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História Aceita ter um filho meu? - Por que não um bolo?


Escrita por: Kurako

Notas do Autor


Hoooooola, é com esse título completamente aleatório que encerramos essa história, preparados?

Boa leitura!

Capítulo 60 - Por que não um bolo?


Fanfic / Fanfiction Aceita ter um filho meu? - Por que não um bolo?

Capítulo LX 

- Liga a TV, rápido! – a beta entrou afobada na sala.

- Qual canal? – o jovem que era tão parecido consigo quis saber.

- Tanto faz, deve estar em todos! – a exclamação deixou o rapaz ainda mais surpreso, tanto que nem soube reagir ao ter o controle roubado de sua mão.

Fazia quase um mês que estavam em Nagoia, lógico que de início não pretendiam passar tanto tempo assim, mas ter um clínico geral e enfermeira particular a disposição quase 24 horas por dia, vinha a calhar quando sentia alguma dor ou precisava trocar os poucos curativos que tinha, bem como era excelente se ter avós corujas para auxiliar nos cuidados com duas crianças agitadas e uma nem tanto. Ou pelo menos essa era a conta de Izuku, já que Mamoru valia por dois.

Também foi graças a esses cuidados que o esverdeado pôde tirar a tipoia antes do previsto, fazia quase uma semana que ele tinha ido ao hospital de seu padrasto para isso e já até fazia alguns exercícios de fortalecimento dos músculos que Inko indicava. Ele mal podia esperar para retirar o gesso do outro braço e finalmente voltar a trabalhar. Sentia falta do seu dia-a-dia na cozinha, gostava de ver a cara contente das pessoas que comiam tudo aquilo que ele preparava.

Shouto estava visivelmente mais relaxado, dormia melhor e saíam sempre que possível para passear com os gêmeos, tentavam ao máximo não se envolver com tudo que estava ocorrendo em Tokyo, embora se mantinham em contato sempre com todos, mas a ideia era realmente descansarem. O grávido precisava constantemente da presença de seu alfa por perto, então era uma boa desculpa para o lúpus poder mimar o  de três meses.

Ao contrário da primeira gestação, Izuku não se sentia tão enjoado ou tonto, mas em compensação, poderia dormir o dia inteiro ou comer por todos naquela casa. Também não haviam desejos estranhos como fora com os garotos, no máximo uma sopa de cebolas que viu em um programa na televisão e sua mãe logo lhe fez.

Claro que nem tudo eram flores, e ali naquele plantão de noticiário ficara denotado. Eles podiam ver pela imagem aérea, um carro prata sendo perseguido por outros tantos da polícia. E o ômega não estava entendendo nada, até que Shouto se sentou ao seu lado com o celular no ouvido e olhos atentos a tela a frente de todos. Só então o ex-Midoriya se atentou a legenda que corria abaixo das imagens:

- ”Primeiro Ministro, Todoroki Enji, foge do prédio do Parlamento, após Juiz do Superior Tribunal Federal, decretar mandado de prisão preventiva. Polícia Federal continua na perseguição.”

Nem mesmo percebeu que lia em voz alta o enunciado, sentindo uma súbita tensão tomar seu corpo, tensão essa que não sabia se vinha do seu esposo ou era sua mesmo. Estava acontecendo, finalmente, estava acontecendo.

- Nós precisamos voltar. – o lúpus se levantou.

- Agora? Shouto-kun, está para anoitecer. – Inko tentou impedir.

- Mãe, desculpa, mas precisamos mesmo ir. Pode ligar para o Yagi-san trazer as crianças?

- Mas, meu amor, vocês estão nervosos, tem certeza que é uma boa ideia dirigir nessas condições? – argumentou.

- É... Shouto... – chamou o esposo que quase já subia as escadas para arrumar as malas.

- Tem razão, Izuku, reserve as passagens mais próximas no Shinkansen, depois podemos pedir para alguém entregar o carro e realmente será bem mais rápido. – tornou a subir.

- Desculpa, mãe, sei que está preocupada, mas não podemos deixar que os irmãos do Shouto fiquem sozinhos nesse momento, eles já fizeram muito para que cheguemos onde estamos. – buscava seu celular pela sala.

- Tudo bem, querido, mas pelo menos deixe os garotos aqui, vocês estarão ocupados, é melhor não envolver as crianças nisso. Depois, no final de semana, posso ir com o Yagi deixá-las, e aproveitamos e levamos o carro. Não há problemas. – propôs.

Depois de ponderar, acabou acenando em concordância, realmente seria muito complicado cuidar dos dois menores enquanto corriam para a delegacia ou seja lá onde os Todoroki’s mais velhos estivessem. Eles certamente não conseguiriam dar atenção suficiente para os pequenos.

Após comprar as passagens que partiriam em uma hora, subiu para o quarto onde seu esposo acabava de fechar a última mala do casal.

- Não precisa arrumar as coisas das crianças, eu decidi deixá-las aqui. – informou. - Desculpa, deveria ter te perguntado antes. – encolheu os ombros.

- Não, tudo bem, realmente é melhor assim, eu nem havia pensado nisso. Estou nervoso demais. – se aproximou para abraçar o esposo.

- Eu sei, eu sinto. – encostou a cabeça no peito do maior, constatando que a pulsação deste estava mais que acelerada.

- Desculpa, estou fazendo mal a vocês? – se preocupou.

- Calma, estamos bem, eu me preocupo é com você. Vai dar tudo certo, meu amor. Tenho certeza que até termos chegado, eles já terão conseguido prendê-lo. Vamos só esperar os meninos voltarem do parquinho e saímos, já comprei os bilhetes. – alisou o rosto que tanto admirava.

Não demorou para que eles saíssem de lá, o complicado foi conseguir se despedir dos gêmeos na estação de trem. Yudi embora fungasse baixinho, estava completamente agarrado a calça de Izuku, quase derrubando o mais velho no processo e por mais que os berros de Mamoru chamassem a atenção de todos no local, não havia muito o que fazer, além de beijá-los e assegurar que logo estariam juntos.

[...]

Ninguém poderia julgar Shouto por se sentir apreensivo, mesmo que tentasse prestar devida atenção ao que o marido falava, não tinha como impedir que a mente vagasse as vezes. Por isso não notou quando o ômega saiu do seu lado e se assustou quando este apareceu.

- Onde você estava?

- Fui ao banheiro e não me olha com essa cara, eu te avisei. – se acomodou novamente.

- Me perdoe. – amuou.

- Tudo bem, eu entendo, se para mim já é complicado, imagino que deva ser bem pior para você. É a sua família. – sorriu de forma acolhedora.

- Eu tenho medo que ele consiga fugir ou que não seja condenado. – admitiu.

- Impossível, você ouviu o que seu irmão disse, são provas suficientes e além do mais, tenho certeza que quando começarem a investigar melhor, muitos outros crimes devem aparecer. – lhe assegurou.

E realmente não tinha pior declaração de culpa do que a fuga que ainda deveria estar ocorrendo ou não, eles não sabiam, preferiram não entrar na internet durante a viagem.

Ainda se lembravam bem de quando receberam a vídeo chamada de Fuyumi, por mais que se sentisse feliz de poder ver que seu irmão mais velho estava bem, a conversa que teriam era tensa demais para que se prendessem ao saudosismo. Escolheram deixar para apresentar a todos em uma oportunidade mais feliz.

Natsuo foi bem claro, contou que assim que tomou posse de todo o dinheiro da sua herança, tratou de transferir para uma conta não rastreável e foi para longe do Japão. A princípio, foi bastante complicado conseguir que as pessoas certas topassem lhe ajudar, e por mais que odiasse admitir, ter estudado em um colégio interno por alguns anos na Polônia foi bastante útil no final.

Ter se tornado amigo pessoal de filhos de figuras importantes, era o que seu pai queria para fortalecer as relações dos Todoroki’s no futuro, o alfa como sendo o primogênito e sucessor da família precisava ter aliados tantos quantos fossem possíveis e, de certa forma, foram esses contatos que o garantiram chegar onde desejava.

Descobrir os participantes do assassinato de sua mãe foi a parte mais complicada, o rombo absurdo que o hacker lhe cobrou para entrar nos computadores governamentais, não estava previsto por si, mas valeu cada centavo ao ter o nome dos três responsáveis por isso. As testemunhas chaves.

Localizá-los não foi tão difícil, graças a um amigo que era capitão da polícia civil, foi fácil descobrir o paradeiro dos três, o problema mesmo era que dois haviam morrido misteriosamente e um estava escondido em uma comunidade religiosa. Natsuo não tinha uma gravação do seu pai e o Ministro polonês, e sem essas provas, não conseguiria um mandado para o tal beta. Deu-se início a pior parte: como fazê-lo falar.

Nem mesmo tinha consciência do quanto o tempo havia passado, principalmente depois de ter se mudado para essa mesma comunidade. A ideia era se passar por um fiel e conseguir se aproximar do sujeito, mas como tentar ser amigável com um dos responsáveis pela morte da própria mãe? Ele não sabia, mas assim tentou.

Foram oito meses de esforço diário, por ser uma comunidade pequena, todos se conheciam, e a sorte lhe sorriu quando foram apresentados pelo líder do lugar para que trabalhassem no campo juntos. O beta que se identificava com um nome falso, não gostava de conversa e por vezes Natsuo cogitou em sequestrá-lo e torturá-lo até falar, entretanto, provavelmente não seria uma confissão válida perante um tribunal.

Claramente estava sem saída, até que novamente a sorte lhe foi generosa e em uma noite de bebedeira, o homem começou a chorar, dizer que havia cometido um crime muito grave e que não suportava mais viver com isso, ainda mais quando olhava para o cabelo de Natsuo que o lembrava perfeitamente tudo que havia feito. O lúpus nem acreditou naquilo, muito menos quando já sóbrio, ele lhe contou de que foram transportados para esse país e que os outros foram silenciados. Ele havia conseguido fugir e se refugiar naquele lugar.

Era para ser uma breve passagem, até que conseguisse fugir da Polônia, porém, a medida que o tempo ia passando, mais ele se envolvia com todos da comunidade e mais sentia que poderia ter outra vida ali. No entanto, a culpa ainda o corroía, e foi por isso que resolveu, por livre e espontânea vontade se entregar, além de ter passado para Natsuo, gravações das ligações tanto do seu pai, como de Nowak, comprometendo o Primeiro Ministro da Polônia também.

Com os comprovantes bancários em mãos, foi aí que decidiu ligar para sua irmã, a fim de que ela lhe ajudasse a bolar tudo no Japão, para que pudesse chegar de forma despercebida e principalmente, conseguisse trazer o beta sem que ambos os ministros descobrissem ou a vida dele estaria ameaçada.

Claro que eles não contavam que Natsuo seria reconhecido pelo pai de Jirou no aeroporto. O alfa que também chegava de viagem acabou por comentar com o amigo que estava feliz que seu filho estivesse de volta e quem sabe, poderiam marcar algo entre as famílias, já que sabia que sua filha era amiga do caçula dos Todoroki’s. Fora um grande desafio despistar o lúpus ruivo, mas a conta zerada de Natsuo era um bom argumento para a sua volta, afinal, como continuaria viajando o mundo sem dinheiro?

Contudo, achar um juiz que não fosse se acovardar diante de Todoroki Enji foi o maior desafio, e no fim recorreram ao Tribunal Superior, só alguém mais poderoso para não o temer. Infelizmente, nem todos são honestos, e de alguma forma, ao sair o mandado, o ruivo soube antes, fazendo a polícia da cidade inteira o procurar, o localizando apenas a caminho da sua pista de pouso particular.

Fuyumi tratou de avisar a Shouto, e ali estavam eles, desembarcando em Tokyo e já dentro de um taxi, aguardando apenas que a mais velha atendesse e lhes dissesse para onde deveriam ir.

- Hospital Metropolitano Central, por favor. – o alfa informou ao motorista. Vendo a cara confusa e preocupada de seu ômega, completou apenas para que ele ouvisse. - Enji sofreu um acidente, o levaram para lá.

[...]

Eles não haviam ligado os dados móveis dos aparelhos celulares, senão teriam visto os muitos bombardeios de notícias sobre o acidente. Estava para que todo o país e certamente noticiários do mundo vesse o veículo capotar algumas vezes após tentar frear de forma brusca, evitando uma barricada policial no meio da rodovia. O Primeiro Ministro do Japão não tinha morrido, mas encontrava-se completamente ferido e em estado grave.

Correram o mais rápido que a multidão de repórteres na entrada no hospital permitia. Nem sabiam ao certo o porquê da pressa, diferente de quando recebera semelhante chamada só que relacionado a sua mãe, Shouto não sentia o peito pesar em angustia, porém também não saberia explicar o que sentia naquele momento, muito menos porque praticamente prendia Izuku junto ao seu corpo enquanto andavam apressadamente pelos corredores brancos.

Quando abriu a porta, os dois alfas que estavam lá dentro se levantaram apressados em abraçar o Todoroki mais novo, em partes os irmãos compartilhavam o mesmo sentimento, algo como uma apreensão sobre o futuro ou talvez fosse apenas saudade. Não saberiam adjetivar, muito menos era o momento ideal para isso.

- Deixa eu te apresentar, este é o meu esposo: Izuku. E este... – apontou para o albino. - É o meu irmão mais velho: Natsuo. – tratou logo de apresentar assim que se separou dos mais velhos.

- Muito prazer, eu gostaria de ter te conhecido em outra ocasião, ouvi falar muito sobre você. – tentou sorrir simpático.

- Igualmente. – reverenciou.

- Então, o que os médicos disseram? – o meio-ruivo buscou saber.

- Nada ainda, apenas o levaram para uma cirurgia e estamos aguardando desde então. – Fuyumi se pronunciou.

Era visível o cansaço no rosto dos alfas ali, provavelmente a operação já acontecia a muitas horas antes de que o ômega fosse informado, no entanto, não poderia questionar ao marido sobre isso agora.

- Boa noite, eu preciso que o responsável pelo Ministro assine a autorização para a transfusão de sangue. – um enfermeiro afobado entrou na sala, o homem de meia-idade falava tão rápido que custou a ser entendido.

- Eu assino. – Natsuo se voluntariou, sendo ele o mais velho dos irmãos. - Irão precisar que um de nós doe sangue?

- Na família de vocês há alguém que não seja lúpus? Porque o gene lupino é muito forte e com certeza causaria um choque anafilático.

- E-eu não sou, talvez possa ser considerado até mesmo recessivo. – meio sem jeito levantou a mão.

- Você está grávido! – o dicromático cortou todo o diálogo.

- Quanto a isso, não há problemas, desde que seja uma gestação saudável, mas em todo caso, temos sangue beta compatível, faremos um rápido teste, entretanto, pedirei que outra pessoa venha fazer um breve questionário com você para que fique preparado para qualquer eventualidade. – informou saindo, levando consigo a prancheta com as assinaturas.

- Você não precisa fazer isso. Ele não merece nada vindo de você. – Shouto segurou seu rosto com ambas as mãos.

- Eu sei, mas ele ainda é o seu pai, e não desejo que ele morra, apenas que pague por tudo que nos fez. – o abraçou pela cintura.

Não era como se fosse o perdoar ou algo assim, porém o esverdeado jamais negaria ajuda a qualquer pessoa, e embora pudessem o chamar de ingênuo ou inclusive se aproveitar de sua bondade, ainda assim não mudaria isso de forma alguma. No fim, fora mesmo necessário que o ômega doasse sangue e enquanto era levado para se alimentar na cantina do lugar, tiveram o informe médico de que o lúpus ruivo já estava fora de perigo, restando apenas aos quatro irem para casa e aguardar lá.

Todoroki Enji ainda seria o assunto mais comentado do país durante dias, e sendo suspeito de inúmeras acusações, obviamente não poderia receber visitas e ficaria sob vigia policial 24 horas por dia. Entretanto, Shouto precisava daquilo, necessitava encarar aquele homem na mesma situação que tantas vezes ele tinha visto pessoas que amava, por isso, pediu que seus irmãos o ajudassem nisso, e lá no dia seguinte estava ele, pronto a entrar naquela sala.

- Feliz, Shouto? – a voz baixa e rouca se pronunciou. - Veja o que você causou a mim e a nossa família, estamos sendo perseguidos por causa do seu casinho com um ômega medíocre. – nem mesmo com as pernas imobilizadas e o tubo de oxigênio, ele deixava a pose altiva.

- Não, você está sendo perseguido e você causou isso a nossa família, no momento em que fez o que fez a minha mãe. – mantinha o tom frio, por mais que se segurasse para não terminar de matar o próprio pai ali mesmo antes que algum guarda na porta pudesse intervir. - Isso não é nem um décimo do que você fez o Izuku passar e ainda assim, o ômega medíocre que você chama, salvou a sua vida ao doar sangue a você.

- IMPOSSÍVEL! – berrou tão forte que fez as janelas estremecerem. - Quem autorizou colocarem esse sangue imundo em mim? Eu preferia estar morto. – um sorriso quase macabro surgiu no rosto do lúpus mais novo.

- Não, você vai viver, e vai lembrar todos os dias disso, enquanto apodrece sem ver o sol. – se virou para sair.

- Eu tenho muito poder ainda, Shouto, posso acabar com essa sua alegriazinha em um estalar de dedos. Meus contatos são muitos. – ameaçou.

- Eles também vão cair, um por um, a começar por aquele seu amigo nojento da Polônia, aguarde e verá. E, Enji, eu lhe desejo muitos anos de vida, porque morrer seria muito brando para tudo que você já fez.

[...]

Ninguém saberia explicar, era uma sensação repleta de liberdade e contentamento. Sentia que poderia finalmente dormir por uma semana ao lado do esposo e filhos, relaxar de uma tensão que parecia ter pairado sobre seus ombros a sua vida toda. Bem, não era como se Shouto nunca tivesse se divertido de verdade ou pensasse os sete dias na semana sobre essa prisão psicológica que vivia. Não, ele tinha seus momentos, longos dias na verdade, principalmente nos últimos anos ao lado do seu companheiro.

Como Izuku lhe fazia bem. Só de pensar no seu esposo em casa já lhe rendia um grande sorriso que precisava conter a qualquer custo, ainda mais sabendo que enfrentaria novamente uma horda de repórteres na entrada do hospital, mas de qualquer forma, isso não limitava seu contentamento, sua família finalmente poderia seguir de forma tranquila.

Eram tantas coisas que se passavam por sua cabeça, sabia que ainda teriam um longo julgamento e investigação pela frente, contudo, não conseguia evitar pensar em como seriam seus dias ali para frente. Nossa, ele era um desempregado e nem queria imaginar como estariam os bens dos Todoroki’s dali em diante. Certamente todas as contas já estariam congeladas e sentia um enorme pesar de que a rede de escolas de Fuyumi sofressem uma queda nas ações. Infelizmente o país em que viviam, ainda relacionava tudo ao nome familiar, mesmo que a pessoa fosse comprovadamente livre de envolvimentos.

E Izuku? Sua livraria também seria afetada? Esperava que não, mesmo sabendo que todos tinham conhecimento de quem seu ômega era, ainda mais depois do escândalo que o próprio lúpus causara na inauguração. Tentaria não pensar nisso, sabia bem que seu esposo era um rapaz muito esforçado e que independente do que acontecesse, eles dariam um jeito nisso. Juntos. E agora sem qualquer receio.

Foram ao redor de quase dez dias, até que Enji fosse liberado clinicamente para começar os depoimentos, embora ele alegasse que não se sentia em condições e que inclusive o médico que lhe atendia ter atestado isso, uma nova equipe médica da polícia entrou no caso, eram os responsáveis pelo paciente e por coletar os depoimentos na presença de outros investigadores. E segundo o contato de Fuyumi, tudo que havia sido encontrado em computadores particulares na casa do alfa, eram provas mais que suficientes para que ele pegasse pelo menos uns vinte anos, isso a parte do assassinato e tentativa de assassinato contra Izuku.

Também foram descobertos uma lista infinita de pagamentos, subornos ou doações suspeitas que encadearam uma operação ainda maior. O problema é que haviam muitos nomes conhecidos nessa lista, desde famosos da mídia à grupos de mafiosos e com certeza eles não estariam contentes nesse momento. Contudo, eles preferiram não se envolver, aguardavam apenas as datas para prestar depoimentos e nada mais. Aquela família já havia passado por muita coisa e mais do que nunca, não viam a hora daquilo tudo acabar de vez.

- Você tem certeza que já pode tirar? – todo apreensivo, indagava ao médico.

- Claro, seu ômega teve uma recuperação muito boa, podemos remover o gesso hoje, mas ainda precisará ficar mais uns dias com a tipoia e evitando o máximo de esforço até começar as fisioterapias. – assegurou.

- Ainda bem, eu não aguentava o tanto que isso coça. – reclamou o esverdeado.

O gesso que um dia foi branco, agora era coberto de desenhos dos seus filhos e de certa forma era quase triste se desfazer dele, mas já tinham fotos dos garotos pintando aquilo suficientes para umas duas vidas.

- Mas é sem esforços, Todoroki-san. – alertou novamente. - Seu marido me disse que você já estava tratando de cozinhar esses dias.

- É que me deu saudade, sabe. – sorriu amarelo. - Mas eu entendo que é melhor estar em perfeito estado primeiro para não ter problemas depois. Eu quero estar bem para quando o bebê nascer segurá-lo no colo. – acariciou o ventre sem volume suficiente, levando um sorriso discreto para os lábios do lúpus.

Essa era mais uma razão para seguirem em frente, eram novos e superariam tudo por seus filhos, se esforçariam por eles.

- O Natsuo-san, está ficando na casa da Fuyumi-san, não é? Por que ele vai se mudar hoje? – interrogou enquanto assistia o clínico cortar o gesso.

- Sim, ele disse que não aguenta mais ela lhe enchendo de regras ou algo assim. Mas acho que só é implicância dos dois, eles sempre foram dessa forma.

- E vai ficar tudo bem com ele sozinho na casa do seu pai?

- Bom, ele que insistiu. Tem os empregados lá também, mas aquela casa era da minha mãe, sempre foi, tudo lá foi escolha dela, então acho que é por isso que ele pretende voltar para lá, se bem que acho que ele deva mudar alguns coisas. – explicou.

- Entendo. Os meninos gostaram muito deles, quer dizer, depois que se acostumaram. – sorriu ao lembrar.

- Também pudera, ele aparece como um louco, logicamente que as crianças iriam se assustar.

- Seu irmão tem muita energia, eu gostei disso, foi a primeira vez que eu vi o Mamoru cansar antes da hora de ir dormir.

- Verdade, mas ele... – não concluiu a sentença, seu celular começou a vibrar.

O número desconhecido lhe enviando más sensações, era sempre assim, uma ligação estranha e algum fatídico acontecimento. E novamente isso se provava um fato, quando a voz de uma mulher desconhecida lhe informou que deveria se dirigir ao hospital onde seu pai ainda se encontrava internado.

Suspirou pesadamente, antes de dizer a Izuku sobre o conteúdo da ligação, aguardando apenas que o médico terminasse todo o processo para a liberação do ômega. Estava estranhamente calmo, tinha certeza que seus irmãos estavam bem, seus filhos da mesma forma, assim como seus amigos. Era o que lhe importava.

- Shouto! O nosso pai, o nosso pai, ele está morto! – a alfa quase desabou em seus braços, soluçando de forma descontrolada, assim que o caçula entrou naquela conhecida sala de espera.

Ele não sabia o que dizer, por mais que estivesse surpreso, ao encontrar o olhar de Natsuo, soube que o irmão se sentia igualmente confuso, lamentava que Fuyumi estivesse naquele estado e talvez esse fosse seu maior desconforto no momento.

- O que aconteceu? – Izuku.

- Ele foi assassinado. – mesmo receoso preferiu não omitir nada dos mais novos. - Cortaram a língua dele e lhe perfuraram os pulmões, provavelmente morreu afogado no próprio sangue e sem conseguir pedir ajuda. – o ômega levou as mãos a boca, se sentando em seguida completamente desconfortável.

- E os guardas na entrada? As câmeras no corredor? – o bicolor indagou usando o mesmo tom neutro que o irmão.

- Eles estavam desacordados e as imagens deletadas, a polícia suspeita que seja queima de arquivo.

- Suspeita, né?

- Parem de falar nisso, não é o momento, era o nosso pai! – a quase albina exclamou. - Eu sei de tudo que ele fez, mas não me façam pensar que se tornaram tão frios quanto ele. – voltou a chorar, levando os homens a se encararem.

- Vai ficar tudo bem, querida irmã, vai ficar tudo bem. – afagava as costas da alfa, enquanto o mais velho dos Todoroki’s lhe sorria em empatia, esperando mesmo que tudo ficasse bem.

[...]

Três meses haviam se passado, os jovens já haviam recebido uma parte da herança familiar, mesmo que a maioria dos bens ainda estivessem congelados pela justiça. No começo não fora fácil para nenhum deles, o assédio midiático fora enorme, e mesmo que tentassem não se envolver, acabaram tendo que prestar depoimentos e entrevistas, embora a equipe de assessoria da escola de Fuyumi tenha cuidado da maior parte dos problemas.

Izuku ficou ainda mais tempo afastado do trabalho, mesmo depois de já ter recuperado quase completamente os movimentos de ambos os braços, apenas sentindo algum desconforto caso pegasse muito peso – coisa que não podia pela gestação – ou se repetisse o mesmo movimento muitas vezes, como quando tentava fazer alguma massa de suas receitas. Por esses motivos, aquele era um dia especial.

Quase não tiveram tempo entre os amigos ou familiares, muito menos conseguiam se encontrar com frequência, então ali estavam todos, para a reinauguração da livraria onde o ômega era socio. Dessa vez, o evento era completamente fechado e particular, não iriam se promover ou algo do tipo, apenas comemorar que as coisas estavam mais tranquilas e pareciam se encaminhar no rumo certo, além de finalmente poderem abrir a cafeteria de novo.

- Por que um bolo? – o lúpus heterocromático estranhou, enquanto ajudava o esposo a segurar as crianças para que o ômega pudesse dizer algumas palavras.

- Por que não um bolo? – sorriu para o marido, que lhe encarava com a sobrancelha arqueada. - Bem, eu não sou de falar muito e sempre fico nervoso quando faço isso em público.

- Eu tenho uma fita da primeira apresentação da escola dele, vocês iriam morrer de rir.

- Mãe! – começou a sentir uma vergonha absurda só de lembrar.

- Aquela que ele tá de pequeno príncipe? – o alfa loiro tentou puxar pela memória.

- Sim! Essa mesma! – a esverdeada confirmou.

- Não acredito que a senhora mostrou isso ao Yagi-san. – suspirou insatisfeito. - Isso não vem ao caso e nem adianta pedir que não vou mostrar a vocês.

“Quando eu descobrir como faz, eu mando no grupo”. Ainda pôde ouvir sua mãe dizer antes de continuar.

- O que quero dizer, é na verdade um grande obrigado. – reverenciou a todos. - Eu não seria ou estaria aqui hoje se não fosse pela amizade de vocês, o apoio que sempre me deram me fez considerar a todos como parte da minha família, eu nunca saberia expressar a gratidão que tenho por terem cuidado de mim até aqui. – começou a se emocionar e quem perguntasse, não era o ômega chorão de sempre, eram apenas os hormônios da gravidez.

- Que isso, nós sabemos que o Deku-kun faria a mesma coisa por nós. – a morena foi a primeira em responder.

- Sim, nós é que temos que agradecer, já estava ficando difícil aturar o Todoroki-san. – Momo brincou.

- Bom, é verdade que a pessoa que eu mais tenho que agradecer é ao meu alfa, que se tornou meu marido tão rápido que nem consegui prever. – se virou para o lúpus. - E se alguém me dissesse que eu acabaria aceitando a proposta mais ultrajante da minha vida, com certeza eu teria me afastado com mais afinco ainda do que tentei me afastar desse homem aqui ao meu lado, mas, meu amor, eu quero te agradecer. Sei que você se culpa por ter me envolvido nisso tudo, só que eu quero que saiba que nunca me arrependi e nunca irá acontecer, porque você me deu bem mais do que apoio ao não desistir de mim, você me fez me descobrir uma pessoa amada e me deu uma família. Por isso, esse bolo é para você, porque hoje fazem três anos que você entrou naquela livraria e mudou meu mundo.

Enquanto o mais baixo se esticava para deixar um singelo selar nos lábios do companheiro, os pequenos se agarraram as pernas de Shouto dizendo que queriam comer do doce, nem ligando para os aplausos da pequena plateia ali.

- Eu posso? – se referia a servir as crianças.

- Claro, é seu. – sorriu em completa expectativa.

- Rosa? – estranhou assim que puxou a primeira fatia.

- Parabéns, meu amor, vamos ter uma menina. – não conseguiu esconder o sorriso enquanto seu rosto banhado por lágrimas era segurado ternamente pelas mãos grandes do alfa e seus lábios eram cobertos com beijos emocionados.


Notas Finais


Aaaaah gente, eu nem sei o que dizer, tô com vontade de chorar, mais um bebê meu acabou. Não sei se agradou a todos o desfecho, mas tentei o meu melhor.

Eu tenho que agradecer tanto a vcs, que se tornaram mais que leitores pra mim, me dando apoio e carinho em várias etapas nesse mais de um ano de jornada, nem tenho palavras, foram tantas vezes que vcs me fizeram chorar.

Tenho um extra pela metade, porque sou a favor de mostrar a história um tempo depois, acho uma maldade quando os autores deixa a cargo da imaginação da gente. Então não vou me prolongar aqui. Nos vemos no extra, não vou demorar a trazer.

Bjs, até a próxima!


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