História About a girl - Kim Hongjoong - 04

CHAPTER 04:

|◁ ♬ Sappy - Nirvana ♬ ▷|
 

Abri os olhos diante dos raios de sol que atravessavam as frestas da janela e batiam em minha face; ainda estava meio zonza e com a vista levemente embaçada. Fui levantando meu corpo e aos poucos, tentava reconhecer o local.

 

Não era o meu quarto. Não estava em casa.

 

— Pronto, fui sequestrada e agora vão me manter em cativeiro. — pensei alto.

 

Conferi se ainda estava vestida e por minha alegria, continuava arrumada como no dia anterior, suspirei aliviada. 

Observei o ambiente em que estava; um quarto escuro, não por estar fechado, mas sim por conta do papel e a cor da parede; a cama que estava deitada, com lençóis escuros também e ao lado, uma escrivaninha super bagunçada.

Minha análise foi interrompida quando percebi uma movimentação ao pé da cama.

 

Uma cabeça estava apoiada no colchão, seus cabelos recém tingidos de loiro e cortados já entregavam quem era.

HongJoong tinha adormecido ali.

 

Desci da cama, sem fazer tanto barulho e parei na frente do garoto, tornando a observá-lo dormir.

 

— Sou tão bonito assim para ficar olhando? — Sussurrou, abrindo um de seus olhos. 

 

É a segunda vez que esse panaca me assusta.

 

— Depois não reclame se ficar cego. Pensei que estava dormindo! Por que me trouxe aqui? — Questionei rápido por tamanho nervosismo, nossos olhares tinham se encontrado novamente.

 

Ele apenas se espreguiçou, me olhou novamente e se levantou, bagunçou mais ainda os próprios fios, enquanto se sentava na beirada da cama e mexia no celular.

 

— Você reclama de seu irmão, mas está sendo como ele, paranoica. — Torceu o nariz. — E fique tranquila que não vou te manter em cativeiro. 

 

Você e sua grande boca, Heejin.

 

— Olhe, eu nem te conheço direito. Acho justo você pelo menos responder algumas de minhas perguntas, não? — Cruzei os braços enquanto me levantava e mais uma vez, caminhava em sua direção.

 

— Não 'tô afim. — Deu de ombros e em nenhum momento tirou os olhos de seu celular.

 

Foda-se ele também.

 

Caminhei até a porta, enquanto ajeitava as próprias roupas e me retirei dali.

 

— EI, EI, PERAI! — O escutei gritar do quarto e logo, apertei o meu passo, para descer as escadas. Quando estava no final, me virei para conferir se o maior não estava me seguindo, porém, antes que o fizesse, senti um peso por cima de mim e caímos, ele apoiou a sua mão em minha nuca, evitando que batesse a cabeça no chão.

 

— Kim Hongjoong! — Exclamei enquanto o via por cima de mim; arqueei uma de minhas sobrancelhas buscando entender o porquê de tanto furdunço.

 

— Você se machucou?— Ele disse atordoado, piscando algumas vezes, enquanto me encarava.

 

— Se queria se vingar por quase ficar cego ontem... — Cerrei os olhos.

 

— Ela já acordou? — Escutei outra voz masculina se aproximando e rapidamente o empurrei para o lado, tentando me levantar.

 

Yunho surgiu com um sorriso ladino e acenou com a cabeça, por estar com as mãos ocupadas; acenei de volta. Olhei em volta e encontrei San dormindo profundamente no sofá, ele deveria estar um caco, assim como eu.

 

Daqui a pouco passo 24 horas com esses garotos e Yeosang vai pirar quando eu contar para ele.

 

Ok, ok Heejin, vamos organizar seus pensamentos: Você saiu com a gangue de delinquentes da escola, eles te levaram para uma escola abandonada, vandalizamos, quase ceguei HongJoong, dormi abraçada com ele na moto, dormi na CAMA dele, ele caiu em cima de mim.

Ah, e tem Seonghwa! Que com certeza deve estar puto e arrancando os próprios fios de cabelo.

 

— Bom, acho que já é a minha hora de ir, não? Muito obrigada pela estadia e por me ajudarem ontem!

 

Na verdade, queria dizer que tinha adorado passar um tempo com eles, mas provavelmente iria soar boba, apenas deixei passar.

 

— Fique pelo menos para o café, não arrumei a mesa à toa! — Yunho disse, deixando algumas xícaras ali e caminhando em minha direção, segurou em meus ombros e me direcionou à mesa; quase fui forçada a sentar, depois de negar algumas vezes.

 

 

 

Depois do café, me despedi oficialmente e fui embora. 

Na verdade, os meninos me pediram um Uber pois perceberam que não conseguiria voltar andando, de forma alguma eles me levariam.

E correr o risco de meu irmão ver? Sem chance!

 

E não foi nada mais, nada menos o que eu esperava, mal coloquei os pés em casa e vi um Seonghwa furioso, sentado no sofá, com os braços cruzados e olhando para o nada.

 

— Ah! Então a donzela lembrou que tem uma casa? Onde você dormiu? Por que não atendeu as minhas ligações? De quem é aquele carro? — Disse a primeira frase em um tom debochado e se levantou, caminhando em minha direção.

 

Não pude deixar de ranger os dentes, ele realmente estava me deixando alterada. O ignorei, indo até as escadas; quando dei sinal para avançar, o mais velho me repreendeu com o seu maldito costume de segurar em meu punho. Dei um longo suspiro.

 

— Seonghwa, por favor...eu dormi no Yeosang. Ontem não 'tava querendo olhar pra sua cara, muito menos hoje. 

 

Ele me deixou ir. Corri para o quarto.

Cheguei revistando os bolsos, e merda! Esqueci a minha bolsa com o meu celular na casa dos meninos e só poderia tê-los na segunda-feira. Se saísse de casa novamente, seria capaz de meu irmão colocar grades na janela e um cadeado na porta. Não duvido de mais nada.

O resto do final de semana vai ser um tédio.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

À caminho da escola, contei tudo, para Yeosang, incluindo o fato de ter quase cegado HongJoong, era algo crucial.

 

— VOCÊ O QUE? — Yeosang exclamou, ou melhor, gritou e quase parou todos os que passavam por ali. Tapei a sua boca imediatamente.

 

— Cala a boca garoto! — Arregalei os olhos enquanto ele estendia os braços, em redenção.

 

Mal chegamos no estacionamento e Seonghwa estava encostado no capô de seu carro, com os braços cruzados e já olhando em minha direção.

 

Que cara chato!

 

— HEEJIN-AH, SEXTA FOI MUITO FODA, VAMOS REPETIR? — No momento que escutei meu nome, congelei. Não sabia como reagir e por impulso, me virei para onde estava sendo chamada.

De longe avistei HongJoong acenando para mim, com um sorriso travesso. 

Eu queria esganar aquele garoto.

 

Em fração de segundos, vi a expressão de meu irmão se modificar e imediatamente caminhou em minha direção. 

 

Puta merda, se eu morrer volto apenas para assombrar esse motoqueiro infeliz.

 

— Dormiu no Yeosang não é? — Sussurrou. — Conversamos depois.

 

Estava morta.

 

 

 

No intervalo, pedi para Yeosang enrolar meu irmão, enquanto fugia novamente para o depósito que felizmente estava vazio, fiz um balde de banquinho e fiquei esperando ali, quieta e olhando para um ponto fixo, até o sinal tocar.

Afinal, estava sem o celular.

De repente, surgiu uma movimentação da porta e por longos minutos, pensava que Seonghwa tinha encontrado meu esconderijo. Peguei um esfregão que estava ao meu lado e apontei em direção, a qualquer momento que o visse, iria atacá-lo.

 

Para o meu azar, ou sorte, era HongJoong.

 

— Ok, isso tá ficando repetitivo. — Disse, voltando à me sentar.

 

— O que? — Perguntou, fechando a porta.

 

— Esses encontros...ou sei lá o que isso seja. Antes eu nem te via por aqui.

 

— Quem roubou meu esconderijo foi você. — Argumentou, concentrado em acender o próprio cigarro.

 

— Eu!? Mas- — Ok, nessa ele estava certo. Apenas fiquei quieta e o observei mexer no celular. Meu celular! — Então, no sábado eu acabei esquecendo a minha bolsa na sua casa e...

 

— E?

 

— E que meu celular e meus pertences estão lá, é óbvio.

 

— A culpa é minha que você é distraída?

 

Não acredito que vou perder no argumento por causa desse mimado.

 

— Voltarei com vocês hoje.

 

— Como é? — Ele disse incrédulo, soltando a fumaça que tinha tragado.

 

— É isso mesmo que ouviu, meu caro. — Sorri em deboche e segundos depois, o sinal tocou.

 

O timing perfeito.

Esbarrei propositalmente em seu ombro e saí do depósito, o deixando estático.

 

 

 

 

 

 

Finalmente, a hora da saída chegou e como todos os dias, Seonghwa me esperava na porta de minha classe. Respirei fundo e caminhei sorridente até ele, que logo arqueou uma de suas sobrancelhas.

 

— Pode ir sozinho hoje, tenho coisas para fazer. — Disse enquanto caminhava para o lado de fora.

 

— Espera, o que? — Ele disse me seguindo, apenas Hongjoong estava ali.

 

Onde estava Choi? E Yunho?

De jeito algum ele daria o braço à torcer. 

 

— Oi então, esqueci minha bolsa na sua casa, isso me dá uma ótima desculpa para eu não voltar com Seonghwa. Eu poderia... — Disse tudo em uma fração de segundos, queria parecer firme, e tentei não gaguejar nenhuma vez.

 

Estava literalmente suplicando; mesmo assim, não senti empatia no seu olhar e percebi que ele não quebraria essa para mim, apenas abaixei a cabeça em derrota.

 

— Não.