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História ABO Originals - Sexta-feira


Escrita por: iluvlarry

Capítulo 17 - Sexta-feira


Louis costumava gostar quando o sebo tinha clientes.

Afinal, ali era tão parado e mesmo que ele usasse seu tempo para estudar, ler algum dos livros ou tentar escrever alguma música, ainda assim tinha momentos em que ele se pegava olhando para o teto no maior tédio, sem conseguir pensar em nada. Se sentindo num vazio idiota que só lhe fazia refletir sobre besteiras.

Mas naquela sexta-feira sua tarde foi diferente. Já fazia umas duas horas que estava trabalhando – ou melhor, olhando para o teto – quando o sino que anuncia a chegada de clientes ecoou no ambiente, tirando-lhe dos devaneios.

Eram dois meninos, que deviam ter por volta dos doze anos, dois alfinhas.

Louis sorriu simpático ainda atrás do balcão, lembrando-se da última vez que tivera clientes jovens, ainda naquela mesma semana. Pensou que os dois meninos de agora seriam amantes de literatura como Amy, Tristan e Emma eram, ou talvez estivessem ali para caçar algum livro raro para um trabalho de escola.

“Boa tarde! Como posso ajuda-los?” se manifestou chamando atenção dos dois pirralhos que só o viram depois de ouvi-lo. O balcão ficava numa parte da loja afastada da porta de entrada, de modo de que as milhares de estantes lotadas de livros poderia te fazer perder a visão do garoto de olhos azuis trabalhando quietinho ali.

O menino mais alto tinha uma das mãos já postas sobre algum dos livros, e ele trocou um olhar travesso com o mais baixo antes de fazer um sinal com cabeça e simplesmente empurrar todos os livros da prateleira no chão.

O movimento e o barulho brusco fez Louis arregalar os olhos, surpreso com o que o aquele moleque tinha feito. De propósito. E então o mais baixo fez o mesmo com outra prateleira, e os dois pirralhos derrubaram o máximo de livros possíveis, até que Louis saiu de trás no balcão indo na direção dos dois e gritando para que parassem com aquilo.

“Mas que porra vocês pensam que estão fazendo? Parem com isso!” Os dois moleques começaram a correr no ambiente pequeno e chutar tudo. Louis estava vermelho de raiva e tentou pegar um dos garotos.

“Corre, corre!” o mais alto gritava enquanto chutava os livros caídos no chão.

“Te peguei, sua peste!” Tomlinson gritou irritado pegando o pirralho mais baixo pela braço. “Você vai arrumar tudo!” empurrou o garoto para o chão, querendo faze-lo recolher os livros que foram derrubados ali, mas o garoto apenas se debatia tentando se soltar e gritando. O outro pirralho, mais alto e que também era mais velho, gritou com sua “voz alfa” para que Louis soltasse seu amigo. Louis apenas revirou o olho inconformado com aquela situação patética.

Ele continuava segurando o garoto. “Arruma logo isso, seu pirralho dos infernos!”. E o menino menor continuava tentando se soltar, repetindo vários “Não! Me larga! Eu não vou arrumar nada!”. E Louis o apertava mais contra o chão.

Ele era maior que o garoto, e tudo bem, eram crianças, mas ele estava tomado de raiva pelo que eles estavam aprontando e Louis sabia bem que, crianças ou não, tem gente que é ruim desde sempre. E então Louis pressionava com força o corpo do garoto no chão, para machucar mesmo.

E o garoto gritava, e Louis gritava, e o outro garoto gritava e derrubava mais livros. E tudo era uma baita confusão até o menino mais alto empurrar uma estante na direção de Louis e do amigo que estava tentando se levantar do chão e se soltar do aperto do ômega. Fazendo com que Louis fosse para trás para evitar que a madeira pesada caísse sobre si, e o garoto que estava no chão pudesse se levantar e correr.

Em meio ao barulho alto da estante se encontrando com o chão e os livros já derrubados, Louis só conseguiu ver poeira e os dois pirralhos correndo para fora da loja.

“Voltem aqui, suas pestes!!!” Louis gritava, sua garganta já começando a arranhar. “Merda! Merda! Que filhos da puta do caralho!” olhou o estrago que tinham causado.

Louis estava morrendo de raiva.

“Esses projetinhos de capeta!” bufou com fúria e chutou alguns livros batendo também seu pé na madeira da estante caída, fazendo-o gemer de dor.

“Maldição!”

 

*

 

E a tarde tranquila de sexta-feira tinha virado um inferno para Louis. Com uma loja totalmente bagunçada, ou melhor, destruída que era como ele via a situação.

Um cenário de guerra onde ele perdeu para dois moleques infelizes que resolveram que seria engraçado sair por aí bagunçado estabelecimentos e estragando o dia de alguém.

Por que diabos mesmo as pessoas tem prazer no sofrimento alheio?

Louis queria morrer com isso.

Era uma situação idiota, causada por pirralhos idiotas. Mas aquelas crianças, ou como ele gostava de chamar, aqueles projetos de capeta, seriam os adultos de amanhã. E era por existir crianças assim que o mundo estava essa merda.

Louis ainda estava arrumando a quarta prateleira da segunda estante quando o sino da loja soou e ele virou rapidamente para porta, pronto para tacar um dos livros que tinha em mão na cabeça de quem tivesse entrado ali.

Mas sua mão abaixou e a expressão suavizou quando viu que era apenas Zayn.

E o beta olhou para o estado do sebo com uma cara surpresa.

“Nossa! Passou um furacão aqui?” entrou e tentou andar até Louis, pulando algum dos livros que continuava no chão.

“Furacão não. Dois capetas infelizes!” o ômega bufou ainda com raiva. Ele não superaria isso tão cedo. Principalmente quando ainda tinha um monte de livros para arrumar, e alguns que tinham sido estragados pela queda.

“Ok. Eu não entendi nada. O que houve?” Zayn perguntou enquanto ia em direção ao balcão que Louis costumava ficar, colocando ali uma sacola com comida.

“Dois pirralhos apareceram aqui e resolveram que seria divertido derrubar livros e me dar algum trabalho.” Empurrou com força o livro que tinha em mãos no vão da prateleira. “Que ódio! Parece até castigo do destino porque eu estava mentalmente reclamando de tédio! E agora, olha só! Tenho trabalho para semana que vem inteira! Eles destruíram um monte de livros e até derrubaram aquela estante!” apontou para o grande móvel ainda caído. Era pesado e ele provavelmente precisaria da ajuda de Malik para levanta-lo.

Malik estava boquiaberto.

“Nossa, que cuzões!” Louis bufou concordando.

O pior de tudo é que não tinha o que fazer. Só restava arrumar a bagunça.

E passar raiva remoendo o que aconteceu e desejando que aqueles meninos sofram a mesma coisa na vida, tenham um dia estragado por alguém sem porra de motivo nenhum.

“Mas bem, acho que vim na hora certa. Eu te trouxe comida!” Levantou um lanche embrulhado, sacudindo alegremente no ar.

Zayn tinha esse costume de passar de vez em quando para visitar Louis no trabalho. Ele sabia o quanto o emprego do garoto era um tédio e como Louis era desleixado e esquecia-se de levar comida, ficando longas horas sem comer nada. No máximo saindo para fumar e enganar o estômago.

“Oh, a tão famigerada comida!” Louis levantou, batendo as mãos na própria calça, depois olhando para as mesmas e percebendo o quão pretas estavam.

Suspirou cansado e foi até o banheiro lavar as mãos.

“Você vai ter que me ajudar a levanta aquela estante” avisou o amigo quando pegou seu lanche.

“O que eu não faço por você?” Malik riu mordendo seu lanche e tomando um pouco de refrigerante, Louis sorriu de leve também, tentando dissipar o estresse que aqueles garotos haviam causados.

“O que você vai fazer hoje de noite?” questionou Louis, também atacando seu lanche e refri.

“Cinema.” Malik falava entre pausas para mastigar. “Sabe, eu também estou saindo com alguém. A gente tá mais para amigos na verdade, mas Perrie é uma garota legal. E temos alguns gostos em comum.”

“Wow, sério? Novas amizades então?” arqueou as sobrancelhas em malicia.

“Não é assim que você chama Harry? De amigo?” o beta provocou.

Louis revirou os olhos tomando um longo gole de seu refri. Longo até demais, só para ter tempo de preparar uma resposta.

“Existem amigos e amigos.” Malik riu. “E eu já admiti para você que eu e ele estamos meio que tendo um lance.” Proferiu a última frase rapidamente, como se isso lhe tirasse responsabilidade do que estava admitindo.

“Ok, ok. Se você diz...” sorriu orgulhosamente para o amigo. Dava para notar que Louis estava de certo modo se esforçando com seja lá o que estivesse acontecendo entre ele e o alfa.

“Mas e a Perrie? Quando vou conhecer?” voltou ao assunto querendo desfocar a atenção sobre ele e Harry. Styles já ocupava seus pensamentos o suficiente, não precisava também dominar suas conversas.

“Ah... Hoje combinei de sair só eu e ela. Algo tipo amigos...” usou o mesmo tom que o ômega tinha usado para diferenciar os tipos de amigos, fazendo-o rir. “Mas amanhã ela me convidou para ir num pub que ela costuma ir com as amigas. Algo musical vai rolar e ela disse que é imperdível. E bem, não vai ser só eu e ela, então se você quiser pode ir também...” convidou um pouco incerto, Louis não era de ir nesse tipo de ambiente.

Mas ele também não era de ter lances com alfas.

Tomlinson ligou as coisas e achou incrível como provavelmente o pub para o qual Liam convidou Niall e Harry o convidou deve ser o mesmo para o qual Perrie chamou Zayn.

Tudo bem que não era algo impossível, afinal eram todos da mesma faixa etária e da mesma Universidade. As pessoas se conheciam e frequentavam os mesmos ambientes. Só achou coincidência o dia ser o mesmo. E parecia até um sinal de que ele deveria ir.

Até porque Zayn iria com Perrie e Niall iria com Liam.

E Louis sentia que isso ainda daria o que falar.

“Oh! Bem, na verdade, Harry me convidou para sair com ele amanhã...” Zayn fez um barulho de hmmm, sorrindo malicioso só para irritar o ômega, que revirou os olhos e lhe deu um tapa no braço. “Para com isso!”

“Passive agressive!”

“Você sabe bem.” Arqueou as sobrancelhas e os dois caíram na risada.

Lembrar-se das vezes em que se ajudaram era hilário.

“Mas enfim, ele me chamou para ir a um pub também... O pessoal da sala dele vai.” Insinuou e Malik já captou a mensagem, diminuindo o sorriso.

Liam Payne estaria lá.

Zayn deu de ombros como se isso não o perturbasse.

“Mais um motivo para você ir.” Sorriu.

 

*

 

E a sexta-feira de Harry estava sendo animada.

Depois da conversa que teve no escritório de seu pai, ficou decidido que Harry começaria na empresa o quanto antes. E mesmo sendo sexta-feira o cacheado foi com ele conhecer seu futuro local de trabalho. Des o apresentou à maioria dos funcionários. Sorrindo orgulhoso pelo jeito que todos ficavam admirados com o quão lindo o filho do chefe era.

E os dois pareciam líderes natos, aquela imposição de superioridade que o status de alfa original causava fazia todos ali se sentirem rebaixados hierarquicamente, mesmo que Harry fosse começar a trabalhar em uma função mais simples. Um estagiário, porém um estagiário alfa original filho do dono da empresa.

O encarregado pelo setor em que Harry começaria já se sentia pressionado. Imagina ter que chamar atenção de um alfa original? Seria um trabalho e tanto.

O problema dos status era que eles afetavam tudo na vida cotidiana.

E no ambiente de trabalho não era diferente.

Além das determinações hierárquicas, os status influenciavam nos cargos e no jeito de agir dos profissionais. Dificilmente se via ômegas em cargos de liderança. Um chefe de setor deveria comandar e chamar atenção dos seus subordinados, e era muito difícil um alfa aceitar ordens de um ômega, mesmo que fosse em relação a trabalho e aquilo fosse uma ordem estritamente profissional.

Esse era um aspecto que Harry poderia abordar em seu trabalho caso ficasse mesmo com a parte do organograma organizacional, como Lexie havia sugerido.

Trabalhar lhe daria outra visão do mundo.

E mesmo que os funcionários ali achassem que Harry pudesse ser metido por ser filho do chefe, aquilo não era verdade e ele provavelmente surpreenderia positivamente muita gente ali.

“Srta. Mirella, já conhece meu filho Harry?” Des apresentou o filho à sua secretária. Os dois já tinham feito um pequeno tour e o cacheado já tinha sido apresentado há muitas pessoas.

Mirella sorriu e levantou de sua mesa para cumprimentar o filho do patrão.

“Oh, muito prazer em conhecê-lo, Senhor Styles.” Chamou Harry da mesma forma que chamava seu pai. Muitos funcionários tinham feito aquilo. Aparentemente, achavam que seria desrespeitoso chama-lo pelo primeiro nome e como o sobrenome era o mesmo agora a empresa tinha dois Senhores Styles.

Harry apertou a mão da mulher e apenas sorriu.

“Igualmente.” Respondeu reparando na secretária. Ela era uma mulher bonita, e pelo que pode perceber era uma ômega marcada.

Ela tinha sido a primeira pessoa que Harry reparou o suficiente para descobrir o status, ele tinha meio que feito isso por sua mãe. Estava sendo protetor. Afinal, havia milhares de histórias de romances entre secretárias e chefes, e mesmo sabendo que seu pai não era aquele tipo de homem, quis tentar descobrir que tipo de pessoa era a secretária.

E ela era marcada, simpática e educada. Uma boa pessoa, extremamente profissional. Nada a se preocupar.

Des reparou na interação do filho com Mirella. E já até adivinhou o que ele estava pensando. E era justamente sobre isso que queria conversar com Harry.

Os dois entraram na sala da presidência e Harry admirou a vista que tinha ali. Era uma sala realmente bonita e elegante, um lugar importante que um dia seria seu.

“Sente-se, filho.” Des ordenou enquanto ocupava sua cadeira do outro lado da mesa. Harry afastou-se das janelas e foi em direção à mesa, sentando-se de frente ao pai.

Sorrindo para si mesmo ao pensar que um dia talvez fosse ele do outro lado e um filho seu em seu lugar.

“Reparou bem no pescoço marcado de Mirella, não é mesmo?” alfinetou Des.

Harry deu de ombros. “Para o cargo dela acho relevante esse tipo de informação.”

“Entendo o que quer dizer, Harry. Mesmo que legalmente não se possa desconsiderar um funcionário apenas por não ser marcado.” Suspirou. “Todo mundo se impressionou com você hoje.”

“Eu me impressionei é com essa vista. É esplêndida.” Disse animado.

“Foco, Harry.” O alfa mais velho revirou os olhos, seu filho parecia mesmo meio desnorteado, prestando atenção em qualquer coisa menos no que Des queria falar ali. “O tanto de olhar de desejo que alguns funcionários te lançaram me fizeram perder as contas.” Continuou a falar atraindo dessa vez toda a atenção do filho mais novo.

“Como é?”

“Desejo, Harry. Você é jovem, bonito, um alfa original e meu futuro sucessor. Muitos aqui já te avaliaram e te desejam. Não se deixe enganar. Tem muitas pessoas que, infelizmente, não são profissionais o suficiente e confundem as coisas.”

“O quê quer dizer exatamente, pai?”

“Quero dizer que nem todos os funcionários daqui são marcados e provavelmente você receberá algumas propostas indecentes com terceiras intenções. Quando eu tinha sua idade e comecei na empresa com meu pai, igual você está fazendo, eu ainda não conhecia sua mãe e não era comprometido. Recebi propostas indecentes aos montes. Empresas podem ser ninhos de cobras, filho. Já chegaram até a me trancarem numa sala em meio a um heat.” Harry arregalou os olhos.

Aquilo era loucura.

“A funcionária que fez isso acabou demitida. Ela quis forçar uma situação só para conseguir uma possível gravidez e então uma promoção. Tem gente louca para tudo nesse mundo. Mas nós, como alfas originais, temos muito mais controle sobre nossos instintos do que alfas normais. Sei que as sensações são fortes demais às vezes, mas lembre-se filho: o autocontrole sempre deve falar mais alto do que os instintos. Você tem força o suficiente para controlar a si mesmo.”

O cacheado apenas concordou com a cabeça, desnorteado pelas informações. Que tipo de ômega obriga um alfa a ficar no mesmo ambiente do que si durante um heat só para conseguir uma promoção? Isso era um absurdo.

Mas acontecia.

“Por isso a preferência nas contratações são para ômegas marcados. No entanto, por lei, é inadmissível que não se contrate alguém apenas por causa de seu status ou situação de relacionamento.”

“Compreendo... Mas ainda assim acho bom que sua secretária seja marcada.”

“Sua mãe também.” Styles riu.

 

*

 

Louis e Zayn levantaram a estante, e o beta ajudou o amigo a colocar alguns livros no lugar e separar os livros que estragaram e precisariam de um jeitinho.

O expediente terminou, Louis estava exausto e o sebo continuava uma bagunça.

O ômega não aguentava mais tantos livros e poeira.

Mas era sexta-feira e ele decidiu que não lidaria mais com aquilo. Tudo que ele queria era ir embora, fumando um cigarro, e tomar uma cerveja quando chegasse a seu apartamento e pudesse fingir que livros não foram inventados.

Ou talvez, que crianças não foram inventadas.

Aqueles pirralhos dos infernos.

Louis continuava puto da vida com eles, e o cigarro que fumava nem estava adiantando muito para esvair sua raiva. Talvez a cerveja teria de fazer o trabalho de o acalmar dessa vez.

Tomlinson caminhou lentamente até seu prédio, fumando o mais calmo que conseguiu. E tentando não apertar o cigarro como se fosse o braço fino do moleque que atacou o sebo.

Chegou em casa, tomou um bom banho para se livrar de toda a poeira, colocou um moletom confortável, uma blusa cumprida, e meias listradas ¾.

Caminhava calmamente até a geladeira para pegar sua tão estimada cerveja quando o interfone tocou.

E o interfone tocar ao invés da campainha só podia significar uma coisa.

Harry tinha vindo lhe visitar e John conseguiu fazer seu trabalho como porteiro, interfonando primeiro antes de deixa-lo subir.

Louis sorriu sem nem perceber e autorizou a subida do alfa.

O bom de Harry anunciar que estava ali antes de subir era que Louis ganhava um tempinho extra para se arrumar antes de abrir a porta.

O ômega checou como estava e percebeu que tinha esquecido sua gargantilha, sua cicatriz feia aparecendo no pescoço à mostra. Correu para o quarto e a colocou. Vestiu um suéter também. E deixou a barra da calça cair por cima das meias, o contrário do que costumava fazer.

Louis adorava prender a barra com as meias, mas era o tipo de coisa que fazia quando estava sozinho em casa e não dava a mínima para parecer apresentável.

Agora que o alfa o veria e provavelmente estaria impecável com suas lindas roupas de marca, Lou quis estar no mínimo bonitinho. Porque ele achava que não chegaria aos pés de Harry no quesito beleza e estilo.

Mal sabia ele que se quisesse mesmo impressionar Harry era só tirar a roupa.

Ou que poderia vestir o que fosse e o alfa continuaria o achando a coisa mais linda desse mundo. Principalmente vestido de maneira confortável e parecendo todo doméstico e abraçável.

A campainha tocou e ele abriu a porta sorrindo, encontrando Harry com algumas sacolas na mão.

“Espero que goste de comida japonesa!” o alfa se inclinou e lhe deu um selinho, entrando em seguida no apartamento ao que o dono do mesmo lhe deu passagem.

Parecia que hoje era dia de alimentar Louis Tomlinson.

Primeiro Zayn, agora Harry...

“Espero que goste de cerveja.” Respondeu enquanto voltava para a geladeira, pegando uma Stella para ele e uma para Harry.

Anh” o alfa soltou um grunhido estranho enquanto fazia uma careta. “Eu até gosto, mas não com comida japonesa. Não tem suco?”

E então o ômega riu e girou os calcanhares, devolvendo uma Stella para a geladeira e pegando um suco de caixinha.

O tal suco de caixinha só estava ali porque Harry tinha comprado.

Era de soja.

Louis fez uma careta e Harry sorriu para o tal suco.

“Deixe-me adivinhar. Eu entendi tudo errado e na verdade você só comprou comida aqui para casa para poder comer aqui as coisas que você gosta?” brincou.

De tudo que estava no apartamento a comida era a última coisa que Harry queria comer.

Sorriu com malícia, negando com a cabeça.

Louis não tinha feito nada além de ser lindo naturalmente e a mente do alfa já tinha viajado para coisas impróprias.

“Tem temaki, sushis, sashimi, uramaki, e esses outros que não sei o nome, mas são uma delicia.” O alfa explicava enquanto tirava todas as caixinhas da sacola.

Era muita comida.

Os dois começaram a comer em silêncio. Harry sendo um pouco desastrado com os hashis, Louis rindo e o ajudando. O sushis de Harry nadando no shoyu toda vez que ele tentava molhar as peças no pratinho antes de levar a boca e eles acabam caindo dos hashis. Louis comendo tudo com a maior habilidade, sem deixar nada cair, nem o temaki. E Harry inconformado como o ômega fazia parecer tão simples.

“Você nem avisou que vinha.” Tomlinson falou quando já estavam nas ultimas peças.

“É que eu não sabia se viria... Passei a tarde toda com meu pai na empresa. Achei até que fosse demorar mais ou que ele gostaria que eu jantasse em casa hoje. Mas não.”

“Hm... Você... trabalha?” o menor perguntou um pouco envergonhado, não sabia se tinha deixado passar esse detalhe. Em todas as conversas que tinham tido até agora, Louis lembrava-se apenas de Harry falar sobre sua família ter uma empresa, seu pai ser o dono e ele um dia o substituir.

“Vou começar ainda na verdade. Não tem tanto tempo que minha família chegou de Nova York, então estamos ainda nos instalando e demorei a aparecer lá. Fui hoje para conhecer alguns funcionários e ver em que área vou trabalhar.”

“Ah tá!” exclamou aliviado. Sentiria se mal se Harry já houvesse lhe contado e ele tivesse esquecido.

Tomlinson era do tipo de pessoa que gravava o que lhe diziam e gostava que gravassem coisas sobre si também. Sentia-se ignorado se dissesse a alguém que gosta de algo e depois a pessoa agisse como se não realmente não soubesse, o que significava que provavelmente não lhe dava atenção de verdade e tudo que ele lhe falava entrava por um ouvido e saia pelo outro.

Tudo bem que às vezes a memória falha, mas ele era extremista assim.

 Os dois terminaram o jantar, e arrumar o balcão foi bem fácil já que mal havia louça para lavar.

E não demorou muito para que Louis e Harry acabassem no sofá, fingindo que assistiam uma série qualquer no notebook que Louis tinha pegado. Só para aquilo mesmo: fingir que iam assistir algo e era por esse motivo que o alfa ficaria mais um pouco.

Não demorou muito e Harry começou a beijar o pescoço de Louis. Intercalando entre cheirar a pele e o perfume natural do ômega misturado ao perfume que ele realmente usou após o banho com depositar beijos suaves por ali.

E Louis no começo até fingia que ainda prestava atenção na série, mas ele nem sabia mais sobre o que o personagem falava. E era impossível mesmo prestar atenção em outra coisa que não fosse o alfa se aconchegando cada vez mais em si, com o nariz roçando em seu pescoço e os lábios.

Ah, os lábios!

Tão bonitos, vermelhos e beijáveis.

Foi Louis que puxou Harry para um beijo de verdade.

O alfa adorava quando ele tomava a iniciativa, mesmo que não fosse verdadeiramente um contato inicial, já que Harry já estava o atiçando antes, mas enfim.

As línguas se enlaçavam e Harry deslizou as mãos pelas pernas do ômega, puxando-as para cima de si enquanto se inclinava mais em cima do menor. Deitando-os devagar.

E o beijo estava tão bom que Louis se deixou levar. As mãos pequenas se emaranhando nos cachos de Harry.

O beijo foi de intenso para um pouco mais lento e... Romântico. E Harry tinha suas mãos deslizando pelas laterais do corpo do menor, passando pela cintura até a perna. O alfa tentava se encaixar melhor na posição, entre as pernas do ômega. E Louis mantinha suas cabeças juntas, seus lábios grudados, enquanto suas mãozinhas brincavam com os cachinhos. Enrolando os fios entre os dedos e puxando de leve.

O alfa não costumava gostar que mexessem em seu cabelo daquele jeito, bagunçando. Mas Louis podia tudo. Era uma delicia ter as mãozinhas passando delicadamente pelos fios, e era mais gostoso ainda quando ele puxava.

Os dois se separavam um pouco para retomar o folego, mas mal descolavam as bocas, logo voltando a se beijar.

Trocar beijos suaves e românticos era bom, mas Harry estava louco para um pouco mais de intensidade. Um pouco mais de contato.

O alfa foi ditando um novo ritmo para os beijos. Cada vez mais intenso. Os corpos começando a se movimentar no sofá. Indo para frente e para trás.

E as mãos grandes do alfa apertavam Louis um pouco mais e o corpo deles se juntava mais e mais.

E sim, estava gostoso. E Louis se sentia quente. Extremamente quente.

E Harry também.

“Tá calor, né?” sussurrou com a voz rouca e voltou a beijar violentamente Louis que mal estava tendo tempo para pensar e reagir.

Uma das mãos de Harry continuava em sua perna o puxando mais para si e os encaixando melhor na posição, enquanto a outra estava ajeitando a franja de Louis, que já começava a grudar na testa do menor devido ao calor.

Até porque o ômega estava com uma blusa cumprida e mais um suéter.

E Styles achava que os dois estavam com roupas demais.

Deu mais uns dois longos beijos segurando o ômega pelo pescoço, dominando totalmente a situação. Até solta-lo e voltar suas mãos para a cintura do garoto, indo até a barra do suéter.

Roupa de mais.

Calor de mais.

Então Harry resolveu que tudo bem se ele tirasse pelo menos o suéter que o garoto estava usando. Só para aliviar um pouco o calor, ou incendiar de vez quando ele pudesse ter um contato mais direto com a pele do ômega.

Tomlinson estava perdido no meio de tantos beijos, e daquelas mãos o segurando firme e do corpo do alfa sobre si o pressionando cada vez mais contra o sofá.

Mas ele percebeu bem quando Harry se afastou um pouco e usou suas patinhas para tentar lhe tirar o suéter.

E foi como um balde de agua fria para Louis.

Tirar a roupa era um passo muito grande para ele.

Até porque, até onde aqueles amassos iriam?

Era muito fácil um beijo inocente virar um beijão. E então alguns beijos intensos virarem uns amassos, logo as roupas sumiam e Louis sabia onde isso terminava.

E ele estava entrando em pânico.

Como a porra de um virgem medroso.

Ele não queria que Harry pensasse isso dele, mas era difícil se manter calmo quando o alfa lhe tirava o suéter e voltava a beijá-lo com mais intensidade ainda, as mãos do alfa agora lhe tocando a pele por debaixo do pano fino da blusa de manga cumprida.

Louis tentava se concentrar nos beijos. Mas o peso do corpo do alfa sobre si lhe chamava mais atenção. Principalmente numa região que insistia em roçar em uma parte sensível de si toda vez que os corpos se movimentam com os beijos fortes. E Louis podia sentir Harry se animando. Se animando demais.

E o peso do alfa sobre si não era mais confortável. Era sufocante.

Louis quebrou o beijo e empurrou o alfa com força, fazendo-o cair do sofá.

“Desculpa” foi a única coisa que ele disse antes de sair correndo para o banheiro.

Styles não entendeu nada, obviamente. Já que para ele estava tudo indo bem. Muitíssimo bem.

“Louis!” chamou o ômega enquanto se recuperava e o seguia até o banheiro. A porta fechada e um ômega inquieto andando de um lado para o outro.

Estúpido, estúpido, estúpido. O ômega continuava a repetir para si mesmo. Como ele pôde simplesmente derrubar Harry do sofá e correr?

E agora?

“Louis? Louis, tá tudo bem aí?” o alfa continuava a bater na porta, preocupado.

O ômega, no meio do desespero de querer fugir do momento embaraçoso que seria contar a verdade sobre como avançar as coisas lhe dava medo resolveu que seria mais fácil mentir.

Pegou sua escova de dente e não pensou duas vezes antes de enfiar em sua goela. Dando-lhe ânsia de vômito e fazendo o barulho típico.

“Louis, você tá passando mal?” Harry batia mais forte na porta.

Indignado por que o ômega passava mal e se trancava no banheiro.

Como ele ajudaria com a porta trancada? Já estava pensando em arrombar.

“E-eu t-tô bem” Louis respondeu apertando mais ainda a escova na garganta.

“Lou, abre a porta! Por favor!”

E a ânsia era horrível, e a situação estava uma merda.

Louis se sentia péssimo. Já nem sabia mais porque estava agindo assim. Levantou, lavou a escova e o rosto e guardou a dita cuja em seu lugar.

“LOUIS!” Harry gritou impaciente.

“E-espera!” finalmente destrancou a porta, tendo os olhos verdes preocupados sobre seu rosto pálido, a feição realmente de quem está passando mal.

Louis não conseguia o encarar e colocou a mão sobre a boca como se fosse mesmo vomitar. A garganta doendo pela força desnecessária que colocou na escova. Virou-se rapidamente em direção à privada e ajoelhou-se.

“Lou...” a voz do alfa agora era mais mansa, totalmente preocupado.

Louis continuou forçando até que realmente conseguiu passar mal.

Foi nojento e Louis se achava mais nojento ainda e patético por forçar uma situação como essa só para fugir da situação da sala.

“Você tá melhor?” o mais novo perguntou preocupado depois de um tempo. Louis já tinha escovado os dentes e passado uma água no rosto, e apesar de ainda parecer péssimo acenou positivamente com a cabeça.

“Acho que sushi realmente não combina com cerveja” murmurou envergonhado.

Ele era um péssimo mentiroso e o alfa achou a situação toda estranha, mas achou melhor ignorar.

Louis se sentiu aliviado por isso.

Mas ainda péssimo pela desculpa esfarrapada que arranjou.

Ele sabia que não poderia fugir para sempre. O que mais ele inventaria na próxima vez que Harry tentasse avançar as coisas? Um desmaio? Uma morte? Sentia-se totalmente patético.

Parecia que as coisas com ele eram realmente um passo para frente e dois passos para trás.

Mas se ele tivesse sorte, Harry não perceberia e ele poderia lidar com seu problema sozinho.

Porque tudo que o ômega não queria era que o alfa soubesse que ele tinha medo de ir adiante. Ele sabia que era um medo idiota, causado pelo trauma do que havia lhe acontecido e estava tentando fazer seu corpo e sua mente entenderem que era uma situação diferente, que Harry era diferente.


Notas Finais


HAI!

Próximo capítulo é o do pub hehehe

Eu não tenho muito o que falar sobre esse capítulo. Acho que deu para esclarecer muita coisa com ele, né?

Qual a visão de vocês sobre as atitudes do Louis?

OBS.: Muito obrigada por todos os favoritos e principalmente pelos comentários <3

Adoro ler o que vocês acham da fic e as suposições do que vai acontecer kk é mt engraçado, vcs são lindXs.

E o conselho de tumblr do dia é:

"Nunca é tarde demais para ser quem você quer ser. E eu espero que você viva uma vida da qual se orgulha, e se você achar que não está vivendo, espero que tenha força para recomeçar."

Até o próximo capítulo! Xx, Julia.


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