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História Abstinence - I Have Questions


Escrita por: repxtation

Notas do Autor


Hello, it's me! How are you guys? Mais um capitulo, sim estou boazinha. Espero que gostem tanto quanto eu gostei e uma boa leitura :)

Capítulo 36 - I Have Questions


Fanfic / Fanfiction Abstinence - I Have Questions

Um ano depois.

Presídio de Michigan.

POINT OF VIEW JULIETA SMITH

— Alguma notícia para mim Moore? – Perguntou assim que a guarda me solta no refeitório.

— Desculpe garota, nada.

— Obrigada. – Agradeci e peguei uma bandeja. Peguei meu almoço e fui para a mesa do canto, sentando com Phoenix, Alessia e Courtney. Duas novas mulheres que eu havia feito amizade, Alessia estava presa por ter feito serviços para o namoro e Courtney por ter matado o padrasto após descobrir que ele abusou da sua irmã caçula.

— Minha tia prometeu trazer ela para me ver, estou animada. – Ouvi assim que me sentei.

— Quem?

— Minha tia, vai trazer Carol para me ver. – Sorriu abertamente à morena.

Abracei-a, feliz por Court.

— Parabéns. Você merece isso!

— E nenhuma visita ainda? – Phoenix perguntou receosa, tomando seu suco.

Balancei a cabeça, travando a mandíbula.

— Minha mãe nunca mais venho me ver, não recebi nenhuma carta e como era previsto, esqueceram-me.

— Para as mães é mais difícil de nos ver assim. – Assenti.

— Eu apenas queria saber como estão, apenas.

— Sei como é, mas não desanime, eles vão vir te ver.

Comi meu lanche, apenas ouvindo a conversa entre elas. Eu ainda tinha conflitos com Nicki, por mais que Hayes consiga separar na maioria das vezes. A solitária nunca mais chegou para mim, o que me fazia feliz. Era duro ver tantas detentas recebendo visitas de seus familiares no Natal e eu nunca mais saber como era o aconchegante abraço de minha mãe. Eu tinha esperanças de receber Justin e ele me dizer o famoso “Eu te amo”. Eu queria estar enganada sobre tudo. Passar um ano aqui dentro deveria ser agoniante e na maioria das vezes era, contudo, eu tinha pessoas aqui que faziam com que isso se amenizasse.

Faltavam apenas 14 anos agora.

— Hm... Olhe quem está vindo. – Sussurram e saio dos meus pensamentos ao olhar para a direção que as três riam tanto.

Ah! O policial Hayes vinha em minha direção, com o mesmo olhar duro de sempre.

— Ele nem esconde que está de quatro por Julieta. – Gargalharam.

— Deixem de ser idiotas, ele apenas é meu amigo.

— Ok, entendemos.

— Oi, Julieta. – Ele não sorriu, Hayes nunca sorria quando estávamos perto de outras pessoas.

Mas eu sim.

— Oi, o que traz você aqui?

— Te buscar por que tem uma visita. – Parei de comer, levantando-me e um divertimento brilhou em seus olhos azuis.

— Jura? – Assentiu.

Estendi meus pulsos para receber as algemas e ele apenas colocou as mãos em minhas costas, me guiando e ouço a gargalhada altas das minhas amigas, sentindo minhas bochechas esquentarem. Era procedimento obrigatório por as algemas nas detentas, porém ele quebrava isso.

— Sabe que tem que me algemar. – Murmuro passando pelo corredor.

— Você vai fugir? – Arqueou a sobrancelha e sorrio.

— Apenas não quero que o chefe depois te culpe por algo.

— Amo ver você preocupada comigo. – Minhas bochechas queimavam cada vez mais.

Entramos em uma sala e os vejo, meu coração salta ao ver a morena dos olhos verdes e seu irmão, é inevitável não sentir as lágrimas inundarem meus olhos. Luke e Lauren abriram um sorriso grande assim que me viram, seus braços me rodearam e os abraço fortemente, com toda força que ainda me restava, ouvindo as vozes que eu tanto sentia falta. Eu não sei por quanto tempo nos abraçamos, mas eu desfrutei de cada segundo, sentindo o toque de Luke e os beijos de Lauren. Você não percebe a falta que as pessoas fariam em sua vida, até deixar de vê-los todos os dias.

— Caralho! – Lauren soltou assim que nos afastamos.

— Você está tão magra. – Luke disse, avaliando-me e seus olhos lacrimejaram. Formei um sorriso tranquilizador, o puxando para um abraço.

— Eu estou bem. – Menti.

— Sabemos que não está. – Sentei na cadeira, de frente para eles e segurei a mão de cada um sobre a mesa.

— Como vocês estão? Meu Deus! Eu quero saber tudo! – Disse eufórica e Lauren desabou a chorar, deixando-me confusa e com o coração em pedaços. Luke abraçou sua irmã mandando-me um sorriso triste. — Gente, o que houve? Não me deixem aflita!

— Desculpa, é que me dói tanto ver você desse jeito e me parte saber que fomos tão egoístas que demoramos a te ver. – Ela dizia entre soluços. — Apenas não conseguíamos ver você.

— Lauren, está tudo bem. Vocês vieram e isso que importa. – Acariciei seus dedos.

— Nos desculpe por isso. Por favor, eu preciso do seu perdão.

Soltei um suspiro pesado.

— Vai te deixar melhor? – Assentiu sem pestanejar. – Ok, eu perdoo vocês.

— Obrigada. – Limpou as lágrimas.

— Agora, por favor, contem as novidades.

— Bom, eu estou noiva! – Um sorriso grande abriu em seus lábios. — Eu não pude entrar de aliança, mas estou noiva e de Ryan.

Entreabri a boca, em choque. Sua risada eclodiu. Lauren me contou que Justin e Luke fizeram as pazes, tanto que Butler e ela passaram a se conhecer melhor e alguns meses, ele havia a pedido em casamento. Ambos moravam em Nova York agora, mas sempre vinham para Detroit visitar o irmão e os amigos. Luke continuava com seus negócios e segundo eles, Dylan e Logan haviam entrado na faculdade que queriam e ido embora para outro estado. Eu não sabia reagir com tantas notícias.

— Nossa, informação demais! – Sussurrei.

— Desculpe.

Balancei a cabeça.

— E... – Arranhei a garganta, procurando minha voz. — E Justin?

Entreolharam-se, sem saber como jogar a bomba.

— Ele... Ahn...

— Por favor! – Pedi e Luke suspirou, antes de contar.

— Justin está bem, dando mais festas que o normal, mas se mudou para Los Angeles. Ele venho apenas duas vezes ver sua mãe e pronto. Ele... Ele... Desculpe por isso, Julieta. – Franzi o cenho. — Justin teve um filho.

O ar me faltou naquele momento.

Enquanto Luke me dizia que Justin dormia com diversas mulheres e tinha um filho, tudo ao meu redor silenciou e sua voz parecia sons desconhecidos. Eu não sabia como respirar e sentia-me sem chão, literalmente. A conversa foi em transe, apenas assentia e tentava dar sorrisos forçados, no entanto, me quebrava rapidamente por dentro. Quando Luke e Lauren foram embora, os abracei o máximo que pude tendo a sensação que demoraria a vê-los novamente. Fiquei como uma alma penada flutuando pelos corredores enquanto Hayes me levava de volta para o refeitório.

Justin teve um filho.

E eu não era a mãe.

Pela primeira vez depois de um ano, eu quis desabar novamente. Depois de construir tantas barreiras, Bieber conseguiu me perfurar. Todas as noites eu sonhava com ele, cogitando a ideia de que quando eu saísse, pudéssemos ter um futuro e que, talvez, Justin tivesse medo de me visitar por se sentir culpado, mas uma hora ele viria e tudo mudaria. Ele jamais me amou.

Cheguei ao refeitório, apenas concordando quando Hayes perguntou se eu estava bem. Sim, eu não estava. Sim, eu não sabia lidar com isso. Sim, eu não ficaria bem. Sim, eu estava mentindo. Sentei-me à mesa, encarando fixamente meu prato quase vazio enquanto sentia os olhares das garotas em minha direção. Eu fui apenas a sua diversão. Bieber me fez conhecer sua família, seus avós, me declarou sua rainha e tudo para me ter como sua, seu objeto.

Não consegui terminar minha refeição, levantei-me e antes que deixasse a bandeja sobre o balcão, meu corpo é jogado no chão brutalmente, fazendo com que a comida caísse sobre mim. As risadas de Nicki e suas seguidores ecoam e vejo-a com um sorriso debochado, antes de passar por mim. Levanto, sentindo a raiva me dominar.

— O que foi, Nicki? Pelo visto você precisa causar medo e humilhação nas pessoas, por que sem isso ninguém te respeita e sabe por quê? Por que você mesma não se respeita. – As mulheres fizeram “Uh!” assim que falei, colocando lenha. — A verdade é que você não é ninguém sem Andrea, diferente de mim.

— O que você disse? – Ela virou-se, lentamente, sem acreditar.

— Não se faça de sonsa, não faz o seu tipo. Mas sabe o que eu tenho por você? Não, não é medo. – Ri rapidamente. — Eu tenho pena de você. Que você precisa se submeter à outra pessoa para ter respeito aqui dentro, eu realmente sinto muito por isso. Vamos lá, conte para todos que você bate nas novatas, mas apanha de Andrea.

— Cale a boca! – Rugiu.

— Não, agora você vai ouvir. – Subi em cima da mesa com ajuda de Courtney. — Aqui dentro, ninguém é melhor do que ninguém. Então por que temem tanto Andrea ou a Nicki? Elas fizeram merda tanto quanto a gente lá fora e estão pagando por isso. Somos mulheres e ficamos uma contra a outra, por medo! Deveríamos estar juntas. Por que me deixe dizer algo Nicki e Andrea, quando sairmos daqui e se sairmos, seremos tratadas iguais. Como lixo.

Bateram palma e ouço os assovios.

— Eu já fiquei de frente para pessoas que estudei e da minha mãe, fui julgada por algo que não fiz e outras pessoas me condenaram. Eu não preciso chegar a um lugar e me submeter a pessoas para ter algo ou ter respeito. Isso é direito meu e ninguém pode nos tirar isso!

— ISSO AI!

— Eu não estou certa?

— SIM! – Gritaram.

— Não merecemos ser tratadas com respeito?

— SIM!

Abri um sorriso, olhando todas as mulheres de pé e ao meu lado.

— Eu não vou me rebaixar ao seu nível. Por que eu não precisei ameaçar ninguém ou por medo para ter o meu respeito por muitas aqui. Quer saber como? Anota ai, Andrea. – Apontei para a loira do outro lado, que me encarava de um jeito assustador. — Respeite para ser respeitada. E desfaça essa cara feia, bonequinha.

Riram batendo palmas e desci com ajuda de Phoenix, ficando cara a cara com Nicki. Coloquei as mãos na cintura, esperando sua reação e ela vem em questões de segundo, assim que atingi um tapa em minha cara.

Assenti, retirando os fios do meu rosto.

Acertei um soco de esquerda, a derrubando no chão. E fico em cima dela, depositando socos em seu rosto, sem parar. Ela tentava se soltar, colocando os braços sobre o rosto para se proteger, mesmo assim eu não parei de atingi-la e fui segurada por dois guardas, um deles era Nathan.

— Solitária para você. – Disse em meu ouvido, jogando-me contra a mesa e prendendo meus pulsos com as algemas. Sou guiada nos corredores, ainda ouvindo mulheres me apoiando e isso fez com que eu me sentisse bem, mesmo depois de ouvir a bomba que Luke havia jogado. Hayes assim que me viu sendo levada para a solitária, fez uma expressão irritada e deixou os lábios em uma linha reta, enquanto empurrava Nathan para longe e segurava meus pulsos.

— Eu a levo, vá cuidar das detentas.

— Positivo!

Fiquei em silêncio todo o caminho, apenas escutando minha respiração e os seus passos pesados devido às botas de coturno. Paramos em frente à cela e um dos guardas abriu.

— Preciso falar com ela, depois abra. – Assentiu e Hayes liberou minhas algemas, empurrando-me com força para dentro e esperou fechar. Em segundos, minhas costas batem na parede e seu rosto esta a centímetros de mim, sua respiração forte ricocheteia minha face. Olhei seus olhos azuis claros na escuridão, inalando seu perfume masculino e aquecendo-me em seus braços assim que ele os envolve em minha cintura. Hayes acerta um soco na parede, fazendo-me pular pelo susto e ouço seu grunhindo irritado, antes dele enterrar o rosto em meu pescoço.

— Você está acabando comigo!

— O que...

— Quieta! – Rugiu e prendi a respiração, os seus dedos calejados acariciaram meu rosto. — Como vou te proteger se você sempre se mete em confusões?

— Mas...

— Quieta! – Calei-me. — Droga, Julieta! Isso não deveria estar acontecendo.

Hayes afastou-se, ficando de costas e quando penso em me aproximar, ele acerta um soco forte na parede, fazendo-me parar na metade do caminho.

— Hayes...

— Eu estou apaixonado por você. – Não. — E não deveria acontecer isso, jamais poderíamos ficar juntos. E quem disse que me importo? Desde que você chegou eu não consigo deixar de pensar em você, no seu corpo e como seria te abraçar. Eu sempre fui racional, por isso meu chefe está cogitando-me por como chefe, no entanto eu estou perdendo meu controle perto de você. Eu nunca defendi uma detenta ou tirei as algemas de uma, nunca conversei com elas ou as fiz rir.

Por favor, não.

— Mas agora tudo que penso é em como te fazer sorrir e como convencer meu chefe que não estou enlouquecendo. – Sebastian Hayes dizia sem parar, parecia perdido e louco. As meninas me diziam isso, mas nunca cogitei a ideia de ele se apaixonar por alguém como eu. — Eu... Eu preciso de você.

— Não faça isso, Hayes. – Sussurro quando seus passos são rápidos em minha direção.

— Eu preciso.

— Você vai destruir sua carreira e seu futuro, eu sou um caso perdido.

— Jamais diga que é um caso perdido, eu sei que é inocente, baby. – Segurou meu rosto. — Você é preciosa demais. Eu nunca conheci uma mulher tão linda quanto você.

Soltei uma risada nervoso.

— Então não conheceu muitas.

— Eu pensei na ideia de pedir transferência, mas não consegui assim que venho o pensamento de te deixar. Eu espero por você se for preciso, eu espero. – Sorri, acariciando o seu rosto.

— Eu admiro e respeito os seus sentimentos, Hayes, mas jamais deixaria você perder tempo comigo. Eu sei que você vai encontrar uma mulher que te amará por completo.

— Você pode ser essa mulher, você é a única que eu quero!

Neguei.

Seus olhos analisavam meus lábios.

— Péssima ideia. – Sussurrei lendo seus pensamentos, ele ignorou e me beijou.

O seu beijo era diferente de Justin, era lento e calmo. Hayes passou os braços pela minha cintura, puxando-me contra o seu corpo e senti meus pés longe do chão, quando ele me ergue para ficar da sua altura. Mudou rapidamente para um ardente, quando eu devolvi e meus braços envolveram o seu pescoço, puxando seus cabelos. Eu nunca soube como era beijar alguém diferente, apenas tive Taylor e Justin em minha vida. Pensei que nunca teria outro homem na minha vida além de Bieber. Eu não podia dizer que seu beijo era ruim, apenas diferente e se dissesse que não gostei, seria considerada a pior mentirosa do mundo.

Contudo, eu quebrei.

— Não podemos fazer isso. – Procurei oxigênio. — Não podemos.

— Eu sei. – Sussurrou.

— Por mais que eu queira muito continuar, eu ainda amo apenas um homem Hayes. E esse homem é o Justin, me sinto traindo ele. Não posso fazer isso.

Seu olhar mudou.

— O cara que te deixou aqui. – Disse irritado, me soltando.

— Sim. – Dei de ombros. — Eu nunca senti algo por alguém como senti por ele. Vai ser difícil superar isso e andar para frente, me desculpe, tudo que pensei ao beijar você foi ele.

— Isso pode mudar.

— Pode, pode sim. No entanto, eu não quero me envolver com você. Eu sei que se sair daqui, não nos veremos mais e não quero que seja demitido por se envolver com uma detenta. Você é meu amigo!

— Eu quero ser mais que isso. – Rugiu.

— Seja meu amigo ou não seja nada meu. – Hayes ficou em choque com as minhas palavras.

— Você gostou do meu beijo, não foi? – Deu passos em minha direção, andei para trás batendo as costas na parede e engulo a seco. — Não foi?

— Eu gostei, satisfeito?

— Muito. – Sorriu. — Eu não vou desistir de você.

Balancei a cabeça, desistindo de convencê-lo e seus lábios tocaram os meus em um beijo rápido antes de se afastar.

Assim que ele saiu, desmoronei.

Desmoronei por que ainda amava Justin e não seria da noite para o dia que esse sentimento enfraqueceria. Eu o amava tanto que doía e quando mais pensava nele, mais amava. Desmoronei por que não queria magoar Hayes e dar falsas esperanças para a sua paixão, ele merecia uma mulher melhor. Desmoronei por que estava cansada.

A solitária mexia com a minha mente, andei por minutos incontáveis em círculos, sem saber que rumo minha vida tomaria dali em diante. Chorei como uma criança perdida, sentei no chão escondendo meu rosto com as mãos ouvindo meus próprios soluços e minhas suplicas por ajuda.

Gritei, deixando minha garganta ser arranhada e as lágrimas embaçar minha visão. Fiquei de pé, bufando de raiva. Tudo girava ao meu redor, deixando-me tonta. Apenas havia se passado um ano e tudo que eu consiga era me tornar pior a cada segundo. Era difícil de lidar com o fato de passar anos sem ver quem eu mais amava. O abandono doía e me arrebentava. Sentia saudades da minha mãe e como daria a vida para ser uma garota de colegial que a única preocupação era estudar para uma prova. Tudo que eu queria saber era por que isso havia acontecido comigo! Eu sempre fui à boa menina, eu sempre fui grata pelo o que tinha e pelo o que não tinha, eu sempre fiz o bem e fui de bem.

— EU TE ODEIO! EU TE ODEIO! – Gritei batendo em meu peito com ódio.

— AHHHH! – Joguei meu prato de comida no chão com força.

Cada átomo do meu corpo eletrizava de raiva, eu não sabia ao certo o meu ódio. Uma das minhas maiores certezas era que eu não sairia normal da prisão, porque em apenas um ano eu estava delirando e sentindo-me irracional todos os dias. Eu procurava irritar os guardas como forma de me agredirem e talvez, me matarem antes que eu fizesse isso. A cada semana eu me olhava no espelho para certificar-se que havia restos da velha Julieta, contudo, eu apenas via uma garota com os olhos fundos, a pele tão pálida que era evidente suas veias esverdeadas e um corpo tão magro que revelava os ossos. Eu estava adoecendo.

Tum-Tum.

Tum-Tum.

Tum-Tum.

Cobri meus ouvidos com as mãos, não suportando os ruídos dos ratos ou o som do meu coração misturado com a minha respiração ofegante.

Eu gritei como nunca.

Antes de atingir meu punho direito na parede, paralisando em seguida ao sentir meus ossos se quebrando rapidamente. Como cacos de vidro, rachando e tornando-se pedaços de algo. Eu não consegui gritar, a dor silenciou-me e meus olhos embaçaram minha visão com lágrimas desesperadas, desabei ao chão não suportando tamanho sofrimento e não tive a coragem absoluta para tocar em minha mão.

Gemi sôfrega, tremendo e com dor. Até ver tudo apagar.

[...]

— Ei, baby. Eu vou cuidar de você. – Meu corpo ergue sob-braços fortes.

Eu tremia de frio, meus dentes chocavam-se contra o outro, minha respiração estava superaquecida e todos os meus músculos tencionavam diante os espasmos sem parar. Ouço falatórios, uma breve discussão, porém apenas sinto quando sou deitada em uma cama e entrego-me novamente ao sono.

Acordo sob sons de máquinas, a claridade me faz resmungar e fechar os olhos novamente. Aos poucos vou me acostumando com a luz forte, varro os olhos pelo quarto notando ser um Hospital e ergo meu tronco, não conseguindo me mover o suficiente para sentar, vejo algemas em meus pulsos que me prendiam na maca.

A porta se abre e vejo a musculatura do policial Hayes invadir. Ele está com os botões da farda abertos, revelando sua camiseta perfeitamente branca e os cabelos castanhos claros bagunçados. Hayes parou ao meu lado, com um copo de café.

— Odeio como ficam te tratando como animal. – Sua voz saiu raivosa e baixa. Ele pegou a pequena chave no bolso, retirando as algemas e ajudando-me a sentar.

Mesmo meu braço engessado, ele estava preso e um alívio instalou-se em meu corpo assim que ele é solto.

— O que aconteceu? – Minha voz saiu rouca.

— Tome água primeiro. – Assinto, Hayes segura em minhas costas entregando-me o copo d'água.

— Pode falar agora?

Ele ri.

— Posso. – Sentou-se na ponta da cama. — Quando deu seu quinto dia na solitária, um dos guardas me chamou para avisar que você não respondia e quando abri a porta, encontrei seu corpo largado no chão enquanto você tremia de frio. Fazia dias que você não comia, bebia e o as situações precárias contribuíram para a falha em seu rim.

— Uau.

Hayes suspirou pesadamente, bagunçando os cabelos. Quando ergueu o olhar, notei seus olhos marejados.

— Por que você está assim? – Retirei a coberta, sentando-me perto de Hayes.

— Você não tem ideia dos meus sentimentos por você, não é? Eu me sinto um completo inútil de ver você sendo algemada o tempo todo e sendo tratada como criminosa. E quando vi você jogada no chão, me destruiu. – Meu coração deu um salte.

— Eu sou uma criminosa, esqueceu? Eu estou presa por que matei Aaron Hill. – Acariciei seu rosto.

— Já está aceitando uma pena que não lhe pertence.

— Melhor aceitar do que me remoer a vida inteira. – Dei de ombros.

— Sei que não sente o mesmo por mim, mas por favor, não desista de si mesma.

— Eu...

— Pare de tentar se matar.

— Sebastian... Desculpe.

Hayes balançou a cabeça.

— Não queriam te levar para o Hospital, mas eu briguei com o meu chefe para te trazer e ignorei a ordem dele, coloquei você no meu carro e trouxe. Mas ele viu seu estado e transferiu você para o Henry Ford Hospital, de Detroit.

Entreabri meus lábios. O ar me faltou.

— É o hospital que minha mãe trabalha!

— Jura? – Assenti eufórica. Hayes sorriu.

— Por favor, mesmo já tendo feito muito por mim, poderia procurá-la? Eu faço qualquer coisa! – Supliquei.

— Qualquer coisa? Até um beijo? – Arqueou a sobrancelha, do mesmo jeito divertido.

— Eu te beijaria por que gostei do beijo e não por um favor. – Seus olhos cintilaram.

— Qual é o nome dela?

— Lucy Elizabeth Smith, ela é enfermeira.

— Vou procurá-la e já chamo o seu médico.

Assenti, antes de Hayes sair o chamei.

— Obrigada.

Ele sorriu.

— Me agradeça dando-me uma chance.

Balancei a cabeça, prendendo a risada. Ele não desiste.

Em alguns minutos um homem de cabelos grisalhos segurando uma prancheta e trajando o famoso jaleco branco entra no quarto, era o Doutor Blake, o conhecia desde os meus 12 anos. Assim que me viu, abriu um sorriso.

— É bom revê-la, pequena Julieta.

— Olá, Doutor. – Sorri.

— Pena que estamos nos reencontrando nessa situação. – Concordei, evitando ficar triste.

— De fato.

— Você passou por uma cirurgia de emergência, devido as suas condições de saúde e no local que estava, agravou sua situação. Seu rim está falhando, foi o motivo de você tossir sangue, fraqueza e perda de peso.

— Droga. – Sussurrei.

— Sim. Devemos fazer um transplante o mais rápido possível, antes que o seu outro rim falhe e tratar sua pneumonia pulmonar o mais rápido possível, ela está se agravando.

— Eu posso morrer? – Doutor Blake respirou fundo, ajeitando seus óculos de grau como ele sempre faz quando tinha que dar uma notícia ruim.

— Tem chances sim. – Assenti. — Você é como uma filha para mim, eu vou fazer de tudo para te salvar.

— Eu agradeço. Eu cresci entre esses corredores.

— Não tem o que agradecer.

— Doutor, minha mãe está de plantão hoje?

Ele franziu o cenho, parecia confuso.

— Lucy não está mais trabalhando no Hospital, querida. Ela se demitiu faz alguns meses. – Outra bomba caiu sobre mim.

Assenti, não conseguindo responder. O Doutor me examinou novamente, colocando um remédio para a minha dor.

Olhei para as luzes fortes, um bolo formou-se em minha garganta. Agora eu entendia o porquê de ela nunca ter me visitado novamente. Eu não a culpava, deveria ser difícil ver a filha atrás das grades. Na verdade, eu não poderia ficar irritada com a minha mãe. A vida inteira ela dedicou cada segundo seu para mim, foi mãe e amiga. Ela sempre me apoiou primeiro que qualquer um, respeitou minhas decisões e entendeu meus erros. Lucy fez o ser humano que eu sou hoje, ela me ensinou ser verdadeira, educada e carinhosa. Eu não podia a culpar por estar vivendo agora por ela.

— O que aconteceu? – Perguntou Hayes, assim que chegou ao quarto.

— Nada que importe. – Limpei minhas lágrimas.

— O que o médico disse?

— Meu rim está falhando e eu posso morrer. Minha mãe não está mais trabalhando aqui, seguiu sua vida. – Dei de ombros, como se não me importasse.

— Você já está na fila para o transplante?

— Quem doaria um rim para uma assassina? – Ri, forçando uma piada.

Hayes fuzilou-me.

— Eu vou fazer o teste para ver se sou compatível.

— Nem pensar. Você precisa desse rim mais do que eu.

— Ás vezes não sei como me apaixonei por você. – Gargalhei, deixando algumas lágrimas saírem.

— Por favor, não faça isso. Vão encontrar esse rim para mim. Agora vá para casa e descanse, temos um rim para encontrar amanhã.

Despedimos-nos, por mais que Hayes quisesse ficar. Eu sabia que tinha dois policiais armados na porta e muitos pelo Hospital, apenas esperando que eu fugisse. Fitei o teto, pensando em como minha vida mudou da noite para o dia.

Será que Justin sabia o que aconteceu comigo?

Será que minha mãe havia sido avisada?

Eu queria respostas, mas eu sabia que apenas ganharia mais perguntas e eu estava cansada de questões não-respondidas. Eu os amava mais do que qualquer coisa, agora que eu estava entre a vida e a morte, não queria mais desistir.

Eu viveria por mim.

 


Notas Finais


O que acharam? Nossa Julieta esta doente :( Gente nao tera POV's do Justin por enquanto, passou-se um ano e Julieta continua na prisao, fez novas amizades e tem um novo amor. Tadinha da bichinha. Mas eu estou amando escrever esses capitulos dela, posso admitir que a Julieta vai voltar bem mais forte e madura, bem diferente da velha Julieta doce e fragil. Ok? Amo voces e obrigada pelos lindos comentarios!

Com amor, Nikolle.


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