História Vida Dupla - Saída à dois...

   De manhã eu fui tomar um banho e me vestir pro colégio, Sora dormia na minha cama tranquilamente. Aquela garota apesar de fofinha tinha um sono pesado demais.

  Assim que terminei de me vestir fui para a cozinha preparar o café. Aproveitei e deixei o de Sora pronto, dentro do microondas. Eu sou uma irmã maravilhosa.

  Engoli o café com uma ultra rapidez, e saí de casa em passos rápidos, apesar de estar bem adiantada, gostava de chegar o mais cedo possível.

  Pont View Sora On

  Acordei tarde, com o sol entrando pela janela e batendo em meus olhos. Fui até a cozinha pra achar algo comestível, e por mais incrível que pareça meu café estava dentro do microondas, bem, se é que aquele era o meu café. Coloquei-o para esquentar, e assim que o mesmo estava quente o coloquei sobre a o balcão.

  Deixei o café ali mesmo e fui para o quarto procurar meu telefone. Eu precisava ligar pra ele.

  Ligação On

  _... Alô? - A voz do outro lado parecia um pouco cansada, e aparentemente não sabia com quem falava.

  _ Oi… Shoutaro. - Eu disse, hesitando um pouco em dizer seu nome.

  _ Quem é? -

  _ Sora.

  _ Quem?! - Ele pergunta, ele realmente não lembrava.

  _… A irmã da Harumi. - Eu disse soltando um suspiro pesado.

  _ Ah! Essa Sora! Como conseguiu meu número?- Ele disse rindo.

  _ Você deve conhecer muitas não é? Também mente para elas como faz com minha irmã?

  _ … - Ele fica em silêncio por alguns momentos e eu consigo escutar sua respiração. - Você contou pra ela não é?

  _ Não, eu prefiro que você mesmo conte.

  _ Mas ela está agindo estranho comigo agora. - Ele diz um pouco indiferente.

  _ Mas ela sempre é assim com você.

  _ Ah, você tem razão! - Sua risada ecoa pelos meus ouvidos.

  _ … Ei… Shoutaro. - Eu digo chamando sua atenção.

  _ Sim?

  _ Por que você mente pra ela?

  _ … - A resposta demorou um pouco pra vir do outro lado. - Eu… Admiro muito ela… Não quero que se afaste quando souber da verdade.

  _ Não é como se ela fosse muito amiga de você.

  _ Ah, cala a boca! - Ele me repreendeu, e eu ri. - Ah, você não respondeu, como conseguiu meu número?

  _ Hackeei alguns computadores para isso.

  _ Nossa, que medo. Mas podia simplesmente pegar no telefone da sua irmã.

  _ Ela não tinha, aparentemente tinha deletado.

  _ O quê?!

  Ligação Off

  Desliguei na cara dele, não queria ouvir seus problemas com minha irmã, e além do mais tenho mais coisas pra me preocupar, se ele vai ou não contar a verdade à ela.

  Se ele não contar, eu mesma conto, não vou ficar aqui sentada vendo minha irmã sendo enganada por um cara como ele.

  Point View Harumi On

  Era hora do intervalo e estávamos no terraço, Shoutaro havia saído de perto da gente para atender uma ligação, e eu dei graças a Deus, porque se ele pedisse novamente para eu dar a comida na boca dele, eu iria arrancar seus membros fora.

  _ Haru! - Rin me chamou entusiasmada. Eu levantei a cabeça e olhei para ela. - Quer sair com a gente hoje a tarde depois da escola? - Antes que eu abrisse a boca pra dar uma desculpa ela me interrompeu, e completou. - E você não tem treino hoje com as meninas do clube de basquete.

  Droga.

  _ Ok, eu vou sim. - Eu disse desanimada. - E onde vocês pretendem ir?

  _ No cinema, e depois a gente vê. - Maiyu disse animada como sempre.

  _ Alguém aí disse cinema? - Shoutaro perguntou se sentando ao meu lado do banco, novamente.

  _ Isso mesmo e você não_ - Eu fui interrompida no meio da minha frase.  

  _ Está convidado também! - Rin disse, me cortando.

  _ Legal! Que horas? - Ele disse sorridente.

  _ A gente vê isso depois, tenho o número de todos vocês, eu mando mensagens.

  _ Ah, okay!

  O sinal das aulas toca, e nós nos direcionamos as nossas salas.

  Quando as aulas acabam a tarde eu vou para casa rapidamente, passei no mercado e comprei várias coisas, não costumo fazer isso sempre, mas Sora está lá em casa e está em estado de crescimento então…

  Espera o quê?

  Acabei me assustando com meu próprio pensamento, eu sou uma irmã coruja.

  Assim que cheguei, Sora estava estirada no sofá da sala assistindo à um filme de terror, estava indo para a cozinha, mas acabei me desviando para ela e me aproximei devagar, mas assim que cheguei perto me dei conta de que a mesma dormia levemente, ou apenas fingia isso. Voltei a ir em direção à cozinha e assim que cheguei perto da entrada dela ouvi a voz doce se Sora.

  _ Como foi? - A mesma perguntava sem ter mexido um músculo, seus olhos ainda se mantinham fechados.

  _ Como foi o quê? - Perguntei.

  _ Seu dia. - Ainda sem mexer o corpo, abriu os olhos, e me encarou com seus olhos verdes.

  _ Foi bem… normal. - Eu disse suspirando e dando de ombros.

  _ Com normal você quer dizer uma merda? - Eu concordei com a cabeça. - Ah, então ótimo. - Ela disse e voltou a fechar os olhos. Eu sorri com o gesto.

  _ Me convidaram para ir no cinema. Eu tentei recusar mas…

  _ Okay, vai.

  _ Mas voc_

  _ Não, você tem que ir. E vê se para de se preocupar comigo. - Ela disse me cortando. Concordei com a cabeça e saí.

  Fui novamente até a cozinha, abri um armário em cima da geladeira, e peguei alguns cookies. Também coloquei tudo o que havia comprado no lugar. Fui para meu quarto e joguei as coisas na cama, assim que voltei para sala Sora estava plantando bananeira, o que me deixou intrigada.

  _ Eh… O que exatamente você está fazendo? - Perguntei encarando a mesma.

  _ Deixando cair sangue no cérebro.

  Eu ri com a resposta, fui até ela e empurrei suas pernas, à derrubando. Ela resmungou.

  Fui para meu quarto atravessando-o e entrando no banheiro, liguei a banheira com água quente. Saí dali e fui até a cama, me deitei nela por alguns segundos e fechei meus olhos, sentindo uma vertigem, estremeci. Ultimamente, venho sentindo essas vertigens, mas são coisas bem insignificantes para se dar conta… Mas essa foi mais significativa. Senti um calor,  como se fogo jorasse pelas minhas veias. Preferi ficar deitada daquele jeito até que tudo passasse.

  O que demorou cerca de cinco minutos.

  Devo admitir, isso foi estranho.

  Voltei ao banheiro, tirando minha roupa e me enfiando na banheira com a água na temperatura certa. Peguei os cookies que havia trago, e os comi enquanto tentava relaxar naquele banho quente.

  [...]

  Ligação On

  _ Como assim vocês não vão vir? - Eu perguntei atordoada, enquanto esperava em frente à fonte da parque central.

  _ Desculpa Haru-Chan! COF COF...- A voz de doente forçada de Maiyu me deixou nervosa. Será que ela pensa que engana alguém?! - Eu peguei uma gripe horrível.

  _ Ah, e a Rin pegou gripe junto com você né? - Eu perguntei irônica.

  _ Não, ela veio aqui em casa me buscar pra irmos juntas e preferiu ficar pra cuidar de mim já que meus pais não estão aqui… COF… - Afastei meu celular do rosto assim que me assustei com a tosse forçada dela.

  _ Maiyu… Seus pais são médicos… Eles devem te dar algumas vitaminas sei lá!

  _ Ah, pare de dar desculpas, pra ficar me culpando e ir embora, o que tem de errado em ficar sozinha com o senpai? - Ela disse com sua voz normal, o que me deixou ainda mais furiosa. - Ah, para de ser idiota Haru-Chan! E vê se aproveita por favor!

  _ Espera! Maiyu eu_

  _ Tchau!

  Ligação Off

  Palhaçada, não acredito nisso. Pensei assim que vi Shoutaro de aproximando. O mesmo vestia uma calça preta, um moletom de banda de cor verde escura, e tênis brancos. Bonito. Quer dizer… Nada mais que o normal, não espera… Ah, merda.

  _ Vamos andando?! - Ele disse enquanto se aproximava.

  _ Não vai perguntar onde estão as meninas? - Eu disse cruzando os braços.

  _ Eh… onde estão?! - Ele perguntou, hesitante.

  _ Você participou dessa merda pra me trazer aqui né? - Eu disse soltando um longo suspiro assim que tive certeza da resposta pelo sorriso dele. - Saco.

  _ Ah okay, bem, então vamos amor? - Ele disse sorrindo.

  _ Do que você me chamou? - Eu disse descruzando os braços e o encarando.

  _ De Harumi. - Ele disse claramente, assustado.

  _ Não, não foi.

  _ Foi sim, de Harumi, juro.

  _ Shoutaro.

   _ Oi? - Ele disse com um sorriso brincalhão.

  _ Nunca.

  _ Hã?... Nunca o quê?

  _ Nunca minta pra mim, nem mesmo que seja a menor mentirinha possível, eu não suporto isso. - Eu disse friamente, olhando fixamente em seus olhos e em seguida me virando para andar. Ele logo veio ao meu lado, e continuamos em silêncio por mais uns cinco minutos.

  Ele quebrou o silêncio, me fazendo uma pergunta.

  _ Haru? - Ele disse, virando seus olhos para mim.

  _ Sim? - Eu respondi ainda olhando para frente enquanto andávamos pelo parque.

  _ Qual sua cor favorita? - Ele perguntou, com um sorriso inocente estampado no rosto. As vezes fico em como ele consegue ter uma personalidade infantil.

  _ Vermelho. - Eu respondi.

  _ Nossa, na lata? Sem perguntas nem nada?

  _ Eu gosto do fato de você querer saber mais sobre minha personalidade. Chega à ser engraçado. - Eu disse, olhando em seus olhos.

   _ Por que vermelho?

   _ Por que é a cor do sangue. Você já viu sangue fresco escorrendo de um corte? É lindo. - Shoutaro me encarou por alguns segundos e deu um sorriso.

  _ Então qual sua comida favorita? - Ele perguntou feliz provavelmente, por ter me agradado.

  _ Desde que seja comestível, eu como. Apesar de ter uma paixão maior por Hambúrgueres e pizzas.

  _ Você gosta muito de Fast Food hein?! - Ele perguntou rindo.

  _  Me acostumei, já que quase sempre como fora, por causa do trabalho.

  _ Ah, sim… - Um silêncio voltou a pairar no ar, um vento forte balançou meus cabelos, e arrepiou minha pele. - Harumi… -  Shoutaro chamou minha atenção, já que nunca me chamava pelo nome, exceto quando eu mandava. - Eu… quero te contar uma coisa… É que… Harumi? - Shoutaro voltou ao seu tom de voz normal assim que viu que eu estava em um estado de transe. - Você tá bem?

  _ Shoutaro.

  _ O que foi?!

  _ Sorvete. - Apontei para uma barraquinha no meio do parque, que vendia sorvetes. Shoutaro soltou um riso leve.

  _ Você pode ser fria, mas as vezes me surpreende o tamanho da sua infantilidade. - Eu olho pra ele com raiva. - Quer dizer… Bem, pelo menos você fica bem fofinha assim. - Meu olhar se raiva se torna em um assassino. Ele ri.

  Shoutaro e eu fomos até lá, e compramos sorvetes, de chocolate pra mim, e de creme para ele. Nós sentamos em um banquinho perto dali e os saboreamos. Ele ainda gemia de dor em seu braço, por eu ter batido nele por ter respondido “Obrigado”, quando o sorveteiro disse que éramos um lindo casal.