História A Vida da Gente - 3 Fase: Tchu, Tcha - Itachi

3ª Fase: Tchu, Tcha - Itachi

Os olhos de minha prima nadavam em suas órbitas, enquanto suas mãos agarravam-se as minhas. Aquele dia eu tinha dispensado Konan totalmente. Queria dar atenção à Sakura, e minha namorada estava estranhamente chata. Isso mesmo! A garota... A mulher, quer dizer, estava insistindo para que saíssemos juntos, eu, ela, Sasuke e Karin. Se eu não recebesse uma mensagem a cada cinco minutos, até cederia. Entretanto, ela me irritou.

- Calma Sakura, não tem provas que isso aconteceu, nenhuma. – tentei consolá-la. A garota parecia acabada. As olheiras marcavam profundamente seus olhos, que, além disso, estavam inchados por chorar. Creio que até emagreceu um pouco. – Você tem que se preocupar com você, isso sim. Você deveria esquecer o Sasuke!

- Como? – Soluçou, tentando engolir o choro, sem sucesso. – O Sasuke quebrou o nariz e Naruto tá com a testa e a boca inchada. E tudo é minha culpa... Amo ele Itachi, amo.

- Claro que não é sua a culpa, e você sabe disso! Mas o Sasuke fez uma coisa terrível... – Abracei-a fortemente. Meu ombro começou a ficar úmido. – Mesmo que seus pais descubram... Quem nunca beijou um primo?

- Você tem razão... – Acalmou-se e voltou à posição inicial, sentada, sobre a cama. – O Naru já contou aos pais dele, só não sei como eles ainda não ligaram aqui. Devem esperar que eu conte a verdade por vontade própria.

- Pense bastante sobre isso. – Conclui. – Se contar aos seus pais for o melhor para você, o faça. Mas se não, esqueça isso tudo. 

- Eles ficaram desconfiados, mas não acharam possível que eu beijasse Naruto. – Ela proferiu, abraçando um travesseiro. – Talvez eu deva contar, acho que a ansiedade acabaria mais rápido.

- Você deveria procurar alguém que te mereça, isso sim.

Não sabia se ela chorava porque Sasuke quebrara o nariz, ou porque ele disse que não precisava que ela gostasse dele. De qualquer forma, se fosse eu, estaria do mesmo jeito. Meu celular vibrou e quando o saquei do bolso avistei outra mensagem de Konan. Dei de ombros.

Despedi-me de minha prima e voltei a minha casa. Sasuke estava jogado no sofá, comendo e bebendo. Não fazia nada desde que Naruto desceu-lhe a pancada. Na noite em que isso aconteceu, ri para os quatro pontos cardeais, e, depois, ri até para a lua. Meu irmão tinha a parte abaixo dos olhos cheia de curativos, porém o médico garantira que não haveria sequelas graves.

- Acabo de voltar da casa da Sakura. – Anunciei. Ele mal olhou para mim.

- E daí? – Perguntou, seco e áspero. – Não quero saber nada sobre ela.

- E daí que eu vejo agora que você é um idiota tão grande quanto eu sempre achei que era. – Fui em direção à cozinha, irritado. – Um nariz quebrado para um idiota de coração quebrado. Combina. – Disse, antes de deixar totalmente o recinto.

A tarde custou a passar e, enquanto os torpedos de Konan eram ignorados por mim, eu me divertia jogando Call of Duty.

A tensão entre meus primos era grande. E eu não deveria estar no meio dela. Mas, tinha uma pessoa que andava me perturbando, e fazendo com que eu me metesse entre eles. Ino. A loira havia me seduzido no dia da festa de aniversário de Neji, e eu mal pude resistir. Tão perfeita do jeito que era, levou-me para a cama dos pais de meu amigo.

No momento o prazer foi imenso, cheguei até a desferir um tapa contra sua coxa, e quando ela gemeu sabia que aquela era a hora. Porém, um doido apareceu, derrubando um vaso no corredor. A garota correu e logo estava vestida, já eu me escondi no banheiro.

Meu celular tocou, e quando as vozes estavam suficientemente longe, desci para festa novamente. Konan não estranhou meu desaparecimento, mas eu estranhei este fato. E quando tudo parecia ter sido somente uma aventura entre eu e Ino, sem mais problemas, ela me liga, ameaçando mandar um vídeo para Konan que mostrava a safadeza em detalhes.

Logo, eu estava nas mãos dela, e tinha que fazer o que ela mandasse. E o que a doida queria era nada mais, nada menos, que meu irmão. Meu irmão que gostava de Sakura, a quem eu deveria ajudar. Mas Konan era especial para mim, apesar dos últimos dias estar causando-me incômodo, e eu não podia perdê-la. Vendo tudo detalhadamente, Sasuke e minha prima nunca poderiam dar certo de verdade.

“Desculpa, Sakura. Mas eu não vou perder a minha namorada, não mesmo.”

Fui ao banho e deixei meu celular sobre a cama. Não queria que ele tocasse enquanto aproveitava a água quente. Repensei em todos os momentos dos últimos dias. Sasuke ainda insistia num romance com Karin, que, aliás, deu um show particular aqui em casa quando veio nos visitar, após Sasuke sofrer a fratura.

- Sasuke, quem fez isso com você, amor? – Ela anunciou com a voz manhosa. Poderia jurar que era Ino quem estivesse ali.

- Nada, Karin. – Respondeu, sem emoção. – A gente combinou de sair hoje?

- Não, só decidi fazer uma visita... – Ela iniciou. Seu olhar parecia deprimido, porém não me importei. A garota nem ao menos teve a capacidade de me cumprimentar. – Desde a festa do Neji a gente não se fal...

- Então pode ir embora. – interrompeu-a. A resposta esbugalhou meus olhos e resolvi ir para o quarto. Aquilo não iria terminar bem e eu não estava afim de ficar constrangido.

O que ele estava fazendo com aquela menina era maléfico, para não dizer coisa pior. Ela gostava de Sasuke, de verdade, até se submetendo àquela situação. Não derramou uma lágrima, disse meu irmão mais tarde. ‘“Mas vontade não deixou de ter” – pensei, indignado.

Quanto à Sakura e Naruto... Os dois cavaram a própria cova. Era de se esperar que Sasuke reagisse daquela forma se eles continuassem com aquele teatrinho. Qualquer um podia perceber que era tudo uma grande mentira, mas meu irmãozinho estava apaixonado. E com paixão não se brinca.

Andando pelo corredor, ouvi um barulho vindo de meu quarto. Meus pés deixavam pegadas molhadas ao longo do caminho e por um instante reduzi o passo. Logo depois, meu celular tocou.

“Eu quero tchu, eu quero tcha, eu quero tchu tcha tcha tchu tchu tcha”

- Peraí... – Quem quer que estivesse lá dentro pronunciou. Porém a voz era-me familiar. O alarme irritava meus ouvidos, entretanto, nunca me lembrava de mudá-lo.

Parei de respirar e atentei-me aos sons vindos do recinto. Poderia ser algum ladrão? Mas teria que passar pelo nariz-quebrado na sala. Ino tentando roubar mais coisas para me comprometer? Não também, a voz era certeiramente masculina.

Entrei de supetão no quarto e me deparei com um Sasuke de olhos fixos ao telefone. A melodia ainda tocava estridente. O garoto partiu para cima de mim, lançando as mãos para um empurrão. Cai para fora do quarto, estatelando no chão.

- Canalha! – Jogou o celular em mim. A cabeça sentiu o impacto, e a dor não demorou a chegar. O aparelho abriu a parte traseira e a bateria saltou.

- Pirou, cara?! – Gritei, levantando-me. Meu olhar cruzou-se com o dele, ambos cheios de fúria.

- Ainda tem a cara de pau de falar de mim... – O desprezo surgiu em sua face e a boca apertou-se de raiva. – A Konan sabe?

- O que? – Não conseguia encaixar as peças. Por que ele estava fazendo isso? – Do que você tá falando? Seu cérebro ficava no nariz?

- Era você aquela noite no quarto com a Ino! – Senti meu coração parar de bater. Mas como? A loira garantiu que ele estava bêbado! Sem falar que esse toque estava há meses em meu celular. – Responde, cara!

- Ela não sabe... – Conclui, com o olhar baixo. Minha mente se afundou em lembranças. Precisava de qualquer informação que me ajudasse a sair daquela situação. – E vai continuar a não saber. A mãe vai gostar de ser informada de que não é só o Naruto quem beija as primas, ou melhor, tenta beijá-las. Mas você levou um tapa, não é?

Se amar é viver, eu vivo por que amo você, mas se amar e não ser correspondido é sofrer, eu sofro além da vida, do amor e do infinito.

Clara Tavares