeiros de Caius.

O vampiro estava perdendo.

Me encostei na porta, cruzando os braços. Talvez, eles nem precisassem de mim. Parece que Caius sem o seu poder não é nadica de nada.

Ri anasalado, pensando o quão dependente ele é de seus poderes. Tão deplorável uma pessoa só saber vencer através de suas habilidades especiais.

Caius tentava buscar alguma saída, sua cara de desespero me deixava altamente satisfeita. Os lobos se aproximavam cada vez mais de Caius, exibindo seus dentes e ameaçando atacar a qualquer momento.

Seria o fim desse miserável a qualquer instante.

Quando pensei que o Alpha o degolaria, o mesmo olhou para mim e sinalizou para que me aproximasse. Fiquei confusa com essa ação repentina, mas acabei indo.

No momento em que cheguei perto o bastante, eles fizeram uma roda comigo e Caius dentro. Entendi isso como se eles dissessem que a presa era totalmente minha.

— Parece que seremos só eu e você de novo, Caiuszinho.

Na medida em que me aproximava, ele andava um passo para trás.

Desde quando ele virou tão covarde? Estava tão a mercê de seus poderes que não pode confiar em uma habilidade corpo a corpo?

— Na época em que te conheci, você não parecia tão patético como agora — debochei — cheguei a pensar que você era até um oponente à altura, sabe? Mas eu me enganei terrivelmente. Você não passa de alguém que sem seus poderes não é nada mais e nada menos que um vampiro qualquer e saber que minha antiga alcateia foi dizimada pelas suas mãos indignas, me deixa totalmente furiosa — trinquei o maxilar — mal posso acreditar que justo você, que se julgava o todo-poderoso, fosse derrotado tão facilmente, patético, não acha?

Ri sarcástica.

— A sua alcateia foi a mais fácil dentre todas as outras, lembro-me bem, mal tiveram tempo de gritar. Dei uma morte rápida para cada um, você deveria me agradecer — parou de andar assim que encostou em uma grande árvore, não tinha mais para onde ele correr.

Ouço o Alpha rosnar mais forte. Sei que para ele só em pensar em perder todos deveria ser doloroso, então isso devia incomoda-lo.

— Deve ter doído, não é? Os laços se partindo um por um, tudo o que viveu sendo apagado da história e só restando memórias. Ver todos eles pedindo socorro e gritando em sua mente, mas logo em seguida desaparecendo de vez... deve ter doído muito ter que enterrar todos os corpos, sozinha, não é? — parei de andar, ficando estática em meu lugar, como ele sabia disso? — Espero que tenha doído mesmo! Espero que tenha machucado seu coração e que ainda tenha um buraco enorme faltando! Você merece! É isso que você merece por tudo que você fez em sua vida! — estava berrando como um louco.

— Acha que dizer coisas desnecessárias vai adiantar de quê? — Caius arregalou os olhos quando viu que nada me surtiu efeito em tudo aquilo que falou — eu realmente queria ter essa empatia de me importar com o que aconteceu com o meu passado, mas deixa eu te contar um segredo... — fiz uma pausa — eu não me importo. Se eles morreram é porque eram fracos, e é assim que funciona: os fortes caçam e os fracos são caçados.

Caius cada vez mais tinha uma expressão de pavor, como se estivesse vendo seu maior pesadelo em sua frente. O via engolir o seco e o suor escorrendo de seu rosto.

— V-você está blefando! Eu sei o que fez depois de ter sobrevivido. Eu sei que ficou tão desestabilizada que chegou a perder o controle de si mesma e...

Arranquei o seu coração antes que completasse.

— Isso é pela minha alcateia — apertei seu coração em minhas mãos, fazendo-o explodir — isso é por ser tão irritante — O degolei, pegando sua cabeça e jogando para os seus “aliados” lobos que logo fizeram o trabalho de deixá-la irreconhecível, uma criatura medonha.

Vejo o lobo de Jungkook me trazer em sua boca uma tocha com o fogo aceso, lhe lanço um sorriso agradecendo e então queimo o resto do corpo de Caius que vira cinzas rapidamente e para fechar com chave de ouro minha loba diz:

E isso é por todos aqueles que esperavam sua morte para enfim viver em paz — sinto uma lágrima solitária cair em meu rosto, logo a limpo, manchando meu rosto com sangue.

Na grande chama que se formava, conseguia visualizar bem todos os meus antigos companheiros de alcateia, era como se eles tivessem sido libertos.

Viro às costas e vou em direção a mansão.

Não sabia ao certo como estava me sentido, mas de uma coisa eu tinha certeza: estava aliviada de ter vingado não só minha alcateia, como também todos a quem esse infeliz vinha matando por séculos.

O sorriso eu já não conseguia mais conter, o grande peso em minhas costas estava se esvaindo por completo. Fazia tanto tempo que não me sentia desta forma. Carregar o fardo de perder sua alcateia inteirinha sozinha, não era fácil, mas agora parecia que o grande saco de pedras que carregava furou e o peso diminuiu consideravelmente.

Vejo Jin na porta e logo corri até ele, abraçando-o fortemente.

— Eu consegui! Snif! — Só agora percebi que tinha deixado minhas lágrimas livres para rolarem pelo meu rosto.

— É, você conseguiu — ele sorria, sabia o quão aquilo tinha sido uma grandiosa vitória para mim.

— Obrigada por isso! Sei que seu poder foi uma chave fundamental para nossa vitória — beijei seu rosto e ele riu.

— Não precisa me agradecer, você quem deu o xeque-mate — ele também beija meu rosto e eu sorrio.

Vejo que estava sujando-o e então nos separo.

— Acho que preciso de um banho urgente — digo olhando meus braços com uma coloração avermelhada e um cheiro nada agradável.

— É mesmo — Jin faz uma careta e tampa o nariz.

Bato de leve em seu braço e entro na mansão indo direto para o meu quarto.

Quando chego lá, me tranco no banheiro e fecho a porta, me despindo e logo em seguida entrando debaixo do chuveiro.

A água corria pelo meu corpo lavando todo aquele sangue de minha pele e o chão agora estava totalmente tomado pela cor vermelha.



OoOoOoOo



Quando eu estava prestes a sair, ouço batidas na porta do banheiro.

— Já tô saindo — digo.

Me enrolei em um roupão e sai do banheiro, encontrando Jungkook sentado em minha cama.

— Algum problema? — pergunto.

— Não, o Alpha pediu para lhe avisar que ainda vamos jantar todos juntos — e então ele se levantou, indo em direção a porta.

— Espera! — digo apressada antes que ele saísse e ele me encara por cima dos ombros — eu preciso de roupas e também tenho que visitar um amigo.

— A questão das roupas, eu trouxe algumas mudas dentro daquela mochila, você não percebeu? — virou-se e apontou para uma mochila ao lado da minha cama.

Aquilo estava ali?

— Já a segunda pendência, você terá de falar com o Alpha — respondeu — mais alguma coisa? — arqueou a sobrancelha.

— Não... eu acho.

E então percebo o que ele disse.

— Você entrou na minha casa?

— Bom, tive que entrar pra pegar suas roupas — diz como se fosse óbvio e saiu de meu quarto.

Bufei e fui até aquele mochila, analisando se ele tinha trago algo de meu gosto.

Acabei pegando uma calça moletom cinza e um cropped branco. Sai do quarto indo até a sala de jantar.

Era de se impressionar como toda vez eu era a última a chegar, todos estavam conversando e dessa vez não pararam quando eu cheguei.

Estão progredindo.

Sentei no lugar de antes.

— Quando foi até minha casa? — perguntei a Jungkook.

— Hoje à tarde quando você ficou naquele quintal — olhou-me.

— Pretende ir lá de novo? — Ergui o corpo um pouco mais pra frente apoiando meus braços na mesa.

— Só se for preciso — deu de ombros.

— Eu tenho que ir lá.

— Por que? — pareceu interessado, pois fez o mesmo que eu: ergueu seu corpo para frente, apoiando os braços na mesa.

— Porque é minha casa — digo simples.

— Desculpe, mas isso não é um motivo convincente — voltou a sua posição normal.

Revirei os olhos e encostei as costas na cadeira.

— Já que estamos todos reunidos aqui, temos um assunto importante pra falar — O Alpha chama nossa atenção.

— Outra missão? — Perguntou Jimin.

O Alpha negou e então olhou diretamente para mim, todos seguiram o seu olhar.

— A entrada da Verônica para nossa alcateia — por reflexo fechei as mãos em punhos.

Tsc!

— Mas isso já não está decidido? — perguntou Taehyung.

— Bom, de certa forma sim, porém, temos de ter a confirmação dela — lançou-me um olhar esperançoso — E aí, Ronnie? Ainda está relutante quanto a isso ou mudou de ideia?

Desviei o olhar para meus punhos cerrados ficando pensativa. Eu tinha mudado de ideia?

Por mais que eu estivesse altamente agradecida por eles terem me ajudado a conseguir matar Caius, eu ainda não conseguia me imaginar fazendo parte de uma alcateia novamente.

Você está com medo, essa é a verdade. Está com medo de acontecer aquilo novamente! Mas veja bem, eles são muito mais fortes. Aqueles vampiros de merda nunca iriam se meter com eles.

Respirei fundo. Talvez eu só não queria admitir aquilo em voz alta no começo, mas agora eu não teria nenhuma escapatória. Teria de encarar isso.

Limpei a garganta.

Seja sincera com todos eles.

Essas foram as últimas palavras de minha loba.

Afrouxei as mãos e levanto o olhar para encarar cada um que estava ali.

— Olhem só, eu sou um imã que atrai problemas, sabe? — Alguns dali riem disso. — Em todo lugar que passo, acabo por me meter em encrencas sérias e muitas delas não estão nada resolvidas. Um dos motivos que vim para cá foi esse, me livrar disso tudo de uma vez por todas. Então, entrar para essa alcateia quer dizer que eu trarei todos os meus problemas juntos e eu nunca colocaria a vida de outros lobos em risco, na verdade, eu nunca me perdoaria se isso acontecesse. Jin é um exemplo vivo disso, até hoje me sinto culpada por ter metido ele em uma das minhas encrencas.

Jin segurou minha mão e sorriu para mim como se dissesse “tá, tudo bem".

Todos esperavam que eu continuasse. Eu pulava meu olhar de um para a o outro, para assim encarar todos presentes naquela mesa.

— Já que vocês se meteram em um dos meus problemas, que foi Caius. Acho nada mais justo do que contá-los o que exatamente aconteceu — eles esperavam curiosos — Bom... tem uma longa história por trás disso. O resumo é que: os Hendricksen's descobriram que eu estava naquela alcateia e então mandaram o Caius para me pegar de volta, mas antes os Hendricksen's tinham mandado um aviso dizendo que se eu não fosse por bem eu teria que ir por mal. Isso foi discutido pelo Conselho da alcateia, o Alpha queria me entregar — Alguns resmungaram em descontentamento com essa ação de meu antigo Alpha —, mas eu preferia morrer do que voltar para os vampiros. Tiveram que discutir novamente sobre isso e chegaram na conclusão de que eu seria banida, eu aceitei aquilo, não poderia me impor, afinal, isso seria muito melhor. Então, na noite em que eu estava guardando os meus pertences, comecei a ouvir gritos, o cheiro de prata e via o fogo tomar conta de tudo muito depressa. Eu corri para fora para ver o que estava acontecendo e era Caius com alguns bruxos e caçadores. Eu estava apavorada com tudo aquilo, mas Sammy um dos meus amigos, me tirou de meu transe, me levando para longe daquilo. Eu não queria ir, eu queria ficar e defender a minha alcateia, mas eu sabia que se ficasse eu seria pega e isso era o que eu mais temia, por isso aceitei ir, mas no caminho um dos caçadores me pegou desprevenida, mas Sammy se meteu no meio antes que a bala perfurasse minha pele e ele morreu ali... — dei uma breve pausa, mas logo sacudi a cabeça dispersando as lembranças — Tive de ir caminhando sozinha, mas estava ficando cada vez mais difícil, porque eu sentia cada um morrendo... de um por um... Eu consegui sair de lá sem um único arranhão, mas todos os outros morreram. Depois disso, eu só consegui voltar ao meu corpo humano um mês depois e não lembro o que fiz durante esse tempo. Bom... Jin queria me mostrar — sorri para ele — mas eu preferi não ver, porque eu conheço minha loba e sei o que ela faz quando está irritada. Eu com certeza me arrependeria se visse.

Contei um breve resumo, não dando muitos detalhes.

— Então, o que Caius iria dizer seria isso se você não o tivesse matado antes, certo? Sobre esse período em que você... saiu de si — Namjoon perguntou cauteloso e eu assenti.

— Eu ainda continuo não querendo saber o que aconteceu naquele mês. Mas enfim... esse é o maior motivo de que me impede entrar em outra alcateia. Se isso acontecer de novo, eu...

O Alpha não deixou que eu terminasse.

— A culpa não foi sua.

— O que?— Eu não esperava ouvir isso.

— A culpa não foi sua, Ronnie — repetiu ele com uma certeza inabalável — A culpa foi de seu Alpha ou se é que da pra chamá-lo assim, com toda certeza ele seria uma chacota para o mundo lupino, afinal, o dever principal de um Alpha é defender toda a sua alcateia, mesmo que perca a vida para salvar outra. Lhe entregar de mão beijada é muita covardia, se ele não tivesse perdido tempo decidindo merda e sim preparando algum plano para pegar todos que o atacariam em breve, com certeza teriam vencido. A culpa foi inteiramente do Alpha e de sua decisão estúpida!

Levei as mãos a boca. Eu nunca tinha pensado dessa forma, eu nunca admitiria isso, sempre colocaria a culpa em mim.

— E-eu... — Não sabia o que falar.

— Ronnie, as coisas por aqui são completamente diferentes. Nós ajudamos uns aos outros e o Alpha nos protege como um pai protegeria seus filhos de qualquer ameaça. Não pense que todas as alcateias são iguais, porque está completamente enganada — ouço Namjoon.

— Isso mesmo, nós todos estamos dispostos a correr perigo por um dos nossos — Taehyung sorriu animado.

— Está vendo, Ronnie? Isso é o que somos... uma família — O Alpha diz sorrindo.

— E então o que me diz? Entrará por bem ou por mal? — Jungkook pergunta em um tom brincalhão o que me faz rir.

Todos esperavam ansiosos pela minha resposta.

— Sabe... Eu nunca pensaria em uma hipótese de entrar em uma alcateia novamente — olhei o Alpha que mantinha um olhar esperançoso e eu respirei fundo sorrindo logo em seguida —, mas eu posso fazer algum esforço para tentar me adaptar a isso.

Pareceu que foi no automático, pois todos gritaram de alegria. Bom... pelo menos a maioria — olhei Yoongi que bufou revirando os olhos logo em seguida. Com certeza ele não gostou nada disso.

Dei de ombros, nunca me importei com a opinião de alguém e não seria agora que iria me importar.

— Amanhã será dia de lua cheia, portanto, esteja preparada, começará quando a lua estiver em seu pico mais alto — O Alpha menciona e eu assenti.

A comida estava de volta na mesa e todos começam a devorá-la. Eu mantenho meus modos, por mais que quisesse fazer que nem esses brutamontes sem ética alguma.

Jin chama minha atenção quando todos acabam de comer e estão se retirando, ele me chama para conversar em meu quarto. Então sobe logo em seguida, parecia que era sério.

— Ih, será uma D.R? — ouço Jungkook tirar sarro e eu lhe dou língua.

— Somos só amigos — dei ênfase.

Infelizmente.

Minha loba completa.

— Sei — estreitou os olhos como quem desconfiasse.

Dei de ombros e subi as escadas indo para o meu quarto, fechando a porta logo em seguida.

Vejo-o parado de costas para mim.

— Então? O que você quer falar comigo? — Me aproximei dele, tocando em suas costas.

— Desculpe por ter que ser tão direto, mas é que se eu não falar agora, eu perderei a coragem.

Assenti para que ele prosseguisse.

Estou de partida — ele falou muito rápido, demorei um pouco para conseguir raciocinar o que disse.

— O que?! Do nada?! — exaltei-me quando enfim consegui entender — Pensei que fosse ficar comigo... para sempre — digo diminuindo o tom de voz gradativamente, perplexa com o que acabara de ouvir.

Jin era muito importante para mim, saber que ele terá de ir embora e sabe sei lá quando voltaremos a nos ver era um tanto doloroso.

— Eu sei, mas... — se virou para mim com um olhar de pesar e preocupado — eu tenho que ir. Juro que tentei ficar mais tempo, mas eu não consegui mais que isso. Quebrei regras ao vir aqui, porém, era de sua segurança que se tratava e e-eu não pensei duas vezes antes de vir conferir — ele estava alterado e confuso, um completo mix de sentimentos.

— Voltar pra onde, Jin? Do que você está falando? Minha segurança? — juntei as sobrancelhas tentando compreender as suas palavras.

— Eu estou trabalhando para o governo, Ronnie. Estou ajudando eles em um caso muito sério que está acontecendo no mundo sobrenatural — ele sentou em minha cama e eu sentei ao seu lado.

O que? Jin disse que nunca trabalharia para o governo.

— Como assim? Eu não estou entendendo, explique do início — tentava manter a calma — Você nunca trabalharia para o governo a não ser que... — acabei juntando os pauzinhos.

— Não pense dessa maneira, não pense que eles estão me chantageando ou algo do tipo, eu aceitei por vontade própria — ele completou o que eu queria dizer

— Então por que? Você não gosta das pessoas de lá.

— Isso não vem ao caso agora.

— Como assim não vem ao caso? Você está trabalhando pro governo, merda! — elevo um pouco o tom de voz.

— Ronnie, por favor, entenda que nem sempre eu posso contar tudo a você — diz com um olhar suplicante.

Respirei fundo.

— Tá legal. O que você estava querendo dizer com minha segurança? — cruzei os braços.

— São eles, eles descobriram onde você está e iriam vir pegá-la por estar em terras em que você não está autorizada. O governo aceitou esse procedimento por você estar quebrando regras cruciais ao mundo lupino.

Eu sabia muito bem a quem ele se referia e tudo começou a fazer sentido agora.

— Então foi por isso que eu fui pega e praticamente obrigada a entrar na alcateia? Foi por isso que o Alpha faz questão de que eu entre? Pela minha segurança? Afinal, se eu entrasse na alcateia daqui, tudo entraria nos eixos e eu voltaria a ser protegida pelo governo, certo?

Ele assentiu.

— Foi por isso que Caius apareceu... para confirmar se eu realmente estava aqui, né? — encaixei tudo no lugar.

— Provavelmente estava com a missão de levá-la de volta e como na primeira vez falhou miseravelmente — esboçou um sorriso.

— Jin... — pego em seu rosto fazendo-o olhar para mim — você sabe que eu faria qualquer coisa por você, certo?

Ele assentiu.

— Então... você não deveria ter escondido isso de mim.

— Me desculpe, pensei que eu poderia ocultar esse fato, assim você não entraria por obrigação nessa alcateia e sim porque quisesse. Eu quero que você seja feliz perto ou longe de mim — ele beija minha testa e logo envolve seus braços pela minhas costas, me abraçando.

— Mas você sabe que você é minha felicidade — ele riu anasalado.

— É... eu sei, porém, você pode encontrar uma nova felicidade por aqui. Esses lobos são muito legais, tenho certeza de que irá se divertir por muitos e muitos anos com eles. Pode parecer duro no começo, mas dê um tempo para eles se acostumarem a essa ideia e também dê um tempo a si mesma para absorver isso novamente. Então tudo dará certo — ele falava com precisão, como se já tivesse visto ou como se já soubesse de tudo isso antes mesmo de acontecer.

— Isso é um adeus? Não sabe quando voltará? — aperto-o mais contra mim.

— Isso não é um adeus, é um até breve. Não se preocupe comigo, mandarei notícias quando puder — sorriu.

Breves minutos se passaram em silêncio, estávamos aproveitando o nosso último momento juntos, porque não saberíamos quando voltaríamos a nos ver.

Desencostei um pouco a minha cabeça de seu peito, encarando-o.

— Jin... — chamei-o.

— Hmm? — Passou a me encarar com um sorriso em seus lábios.

— Só quero que saiba que a nossa amizade não é uma amizade qualquer, somos completamente inseparáveis mesmo estando separados.

Jin se mostrou contente com o que acabara de ouvir.

— Com isso fica cada vez mais difícil de ir — ele choraminga.

— Me desculpe é que eu não quero que vá.

— Ronnie... — diz em tom de repreensão.

— É eu sei que tem que ir, sei que se não fosse realmente necessário não estaríamos tendo essa conversa agora, então... eu vou deixá-lo livre — Afastei-me dele, se levantando da cama.

Ele finge limpar uma lágrima.

— Estou tão feliz que você mudou tanto desde a nossa última vez juntos, me deixa até emocionado — ele também se levanta.

Ronnie, pergunte a ele sobre aquele caso da cozinha.

Minha loba me lembra.

— Er... Jin — começo meio cautelosa e ele presta atenção — Na cozinha, por acaso você alterou minhas lembranças ou acelerou no tempo e depois voltamos ao presente? — perguntei.

Ele quebrou a conexão com o olhar e voltou rapidamente, eu estreitei os olhos.

— Não sei do que está falando — conseguia ouvir seus batimentos cardíacos aumentando e o rubor em sua orelha crescer.

— Não adianta mentir para um lobo, você sabe disso — sorri de lado.

— Bom... tenho que ir — mudou de assunto rapidamente — já está na minha hora, avise aos outros sobre a minha partida, não terei tempo de me despedir — disse olhando o relógio.

Então estalou os dedos e sua mala apareceu.

— Sentirei sua falta — o abracei pela última vez.

— Pode apostar que eu não deixarei de pensar em você até o momento em que nos reencontraremos novamente — ele levanta meu queixo com seu dedo indicador deixando meus lábios bem próximos dos seus — talvez eu tenha feito algo naquela cozinha.

E tudo aconteceu muito rápido, quando tentei dizer algo, ele já tinha desaparecido.

— Por que você só me diz agora, seu idiota?! — gritei alto.

Não acreditava que nós tínhamos perdido todo esse tempo “brincando" de melhores amigos enquanto os dois queriam algo diferente.

Tentei procurar meu celular pelo meu quarto, mas aí lembrei que não tinha visto ele desde a primeira vez que encontrei o pessoal daqui, lá em frente à minha casa.

Desci as escadas rapidamente, encontrando Jungkook e Jimin sentados no sofá conversando sobre algo enquanto a televisão estava ligada.

— Algum de vocês podem me emprestar o celular? Eu perdi o meu — digo chegando perto dos dois.

Eles dois se entreolharam.

— Se você encontrar o meu, pode usar — Jimin diz dando de ombros.

Olhei para Jungkook que revirou os olhos, mas pegou o seu celular dentro de seu bolso me entregando.

— Obrigada.

Disquei o número de Jin que sabia de cor, mas antes de apertar o botão, fiquei relutante. O que eu iria dizer?

Talvez algo do tipo: “por que não deixou que acontecesse?”, “por que só me disse quando foi embora?”, “Por que fugiu dessa maneira?”.

Respirei fundo e fitei os dois rostos que me encaravam curiosos.

— E aí? — Jungkook queria respostas.

— Não sei, será que eu ligo ou não? — sentei no sofá junto deles.

— Quem deveria saber não seria você? — Jimin diz.

E era verdade.

— Bom... — levantei novamente decidida a tirar essa história a limpo — te devolvo assim que eu terminar, prometo.

Digo ao Jungkook e subo de novo ao meu quarto.

Apertei o botão verde e logo começou a chamar. Me joguei em minha cama, esperando ouvir sua voz, mas isso não aconteceu. Tentei novamente umas três vezes e aconteceu o mesmo da primeira tentativa. Bufei. Por último deixei uma mensagem de voz.

Olha só, como pode fugir desse jeito depois de ter me confessado que aquilo tinha rolado? Me liga de volta, quero conversar com você — desliguei.

Já que eu estava com celular, resolvi fazer mais uma ligação, dessa vez para Jack. Diferente de Jin, Jack atendeu no segundo toque com sua voz rouca de quem tinha acabado de acordar.

Jackinho! — falei animada ao ouvir sua voz.

— Ronnie? Mudou de número? — diz surpreso.

— Não, eu perdi meu celular e peguei emprestado de um dos lobos daqui.

— Então, está se dando bem com eles? Aceitou mesmo entrar aí?

— Resolvi dar uma chance, sabe? Eles parecem confiáveis.

— Qual foi o motivo de sua ligação nessas horas? Ficou com saudades? — Com certeza estava sorrindo.

— Aconteceu algo muito irado nessas últimas horas, tenho que te contar. Eu queria contar pessoalmente, mas não sei se vou conseguir chegar aí sozinha. Então, vai por aqui mesmo.

— Sou todo ouvidos — parecia estar sentando em algo.

— Bom...



OoOoOoOo



Quando terminei de contar todos os detalhes do que aconteceu, começamos a conversar de várias coisas aleatórias para recompensar todos os dias em que não nos vimos. Só desliguei, porque vi a hora e era muito tarde quase três da manhã.

— Tchau, prometo que nos veremos em breve — me despedi.

— Espero não vê-la nua batendo na minha porta — ri com esse comentário.

— Não posso garantir isso — Eu o ouço rir e depois do seu “tchau", desligo.

Via pela brecha da porta que todas as luzes da casa estavam desligadas. Merda.

Será que Jungkook ainda estava acordado? Provavelmente não, afinal, eu não conseguia escutar nada além de minha respiração. A casa estava em um silêncio profundo.

Resolvi deixar para entregar quando amanhecesse e com essa decisão logo consegui adormecer.









Notas Finais




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