21h07, 22/ 06.
Segundo andar do Hospital de Daegu.
Após acordar de um pesadelo, suada e inquieta, Sang-Min finalmente olhou ao seu redor, dando-se conta do local em que se encontrava. Rapidamente deduziu que era noite, assim que observou a janela não um pouco distante de si. O típico quarto de hospital era levemente iluminado pela luz do corredor — o qual parecia estar movimentado devido às vozes e passos apressados que a mulher conseguia ouvir.
Piscou algumas vezes, recordando últimas cenas que viu pouco antes de dar entrada ao grandioso prédio onde atualmente estava. Alguns flashes do que presenciou foram suficientes para uma tontura lhe tomar por completo. Ainda assimilando os momentos do acidente que seu amado sofreu diante de seus olhos, ela fechou os olhos intensamente, pedindo aos céus que tudo não passasse de um mero pesadelo — assim como o qual tivera minutos atrás.
— Eu só preciso acordar... — Respirava nervosamente. — Você não me deixou. É claro que não. — Sorria, tentando acreditar em suas próprias palavras.
Lágrimas caíam sobre suas bochechas de forma lenta e juntavam-se ao sorriso em seus lábios. Não podia ser real. Ele estava vivo. Com certeza estava.
— Querida? — A voz parecia ecoar ao longe, mas ao observar seu quarto, notou a presença súbita de Seokjin. Sem ao menos questionar como ele chegou ali, ela apenas saltou da cama estonteante. Ignorando sua fraqueza, apenas se aninhou nos braços do outro, estranhando a pele tão gélida.
— Está com frio? — A alegria por poder vê-lo era tanta que mal se atentou aos detalhes. Como, após ser atropelado tão bruscamente, ele estava vivo? Além do mais, nenhum machucado era visto sobre sua pele. Questões importantes sequer eram lembradas em um momento de tanta euforia.
— Vamos conversar depois, huh? — Pôs os dedos no rosto de sua esposa e os mesmos pareciam estar ainda mais frios que o resto de seu corpo. — Precisamos sair daqui. — Sorriu docemente, tentando esconder o quão estranha sua frase soou.
— Mas você foi atropelado, não pode sair andando por aí após algo tão sério acontecer. — Franziu o cenho, encarando a face alheia com estranheza.
— Você deve estar nervosa ainda, mas não se preocupe. Não foi nada muito grave. Vamos embora, certo? — Com o sorriso belo que tinha, ele conseguia convencer qualquer um em segundos.
— Assim? — Apontou para seu próprio corpo, se referindo a vestimenta hospitalar.
— Passei na nossa nova casa antes de vir aqui e lá tinha algumas roupas. Aqui estão. — Entregou-lhe uma sacola em mãos.
— Você vai dirigir? — questionou pouco antes de entrar no banheiro para que pudesse trocar suas peças.
— Pensei em irmos andando.
— Não vamos andando até a nossa casa depois de sairmos do hospital, Seokjin! Enlouqueceu?
— Tudo bem, então. Mas ao menos ande mais rápido, não temos muito tempo. — Olhou através da janela de relance, notando que alguns começavam a aparecer no estacionamento do local.
— Tempo? — Saiu do banheiro estampando um olhar confuso em seu rosto.
— Já está tarde, talvez seja difícil encontrar um táxi disponível. — Inventou uma desculpa qualquer para a estranheza de suas palavras anteriores.
— Bem, estou pronta. Agora só precisamos falar com o médico sobre a minha alta. — Saiu andando em direção à porta, mas foi impedida por Jin.
— Já conversei com seu médico, meu amor. Podemos ir para nossa casa tranquilos. — Uniu ambos corpos em um abraço, seguido de um longo selar de lábios.
— Oh, se diz. Então vamos.
— Pode esperar um pouco aqui? — Tentou suavizar o tom de voz ao máximo, para que não houvesse questionamentos vindos da garota.
— Claro — assentiu sorridente.
O Kim se dirigiu ao corredor pouco movimentado e para que ninguém pudesse atrapalhar a saída de Sang-Min do hospital ele aproveitou de seu atual estado para afastar os ali presentes. Foi até um canto distante, derrubando alguns copos sobre a pequena mesinha que havia ali. Alguns se levantaram para recolhê-los e outros apenas seguiam adormecidos em seus próprios pensamentos. Seokjin relevou; eles não iriam atrapalhar.
— Pronto. Podemos ir — sussurrou para sua esposa após abrir a porta do quarto. Uma última olhada no cômodo e lá se foi Sang-Min, com o homem que tanto imaginava conhecer.
Em passos apressados, Jin agradeceu mentalmente por estarem em um dos andares mais próximos ao térreo. Esperava que a “surpresinha” em seu quarto fosse suficiente para manter o máximo de médicos no último andar.
21h42, último andar do Hospital de Daegu.
— Dr. Son, o corpo do paciente Kim Seok-Jin sumiu! — A enfermeira proferiu com desespero.
— Sumiu?! Um corpo não pode sumir de repente. Procure por Kim Seok-Jin agora mesmo! — O medo de ter sua carreira arruinada por ter mandado uma enfermeira cuidar do corpo falecido de um paciente o tomava por completo.
— Sim, senhor. — Após uma breve reverência, correu até a sala do responsável pelo setor de segurança. Todas as imagens do último andar foram vistas e revistas, mas nada explicava o sumiço do corpo.
As cenas do quarto 307 haviam sido apagadas, mas nem mesmo pelos corredores imagens do corpo sendo retirado do quarto foram registradas.
— Ele decidiu virar cinzas antes mesmo de a família receber a notícia da morte e a culpa vai cair sobre quem? A coitada de enfermeira! — Bufou, voltando ao corredor, em busca de alguém que poderia ter alguma informação importante.
Ninguém viu nada. Como era possível? Quem quer seja que tenha tirado Seokjin do hospital, era extremamente minucioso ao ver dos responsáveis pelo Kim. Mal imaginavam que o próprio Jin havia saído de lá, sem que ao menos pudessem notar.
21h55, estacionamento.
Era assustador; Jin parecia fugir de algo e olhava o tempo todo para os lados. Qualquer som era suficiente para Sang-Min ser puxada em seus braços e um semblante esquisito tomar conta da face do Kim. Um táxi passava pela avenida, e por sorte, estava vazio.
Prontos para rumarem até a moradia de ambos, entraram no automóvel.
— Boa noite, senhorita. Qual é o endereço?
Entranhou o fato de o senhor não ter cumprimentado seu esposo, mas apenas deixou de lado, indicando o local para onde iria.
22h17, em frente à casa do casal.
— Sua passagem custará 3000 won.
Retirou uma nota de 5000 e outra de 1000, totalizando o dobro do que o senhor havia pedido. Não era possível uma viagem tão barata, então deduziu que aquele era o preço de ambas passagens.
Sem questionar a estranha atitude da moça, o motorista apenas entregou o troco em suas mãos.
— Troco? — questionou confusa.
— A senhorita parece até mesmo que queria pagar a passagem da sacola ao seu lado. — Sorriu e a garota seguiu o olhar do senhor, observando a bolsa que seu esposo a entregou mais cedo.
— Vamos, querida. — Jin sussurrou com a voz tranquila. — O motorista deve estar com sono e meio confuso. — Sorriu mais uma vez naquela noite. O sorriso que antes soava encantador, aos poucos aparentava ser automático. Sang-Min estava prestes a explodir de tantos questionamentos. Parece até mesmo que ela é a única que pode ver Seokjin.
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