1. Spirit Fanfics >
  2. Abracadabra >
  3. Tangerine.

História Abracadabra - Tangerine.


Escrita por: ldzeppelin

Notas do Autor


Passamos de 800 exibições! Obrigada. <3 Nem demorei, viram?
Boa leitura.

Capítulo 18 - Tangerine.


Fanfic / Fanfiction Abracadabra - Tangerine.

Donatella Noel Baldwin – Abracadabra.

                                                       4 de Outubro. 1970 | 01:23| Los Angeles, Estados Unidos.

Eu nunca pensei que iria me virar tão “bem” sozinha. Sozinha por partes, já que Keith havia virado meu fiel escudeiro. Íamos à festas, bares, andávamos por todos os estados da América, e um dia fomos até para a Espanha em uma festa maluca.

Até aquele momento, ninguém havia conseguido uma notícia nossa. Estranhamente, o clima estava ameno. Nenhuma notícia vinda da Inglaterra depois de termos corrido da casa dos McCartney.

Em setembro, Jimi Hendrix havia morrido. Fato que causou grande impacto no mundo da música, e especialmente em mim. Um impacto negativo, para ser sincera. Após sua morte, eu havia me tornado uma pessoa irreconhecível. Bebia demais, me drogava demais, e lamentava a perca musical perdendo minha própria saúde. E claro, levando Moonie comigo. Jovenzinha terrível.

Madrugada do dia 4 de outubro, e lá estava eu, e Moonie. Os dois mosquiteiros. Tico e teco. Salsicha e Scooby. Dois patetas bêbados em um bar comemorando o aniversário de um amigo da rainha Janis fuckin Joplin.

– Você quer mais uma dose? – alguém me perguntou. Naquela hora eu já não sabia quem era quem, e havia grudado meu braço no de Keith para saber quem era ele no meio de tantos.

– Eu quero, meu amor! – disse completamente alterada.

Os minutos se passavam, e percebi um tumulto na mesa ao lado. Era a mesa em que Janis estava. Levantei cambaleando para ver o que estava acontecendo, e vi a pior cena de toda a minha vida até meus dezenove anos: Janis Joplin estava tendo uma overdose. Seu olho havia virado, e de sua boca saía baba. Um de seus amigos gritava repetidamente “Ela está sem pulso”.

Quando me dei por consciente novamente, eu estava estática e assustada no quarto de hotel que dividia com Keith. Estava quase amanhecendo, e desde que havíamos chegado, Keith estava em pé rodando de um lado para o outro, e eu sentada na cama.

As cenas da minha vida pareciam flashes. Nada parecia ter sentido. Parecia um pesadelo.

– Você está assustada, não está? – Keith perguntou cuidadoso. Sem resposta. – Abra, você pode falar comigo. Nesses meses você mal tocou no nome de Jimmy, enlouqueceu depois que o Hendrix morreu, e agora está como um fantas...

Keith diminuiu o tom de suas palavras ao mesmo tempo que eu senti algo quente rolar pela minha bochecha. Pela primeira vez em anos eu estava chorando.

Sim, eu chorava. Eu tentava não chorar, mas eu chorava. Eu era uma garota de dezenove anos aguentando uma pressão gigantesca. Um ex namorado que seria pai, amigos morrendo, eu na puta que pariu longe dos meus pais só fazendo besteira, e ninguém procurando por mim. Eu não demonstrava, mas estava assustada, com medo. Keith não era exatamente a melhor companhia, pois tudo que ele inventava de loucura, eu aceitava fazer; e tudo que eu inventava de loucura, ele aceitava fazer. Acabaríamos com nós dois.

 – O que eu estou fazendo? – perguntei com a voz trêmula. – Keith. Eu... O que eu penso que estou fazendo? Janis Joplin acabou de morrer na minha frente. Minha. Frente. Ela morreu.

Eu me levantei da cama, e me pus na frente do espelho. Passei a mão pelo meu resto e constatei: sim, eu estava irreconhecível.

– Meu rosto está mais branco que o normal, eu estou cheia de olheiras, eu emagreci tanto... Meus olhos perderam o brilho deles, Keith. Essa não sou eu. Eu não sou uma pessoa ruim. Eu estou perdida. – murmurei fechando os olhos.

Senti Keith se aproximar de mim, e virar meu corpo. Abri meus olhos encarando seus olhos negros curiosos e amedrontados. Ele passou sua mão levemente pelo meu rosto, e me abraçou em seguida.

– Você é uma pessoa maravilhosa que anda por ai achando que é uma super-heroína da vida alheia. Então, quando algo acontece na sua vida você se sente ruim. Porque só conseguimos cuidar dos outros, se cuidarmos de nós mesmos. Não queira fazer tudo pela metade, Abra.

Eu estava estática. Qualquer tipo de declaração de amor não seria melhor que alguém dizer que você é uma boa pessoa. E saber que você é uma boa pessoa, te dá forças para levantar e tentar ser melhor ainda.

– Keith, eu nem sei o que te dizer... Eu acho que depois que nós...

Fui interrompida de supetão quando senti os lábios de Keith com força sobre os meus. O gosto de cerveja era forte, e no primeiro minuto de beijo, não correspondi por simplesmente estar em uma espécie de choque. No minuto seguinte, o empurrei na cama e toquei meus lábios com certa repulsa.

Apesar de enlouquecer durante meses, eu não havia deixado ninguém me beijar. Então, Keith havia feito. Desesperada, deixei o quarto sem dizer uma pessoa, e andei pelo corredor sem rumo. Acabei batendo no corpo de alguém, e fazendo a pessoa cair. Ajudei ela a se levantar, e me surpreendi mais uma vez ao ver quem era.

– Pamela?

                                                       28 de Outubro. 1970 | 09:02| São Francisco, Estados Unidos.

Se eu soubesse que Pamela Des Barres era a pessoa mais doce do mundo, eu não teria armado um barraco com ela na primeira vez em que nos conhecemos. Pois bem, ela era a pessoa mais doce do mundo sim.

Guardaria para sempre minha foto dando-lhe um beijo na bochecha.

Após nos esbarrarmos no corredor, ela não hesitou em me ajudar, e me acolheu por uma noite em seu quarto. Conversamos sobre os assuntos mais aleatórios – incluindo Jimmy –,e pude contar todas as coisas que aconteceram depois da metade do ano para ela. No dia seguinte, ela convidou eu e Keith – que me pediu desculpa, e não tocou mais no assunto – para irmos até uma comunidade hippie onde ela tinha amigos em São Francisco.

Sem dúvidas, aceitamos. Foram os melhores dias da minha vida até aquela etapa, e tenho certeza do quanto evolui espiritualmente. Conheci pessoas puras, percebi que o dinheiro não tinha tanto valor quanto eu pensava. Aprendi a cuidar do meu corpo, e definitivamente virei vegana.

Dormia em cabanas de aparência esotéricas, e passava a maior parte do tempo em um tipo de jardim pegando sol com P, e Keith. Era o que eu estava fazendo naquele momento. Deitada no colo de P, com Keith tagarelando do meu lado.

Aliás, acabei descobrimento que a garota misteriosa de Storm em questão era P. Sim, pasmem. Segundo ela, eles estavam apaixonados, e ela até foi para Londres por ele. Mas infelizmente ela teve de voltar, e faz tempo que os dois não se veem.

Depois de ir para a Escócia, viajar por toda a América, ver alguém morrer, virar amiga da inimiga e ir parar em uma comunidade hippie, eu acho que era hora de voltar para casa e encarar a minha vida.

Robert Plant.

                                                                       30 de Outubro. 1970 | 15:05| Londres, Inglaterra.

Clichê. Clichê seria a palavra para descrever aquele momento, que ao mesmo tempo que era esperado, parecia ser inusitado e surpreendente até demais. Clichê, e fora do comum. Abracadabra era o paradoxo em pessoa.

As coisas não estavam boas em Londres. Estávamos há mais de três meses sem receber notícia alguma de Abracadabra, e de Keith Moon – o que era mais preocupante. Todos estavam carecas de saber que os dois juntos significava problemas.

Jimmy não trabalhava direito, os Baldwin não tinham sossego, e incrivelmente todos da Follow The Focus ao invés de estarem estressados por Abra abandonar o projeto do terceiro disco, estavam com pena da menina. Jimmy mal dava atenção à Charlotte, e após a loira ter descoberto tudo sobre a relação dele com Abra, sentira-se mal. Disse ter atrapalhado a vida do jovem casal, e até quis sumir da vida de Jimmy. Ele não deixou.

Estávamos então todos na casa dos pais de Abra, se perguntando se aquela seria a hora de acionar a polícia para procurá-la. Sabíamos que ela não estava mal. Mal digo, passando algum sufoco. Mas ela gostava mesmo de Jimmy, e o baque por saber que ele seria pai, talvez tenha sido demais. Por isso o fato dela sumir não assustava muito a todos. Mas ela estava demorando demais.

O fato foi que: não precisamos acionar a polícia, já que no meio de nossa “reunião” a morena-quase-loira apareceu na porta com Keith Moon cheio de malas ao seu lado, e Pamela Des Barres agarrada ao seu braço. Fazia sentido? Nenhum.

Todos olhavam estáticos para ela. Seu cabelo estava maior e mais loiro, a franja que costumava ficar na testa estava para o lado, dando a completa visão de seus olhos verdes claríssimos cansados, cheios de olheiras e assustados. Ela parecia mais magra, e um pouco mais abatida. Curioso o fato de que o olho superior não mudara. Ela continuava a olhar para todos como uma águia observando as presas.

E nós, a olhávamos assustados de volta. Sua mãe e seu pai com lágrimas nos olhos; Alex e Ryan boquiabertos assim como o resto de sua banda; os garotos do Who com olhares mortais querendo matar Moonie; eu, Bonzo e Jonesy curiosos; e Jimmy destruído. Os olhos da guitarrista pairaram sobre ele, e ela parecia reparar desde sua barba crescida até suas roupas amarrotadas.

Jimmy parecia querer gritar, chorar, abraçá-la, pedir que ela nunca mais fizesse aquilo, pedir perdão, jogar-se aos seus pés. Mas naquele momento, ele escolheu o que era melhor: ficar quieto.

– Você está bem? – a Sra. Baldwin perguntou assustada.

– Estou. – Abra disse como se nada tivesse acontecido. Ainda teve a audácia de dar de ombros.

Ouvir a voz da amada foi o suficiente para Jimmy deixar suas lágrimas rolarem por seu rosto sem pudor algum. Abra não olhou em seu rosto. Jimmy se levantou do sofá, e contornou andando até a varanda da casa.

– Donatella. – o Sr. Baldwin suspirou. – Nós precisamos de uma explicação.

– Eu sou maior de idade. E comprei um terreno em Bibury. Eu vou me mudar. – ela disse simples.

– Você não pode chegar depois de três meses dizendo que vai se mudar! – Alex se pronunciou. – Você tem responsabilidades!

– Ah, tenho? – ela perguntou largando o braço de Pamela.

Storm se levantou sem dizer uma palavra e a abraçou de surpresa, impedindo-a de começar uma discussão com Alex. Algo foi murmurado em seu ouvido, fazendo-a levantar as sobrancelhas. Poucos perceberam o pequeno brilho em seus olhos.

Donatella Noel Baldwin – Abracadabra.

                                                                  30 de Outubro. 1970 | 15:20| Londres, Inglaterra.

Eu não achava que o clima seria tão tenso daquela maneira. Eu tentava enganar, tentava parecer bem, mas o choro preso em minha garganta cismava em não permitir. Eu não podia chorar. Eu estava bem. Não podia chorar, eu estava bem.

Quando Storm se levantou e murmurou no meu ouvido “Jimmy sentiu sua falta”. Aquilo havia me quebrado. Jimmy chorando havia me quebrado. Saber que ele ainda se importava comigo, havia me quebrado...

– Vou explicar tudo pra vocês. Mas antes tenho que fazer uma coisa.

Em um momento repentino de falta de orgulho, eu me dirigi até a varanda que Jimmy estava. Ele estava sentado em uma cadeira de palha fumando um cigarro, e não ligava em soluçar de tanto chorar.

Jimmy era misterioso? Era. Jimmy parecia um feiticeiro? Parecia. Mas Jimmy era um dos últimos românticos que não se importava de demonstrar dor.

Sentei ao seu lado, e ele parou de chorar, olhando para mim com um misto de espanto, curiosidade, e piedade.

– Gostei da barba. – murmurei sem olhar diretamente em seu rosto. Se o fizesse, eu também choraria. Minha voz já estava trêmula.

– Por que sumiu assim, Abra? – ele disse voltando a chorar. – Eu me martirizei muito... Eu me preocupei muito... Eu pedia todo dia que você voltasse pra mim.

– E eu me perguntava todo dia o que fiz de tão errado para ser enganada enquanto confiava em você. – continuei distante e fria.

– Por favor, me desculpa! – ele pegou minha mão e eu rapidamente puxei olhando para seu rosto. – Eu nunca iria querer te deixar mal, eu estava muito bêbado.

– E por que não me contou, Jimmy?! Eu fiquei um mês me perguntando o que havia feito de errado para você estar distante, quando você que acabou com tudo! Você vai ser pai, Jimmy! – me dei por vencida e gritei deixando as lágrimas escaparem também.

– Eu fiquei com vergonha, Abra! – ele me abraçou desesperado, e eu me mantive esquiva. Nós nos levantamos.

– Vergonha? Você deveria ter vergonha mesmo!

– Eu sei! Mas podemos dar um jeito. Eu só vou ajudar Charlotte com a criança. – ele tentou me abraçar pela cintura, e eu o empurrei.

– Você acha que é só isso? Seu irresponsável imbecil! Você me traiu! Como eu posso confiar em você?

– Me dê só um voto de confiança, Abra. Por favor! – ele implorou mais uma vez.

– Não vamos poder continuar nosso namoro com uma criança no meio. – disse limpando minhas lágrimas.

Então case-se comigo.


Notas Finais


E aí, gente? Casa ou não casa? jlahnkjsw
Prometo não demorar com o próximo capítulo!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...