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História A vida é Difícil! - Mentores


Escrita por: HQueenElla

Capítulo 24 - Mentores


Fanfic / Fanfiction A vida é Difícil! - Mentores

Residencial Yaoyorozu – Tia Ella POV’S ON

Shouto estava no escritório de sua casa, terminando de selar um envelope muito bem feito, nele, havia uma carta de resposta para a pessoa que mais amava no mundo.

Sorriu delicado e a deixara em cima da mesa, não muito depois, encarou a porta, vendo Momo entrar e sorrir de canto.

— Tudo bem?

— Sim. -sorriu mais- Está linda.

— Eu sei, você me disse isso três vezes. -ela deu risada, se aproximando ainda mais dele.

Momo sentara em seu colo, deixando o longo vestido preto desenhar a curva de suas longas e belas pernas.

Os cabelos que já passavam dos joelhos, estavam soltos e como sempre, tão encantadores quanto quando Shouto a conhecera. Ele amava as madeixas escuras dela... — Já fazem seis meses...

— Sim.

— Como acha que ela está indo?

— Ela é uma Yaoyorozu, tenho certeza que está indo melhor do que imaginamos. -ele sorriu ao beijar a testa da esposa- Vamos, Midoriya tá esperando.

— Vamos.

 

*

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*

 

Residencial Midoriya

— Você perdeu, Tokoyami-kun! -Izuku ria do amigo, assim como todo o resto da antiga classe 1-A de heróis da Yuuei.

— Ah, vocês vão ver só! -reclamara o mesmo, voltando algumas casas do jogo de tabuleiro.

Enquanto mais da metade deles jogava, uma outra parte se espalhara pela cozinha, ajudando Ochako com a louça.

Momo e Kyouka estavam guardando alguns copos enquanto ela terminava de lavar o que já havia na pia.

— Yaomomo, por que você não corta o seu cabelo?

— Porque o Shouto gosta dele assim. -sorriu amena- Em verdade, eu só cortei o cabelo uma única vez, que foi um mês depois dos gêmeos nascerem, mas cresceu tão rápido que no fim, não adianta muito eu cortar.

— Mas está lindo assim, acho que no fundo, você fica muito linda com o cabelo comprido! -Ochako sorriu delicada-

— Você não devia descansar um pouco? Pelo que eu sei, a sua gravidez é de risco, não é? -a morena a olhou de relance após deixar os copos na prateleira mais alta.

— Bom, não significa que eu não possa fazer nada. Em verdade, o Deku faz quase tudo, então eu mal saio da cama.

— Conhecendo o Midoriya-san como conheço, certeza absoluta que ele se preocupa demais.

— E bota preocupação aí! -riram- Mas e você, Yaomomo? Já têm seis meses que a Mikan não está mais... -cortou a si própria, era fato que todos evitavam esse assunto para não chateá-la, já que era difícil relembrar a situação.

— Eu a vejo todos os fins de semana e ela vai voltar pra casa nas férias, então... -suspirou- Não é como se o mundo tivesse acabado. Mas confesso que foi e ainda é difícil se acostumar com essa rotina. Ela compareceu no tribunal no dia do julgamento do dono do hospital. As famílias indenizadas estavam lá. Mikan se desculpou com cada uma delas, uma por uma, ela disse que sentia muito. Aizawa-sensei me contou que a cada terceiro sábado de cada mês, ela vai ao cemitério, visitar os memoriais dessas famílias. Todos os dias ela acorda e vai ao templo ao lado da Yuuei. Ela reza pra todas essas pessoas que morreram no incêndio do hospital...

— ...

— Minha filha só tem seis anos e ela já entende o significado de Culpa. -Momo engoliu seco- Mikan ganhou uma cicatriz no pulso depois de se cortar com gelo, a dor que ela sentiu não se compara a dor que ela causou pra tanta gente... Ao menos, foi o que ela disse.

— É incrível o quanto ela compreende a própria situação mesmo não tendo culpa, necessariamente dita. -Jirou suspirou pesado, sabia que incomodava falar sobre Mikan, sabia mais que ninguém.

— Sinto muito te chatear, Yaomomo... -Ochako a abraça de forma torta, mas escutou uma risada como resposta.

— Não sinta, Ochako-chan! Mikan só está a 7 quilômetros de casa! Não é como se eu nunca mais fosse vê-la!

— Mas não te perturba não tê-la em casa?

— Sim, porém... Tanto eu quanto Shouto, sabemos que é pro bem dela, sabemos que ela está sendo bem cuidada e tratada pelo Aizawa-sensei. Nós temos consciência de que no futuro, a Mikan usará seu poder para coisas muito boas. Então se ela está tendo a oportunidade de controlar isso agora, por que impedir?

. . .

 

*

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*

 

Academia de Heróis

Mikan estava na sala de simulação de desastres, distante dela, estava Eri, que sorria animada com os resultados vistos.

Muitos professores e cientistas associados acompanhavam o desenvolvimento da criança, que no momento, conseguia, sem dificuldade alguma, criar água a partir do gelo misturado ao fogo usados ao mesmo tempo.

Mikan também passa por psicoterapias para análise comportamental, visto que seu cérebro funciona de forma muito diferente das pessoas em geral. Como ela enxerga o mundo através das cores, é importante que sua mente esteja limpa de muitas coisas, principalmente de ideias depressivas.

Depois de duas horas criando elementos naturais, como água e terra, Mikan tinha o desafio de montar uma cidade inteira usando seus poderes, precisava manter a calma e pensar de forma que não excedesse seus limites.

Em duas horas, foi capaz de criar um lago, alguns jardins e com mais esforço ainda, descobriu que podia criar matryoskhas, como sua mãe. Mas diferente de Momo, ela não criava bonecas russas de madeira, mas sim de metais, metais como alumínio e prata, duas coisas que parecia criar deliberadamente e com frequência.

. . .

Eri apitou e sorriu, dando o tempo da tarefa. Se aproximou da menina e agachou assim que a viu se jogar no chão.

— Parabéns, Mikan-san, está indo muito bem!

— ... -ela mais ofegava que conseguia pensar na resposta-

— Mas por que está fazendo o treinamento mais pesado logo de cara? Podia ter começado com coisas pequenas.

— Eu “pometi” pra mamãe... -ofegara mais- que ia me “contolar” pra não machucar mais ninguém...

— ...

— Então não “impoita” se é pesado ou não... eu “queio” voltar pra casa sem machucar os “outos”...

— ... -a jovem Aizawa suspirou docemente, afagando os cabelos bicolores da pequena Yaoyorozu.

Sabia exatamente como era esse sentimento. — Bom, você já conseguiu fazer coisas incríveis hoje, eu não achava que você fosse tão longe em tão pouco tempo. Seis meses atrás você nem queria chegar perto da gente.

— ...

— Se continuar assim, em um ano pode voltar pra casa.

— Sim...

— As visões melhoraram?

— Um pouco...

— Mikan-san, o que te faz querer ser tão forte quanto a mamãe?

— As pessoas que eu matei.

— ...

— Nunca mais vou fazer isso.

. . .

Eri a ajudou a levantar, as duas foram caminhando para fora da sala de simulação e no corredor, deram de cara com Aizawa, que sorria de canto para ambas.

Dera uma toalha para a mais velha e agachou para limpar o rosto da mais nova. Viu um sorrisinho fofo e bem cara de Yaoyorozu.

— Você está indo bem, Mikan, será tão boa quanto a sua mãe.

— A mamãe?

— Sim, vou te mostrar. -ele dera a mão pra ela.

Os três foram caminhando até o Salão do Memorial da Yuuei, onde ficavam os troféus, prêmios e homenagens de todos os alunos que já pisaram naquela escola.

Numa parede específica, Mikan ficou impressionada ao ver tantas fotos de sua mãe quando mais nova. Havia todo tipo de condecoração com seu nome. — Olha só, a mamãe era a melhor aluna da sala dela; as melhores notas, os melhores desempenhos e ainda ajudava todo mundo quando necessário.

— “Sélio”?!

— Sim. Está vendo aquela taça de ouro? -Aizawa apontou num sorriso orgulhoso- É a Taça dos Heróis. A mamãe ganhou ela quando ajudou a resgatar mais de 1.200 pessoas de um desastre em Akihabara.

— Whoah...

— Olha, seu pai também recebeu uma taça. -ela ficara surpresa, havia muitos rostos conhecidos naquela prateleira, muitos mesmo. Mas não imaginava que sua mãe fosse tão boa heroína assim.

— A mamãe “sempe” foi boa nisso?

— Quando ela começou a estudar aqui, não tanto, mas ela conheceu o papai e aí, quando eles ficaram amigos, os dois se ajudaram e ela ficou boa em tudo o que fazia. Ela tinha bons amigos que também a ajudaram a ser o que ela é hoje, Mikan. Então, lembre-se que quando você crescer e fizer um bom amigo, você será boa em tudo, porque antes de mais nada, ele vai estar lá pra te ajudar e te apoiar.

— ...

— Seja uma amiga que ajude e apoie.

Mikan sorriu, estava feliz por saber que tem a mãe mais incrível do mundo.

 

*

*

*


Residencial  Aizawa

Mesmo não estando mais como professor integral da Yuuei, Aizawa ainda fazia favores para o Diretor Nezu quando solicitado; Quando ficaram sabendo do caso de Mikan, ele serviu de mediador entre a família Yaoyorozu e a escola.

Após a decisão final, Mikan passou a morar na casa de Aizawa, mas sempre frequentando a Yuuei para fazer aulas práticas e treinamentos, assim sendo, ela não era uma aluna integrante da casa, mas tinha uma licença especial da Associação Internacional de Heróis para usar o espaço dentro das limitações escolares, visto que, mesmo aos seis anos de idade, Mikan já rendeu cerca de trinta cartas de recomendação para estudar na Yuuei quando atingir os 15 anos.

Se ela tinha aulas práticas na Yuuei, em casa, tinha aulas teóricas.

Como era mais que notável o QI altíssimo da menina, a criatividade para fazer o cérebro dela trabalhar com seu próprio ritmo, era um desafio infernal.

De todos os moradores da casa, Kayama era quem mais se aproximava de entretê-la de forma profunda.

Mikan fica muito entediada quando percebe que boa parte do que lhe ensinam, ela já sabe. De um jeito ou de outro, sua dificuldade maior é em se relacionar com as pessoas de fora.

Eri se tornou um caso à parte, mas em geral, ela não conversa com nenhum aluno da Yuuei ou sequer, tenta.

 . . .

Na biblioteca da casa de Aizawa, ela estava lendo um livro infantil em inglês, em voz alta. Por mais que seja uma criança, Mikan nasceu escutando a família Yaoyorozu conversando sempre em tailandês e a família Todoroki, em russo. Além do mais, Fuyumi lhe ensinara um pouco de inglês, já que como professora de Educação Infantil, ela também precisa ter fluência no idioma para se comunicar com alunos estrangeiros.

Por conta dessa salada de países na família, Mikan quase não tem fluência em japonês, mas entende tailandês e russo como ninguém!

O inglês não é seu forte (por pura preguiça), porém, Yamada é professor de inglês e lhe ensina com tanta paciência quanto Aizawa poderia ensinar...

“— I need your pen, because she’s a key to the imagination... Please, Liu-Zhang, I want to be like you!” -ela lia um trecho do livro com atenção.

— Hey, this’s my girl! Very Nice, Mikan! -Yamada sorrira empolgado, sabia que a menina gostava de aprender tudo o que lhe tomasse o interesse. E mesmo tendo este pico alto de preguiça, Mikan entendia que o inglês lhe ajudaria a chegar em muitos lugares, de forma profissional.

— Eu “peciso” ler quantas páginas, hoje?

— O mínimo é uma, mas se você aguentar ler mais, vá em frente!

— É que eu já li vinte páginas, tá cansando!

— Então podemos parar por hoje, quando a Kayama chegar, você terá aulas de história, ok?

— Yes, sir.

— My babygirl! -ele sorriu de novo, acenando com um “joinha” pra ela. Mikan achava divertido morar com eles, por mais que a rotina fosse puxada, valia a pena graças a companhia interessante.

. . .

Ouviram o telefone tocar, Aizawa atendeu no andar de baixo e não muito depois, gritou por Mikan.

Obedientemente, ela seguiu até o corredor principal e encarou um certo padrinho com a feição confusa...

— Seus pais querem falar com você. -dera-lhe o telefone-

— Alô? -estranhou, não era comum eles ligarem.

— Oi, Panda...

— Papai...

— Você está bem?

— Sim.

— O que está fazendo?

— Atendendo o telefone.

— ...

— ...

— Antes disso. -suspirou com tédio-

— “Etudando”.

— Estudando é?... Estava estudando o quê?

— Inglês.

— Mesmo? Já sabe alguma coisa divertida?

— Yeah, Pandas they’re a chinese bear, we don’t have Pandas in America, or Africa, Australian and Europe.

— Really? I didn’t know it.

— “Agoia” sabe.

— É... agora eu sei...

— ...

— Panda, você quer vir pra casa na semana que vem?

— “Pu quê”?

— Porque semana que vem é aniversário da Ringo-bachan, ela quer te ver.

— Tem que ser no dia do “aniveisáio” dela?

— Por quê?

— “Puque” eu tenho aula.

— ...

— Eu não “queio” faltar...

— Tudo bem, não precisa vir no dia do aniversário dela, mas tem que vir aqui no sábado, ok?

— Tá bom.

— Panda, o tio Aizawa me disse que você está se esforçando muito. Isso é verdade?

— É! Eu já consigo “contolar” o fogo! -um sorriso tímido brotara nos lábios vermelhos da criança, Mikan ficara ansiosa com o assunto porque queria que seus pais, mais que qualquer um, reconhecessem sua força de vontade em ficar cada vez melhor no controle de sua individualidade. — Papai, a mamãe não vai falar comigo?

— Ah, é que ela foi colocar seus irmãos na cama, mas... ela já vai falar com você.

— Papai, eu vi a Taça dos “Helóis” que mamãe ganhou!

— É mesmo? E o que achou?

— A mamãe é “inquível”! Ela “azudou” muita gente lá em Tokyo!

— É, a mamãe é tão incrível que ela faz coisas que nem eu conseguiria fazer... -ele sorriu do outro lado da linha- O que mais você viu?

— Eu vi o “pêmio” de Aluna-modelo dela, e tinha muito “pêmio” com o nome da mamãe! Tinha uma foto dela com o All Might!

— Ah, é, aquela foto é muito especial, sabia?

— “Sélio”?!

— É sim! Aquela foto foi de quando a mamãe ajudou o All Might a levar algumas crianças doentes pro hospital, elas tinham ficado machucadas por causa de uma pessoa ruim.

— A mamãe faz isso todo dia?

— Sim. Ela ajuda a salvar muitas pessoas que precisam de ajuda. Ela já me salvou também, algumas vezes.

— Whoah!... -a empolgação foi tanta que Mikan deu uma risada singela ao telefone, deixando Shouto cair no riso de mesmo jeito.

— Sabe Mikan, nós queremos muito que você volte logo pra casa, mas se esse treinamento te ajudar a controlar seus poderes, então, quando você voltar, vamos poder te ensinar a salvar pessoas também.

— Papai, eu não “queio” ser que nem a mamãe...

— ...

— ...

— E o que você quer ser, Mikan?

— Eu “queio” ser melhor que ela.

— ...

— “Puque” a mamãe já me “azudou” muito.

— Te ajudou? Como?

— Sendo o meu “exempo”, ué! -levantara os ombrinhos-

. . .

Shouto não sabia o que responder, mas estava certo de uma coisa: Mikan não tem ideia do quanto consegue derreter as pessoas sendo tão pura e sincera assim.

Aliás, ele estava achando fofa a reação de Momo, que estava ao lado naquele momento, ambos sentados no sofá da sala.

Ela não sabia se ria ou se chorava, mas era certo que amava muito a pequena Yaoyorozu e ficava contente por descobrir que era seu exemplo maior.

— É, ela é uma pessoa incrível de verdade.

— Tio Yamada disse que a mamãe é foda.

— Quê?!

— O quê?

— Mikan, sabia que você falou um palavrão?

— Tia Kayama fala coisa pior quando tá sozinha no “quato” com o tio Aizawa.

— Senhor, dai-me paciência... -ele bufou refletindo sabiamente sobre a questão de ter sua filha de seis anos morando com seu padrinho. — Momo, fala com a sua filha, aja como mãe, pelo amor a minha pouca sanidade neste instante!

— Papai, o que a tia Kayama fala aqui, eu já ouvi você falar pra mamãe também.

— ...

— ...

— Parabéns, Todoroki, ensinou direitinho! -Momo se manifestara pela primeira vez durante a conversa (com toda ironia do mundo) – Me dá esse celular. -ordenou com pressa, pegando o aparelho- Panda...

— Oi, mamãe...

— Hey, por que você escuta o que a tia Kayama fala quando está sozinha com o tio Aizawa.

— Mamãe, até o vizinho “ecuta”...

— ... -a morena respirou fundo e quase riu- Mikan, você sabe que esse tipo de conversa, é algo que só os adultos podem ter, não sabe?

— Não sei não, mamãe... Ontem a Eri-nee “touxe” o Kouta-san aqui em casa...

— Como é?! -o olhar de Momo era do mais puro susto.

— Não sabia que a casa do Aizawa-sensei tinha virado um puteiro. -Shouto exclamou baixinho e levara um soco no braço de brinde.

— Mikan, o que aconteceu ontem?

— Ah, eu fiquei sozinha com a Eri-nee, mas aí o Kouta-san “apaleceu”, a Eri-nee ficou vendo filme comigo, mas depois ela foi pro “quato” com ele e só saiu bem depois que o filme acabou.

— Mesmo? Que bom saber disso, Panda! -ela sorriu de esgueira- Isso já aconteceu antes?

— Já, ele vem aqui quase todo dia.

— S-sério?!

— É, teve uma vez que alguma coisa ficou batendo muito “foite” na “paiede”, a “taide” toda.

— Por Deus, dois coelhos no cio... -Shouto resmungou de novo e levara outro soco no braço-

— O tio Aizawa sabe disso, Panda? -Momo perguntou, ignorando completamente o marido-

— Não, “puque” de manhã eu fico com ele na escola, e no fim de “taide” eu fico com a Eri-nee.

— Mas ela não fica o dia inteiro na escola?

— Ela não “pecisa puque” tá “tabalhando” na Associação de “Helóis”.

— A Eri trabalha?! C-como uma estagiária deles?!

— É!

— E Kouta?

— Também.

— Ah, entendi... -suspirou- Ok, ela pediu pra você não contar pro tio Aizawa?

— Não “pecisou”, mamãe. Ela disse pra mim que ele vem pra cá pra “azudar” com a lição de casa.

— Você nem faz ideia da ajuda que eles se dão... -Shouto interveio ironicamente e no segundo seguinte, sentiu um galo na testa após o soco que recebera na cabeça.

— Mikan, a tia Kayama sabe? -Momo ignorou o discromático outra vez-

— Não, só eu.

— Certo... -assentiu- Bom, a mamãe queria saber como você está indo no treinamento. -desconversara o assunto até então, estava mais preocupada com o avanço de sua filha que com o avanço da filha dos outros (lê-se com ironia aqui).

— Bem, o tio Aizawa disse que se eu continuar me “esfoiçando” que nem “agoia”, eu posso voltar pra casa em um ano.

— Bom, ainda é um tempo meio grande, mas... -engoliu seco- Se é pro seu bem, então não tem problema. -sorriu forçado.

— Mamãe, o papai disse que eu tenho que ir pra casa no “outo” sábado.

— Ah, sim! Porque a Ringo-bachan vai fazer aniversário, ela quer te ver.

— A ba-chan ainda não tá velha, o que eu dou de “pesente” pra ela?

— Pfft, só dê algo que você achar que ela vai gostar, querida.

— Tá bom.

— Panda, a mamãe tem que fazer algumas coisas agora, mas, eu te ligo de novo, amanhã.

— Tá bem.

— Cadê o tio Aizawa?

— Foi cozinhar alguma coisa... -deu de ombros-

— Certo, eu amo você, Panda.

— Eu também te amo.

— Tchau.

— Tchau, mamãe... -e desligou.

. . .

O casal ficara absorto em tantas descobertas, mas ficaram felizes por saberem que Mikan tem uma taxa tão alta de sucesso nos treinos, talvez, ela consiga controlar seus poderes antes mesmo de um ano inteiro passar.

Já foi uma notícia muito animadora.

Sorriu delicada e sentiu um beijo na testa, depois, um peteleco.

— Isso dói, Shouto!

— E acha que a minha testa não tá doendo também? -bufou bravo-

— Ridículo!

— Você, palhaça desnaturada...

— Hunf... -ela virou a cara.

Nha, e assim o amor continua!

 

*

*

*

*

 

Academia de Heróis

Primeiro intervalo do dia, o refeitório, a praça de alimentação e todos os pátios da Yuuei estavam lotados.

Mas naquele momento, o que contava para Eri era a presença repentina de Yaoyorozu Momo, a mulher mais imponente de toda a Província de Osaka. Estava sorrindo simpaticamente, como de praxe, e Momo não deixava aparentar o motivo da visita, então apenas pediu para que ela a seguisse para uma área que somente os melhores alunos da escola tinham acesso.

Era um pátio no qual os professores tinham mais costume de usar, por outro lado, não era proibido para os alunos, apenas era... fechado demais para muita gente ficar.

Por isso era normal que só os antissociais e tímidos comessem por ali...

Ambas sentaram à mesa dos fundos, envoltas de duas enormes paredes de vidro que davam acesso a um terraço no terceiro andar do prédio principal.

— Quero conversar com você, Eri-chan.

— Claro... -a platinada sorriu- É sobre a Mikan-san?

— Não, é sobre você.

— Eu?!

— Sim.

— Algo errado? -ironizou-

— Eu quem devo perguntar, já que você está levando um garoto escondido pra sua casa todos os dias.

— O q-

— Eri, eu falei com o Kouta antes de falar com você, não mente pra mim. -a expressão ficara mais séria.

— ...

— Vocês estão juntos a quanto tempo?

— Seis meses... -suspirou baixando a cabeça.

— Quem sabe disso?

— Alguns amigos...

— Vocês transaram, não foi?

— ...

— Eri, me conte a verdade.

— S-sim... -engoliu seco- Olha, não foi de propós-

— Já tive a sua idade, essa desculpa não cola. -cortou-a sem esperar- Eri, sabe o quão perigoso isso é?! Por que fez uma coisa dessas?!

— Mas isso é normal-

— Não estou falando sobre sexo, estou falando sobre mentir pro seu pai!

— ...

— Por que não contou pra ele que está namorando com o Kouta?!

— Porque o papai é neurótico, ele vai ficar atazanando a gente o tempo inteiro e não vai me deixar ter relacionamento nenhum, seja com o Kouta-kun ou com qualquer outra pessoa!

— E como sabe? Tentou conversar com ele sobre o assunto alguma vez?

— Nem precisei! -bufou irritada- Ele acha que me prender dentro da rotina maluca dele vai me ocupar o suficiente pra não ter contato com garotos. Ele esfregou isso na minha cara!

— Eri... -Momo suspirou com mais calma- Sinceramente, eu sei que é frustrante, eu sei que magoa de vez em quando e sei que acima disso, é chato, porque ele não confia em você o suficiente pra te soltar pro mundo. Mas precisa entender: se acontecer alguma coisa, ele vai perder a pessoa que mais ama.

— Eu só quero que ele pare de agir como se eu não tivesse consciência do que faço!

— Mas agir como uma criança birrenta não vai ajudar!

— ...

— Olha, estou conversando com você por dois motivos importantes. Primeiro: porque você está mentindo pra sua família. Segundo: porque você expôs a Mikan no meio disso.

— Ela contou?

— Só me contou que o Kouta vai todos os dias na sua casa pra “fazer lição”. -e bota aspas aí...

— Não é bem assim... Olha, eu estudo, eu trabalho e 17:00 horas, eu estou pontualmente em casa, cuidando da Mikan. O Kouta-kun sempre me acompanha, é verdade, mas ele também me ajuda muito. As vezes ele cuida da Mikan enquanto eu termino de fazer alguma coisa importante, ela gosta dele e nós três nos damos muito bem. Ele sempre vai embora no mesmo horário e eu continuo seguindo a vida.

— Eri, mais uma vez, vou repetir: o problema não é o namoro, é a mentira.

— ...

— Não me olha com cara de emburrada, a errada aqui não sou eu! Se a questão fosse só o Kouta ir pra lá escondido, dane-se, mas você envolveu a minha filha na situação e ela só têm seis anos. -pigarreou exasperada- E se quer saber, eu nem tô preocupada com a exposição dela na história, necessariamente, eu tô mais preocupada é com o que a Mikan é capaz de dizer caso descubra como vocês fazem essa lição de casa. Você mesma já notou que aquela criança não é normal, quando a Mikan resolve estudar sozinha tudo o que a interessa, acabou. Com o tamanho da inocência que ela tem, sua vida pode ser destruída num estalo de dedos.

— ...

— Quero que conte a verdade pro seu pai. Não só pra ele, mas pra Kayama também.

— Não, eu não posso.

— Senão contar, eu conto.

. . .

— Momo-nee, eles não vão entender. Só vão me dar bronca e dizer coisas ruins!

— Como sabe?

— Eu só sei!

— Eri, eles são seus pais, antes de mais nada, a primeira coisa que irão fazer, como pais, é te escutar. Antes de mais nada, eles vão querer entender o que aconteceu, eles se preocupam com você, eles se importam, eles te amam. A Kayama mais do que ninguém, te entenderia! Ela é a Heroína da Censura! Você está na idade de se interessar por outras pessoas, isso é normal. Mas não é justo você mentir desse jeito pra sua família, nem mesmo o Yamada precisava ser traído assim! Já pensou o que poderia acontecer caso o Kouta-san fosse uma má pessoa?!

— ...

— E que mal me pergunte, você está fazendo exames médicos regularmente, Eri?

— O quê? O que isso tem a v-

— Kouta está indo na sua casa todos os dias, há seis meses sem o seu pai saber. Vocês transaram. Sabe ao menos o que isso significa?

— Não? -ironizou brava-

— Significa, “espertinha”, que você precisa passar a tomar certos cuidados! Já pesquisou o que é a sigla DST? Ou alguma vez passou pela sua cabeça que a partir do momento em que você deixa de ser virgem, você pode engravidar?

— ...

— Sério isso, Eri? -Momo ficou surpresa e indignada ao mesmo tempo- Quando foi a última vez que você menstruou?

— Sei lá, mês retrasado? -deu de ombros-

— Jura? -bufou- Você tá se alimentando direito ou por acaso andou ficando tonta e passando mal durante o dia?

— Como sabe dis-

— Ah, já começou ruim, aqui... -se cinismo matasse... – Agora me responde com sinceridade: Sua urina tá saindo escura e ácida, não tá?

— Sim... Como sabe disso?

— Sei porque isso são sintomas de gravidez, Eri.

— ...

— Acha que as pessoas não notam?! Você tá pálida, não te vi comer nada o intervalo inteiro, você tá indo no banheiro a cada meia-hora e ás vezes desmaia.

— Não pode ser, não tem como... -sorriu torto-

— Você acha isso engraçado? -Momo fechou ainda mais a cara, fazendo-a perceber que nada na situação, tinha um lado bom- Deixa eu te contar uma coisa; gravidez é mais sério que câncer. Você está gerando outra vida humana com o seu corpo. Você só têm 15 anos! Tem noção disso?!

— ...

— Você ainda tá mentindo pra mim.

— O quê?! Não!

— Você já sabia disso bem antes d’eu falar alguma coisa, não é?

— ...

— Eri, já chega, passou dos limites. Eu vou contar pra eles.

— Por favor, não fala pro papai, ele vai me matar!

— Acredite, já vi pai e mãe matar o filho por muito menos.

— ...

— Mesmo que eu não conte, ele vai descobrir mais cedo, ou mais tarde, não é, mãe do ano?

— Não, não é isso, eu...

— Você fez algum teste de gravidez?

— Não.

— Foi ao hospital?

— Também não... E não contei o Kouta-kun, por favor Momo-nee, deixa eu tentar resolver do meu jeito.

— Não. Do jeito que isso está, não posso fingir que não sei de nada.

— ... -Eri suspirou quase chorando, entendia que não podia relutar muito, já que estava errada.

— Vamos ao hospital agora, pode ser que seja alguma anemia também, mas eu creio que no seu caso, não seja isso, então... precisamos fazer um teste de HCG em você.

— Mas-

— Não vou falar nada pro seu pai se você fizer o exame agora.

— ...

— ...

— Tudo bem. Eu vou.

— Certo, pegue suas coisas.

 

*

*

*

*

 

Hospital da Casa de Arte e Música do Império do Japão

Por ser o hospital mais próximo da Yuuei, Momo acompanhara a ainda assustada Eri, que nada dissera desde que saíram da escola.

A Yaoyorozu procurou se manter mais calma que a paciente em si, lhe dera mão para segurar o tempo inteiro dos exames e mesmo com um pouco de relutância da parte de Eri, os médicos conseguiram examiná-la na ala ginecológica.

Depois de 40 minutos, a médica responsável pela jovem Aizawa suspirou perplexa, sentada em sua cadeira na sala de triagem da ginecologia.

— De alguma forma, você está e não está grávida, Eri-san.

— ...

— ...

— Como assim? -ela perguntou tão confusa quanto Momo.

— É uma gravidez psicológica. Acontece quando o seu emocional é afetado em relação a uma gestação. Seja por anseio ou receio de engravidar, ela simplesmente se desenvolve quando o seu emocional atinge o auge do stress e o seu corpo começa a desenvolver os mesmos sintomas de uma gravidez normal: enjoos, tonturas, sonolência, desejos alimentares, ausência da menstruação, crescimento do útero, da barriga e dos seios, produção de leite...

— Então, eu estou grávida?

— Neste caso, não. A gravidez psicológica só tem os mesmos sintomas, mas não tem nenhum bebê aí dentro.

— Sério?!

— Sim. -a médica suspirou- É mais comum em mulheres que anseiam ter filhos, é a primeira vez que pego um caso desses numa paciente tão nova, apesar de não ser tão incomum.

— Quer dizer que eu não vou ter um bebê?

— Não, mas mesmo numa gravidez psicológica, você vai precisar de acompanhamento médico e um tratamento hormonal. Pela sua ficha médica, eu soube que você se tornou autoimune a muitos remédios, então iremos utilizar coquetéis manipulados e você vai precisar de acompanhamento psicológico também.

— Entendo... -suspirou confusa- Quero dizer, eu meio que suspeitava de uma gravidez, mas não achava que isso fosse ficar tão confuso.

— Bom, no fim das contas, você realmente não está grávida, pode ficar tranquila.

— Obrigada. -sorriu tímida- Eu posso me trocar?

— Claro, a enfermeira vai te ajudar.

. . .

Quando Eri saiu da sala, Momo encarou a médica e arfou mais séria.

— Ela vai precisar fazer exames psicológicos, não é?

— Sim. -a médica respondeu realista- Eu ainda estou muito surpresa por ver o caso dela, é meio difícil adolescentes desenvolverem uma gravidez psiceudociese, Eri já estava com as glândulas mamárias muito inchadas, talvez daqui dois dias ou três, ela comece a produzir leite.

— Mesmo?

— Sim. Aliás, eu nunca vi uma paciente com tantas restrições medicinais antes... -olhara a ficha- É como se o corpo dela tivesse sido usado para testes de drogas ilícitas a uma velocidade impossível de acompanhar. Ser autoimune a remédios normais é uma coisa, mas ser imune a remédios controlados? Eu nunca vi nada igual.

— Digamos que não esteja errada, doutora. Eri realmente era uma cobaia para testes de drogas... Ela já passou por muita coisa.

— Sinceramente, eu acho que não será possível tratá-la, mesmo com remédios tarja preta manipulados.

— Por quê?

— Porque pelo que li da ficha dela, seu corpo consegue produzir anticorpos contra as propriedades pesadas de remédios de forma absurda, então mesmo que ela quisesse fazer uma cirurgia para estourar a bolsa amniótica já formada, eu não conseguiria controlar a produção dos hormônios, nem mesmo a produção de leite.

— Significa que...

— Seu corpo terá de se adaptar sozinho a ficar como era antes.

. . .

 

 

 



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