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História A Troca - O Rio


Escrita por: MrsRidgeway

Notas do Autor


Antes de tudo eu gostaria de agradecer a lindíssima Dosmia, que me fez dar altas risadas aqui com os comentários dela, e a fofa da ChellyGrey, que comentou alguns capítulos também, com a maior atenção. A participação de vocês me deixa muito feliz e só me faz querer escrever mais :D

Agora, o capítulo de terça!

Capítulo 5 - O Rio


— Aqui está sua grade temporária, Sr. Weasley. Eu a imprimi para não corrermos o risco de termos problemas por falta de leitura, não é mesmo?

O olhar divertido da professora McGonagall me fez recordar o episódio do dia da matrícula. Senti meu rosto esquentar, envergonhado. Provavelmente ela já sabia da minha displicência com formulários.

Sorri amarelo.

— Obrigado, professora – agradeci.– Mas, por que temporária?

— Ainda estamos analisando a os seus pedidos de aproveitamento de estudo, Weasley. – McGonagall respondeu. – Por enquanto o senhor está desemestralizado. – avisou. – Daqui a duas semanas te entregaremos a grade definitiva, com todos os horários completos.

— Se eu estou sem semestre, como vocês escolheram essas matérias para mim?

A professora apoiou os cotovelos magros na bancada e me encarou.

— O senhor seria encaixado no primeiro semestre até que a análise dos seus documentos terminasse. Porém eu resolvi quebrar esse protocolo. Dei uma olhada rápida nos seus papéis e escolhi algumas matérias que eu acredito que o senhor consiga dar conta.

Eu estava surpreso. Se realmente existiam pessoas que nasciam para orientar as outras, Minerva McGonagall era uma delas.

— Caso eu esteja errada, mudaremos a sua grade daqui a duas semanas, quando a sua matrícula será efetivamente concluída. – completou.

Assenti com a cabeça.

— Obrigado, professora. – agradeci. – Já posso ir?

— Pode sim, Sr. Weasley – ela respondeu. – Nos vemos na aula de terça.

Eu sorri e balancei a cabeça em concordância antes de sair da sala. Harry me esperava do lado de fora, sentado em um dos bancos.

Ele se levantou assim que me viu.

— E aí? Tudo certo? – perguntou.

— Sim. – confirmei. – Fiquei com essas matérias aqui, por enquanto.

Entreguei o papel a ele quando nós tomamos o corredor de volta. Harry franziu a testa.

— Por enquanto? Como assim? – indagou, entretido com o que estava escrito. – Ei, pegamos as mesmas matérias praticamente... – sinalizou.

Outra surpresa.

— Por enquanto eu estou sem semestre, até eles finalizarem a matrícula de verdade. – expliquei.

— Quando sai o resultado final?

— Daqui a duas semanas.

Harry sinalizou a escada que dava acesso aos laboratórios. Ele olhou para o relógio de pulso e fez uma cara não muito amigável.

— Preparado? – perguntou, enquanto avançávamos pelos degraus.

Arqueei a sobrancelha, sem entender.

— Para o que exatamente? – questionei de volta.

— Para essa aula.

— Por que eu não estaria preparado?

Harry me fitou maroto quando colocou a mão na maçaneta da porta.

— Você vai saber. – ele disse.

Nós entramos na sala. Ao perceber a nossa presença, o professor parou automaticamente de falar.

Harry e ele se encararam por alguns segundos.  

— Está atrasado, Potter.

Harry não pareceu se abalar com a reclamação.

— Eu estava ocupado, Professor Snape. – respondeu áspero.

— Me lembrarei disto na hora de passar suas notas.

     Que merda é essa que tá acontecendo aqui?

Harry fechou os punhos. Parecia estar a ponderar silenciosamente se ignorava ou não o professor. No fim, ele escolheu me arrastar até uma bancada vazia nos fundos da sala.

O tal do Snape continuou a aula.

— Como eu dizia antes de ser interrompido. – falou. – Este trabalho será a única avaliação da matéria. Porém ele será dividido em várias etapas. Todas elas serão pontuadas.

Eu olhei para Harry sem entender nada. Ele retribuiu minha cara de perdido.

— A primeira etapa será a escolha do tema e o recolhimento das amostras que serão estudadas. – Snape continuava a falar. – Essa parte deverá ser entregue na semana que vem.

Harry pegou o caderno da mochila e arrancou uma folha em branco.

— A segunda etapa será a análise química das amostras recolhidas. Essa etapa será entr...

Já não absorvíamos mais o que o professor estava a explicar. Eu vi que a folha em branco de Harry se transformara em uma bolinha de papel. A bolinha que foi parar diretamente na cabeça de uma das alunas que estavam sentadas na bancada da frente.

Eu ri quando ela olhou para trás, de cara feia.

— Ei, Cho... – Harry sussurrou.

— O que é..?! – ela sussurrou de volta.

— Snape está falando de que?

— Do trabalho da unidade.

Pelo visto a Cho estava sem vontade de dar mais explicações. Harry rolou os olhos.

— Na terceira etapa vocês me irão me entregar um estudo dirigido sobre a análise que vocês fizeram na segunda etapa...

A explicação do trabalho parecia interminável. Harry fez outra bolinha e jogou em Cho novamente.

— Sobre o que é o trabalho da unidade? – ele indagou, óbvio.

Cho suspirou.

— É uma atividade em dupla. – ela respondeu rapidamente – A gente escolhe algum marco natural, pode ser qualquer um, de qualquer lugar, e desenvolve um estudo químico completo sobre ele.

— Obrigado, Cho.

Harry agradeceu com um sorriso cínico.

— De nada. – ela respondeu irritada. – E pare de jogar bolinha de papel em mim!

 Nós rimos do histerismo da mulher. Snape se levantou da cadeira e foi até o quadro.

— Por último, vocês me entregarão o relatório final com todas as conclusões obtidas a partir das outras etapas. Esse relatório servirá de nota final, juntamente com a apresentação de um seminário, onde vocês apresentarão o tema de vocês e o resultado de suas análises. – explicou, monótono. – Alguma dúvida?

Ninguém se manifestou. Ao ver que ninguém tinha nenhuma dúvida, Snape prosseguiu.

— Vocês têm dez minutos para me entregar o nome das duplas em um papel. Só aceitarei os pares de quem está presente na aula.

Eu virei na direção de Harry, que olhava para cima, pensativo.

— Posso fazer dupla com você, cara? – perguntei.

— Pode sim... – ele disse. –  Só tem um problema...

— Qual foi?

— Hermione. – ele respondeu.

     Hermione? Era algum código?

— Ahn? – indaguei confuso.

— Hermione – ele repetiu. – É a minha amiga. Sempre fazemos dupla.

— Ah, entendi.

     Droga, perdi minha dupla.

Franzi a testa.

— E cadê ela? – questionei.

Não abriria mão tão fácil assim.

— Viajando. – Harry respondeu. – Algum projeto da universidade.

Antes que eu dissesse alguma coisa, uma mulher entrou na sala e se dirigiu ao professor Snape. Eles trocaram algumas palavras. Ela entregou a Snape uma folha de papel. O homem aceitou o comunicado visivelmente contrariado.

A mulher sorriu para ele e saiu da sala. Snape virou-se para a turma.

— Me entreguem o nome das duplas.

Cada representante de dupla se levantou para entregar os nomes. Ao perceber que todos já haviam entregado os papeis, Snape perguntou se alguém tinha ficado sem par. Todas as pessoas balançaram a cabeça em negação.

— Creio então que a Srta. Granger terá que fazer este trabalho sozinha, visto que todas as duplas já estão formadas.

Harry levantou a mão pedindo a palavra. Snape concedeu.

— Nós podemos formar um trio com ela.

Sugeriu, ao indicar nós dois.

— E por que eu deveria autorizar, Potter? – O professor lentou as sobrancelhas, indagando.

     Pelo visto esse Snape não facilita para ninguém.

— Porque a Hermione escreve demais. – Harry respondeu. – Aceitar te daria um trabalho a menos para corrigir. E muito menos dúvidas para você responder.

Snape avaliou a proposta por alguns segundos.

 – Certo, Potter – ele respondeu por fim. – Vocês são um trio agora.

     Essa Hermione deveria escrever bastante mesmo para ele aceitar.

Harry se virou para mim.

— Tudo bem pra você? – ele perguntou.

— Tá tranquilo.

Após esse momento Snape finalizou a aula, pedindo que trouxéssemos os temas na próxima.

 

...

 

— Vai para casa agora? – Harry perguntou.

Estávamos no estacionamento.

— Sim... – eu respondi.

— Quer dar uma volta? – ele sugeriu.

Talvez quisesse melhorar um pouco aquela cara de morte com a qual ele saíra da aula.

— Está me convidando para jantar, Potter? – brinquei. – Foi mal, cara, mas você já sai com a minha irmã. Não quero magoá-la.

— Eu tenho uma queda pelo sobrenome Weasley. Não consigo me controlar quando escuto.

Eu soltei uma gargalhada. Harry me acompanhou.

— Aonde você quer ir? – indaguei.

— Um barzinho perto daqui.

— Ok, vamos lá.

— Me siga.

Harry entrou no carro e eu subi na minha moto. Seguimos por algumas ruas que eu não conhecia até chegarmos a um barzinho de rua, que segundo Harry, era próximo a casa dele. O lugar estava um pouco cheio, o que eu estranhei. De onde eu viera isso era atípico para uma segunda-feira.

Harry fez sinal para o garçom, que veio até nós a sorrir educadamente.

— E aí, Harry? – falou o garçom rindo, apoiando a bandeja de metal junto ao corpo – Você aqui na segunda?!

— Ainda não consegui dizer adeus às férias, Bob. – Harry falou.

— Estudar ninguém quer... – Bob comentou. – Mas já que você tá aqui, vai de quê?

Harry virou para mim.

— Cerveja?

— Sim ou claro? – perguntei.

Ele riu.

— Duas cervejas, Bob.

Bob assentiu e partiu para a cozinha. O homem voltou menos de cinco minutos depois com as nossas cervejas.

Dei o primeiro gole antes de resolver matar minha curiosidade.

— Qual o seu problema com o Snape? – indaguei.

— A gente se odeia. – Harry respondeu sem cerimônias.

— Por quê?

— Problemas familiares. Snape é meu tio.

Dei mais alguns goles na minha cerveja, calado. Não sabia o que dizer a Harry.

— É, é foda, eu sei. – ele quebrou o silêncio.

— Imagino. – apoiei a garrafa de vidro na mesa. – Por que você pega matéria com ele então?

Harry sorriu. Sua expressão era cansada. Ele deu uma golada generosa antes de me responder.

— Eu nunca consigo me livrar do Snape. – disse. – Ele sempre acaba sempre ministrando a aula de alguma matéria importante minha.

     Aquilo me parecia uma grande merda.

— Agora entendo porque você veio beber na segunda, cara – comentei.

— E ainda te arrasto para o bar. – Harry bebeu um pouco da sua cerveja, outra vez. – Logo você, que deve me odiar!

O encarei, sem entender do que ele estava a falar.

— O episódio do quarto da Ginny, na sua casa. – Harry sinalizou, a refrescar a minha memória.

Rolei os olhos.

— O que ela faz dentro do quarto dela e com quem ela faz não é da minha conta.

Harry riu.

— Não pareceu no dia. – comentou.

— Tenho uma imagem de irmão mais velho a zelar. – me defendi.

     Mentira, eu fiquei puto mesmo.

— Fora que a Ginny me mataria se um dia eu resolvesse me meter na vida dela além da conta. – salientei.

— É... – Harry acordou veementemente com a cabeça. – Eu sei bem o quanto ela pode ser brava quando quer... – falou.

Bebemos mais algumas cervejas enquanto jogávamos conversa fora, a falar principalmente sobre a universidade. Harry me contou que eu teria aulas com a tal da Hermione também, pois a grade dela era quase igual a nossa.

Isso nos lembrou sobre o trabalho de Snape.

— Você tem alguma ideia pra um bom tema? – perguntei.

— Tem uma montanha há uns 200 km daqui. Mas, uma montanha iria dar um trabalho filho da puta para analisar. – ele falou sem muita animação. – Fora que eu acho que outros grupos podem ter essa ideia também.

Eu me recordei, então, de algo.

— Eu vi um rio quando eu cheguei. – comentei. – Digo, lá de cima do avião.

— Ah, o Rio Jabuticaba! – exclamou. – Ele fica tão escondido que ninguém quase se lembra dele.

— Poderíamos utiliza-lo no trabalho.

— Acho uma boa ideia.

— Seria interessante se nós déssemos uma passada por lá.

— Pode ser na sexta. – Harry sugeriu. – O que você acha?

— Por mim está ótimo.

— Então tá fechado. Sexta vamos ao Jabuticaba.

Harry ergueu a garrafa long neck, em um falso brinde. Eu sorri e o acompanhei, mesmo sem saber o que isso significava.

 

...

 

— Vou colher algumas amostras da água. – Harry avisou.

Estávamos à margem do rio Jabuticaba há alguns minutos. Eu me agachei e toquei o solo, a sentir a terra.

— Eu fico com o solo. – comuniquei.

Fiz sinal para Harry, avisando-o que eu iria andar mais um pouco e coletar na margem mais adiante. Ele concordou.

— Só não se afaste demais. – pediu. – Não vou procurar ninguém no meio da mata. Você vai ficar perdido até os bombeiros chegarem.

— Não se preocupe, Potter. Qualquer coisa eu grito o seu lindo nome, como uma donzela em perigo.

Pisquei para Harry e ele semicerrou os olhos. Tínhamos adquirido certa intimidade ao longo da semana, o que já me permitia fazer algumas brincadeirinhas com ele.

 Desci o rio observando ao meu redor. Vez ou outra eu parava em ponto e me agachava, a procura do lugar certo para coletar. Encontrei esse local por volta de trezentos metros a diante. A terra parecia menos tocada naquele ponto.

Eu já começava a coletar o material quando uma voz se manifestou atrás de mim.

 Eu me assustei e caí sentado na beira do rio.

— Caralho! – bradei, irritado. – Que susto!

Minha calça estava toda molhada. O dono da voz se apressou em minha direção, a pedir desculpas.

— Me perdoe, jovem. – disse ele, antes de me ajudar a levantar. – Não foi minha intenção te assustar.

— Não deu muito certo. – respondi mal humorado.

— Mil perdões.

Ele voltou a se desculpar, envergonhado. Abrandei minhas feições. Eu estava perto de casa mesmo. Dava para ficar molhado por um tempo.

— Não se preocupe. – sorri de canto. – Eu moro aqui perto.

O homem pareceu mais tranquilo. Ele estendeu a mão direita para mim.

— Remo Lupin. – se apresentou.

Apertei a mão dele de volta.

— Ronald Weasley.

Lupin me observou com certo cuidado. Ele apontou para o tubo de ensaio na minha mão.

— Você é pesquisador? – perguntou.

A pergunta fez com que algumas lembranças passassem na minha mente.

— Não exatamente. – respondi após um tempo. – Isso é para um trabalho da faculdade.

— Entendo... – ele balançou a cabeça. – Antes de você cair eu estava falando que esse rio já não é o mesmo.

— Infelizmente eu só o conheci agora. – comentei. – Me mudei pra cá faz uma semana.

Ele riu. Rugas de expressões contornaram as suas bochechas.

— O Jabuticaba já teve mais vida, Ronald. – disse, nostálgico. – Se as pessoas soubessem metade do que eu sei, talvez não achassem tanta graça disso quando eu falo.

     E o que você sabe?

Franzi a testa. Ou aquele cara era doido ou ele era doido mesmo. Para mim não havia outra opção.

— Bom, não posso opinar sobre antigamente. – falei, enquanto fechava os tubos de ensaios. – Mas eu não riria da sua cara caso você me dissesse isso.

— Por quê?

— Não sei. Só acho.

— Tem que existir um motivo para você achar isso.

— Talvez tenha. – dei de ombros. – É que, sei lá, é que eu senti a terra estranha. Não sei dizer.

— Estranha?

— Sim. Diferente de como ela deveria estar. Deve ser loucura da minha cabeça, provavelmente.

Lupin me olhava intrigado.

— Essa é uma observação interessante, Sr. Weasley.

Ergui uma das sobrancelhas.

— Você acha?

— Acho.

O homem ria abertamente.

     Era só o que me faltava. Encontrar um maluco no meio da floresta.

 A voz de Harry ecoou ao fundo, me chamando.

— Bom, eu tenho que ir. – avisei.

Ele continuava a me olhar de forma engraçada.

— Prazer conhecê-lo, Sr. Weasley. – ele falou.

— Igualmente. – respondi.

Me afastei rapidamente. Quando olhei para trás, Remo Lupin já não estava mais lá.


Notas Finais


Então, meus amores. O que vocês acharam do capítulo?
Deixem aqui embaixo os lindos comentários de vocês.


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