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História A Variável Perfeita - Beijada


Escrita por: fofurete e amorete

Notas do Autor


OIOI

boa leitura

Capítulo 8 - Beijada


Encolhi-me rapidamente, escondendo tudo o que podia da pessoa que acabara de entrar. Era o garoto que vigiava a porta para mim. Ele estava de olhos fechados, e trazia frascos nas mãos.

– Desculpe, eu esqueci de trazer o shampoo e o condicionador para você.

Eu não soube o que dizer ou fazer. Estava consciente de todo o meu corpo, do quanto ele estava exposto.

– Não olhe para mim. – eu tentei soar brava, mas minha voz saiu esganiçada e insegura.

Não parei de olhá-lo, me certificando de que não iria espiar, enquanto saía da banheira e me enrolava na toalha, escondendo o máximo que conseguia.

Eu tremia, não de frio, mas de medo. Mas apesar de tudo, ele estava me respeitando, vigiava a porta para mim, estava de olhos fechados. E eu estava errada. Aquilo não era respeito, era apenas um truque para que, assim que eu me aproximasse, ele segurar meus pulsos e me puxar para perto.

Gritei, assustada e com o coração em disparo. Eu tremia enquanto encarava os olhos do garoto, que agora estavam abertos e ele me olhava parecendo vitorioso. Inclinou seu quadril contra minha coxa, me mostrando suas intenções naquele momento.

Sem pensar direito, fiz a primeira coisa que passou pela minha cabeça em choque. Dei-lhe uma joelhada no local que pressionava minha coxa.

Ele afrouxou o aperto contra mim, se curvando e gritando de dor. Me libertei e corri para a porta. Ele a havia trancado.

– Socorro – eu gritei enquanto esmurrava a porta. Alguém precisava me ajudar. Precisava me ouvir. – SOCORRO.

Fui puxada por trás pela cintura e me debati. Gritei o máximo que conseguia enquanto meu agressor tentava me manter parada.

– Não, não. – Ele sussurrou perto do meu ouvido. Me contorci de nojo enquanto lágrimas escorriam pelo meu rosto. – Seja uma boa garota, e eu serei bonzinho com você.

Não. Eu sabia que ele não seria. Ele iria me machucar, e iria sentir prazer com isso. Não pararia até estar satisfeito. Chorei, sem saber o que fazer. Ninguém viria a meu socorro, eu seria violentada e deixada no chão com dor.

Estava sendo humilhada. Senti a mão dele segurar meu cabelo e pressionar meu rosto contra a parede, o corpo contra o meu. Cheirando-me, me expondo sem a toalha, deixando uma trilha de beijos nojentos na minha pele molhada. Me engasguei com meu choro quando um zíper abriu, e ele se pressionou contra mim mais uma vez.

De repente as mãos se afastaram de mim, a pressão do outro corpo sumiu e gritos de raiva preencheram o espaço. Sem forças para ficar em pé, estando machucada mental e emocionalmente, caí no chão. Consegui alcançar minha toalha e me cobrir precariamente, enquanto tentava descobrir o que acontecera.

Perto de mim, também no chão, estava o meu agressor. Em cima dele e segurando sua camisa com o punho, estava Minho pronto para lhe dar outro soco no rosto ensanguentado.

– Minho... – sussurrei.

Ele olhou para mim, e a expressão irada em seu rosto deu lugar à preocupação. Ele deixou o outro jogado no chão, xingando de dor e veio na minha direção.

– Clary – ele falou com cuidado, suas mãos estendidas para mim querendo me alcançar. – Você está bem. Está tudo bem. Confia em mim?

Confiar. Eu já havia confiado no garoto que me machucara. Decidi fazer isso por sentir o mesmo por Minho. Será que ainda me sentia assim em relação a ele?

Sim. Ele me socorreu, estava preocupado. Mas ele percebeu o medo e o desespero estampados no meu rosto.

– Tudo bem, eu vou te deixar em paz. Você pode se arrumar, descansar, comer, o que quiser. Vai ficar tudo bem. Eu preciso ir, vou deixar esse mértila no Amansador.

Ele não sabia como agir, o que dizer. Eu também. Minho saiu arrastando o Clareano coberto com o próprio sangue, ele me olhou mais uma vez antes de fechar a porta, sua expressão indecifrável. Ao ouvir a porta bater, um alarme de que eu deveria agir soou na minha cabeça. Em cinco minutos eu estava seca, vestida, e correndo para fora daquele lugar, direto para o bosque onde ninguém poderia me encontrar e nem machucar.

Me encolhi em um canto entre uma árvore e o muro frio. Pensei em dormir um pouco, aconchegada naquele local, mas meus pensamentos voltaram ao que acontecera havia pouco tempo. Desejei profundamente esquecer aquele horror, como esquecera da minha vida antes de chegar ali.

Gritei.

Gritei e berrei e esperneei até não aguentar, até ficar sem voz, até não ter mais como gritar. Queria chorar, mas não saiam lágrimas. A única coisa que senti correndo por mim foi o ódio por aquela criatura vil da qual o nome me era desconhecido.

 

Eu já havia parado de chorar quando Minho chegou. Ele estava diferente agora, estava arrumado, carregando uma mochila e com o cabelo alinhado. Sorriu quando nossos olhares se encontraram, e sentou-se no chão, a minha frente.

– Como você está?

Essa era uma pergunta que eu não saberia responder. É claro que ele se referia ao o que acontecera antes, no banheiro. Eu não queria falar sobre aquilo porque eu choraria, e tinha medo de chorar tanto e acabar sendo dopada novamente.

– Bem. – mordi os lábios e olhei para o céu cinza, tentando conter o choro. A minha visão estava embaçada pelas lágrimas.

– Se conforta você, Adam está no Amansador. Trancado de verdade.

Senti-me pior quando Minho pronunciou seu nome. Eu não queria saber seu nome, nem lembrar de seu rosto, e acima de tudo, não queria falar sobre Adam. Minho pareceu notar o quão desconfortável eu estava.

– Desculpe, eu não quis...

Sim, eu sabia que a sua intenção não era me magoar.

Eu estava acostumada com o Minho rude e sarcástico, o que era direto e não se importava em magoar os sentimentos alheios. O Minho de agora era um estranho para mim: ele estava tão desconfortável quanto eu, suas bochechas estavam coradas e seus olhos demonstravam incerteza.

Balançou a cabeça e passou a mão no rosto.

– Eu tenho que ir. Eu e alguns corredores vamos passar a noite no Labirinto.

Sua animação momentânea me animou durante os instantes que demorei a processar a frase. Não. Como ele passaria a noite no Labirinto? Por quê? Por que se arriscar tanto? Sem ele eu não teria ninguém. Minho fora o primeiro em que confiei, e eu não queria que ele se jogasse ao que chamava de viagem sem volta. Se ele dissera que era quase impossível voltar com vida do Labirinto, porque ia, então?

– Por que está me contando isso? – Perguntei, arisca. Nunca foi a sua obrigação me contar o que acontece na Clareira, ou o que faria, apesar de eu gostar saber.

Minho deu de ombros:

– Eu não sei. – respondeu, com os olhos nos meus. – Me preocupo com você, Clary.

Minha respiração falhou. Minho se preocupava comigo, e eu não sabia como reagir, porque ele não fazia o tipo de quem se preocupa, e ninguém nunca se preocupou comigo. Bem, até agora. O que eu diria a ele? Meus pensamentos se perderam quando a sua mão encostou-se à minha. Deus, o que estava acontecendo comigo?

Seus olhos se fixaram nos meus e de repente eu não sabia mais como respirar e falar e pensar. Minhas pernas teriam falhado se eu estivesse de pé. Todas essas reações me fizeram sentir vergonha da minha situação.

– Você se preocupa comigo?

Minho sentou mais perto de mim e entrelaçou nossas mãos. Minhas mãos começaram a tremer, e eu rezei para que ele não notasse. Ele estava perto demais agora, e mesmo soando idiota, eu queria que me beijasse.

– Sim. – ele sussurrou.

Sua outra mão subiu para o meu rosto. Dessa vez, eu estava tão quente quanto ele, talvez mais. Me inclinei, mal conseguindo respirar.

– Posso beijar você? – ele perguntou, olhando nos meus olhos.

– Pode.

E então me beijou.

Todos os meus pensamentos e receios sumiram, e meu único foco se tornou Minho, e seus lábios nos meus, e em como estávamos próximos. O calor que irradiava do seu corpo aquecia o meu. Naquele momento não havia mais o céu cinza, os Verdugos ou o Labirinto. Existia apenas um “nós”, e eu queria que continuasse assim para sempre.

Mas Minho teria que ir embora.

Quando ele se afastou o suficiente para eu o olhar nos olhos, uma vastidão de emoções me invadiu, e minha cabeça foi tomada por vários “e se”. Levei minhas mãos aos lábios, incrédula comigo mesma. Era o que eu temia acontecer, quando cheguei aqui, e agora, era o que mais eu desejava. Que tipo de pessoa isso fazia de mim? Eu era tão fácil que me envergonhava.

Talvez eu devesse fingir que isso nunca acontecera e sair correndo.

Mas e se ele contasse para os seus amigos? Como ficaria para mim? Oh, céus, e se ele não gostou? E se ele me considera vulgar agora? Desviei os olhos de Minho e os fixei na grama.

Eu devia dizer algo, o olhar nos olhos. Eu sentia vergonha por ter gostado, e por ter me entregado por completo a alguém que conheço há poucos dias. Meu coração batia mais forte que o normal, fazendo meu peito doer. Por que eu estava tão nervosa? Foi apenas um beijo.

Minho prometeu que não me tocaria sem que eu consentisse, e no fim, cumpriu sua promessa.

Eu sabia que não podia fugir das consequências disso, dos olhares que seriam diferentes a partir de hoje, e dos toques que não aconteceriam mais. Mas sabia também que poderia haver um lado bom, e que Minho poderia sim continuar gostando de mim.

Respirei fundo, temendo o que poderia encontrar no seu olhar, e quando levantei meu rosto, vi que ele também me olhava. Suas bochechas estavam um pouco coradas. Imaginei como deveriam estar as minhas. Mesmo assim, Minho não se intimidou ao segurar a minha mão e entrelaçar seus dedos nos meus. Eu estava tremendo.

Eu me envergonhava cada vez mais.

Sua outra mão segurou meu rosto, e Minho aproximou os lábios dos meus novamente, dessa vez, sem perguntar se podia.

A resposta seria sim.                        


Notas Finais


*Adam é um personagem do livro que aparecerá pela última vez no próximo capítulo.

Obrigada pelos favoritos e comentários do último capítulo, vocês são incríveis. Não esqueçam de favoritar e comentar o que estão achando. Bjbj amamos vocês


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