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História Academia de Fadas - Capitulo 42: Em seus braços


Escrita por: Fairie

Notas do Autor


OOOOOOI GENTE LINDA <3
Estou de volta! (Mas você nem respondeu todos os comentários, Fairy!)
Eu sei, eu sei. Desculpem amores, eu vou responder. É que talvez eu tenha compromisso mais tarde e não dê tempo de postar, então resolvi fazer isso antes, tudo bem?
Eu viria na quinta ou na sexta, mas esse capítulo me deu um pouco mais de trabalho do que imaginei. Vejam pelo número de palavras que ele ficou GIGANTE. Peço muitas desculpas por isso, mas precisei acrescentar MUITAS cenas que não havia na original para consertar algumas incoerências futuras. Então sim, ficou bem grande, pode ser que seja cansativo, pode ser que vocês comecem a ler e digam "EU NÃO SOU OBRIGADO(A) A LER ISSO". Eu entendo. (Provavelmente vai acontecer), mas espero de coração que deem uma chance porque deu muito trabalho editar esse capítulo. Tem até link de música que não havia antes, então, please, não desistam.
Além disso, quero, claro, agradecer DEMAIS a todos os leitores maravilhosos que tenho ♥ Estou surpreendida pelo número de comentários que tenho recebido, e isso é uma alegria sem fim. É como se todo esforço fosse recompensado, então muito muito obrigada <3
Já estou trabalhando para o próximo capítulo não demorar (espero que não dê tanto trabalho quanto esse).
Enfim, bem vindo aos novos leitores, obrigada para quem favoritou, obrigada a quem comentou e obrigada também a você que simplesmente acompanha minha fanfic <3
Eu escolhi a música com super carinho, o Link vai estar lá nas notas finais e espero que consigam escutar no momento em que eu indicar, certo?
Não pirem e boa leitura ♥

Capítulo 91 - Capitulo 42: Em seus braços


Capitulo 42 Em seus braços

 

Natsu

Ela sorri e se vira de costas para mim, mostrando-as nuas por causa do decote gigantesco. Então ela vira a cabeça apenas o suficiente para me olhar.

— Quer tirar?

Puta que pariu. Estou ferrado. Quando digo ferrado, é no sentido de que minha noiva está se insinuando para mim, e todo o efeito que causa em mim é... nada. Talvez desespero por não saber o que fazer. Será que algum cara na face da Terra já sentiu desespero com uma cena dessas? Caso não, parece que sou uma exceção.

Engulo em seco, pensando com cuidado em cada movimento meu. Ou melhor, em cada palavra que estou para proferir.

— Yuki... você está bêbada? — pergunto sem nenhum indicio de ser brincadeira e tentando manter minha voz a mais calma possível.

Ela ergue o olhar e abre um sorriso... malicioso?

— Você preferiria que eu estivesse?

Talvez. Daí pelo menos haveria uma desculpa para você estar fazendo tal coisa.

— Ahm... não... sei... — gaguejo sem saber como reagir.

Fico parado por um tempo, ainda olhando para suas costas, pensando se sou um grande idiota. O que eu deveria fazer? Arrancar o vestido dela e mandar um “dane-se” para o resto? Ou ficar parado, exatamente como estou agora, sem saber o que fazer? Se fosse antes... mais precisamente antes de Lucy, eu não pensaria duas vezes.

Mas... tudo parece tão diferente agora. Se eu fizesse isso... Se transasse com ela aqui e agora, sem ligar para meus próprios sentimentos, seria como trair a mim mesmo. Além de estar praticamente usando ela. Consigo ser tão sujo assim?

Yuki se vira para mim novamente, vendo o quão paralisado estou e começou a vir em minha direção. Ih, meu pai amado. Pense em algo, Natsu! Faça algo!

— Vo-você não quer? — pergunta com uma expressão triste.

Que droga. Odeio ver garotas tristes. Ainda mais quando sei que é por minha causa. Ainda mais por ser aquela com quem irei me casar!

— Yuki... a verdade é que...

Que...? Pensa Natsu, e rápido! Ela me olha com expectativa pela continuação. A continuação que estou inventando agora para não ter que transar com ela. Genial. Um desespero começa a me invadir. Motivos, preciso de motivos!

— Eu prometi que iria esperar o casamento — minto sem achar qualquer outra alternativa aceitável. Ela arqueia as sobrancelhas claramente duvidando de minhas palavras, e deveria mesmo — Sabe como que é... está na bíblia — tento parecer sério.

Ela leva uma mão até a boca sem acreditar.

— Você é virgem?

E com essa vou para o inferno.

— Sou.

Seu rosto avermelhou instantaneamente. Já vi muitas mulheres com vergonha, mas essa foi de longe a cena mais cômica e constrangedora que já precisei presenciar. Ela se abraçou como se tivesse cometido o maior erro da vida dela. Peço desculpas mentalmente por isso. Seu desconforto é quase palpável.

Se está com tanta vergonha, por que diabos ela está fazendo isso?

— Eu... hum... — tentou dizer com a voz trêmula — Desculpe, acho que... hum... — demonstra seu completo nervosismo com a situação.

E quem é que não ficaria?

Respiro fundo, um pouco mais aliviado com minha fuga temporária. Ainda sinto todo meu corpo rígido com sua tentativa de me surpreender. Aposto que não foi do modo como ela queria, mas realmente surpreendeu.

Deixo minha mochila no chão e me aproximo dela, tocando seu ombro.

— O que está acontecendo? — pergunto com serenidade, tentando tranquilizar seu corpo que ainda treme.

Ela suspira e dá alguns passos para trás até se sentar na minha cama. Seu olhar se perde nas próprias mãos, envergonhada. É estranho ver essa cena. Há um minuto, podia jurar que era uma mulher completamente diferente ali me esperando. Com seu olhar determinado e com uma malícia que nem sabia existir dentro de si. Mas vendo agora... vejo que ela continua sendo ela mesma.

E na verdade, isso é um alívio.

— Eu... queria tanto te surpreender — murmura com um olhar distante.

Sua voz parte algo dentro de mim que não sei identificar. Foi quando me senti o cara mais babaca do mundo. Yukino realmente está tentando por nós. E eu? O que estou fazendo? Abaixo o olhar e ando em sua direção para me sentar ao seu lado. Ela me olha ainda envergonhada e eu toco sua mão de leve.

— Não precisa fazer algo deste tipo.

Por favor, não faça algo deste tipo!

Esse seria meu pensamento original. O que chega até a me incomodar. Digo... a Yuki é linda. Linda mesmo. Tem um corpo estrutural. Além de sua personalidade ser toda dócil e meiga. Eu... só queria ser o cara que olhasse para ela e se apaixonasse. Queria ter tido a chance de conhecer ela antes de Lucy. Queria ter a chance de me dar uma chance.

Mas não consigo.

Talvez seja falta de tentar. Porque eu realmente quero me aproximar dela. Então quando acho que vou conseguir dar o máximo de mim por esse relacionamento, uma barreira enorme aparece. A barreira dos meus sentimentos pela Lucy. E aí, sem esforço algum, todo meu plano vai por água abaixo.

— É que... às vezes sinto você tão distante — sussurra com a voz de choro. Parabéns Natsu. Fez outra mulher chorar. Poxa vida hein? — Eu tenho tentado fazer de tudo para não sermos um casal que se casou por obrigação, sabe? — continua, tampando os olhos com as mãos — Eu... fiquei tão feliz por ser você dentre tantos. Eu...

Ela ergue os olhos vermelhos para mim e sinto tudo destruir dentro de mim.

— Desculpe Yuki, desculpe — começo a pedir repetidas vezes e a abraço com força — Eu vou ser melhor com você, prometo.

Suas mãos seguraram minha camiseta de maneira firme, enquanto suas lágrimas começaram a cair ainda mais. Já teve a sensação se ser o pior cara existente? Primeiro fiz Lucy sofrer e agora Yukino também. Não posso continuar assim.

Eu não quero machucar mais ninguém.

Eu havia tomado minha decisão, certo? Eu iria tentar. Tentar de verdade. Eu libertaria Lucy de todos esses anos. Eu... preciso me libertar disso. Mesmo que tenha pensado em mim quando rasguei aquele contrato. Foi a última vez que eu interferiria na vida de Lucy. Não posso ser esse cara que acha que pode realizar todos os desejos. A vida me ensinou isso desde pequeno, então por que insisto?

Preciso valorizar aquilo que tenho.

Afasto Yukino apenas o suficiente para olhá-la e reparar o quanto seus olhos são de um castanho tão delicado quanto sua pele. Como nunca me dei conta disso? Outro cara teria reparado. Mas aquele que a faz chorar precisou levar um tombo gigantesco para perceber algo tão simples.

Levo minha mão até seu rosto e passo o dedo carinhosamente por suas lágrimas. Seu olhar fica tão preso ao meu, é quase da mesma maneira que Lucy me olha. De um jeito tão terno que parece impossível. Essa intensidade que conecta almas. Por que estou pensando nela novamente? Saia de meus pensamentos se for para sair da minha vida, Lucy! Que droga.

Em um ato desesperado para tirar Lucy de meus pensamentos, puxo Yuki contra meu corpo e a beijo. Um beijo de verdade, diferente de todos aqueles onde minha indiferença não me deixou ser meu melhor.

Ela pareceu ser pega de surpresa, mas acabou cedendo. Sua língua se encontrou com a minha e tudo foi só acontecendo, como nunca aconteceu. Eu preciso seguir em frente. Preciso aceitar aquilo que a vida me oferece. Preciso valorizar aqueles que me valorizam. Eu... preciso amá-la. Não aguento mais essa confusão dentro de mim.

Deito sobre Yuki, sem tirar meus lábios dos dela. Vejo pela maneira que me corresponde como gosta disso tudo. Porque sua boca pede pela minha interminavelmente.

Eu consigo fazer isso.

Tenho que conseguir.

É com ela que vou passar o resto da minha vida!

Mas... aqui, enquanto a beijo e sinto seu corpo abaixo do meu... só consigo me lembrar de Lucy. Dos seus lábios doces, sua pele macia, seu cheiro inconfundível, sua mão sobre meu peito e a maneira como ela me olha depois que nos beijamos. E sinto tanta frustração por isso e tanta raiva de mim mesmo que...

— Na-Natsu? — Yuki desperta-me depois de nos afastarmos do beijo.

Abro os olhos e a vejo mordendo os lábios, constrangida com tudo o que acabou de acontecer. Se ela soubesse que minha mente estava tão longe daqui. Acho que... sou muito otário mesmo.

— Oi?

— É... é que eu... nunca fiz nada assim... também — confessa com as bochechas coradas.

Ah. Ela é virgem, ok. E eu estou aqui, subindo em cima dela e sendo um completo idiota de novo. Saio de cima dela no mesmo instante e vou para o lado, percebendo o quanto isso foi constrangedor. Lembre-se Natsu: Teoricamente, aqui, você é virgem. Nada de ficar agarrando futuras esposas que acreditam nisso, na cama e ainda mais se for para ficar pensando na ex enquanto faz isso.

— Desculpe, acho que.... — minha mente está uma grande merda e acabei te usando para esquecer isso? — é melhor eu te levar para a casa.

— Ainda não — ela responde prontamente e toca meu peitoral.

Nós dois olhamos para sua mão sobre mim e ela me solta no mesmo instante.

— Quero dizer... posso ficar só mais um pouco? — pede delicadamente e me olha receosa.

Abro um sorriso idiota por vê-la pedir algo assim. Ela realmente merece alguém melhor do que eu. E mesmo assim... ela disse que ficou feliz por ser eu. Apenas por ser eu. Como posso ignorar isso?

— Claro que pode — respondo e ela sorri.

Começo a acariciar seus cabelos curtos e tão macios. Faço algumas piadas sem sentido algum sobre shampoo só para quebrar o clima estranho que começava a se formar e acho que deve ter sido a primeira vez que a vi rir verdadeiramente. Não foi um riso de educação e com tantas formalidades como tem sido nosso relacionamento, acho que era a primeira vez que eu via Yukino, sendo ela.

Parece que não sou apenas eu colocando barreiras e máscaras diante de mim.

— Eu realmente achei que você não fosse mais virgem... — murmura após um tempo.

Deve ser porque não sou. Por que esse assunto de novo? Só para martelar minha consciência um pouco mais. “Otário, otário, otário”.

— Por que diz isso? — pergunto, olhando diretamente para ela um pouco abaixo de mim. Ela desviou o olhar, um pouco sem jeito — Ei, nada de vergonha agora, pode falar! — provoco e ela solta uma risada constrangida.

— Ah amor... não sei... você tem toda esse jeito de conquistador — confessa ficando ainda mais corada do que alguns minutos atrás — Parece com aqueles garotos populares com milhões de meninas aos seus pés, igual dos filmes sabe?

Fico surpreso por sua teoria. Apesar dela estar bem errada. Ela estaria certa se estivesse descrevendo Gray. Eu nunca fui nenhum garanhão ou coisa do tipo no colégio. Só fiquei com algumas garotas por bobeira, com Lis e... bom, depois que conheci a Lucy, fiquei igual condenado correndo atrás dela. Dou risada de minha própria tragédia.

— Bobagem — digo, sorrindo — É só uma ilusão criada por eu ser bonito — brinco e ela ri, colocando a mão sobre a boca.

Assim é melhor. A risada dela é tão leve, que a ver em lágrimas chega a ser desperdício.

— Uma ilusão bem real, na minha opinião — fala docemente com um sorriso.

— É que eu sou muuito bonito, entende? — continuo brincando e pisco para ela.

Começamos a rir juntos e ela balançou a cabeça daquele jeito que acha meu comportamento errado, mas que não consegue negar. Depois disso ficamos apenas nos olhando, como se estudássemos nosso futuro juntos. E sinceramente? Vendo ela aqui do meu lado, com seu jeito mais natural e descontraído... eu posso ter esperança.

— Desculpe por hoje... acho que te peguei desprevenido — pede sem graça e abaixando o olhar.

— Desprevenido? — respondo no mesmo instante, fazendo seu olhar voltar para mim — Aquilo foi muito mais que desprevenido! — digo rindo, e ela bate de leve em mim, dizendo para eu parar de constrangê-la.

Depois seu sorriso se amenizou e ela fitou suas mãos como se estivesse refletindo sobre seus atos anteriores.

— Eu estava tão... desesperada — admite com um semblante triste — Eu queria que um dia você pudesse me olhar da mesma forma que te olho...

Fico em choque com suas palavras. Foi tudo em um tom tão sincero e triste que parece ter perfurado meu peito. O pior foi entender pelo o que ela estava passando. Admirar alguém e fazer coisas inimagináveis só para ter a atenção dessa pessoa.

Olho brevemente para a janela e vejo cenas vividas passando por minha mente. Desde o momento em que encontrei Lucy naquele corredor até o dia de hoje. Sempre me questiono se um dia vou realmente conseguir deixar tudo isso no passado, assim como minhas palavras, assim como meus pensamentos naquele dia em que pedi para que ela desistisse de mim. É tão simples na teoria.

Eu já devia saber depois de tanto tempo.

Respiro fundo e pego na mão de Yuki, depositando um beijo ali e trazendo seu olhar de volta para mim.

— Seja apena um pouco mais paciente, tá bom? — digo da forma mais sincera possível — Eu... vou tentar te surpreender também.

Seu sorriso se alargou de maneira tão doce que acalmou um pouco meu coração destruído. Yuki assente com a cabeça e aperta minha mão.

Parece que um novo horizonte se abriu para mim a partir de hoje. Algo completamente diferente do que jamais esperei. Fico imaginando se serei capaz de cumprir essa promessa. Eu realmente quero tentar dessa vez. Só... preciso saber se Lucy está bem. Vou vê-la, vou me desculpar e ter certeza que está bem, e então... a deixarei ir. De verdade.

Desvio o olhar da janela que nem percebi estar encarando e volto a olhar para Yukino. Abro um sorriso companheiro e começamos a conversar sobre coisas aleatórias. Foi bom conhecer um pouco mais sobre ela. Tudo parece estar se encaixando agora, certo?

Depois de algum tempo, levei ela para casa.

E seria mentira dizer... que não olhei para casa ao lado.

—♥—

Lucy

Repasso as mesmas páginas já vistas daquela revista que me arrumaram para passar o tempo no hospital. Eu pedi por um livro, mas foram o que conseguiram, não posso reclamar.

— Boas notícias! — Sting aparece sorrateiramente pela porta, todo sorridente — Adivinha o que é?

Logo atrás dele o Doutor Fukuda aparece, carregando sua rotineira prancheta com um formulário preso, uma caneta e uma bandeja com esparadrapos, gases e curativos em geral. Abro um sorriso de longe, prevendo o que virá.

— O que seria? — pergunto animada, fingindo não saber do que se trata.

— Você terá alta, senhorita Heartfilia — O doutor respondeu prontamente, vindo ao meu lado.

Só de ouvir essas palavras um grande peso de meus ombros desabou.

Sting senta-se ao meu lado e aperta minha mão. Seu companheirismo tem sido meu maior auxílio aqui no hospital. Então para meu grande alívio, o médico começa a tirar o tubo de soro de minha mão. Tentei nem olhar em como aquilo sairia da minha pele, porque eu voltaria a desmaiar e teria que ficar aqui mais dias.

Com certeza, eu não sirvo para essas coisas.

— Feliz por não ter que ficar olhando para o teto ou para mim? — Sting brinca.

Dou risada com ele, batendo de leve em seu ombro com a mão livre.

— Não seja bobo. A felicidade é apenas por não ter que olhar para você! — devolvo na brincadeira.

Sinto as mãos do médico na minha, seguida de uma ardência fraca e depois algo sendo enrolado envolta de minha mão, provavelmente um curativo para eu não ficar roxa.

— Pronto Lucy — Doutor Fukuda termina o serviço — Tudo certo para você voltar. Apenas lembre de minhas recomendações, sim? Sem estresse, fortes emoções, alimentação saudável e se tiver algum tipo de enjoo, me informe, ok?

— Não se preocupe doutor — Sting intervém, me ajudando a descer da cama —Se depender de mim, essa daí vai andar na linha de agora em diante.

Olho para ele com uma careta, mas logo após sorri por seu jeito cuidadoso e ele sorriu de volta.

É estranha essa nossa proximidade repentina. Mas seria mentira se eu dissesse que não estou gostando. Aliás, Sting tem sido um amor comigo. Carinhoso, atencioso e esteve ao meu lado quando mais precisei. No momento de mais impacto em minha vida, quando descobri o que mudaria todo meu futuro.

Mas... também seria mentira se eu dissesse que não penso em Natsu.

E como poderia? Agora que há uma parte dele comigo, constantemente. Toda vez que passo a mão por meu ventre, posso senti-lo perto de mim. É um calor tão bom e diferente de qualquer coisa que já senti, ao mesmo tempo que... me lembro dele não estar aqui.

— Obrigada por seus cuidados, Dr. Fukuda — agradeço com um sorriso, descendo as escadinhas.

Minhas costas doem por ficar tanto tempo deitada. Acho que a idade está chegando.

O médico apenas balançou a cabeça em sinal do meu agradecimento e se retirou. Acompanhamos seus passos até ele fechar a porta e depois nos olhamos. Sting segurou minhas mãos com um sorriso doce em seus lábios e depois deu um beijo leve em minha testa.

— Está se sentindo melhor? — pergunta preocupado.

— Estou ótima — respondo no mesmo segundo — Se eu continuasse aqui, aí sim eu iria endoidar.

Soltamos nossas mãos e ele ri de meu desespero. Mas não tem jeito, quando acostumamos com camas enormes e confortáveis é dificil acostumar com camas estreitas e duras. Isso porque não sou pessoa de reclamar de qualquer coisa. Costumo ser gratas pelas coisas em minha vida, mas bom... eu só quero minha cama.

— Não se passou nem um dia, Lucy — debocha de maneira divertida.

Olho para ele de forma ultraje.

— Passei a tarde e a noite inteira presa aqui, não é o bastante? — finjo estar ofendida e vou até minha bolsa, recolhendo as coisas que deixei pelo quarto.

Não que tenha muita coisa quando você desmaia assim que saí do serviço.

— Não se você ainda não estiver bem — replica sabiamente — Estou começando a achar que você está me dobrando para cair fora daqui — opina, vindo ao meu lado e jogando minha bolsa pelos ombros — Para sua sorte, também cansei daqui, então vamos embora.

Dou risada por sua sinceridade e o vejo estender a mão para mim. Fico um pouco hesitante, mas logo aceito de bom grado.

— Vamos! — empolgo-me.

Passamos pela recepção e fomos ao estacionamento, onde o carro de Sting se encontra. É engraçado ver esta cena, sendo que quando namorávamos ainda éramos menor de idade e não podíamos dirigir. O tempo corre contra a gente sem nos darmos conta.

Entramos no carro e fomos em direção à minha casa. Jogamos conversa fora, ouvimos músicas, cantamos desafinadamente, brincamos, rimos. Era bom estar ali. Percebi que ele estava tentando ao máximo me descontrair para que eu esqueça todos os problemas, que por sinal, são muitos. Mas ele tem o mérito de por pelo menos alguns minutos ter conseguido.

Ainda assim, eu iria atrás de um advogado o mais rápido possível. Preciso fazer valer minha ameaça e mostrar ao meu pai que não estou para brincadeira. Mostrar que não sou mais aquela criancinha que abaixa a cabeça por medo. Sei que não devo me estressar, que devo ficar longe de emoções fortes, mas como fazer isso com tudo que estou vivenciando? Quero dizer, estou grávida! Isso por si só já é uma grande emoção.                           

Um filho...

Eu nunca me imaginei sendo mãe. Sempre pensei que isso só aconteceria quando eu terminasse a faculdade e estivesse casada. Com uma casa quitada e minha e um marido ao lado para ajudar. Esses pensamentos só me machucam mais. Começo a sonhar em estar casada com Natsu... e com nosso filho ali, crescendo perto de nós. Mas já aceitei que não será assim.

Não posso nem ao menos me dar ao luxo de ficar triste por isso. Aliás, há muito mais em jogo do que minha felicidade. Existe muitas outras "felicidades" em jogo. Do pai de Natsu, de Wendy, de Yukino e... de Sting. Ainda é surreal saber de sua proposta. Fico relutante ao máximo quanto à essa ideia. Mas... ao mesmo tempo, me sinto bem em saber que tenho alguém disposto a mudar completamente sua vida por mim.

Quantos podem dizer isso?

— Por que vocês não estão juntos?

Olho para o lado e me surpreendo com sua pergunta repentina. Sting está atento ao trânsito, mas sua expressão está firme. Como explicar algo da qual nem eu entendo?

— Hm... — murmuro sem saber por onde começar — Aconteceram muitas coisas desde o Ensino Médio... levaria outra vida para te contar — solto uma risada fraca, quando sinto sua mão tocar a minha.

— Tenho sete, não ligo de gastar uma para ouvir essa história — brinca e não consigo deixar de rir.

Abaixo a cabeça, pensando em como poderia começar contando isso. Nem eu sei quando toda minha vida virou uma confusão grande demais para ser controlada. Mas se eu pudesse escolher uma forma de contar isso...

— Sting... espero que não se ofenda ou... Bom, você tem todo direito de querer me largar aqui depois disso, mas... — gaguejo, sabendo o quanto admitir isso depois de dois anos pode ser difícil, mas é o certo a se fazer, principalmente se ele está disposto a fazer o que está.

— Por que não tenta dizer e vemos juntos como eu reajo? — incentiva, apertando minha mão.

Respiro fundo antes de começar.

— Lembra daquele churrasco da minha turma que eu fui quando estávamos namorando? — digo tudo em uma frase para ter coragem de pronunciar.

Ele concorda com a cabeça. Sinto algo tão ruim dentro de mim que me vejo apertando sua mão ainda mais forte, com medo de ser solta.

— Eu... eu fiquei com Natsu aquela noite. Desculpe ter sido covarde por tanto tempo... você não merecia aquilo... e eu não sei como tudo aquilo foi acontecer mas... Eu realmente peço desculpas.

Sting fica em silêncio por um tempo, mas sua mão não deixa a minha. Encaro-lhe de lado com medo do que pode vir. Guardei isso por tanto tempo, mas ele merece saber. Principalmente agora, principalmente depois de tudo que tem feito por mim.

— Eu já sabia.

Olho espantada para o lado, esperando por uma explicação plausível para essa sua frase.

— Quando você terminou comigo, já estava claro — comenta sem mais nenhuma especificação.

Como poderia estar claro se para mim estava uma bela confusão?

Apesar de me sentir estranha com isso, decido continuar. Conto de nossas brigas, de quando Natsu resolveu ir para Crocus, de sua volta e como tudo foi se desenrolando até ele se encontrar prestes a se casar com outra.

— Ele vai casar? — indaga tão perplexo que me sinto zonza.

— Vai — respondo com a voz cansada e triste.

— E como você está conseguindo lidar com isso? — questiona um pouco pasmo e eu dou risada.

— Simples — respondo prontamente — Não estou.

Sting balança a cabeça para mostrar que me escutou. Depois disso, fico em silêncio, perdida com minhas próprias preocupações e pensamentos.

Foi estranho contar tudo para Sting. Eu jurava que morreria com tudo isso para mim e se fosse para escolher alguém da qual eu nunca contaria minha historia e de Natsu, com certeza seria Sting. Aliás, já namoramos e terminamos duas vezes. E agora... estamos aqui.

Fiquei emocionada pela forma como ele reagiu à tudo. Ele me escutou sem questionar, sem me julgar e se preocupou. Mesmo depois de tudo o que fiz a ele. Mesmo já jogando em sua cara que eu amava outra pessoa. Mesmo sabendo que não mereço 10% da atenção que tem me dado. Quando penso em tudo isso, penso que talvez a vida esteja me dando uma chance de remediar tudo.

Talvez meu futuro sempre fosse ficar com Sting, mas fui burra demais para notar.

O carro para e só então percebo que já estamos na frente de casa.

— Você está bem mesmo? — chama minha atenção ao reparar meu silêncio.

— Estou... — sussurro em resposta — É que... são muitas coisas para serem pensadas, sabe?

Olho para ele e seu olhar preocupado de ultimamente também me encara dessa vez.

— Por exemplo, a gente? — pergunta diretamente.

Balanço a cabeça.

— Sim, tipo a gente — respondo sem delongas.

Ele tem sido tão sincero comigo, então devo o mesmo com ele. É como eu deveria ter sido desde que o encontrei pela primeira vez naquele jogo de futebol.

Sua mão acaricia meu rosto levemente e ele se apoia no encosto do banco.

— Não se sinta pressionada por mim, tudo bem? — diz de maneira carinhosa — Sei que está cheia de problemas e duvidas agora, mas não estou aqui para me tornar mais um problema para você. Quero ser a solução, Lucy. Não importa o que decidir, vou continuar aqui, tudo bem?

Abro um sorriso fraco por seu jeito incomparável.

— Obrigada — agradeço já sentindo meus olhos marejarem. O que é isso?

Ele sorri de volta, pegando minha mão e depositando um beijo ali.

— Boa noite, Lucy.

Respondi com um sorriso sincero e desci do carro. Acenei ao ver o carro se afastar, sentindo um vazio me invadir por isso. São muitas informações para um dia só... Acho que ainda não me caiu a ficha.

Respiro fundo, dando alguns passos para trás.

Foi então que pude sentir... uma presença ao meu lado. Meu corpo estremece como se pudesse reconhecer sua energia vital de longe. Ergo meu olhar lentamente para o lado e engulo em seco.

Natsu Dragneel.

Se eu pudesse nomear meus problemas com um nome, nomearia assim. E neste exato momento, aquilo que dá nome à todas minhas interrogações me observa da frente de sua casa.

Sinto minha respiração falhar, assim como as batidas de meu coração.

Nunca imaginei que seria tão complexo ter que encará-lo depois de receber a notícia de estar gravida dele. É fácil esquecê-lo em mente. Mas vê-lo ali, diante de mim, tornava tudo muito mais... difícil. Por um momento... eu só quis pular em seus braços e gritar "Estou esperando um filho seu".

Mas tento controlar minha respiração e todos meus instintos que não estão muito em ordem no momento.

Ele dá alguns passos lentos em minha direção com uma expressão séria. Parecia ter algo a dizer na ponta da língua, mas nada deixava sua boca. Continuo petrificada como se visse um fantasma, enquanto o vejo se aproximar. Estou a ponto de explodir. Sei que internamente o culpo por não ter estado comigo quando mais precisei, então me lembro que também tenho culpa por isso.

E agora? Eu o evitei tanto, mas o que fazer quando ele está a alguns metros de mim?

— Lucy — sussurra, sem tirar os olhos dos meus.

(Home – Gabrielle Aplin ♪)

Continuo parada, sem responder. Não consigo responder nada. Não consigo nem ao menos me mover. Minhas forças foram tiradas de mim no momento em que ele apareceu e as consumiu com seu olhar. Tudo isso traz meus sentimentos à tona. Traz nossas lembranças, meus medos e tudo o que não vamos mais passar.

Natsu dá mais alguns passos em minha direção, um pouco hesitante. Parece estar com medo que eu vá sair correndo. E sinceramente... estou prestes a fazer isso.

—Você está bem? Estava preocupado — pergunta com aquele maldito olhar sincero que parece estar lendo minha alma neste momento.

— Estou — respondo com a voz fraca e um sorriso mascarado — Desculpe por isso.

Vejo pelo seu olhar que minha maneira de falar soou completamente fria. Não era a intenção, mas... sei que se continuarmos essa conversa de maneira tão casual, irei desabar. E então, toda minha pose e força para seguir em frente já era.

— Bom, boa noite — apresso-me para sair dali, dando-lhe as costas e andando até o portão.

— Espera! — sua voz desesperada faz todos meus movimentos cessarem.

Sua mão segura meu pulso e sinto tudo endurecer dentro de mim.

Droga, droga, droga.

Não me toque! Não aja como se preocupasse depois de ter dito o que disse para mim! Não finja que estamos bem, pois não estamos! Não me peça para te esperar, porque sei que eu esperaria uma vida por você. Isso é cruel, é doloroso. Apenas por sentir sua pele na minha, todo meu corpo estremece. Como pode ainda ter esse efeito? Só... pare.

Eu não vou aguentar assim...

— Tem algo errado com você — afirma em minhas costas, pois não me atrevi a olhá-lo — O que aconteceu?

Sim Natsu, tem algo errado comigo. É um bebê que está crescendo dentro de mim, que por acaso é seu também! É isso que está errado! Um bebê! Da garota que não pode amar e do cara que vai casar. Meus olhos voltam a marejar e preciso respirar fundo para não deixar as lágrimas caírem.

— Eu... preciso decansar — respondo sem deixar de esconder a dor de minha voz.

— Entendo... — fala em seguida sem me soltar — Está me evitando?

Nego com a cabeça, fechando os olhos e segurando todo o choro do mundo.

— Então por que não está me olhando?

Nessa hora, precisei juntar toda força existente e não existente em mim para me virar. Levo um susto por ver sua proximidade e ver seus olhos tão fixos em mim. Tenho certeza que meus olhos estão avermelhados por estar segurando tantas lágrimas. Foi uma péssima ideia. Por que você simplesmente não o ignorou e correu para seu quarto, imbecil?

Por que ele tem que aparecer e estragar tudo de novo?

— Feliz? — replico, sentindo todos meus hormônios à flor da pele.

Seu olhar continua firme sobre mim, enquanto sinto sua mão deslizar do meu pulso e entrelaçar nossos dedos.

— Não — responde rígido e sinto minha respiração falhar.

Continuamos nos encarando por um longo tempo como se desafiássemos um ao outro a falar primeiro todos os pensamentos guardados. Nossas mãos estão unidas, mas nossos olhares se provocam e nossas expressões permanecem inflexíveis.

Sinto que se eu abrir a boca, todas minhas forças serão levadas. Não entendo de onde vem essa vontade imensa de chorar. Quero tanto abraçá-lo, quero tanto só me perder em seus braços e ali ficar. Você também sente isso, Natsu?

— Eu... — começa a dizer pensativo e olhando para o chão — preciso me desculpar com você — fala um pouco hesitante, voltando a me encarar.

Desvio o olhar, antes de encará-lo novamente com medo de suas próximas palavras.

— Parece que acabei sendo injusto com você — continua ao ver que não irei falar nada — Falei muitas coisas que não deveria, desculpe.

Assinto com a cabeça, sentindo meu coração pulsar cada vez mais rápido. Quanto tempo aguentarei ficar em meu silêncio até desabar?

— Eu não estava pensando antes de falar — prossegue, provavelmente achando que estou mentindo em perdoá-lo. Mas é só porque não conseguirei falar sem deixar as lágrimas desabarem — Então queria te dizer o quanto te admiro.

Sinto que meus olhos se alertaram ainda mais ao ouvir essa frase. Natsu sorri para mim, mas sinto uma energia estranha e triste vinda dele. Quanto posso acreditar em seu sorriso, Natsu? Respiro fundo antes de conseguir voltar a falar.

— Isso não importa mais — murmuro e ele parece espantado por finalmente ouvir minha voz.

— Importa sim — replica no mesmo instante e aperta minha mão — Quando eu soube que você foi para o hospital, eu... — começa a falar, mas para a frase no meio e desvia o olhar. Ele suspira para poder me olhar de novo — Se algo te acontecesse, acho que eu não suportaria.

Suas palavras... parecem tocar exatamente o ponto de mim que tanto tentei conter. As lágrimas passar a cair sem permissão. O que é isso? Natsu me olha sem entender. Tentei me controlar, mas não consegui. Fico em um estado estático, olhando para seu rosto e sentindo as lágrimas simplesmente deslizarem.

Nunca estive tão perdida quanto estou agora.

Meu Deus, estou grávida.

Perco-me em um mundo escuro e cruel, escondendo meu rosto com as mãos. Pare lágrimas!

Foi então que Natsu me abraçou, me trazendo de volta ao mundo real. Levanto a cabeça, confusa por este ato. Seus braços me prendem com tanta força em seu peitoral e seu corpo parece tremer. Não sei o que houve dentro de mim neste momento, mas a sensação acolhedora parece ter quebrado mil barreiras, fazendo todo meu choro despencar de uma vez.

— Desculpe Lucy — ele pede com uma voz aflita — Não fui capaz de fazer tudo por você.

Não entendo nada do que ele está dizendo. Como assim fazer tudo por mim? Não consigo nem pensar.

— Desculpe — pede de novo — Só... não chore, por favor — sussurra perto de meu ouvido.

Mesmo com tanta confusão em meio a uma guerra de sentimentos e dúvidas, sentir seu calor fazia tudo parecer calmo. Certa paz passou a me invadir mesmo sem eu entender o motivo. Só então reparei que estar aqui, em seus braços... era tudo o que eu precisava.

Amado bebê... esse é seu pai. Eu não sei se um dia você saberá disso, talvez eu erre mais algumas escolhas. Mas... saiba que ele tem um coração enorme e que faria o impossível por você se tivesse essa opção.Desculpe se escolhi por você. Talvez você não entenda... Mas... é que eu também faria o impossível para ver seu pai feliz.

 

Lar pode ser aqui ou lá
Lar é onde nosso coração está
Meu lar está em você, seja onde estiver
Meu lar será sempre o mesmo,
independente de onde você escolher viver


Notas Finais


Link da música (Home - Gabrielle Aplin): https://www.youtube.com/watch?v=UYCgjfzSIIk&feature=youtu.be

É isso aí meus amores,
provavelmente muitos querem pular em cima de mim.
Esse capítulo traz uma energia bem negativa, peço desculpas por isso. Se você achou que não, então melhor ainda.
Eu precisava mostrar um progresso na relação do Natsu e a Yukino, e da Lucy e do Sting.
Mas claro, sem deixar de mostrar um pouco nosso casal favorito </3
Não é de cortar o coração o Natsu pedindo desculpas por não ter feito a escolha "certa"? E ela nem imagina o motivo.
Espero de coração que tenham gostado do capítulo e da música também.
Espero mais ainda vê-los em breve.
Vejo vocês nos comentários?
Um grande beijo ♥


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