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História Abracadabra - Tribute.


Escrita por: ldzeppelin

Notas do Autor


Fui boazinha e postei antes do prazo, viram? <3
Boa leitura.
Ps: vale lembrar que essa capítulo foi escrito em terceira pessoa.

Capítulo 12 - Tribute.


Fanfic / Fanfiction Abracadabra - Tribute.

                                                                 03 de Julho. 1969 | 15:52| Montreal, Canadá.

Era uma quinta-feira pré-show um tanto quanto esquisita. O primeiro show em Montreal seria feito na sexta, e estaria completamente lotado. Abracadabra sentia seu coração apertado, e uma agonizante falta de ar que a impossibilitava de sair do quarto para perambular por Montreal. Mais dois shows, e a turnê acabava. Férias por um mês, e começariam a trabalhar no próximo álbum.

Mas a menina não se animava com isso. Não era a falta de Jimmy nas turnês, não era bem a TPM, não era algo que havia comido, e nem uma bad trip, já que não havia usado nada naquela semana maldita. Preferiu ficar mantida em seu quarto deitada, tentando acalmar-se. Quase fechando os olhos para tirar um reanimador cochilo, o telefone de sua suíte toca.

Srta. Baldwin?

– Sim?

Aqui quem fala é Ms. O’Dell, secretária dos Rolling Stones. Venho por meio desta ligação, informar a morte de Brian Jones, e lhe comunicar do enterro dele amanhã às 16:00.

Era isso. Ela pensou. Ficou muda com o telefone no ouvido enquanto Ms. O’Dell perguntava do estado da até então adolescente guitarrista.

– Ok. – foi o que ela respondeu antes de desligar.

O bolo já havia se formado em sua garganta, mas ela não permitiu que uma lágrima descesse de seus olhos em respeito à Nanny. Porra, Nanny. Nanny precisaria dela. Keith precisaria dela. Mick precisaria dela.

Com um complexo de mãe, e a sensação de que tinha o dever de cuidar de todos a sua volta com unhas e garras, ela levantou-se de sua cama respirando fundo e indo até o quarto onde Ryan, menager, estava hospedado.

– Sim, criança? – ele perguntou sem olhar diretamente para ela, já que estava entretido com alguns papéis que provavelmente seriam sobre a banda.

– Brian morreu. Brian Jones está morto. – ela disse.

Ryan então levantou o olhar, encarando uma Abracadabra catatônica, branca como velha, com os olhos cheios de água e com o olhar perdido. Largou os papéis na hora correndo até a menina e a abraçando com força. Nenhuma lágrima foi derramada. Ela não deixaria.

– Nanny sabe? – ele perguntou soltando o abraço. Ela negou com a cabeça. – Você vai contar?

– Eu tenho. – ela murmurou com a voz trêmula.

– Você não precisa. – ele sussurrou beijando a testa dela, que assentiu com a cabeça.

– Preciso sim.

Ryan ficou assustado. Era a primeira vez que via uma menina de tão pouca idade ter força para lidar com algo tão forte como a morte. Naquela época, infelizmente era comum. Todos tão exagerados, tão “felizes”. Levavam a vida como se não houvesse amanhã e no próximo momento, não eram mais nada. Apenas um corpo. Sem vida.

Já no corredor, Abracadabra andava como um pequeno zumbi até o quarto 488. Bateu na porta e tentou melhorar a cara. Atitude completamente inútil, já que a primeira coisa que Nanny fez quando abriu a porta foi indagar:

– Aconteceu alguma coisa? – perguntou preocupada.

– Pega toda a força que eu tenho em mim, e coloca no seu coração. – ela murmurou.

– Como assim, Abra? Entra. O que houve?

Abra entrou e se sentou na cama, olhando para Nanny. Tão linda. Tão jovem. Cabelos loiros, olhos azuis, alta, magra, exuberante, tudo que as pessoas na época chamavam de “uma beleza perfeita”.

Tão linda por fora, quanto por dentro. Apesar de se apaixonar toda semana por alguém diferente, Nanny mantinha um carinho especial por Brian desde o ano interior. Brian era bonito, ambicioso, talentoso, carismático e tudo mais que uma garota na faixa de vinte anos iria querer.

Nesta hora, Abra não conseguia pensar em nada. Apenas na amiga, que desfaria o sorriso estonteante por um bom tempo. Ela não merecia aquilo. Era boa demais para saber que seu amor estava morto. Tinha o coração tão grande, mais tão grande, que cabia milhares. Mas Brian havia conquistado um espacinho especial que ninguém tocava. Ninguém conseguiria substituir. Eram Brian Jones & Nanny McDermott.

– Brian, Nanny. A secretária dos Stones me ligou... – ela não conseguia falar tudo de uma vez, o que deixava Nanny ainda mais apreensiva.

– Fala, Abra! Aconteceu alguma coisa com ele? – Nanny se sentou ao lado de Abra na cama.

– Ele está morto. – Abra balbuciou.

A expressão de Nanny não havia mudado. Continuava preocupada como se Abra não tivesse aberto a boca para dizer o real motivo de todo drama e mistério. A loira virou a cabeça devagar como se dissesse “prossiga, diga”.

– Nanny, Brian está morto. – Abra disse, desta vez mais alto. Nada de Nanny reagir. – Nanny... – ela murmurou completamente arrasada.

Nanny a olhava confusa, tão perdida, tão desacreditada. Seria impossível descrever a feição de Nancy McDermott naquele momento. Ela balançou a cabeça em negação um pouco e olhou no fundo dos olhos de Abra.

– Você tá mentindo. – ela disse.

– Nanny, eu...

– Você tá mentindo, porra! Que brincadeira de mau gosto! Você é retardada? Vem aqui no meu quarto dizer uma merda dessas! – a essa altura Nanny já estava dando voltas no quarto e xingando Abra de tudo quanto é nome, que a olhava com pena.

Sim, pena.

Diz que é mentira, Abra, diz. – desta vez, Nanny suplica. – Por favor. – ela pede.

Seus olhinhos azuis se encheram d’água e ela correu para abraçar a amiga. Abra ainda estava em estado de pânico, apenas abraçando Nanny com força, enquanto a loira chorava, e chorava, e chorava.

De triste, já bastava Nanny. Ela não poderia dar o braço a torcer. Não chorar, não chorar, não chorar. Era o mantra que rondava a cabecinha. E estava dando certo. Após consolar Nanny por horas, ela levantou a cabeça, contando a notícia a todos, fazendo as malas, e chegando à conclusão: “Chega de turnê. Com esse clima não dá mesmo. Em solidariedade à Nanny eu não toco nada.”

E assim foi feito. A turnê havia acabado ali mesmo, e a multa astronômica pela quebra de contrato, Alex resolveria. Mas desta vez, a negra havia entendido e compreendido, dando todo e completo apoio aos seus pequenos pupilos.

                                                                       04 de Julho. 1969 |15:31| Londres, Inglaterra.

Já em Londres, o clima era dos piores. Longe de Jimmy, tendo que segurar a barra sozinha, e ainda por cima morrendo de cólicas por conta da TPM, Abracadabra estava sentada sozinha em um dos vários bancos do cemitério florido.

Pegou de seu bolso um maço de seu inseparável cigarro e o acendeu. Tragou, brincando ao soltar a fumaça e se pôs a pensar. Brian havia morrido afogado? Alguém havia afogado ele? Era pra ele morrer daquela maneira? Ela parecia ter sentido. Sentiu-se mal o dia todo antes da mórbida notícia. Enrolada em um sobretudo preto, com chapelão e véu Alá viúva da década de 20, ela até conseguiu achar graça de seu charme.

– Com um James Dean ao meu lado, eu me sentiria uma atriz de Hollywood. – ela constatou, rindo amargamente sozinha.

A verdade, é que ela nunca havia lidado com a morte. Não tão de perto. Não sentindo tanto a dor dos outros, e consequentemente a sua própria. De repente, ouviu um estalo de algum galho pelo chão, e pelo perfume inebriante um tanto quanto feminino, ela sorriu.

– Pensei que estivesse em turnê. – ela limitou-se a olhar. Sabia que Jimmy Page estava ao seu lado trajando um terninho preto completamente amassado.

– Pensei que você fosse precisar de mim. Fugi, e aqui estou. – ele falou segurando a pequena e delicada mão da guitarrista. Incrivelmente ela conseguia manter unhas enormes, que no momento estavam pintadas de vermelho.

– Eu nunca deixei que eu precisasse de alguém, porque as pessoas precisam de mim, Jim. – ela sorriu olhando para o namorado. Descabelado, como sempre.

– Você carrega um peso que não é necessário. As pessoas são mais fortes do que você pensa, Love. Não as subestime. – ele acariciou-a.

– Prefiro não arriscar. Eu só faço o que gostaria que fizessem comigo.

– Mas você diz que não pode precisar de alguém. – ele disse confuso.

– Querer não é a mesma coisa que querer. – ela sorriu fraco. – Obrigada por estar aqui. – ela disse incrivelmente carinhosa.

– Eu não deixaria minha Morticia Addams. – ele sorriu fazendo-a rir fraco e o abraçar. Jimmy passou os braços pela sua cintura fina, a puxando para mais perto e depositando um beijo em sua cabeça.

– Meu Gomez. – ela murmurou sorrindo.

Mais um tempo sendo paparicada por Jimmy, e os dois tiveram de se levantar para assistir ao caixão sendo colocado de baixo da terra. Jimmy entendeu o desespero de Abra em manter todos bem, e deixou a menina circular com tranquilidade. Revisava entre segurar a mão de Nanny, abraçar Keith, dar beijos na bochecha de Jagger e dizer palavras bonitas para Charlie e Bill.

Quando Brian finalmente foi enterrado, Abra olhou pela última vez para a lápide. Com certa curiosidade, e um misto de “não sentir nada”, com “sentir tudo”. Com certeza Brian havia lhe ensinado uma lição valiosa: o que temos de mais frágil, é a vida. Não são os vasos caros, os aparelhos de som de última geração. É a vida. Uma hora você está aqui, e na outra pum. Não está mais. Lhe pareceu tão simples olhando para aquela foto sem sentimento algum estampada em cima do nome de seu velho companheiro do ramo musical.

Abra deu as costas para o túmulo, e voltou para perto dos amigos, sendo recebida por um abraço caloroso de Mick, que segurava as lágrimas por puro ego. Leoninos, como eu. Ela sorri, e o abraça de volta.

– Vai ficar tudo bem, você sabe. – ela diz.

– Eu espero que fique. Obrigada por estar aqui. – Mick sorri. O próximo a ser consolado é Keith, que diferente de Mick, é um bobão chorão com a cara toda vermelha.

Ela entende a situação e a gravidade do momento, mas não deixa de achar adorável Keith sem vergonha alguma de chorar como um bebê na frente de todos. Ela o abraçou por trás e logo ele virou para ela, a abraçando com força.

– Ele não vai voltar nunca mais. – Keith sussurrou.

– É o que esperamos. Ou você quer um fantasma loirinho no seu quarto enquanto você fode com Anita? – ela sussurrou de volta e finalmente Keith riu.

– Eu serei seu eterno servo. – ele sorriu como se a agradecesse por algo que ela não compreendia. Ele a agradecia por ser ela mesma. Uma pessoa grossa, mas com o coração mais mole que manteiga derretida.

– Não diz um negócio desses, que eu vou começar a te chamar pra fazer faxina na mansão. – ela disse e ele riu novamente.

– Você é de outro mundo. – ele sorriu segurando suas mãos.

Sem saber o que falar, ela deu-lhe um beijo na bochecha e saiu á caça da que mais importava naquele momento: Nanny. No meio do caminho, foi parada novamente por Jimmy, que a beijou na bochecha.

– Tudo bem, Love? – ele pergunta.

– Tudo sim. Viu Nanny?  – pergunta ela grudada no pescoço dele.

Nesse momento, ela não liga se o metade dos músicos ingleses estavam enfurnados naquele cemitério, ela queria ficar grudada como uma macaquinha em Jimmy, e ela ficaria. Os comentários ficariam para depois.

– Sentada sozinha naquele banco em que estávamos.

Sem tempo de resposta, Abra correu até o banco vendo Nanny com uma cara pensativa. Sem indícios de lágrimas ou algum ataque de fúria contra o destino, ela aproximou-se da amiga, sentando-se ao seu lado.

– Desculpa. – Nanny disse, apenas.

– Pelo o quê?

– Gritar com você antes. Tem coisas que você prefere não acreditar. – Nanny deu de ombros.

– Você não precisa pedir desculpas por isso.

– Deus queira que sua a vida seja perfeita, e que passe longe de qualquer situação ruim, Abra. Seu coração é bom demais para sofrer um tantinho que seja. – ela fez o sinal de “um tantinho” com a mão.

– Eu espero que eu sofra. Sofra pra aprender a valorizar tudo que ganho de bom. Tudo acontece por um acaso, e se estamos aqui, testemunhando a morte de um de nós, é porque era pra ser dessa maneira.

– É uma forma de pensar responsável. – Nanny sorriu.

– Obrigada por ser a primeira a usar a palavra responsável dirigida a mim pela primeira vez. – Abra riu, puxando Nanny junto com ela.

Pelo menos, esse acontecimento havia servido para Abra e Nanny aproximarem-se. E da maneira correta, como boas e grandes amigas.


Notas Finais


O próximo capítulo vem cheio de coisa boa, e coisas importantes pra história!
Beijos.


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