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História Ações sem Sentido - Capítulo Único: Um para Baekhyun


Escrita por: unravels

Notas do Autor


Hey! É a primeira vez que eu posto aqui nessa categoria e, nossa, nervosismo. q
De qualquer jeito, espero que vocês gostem!

(Um dia eu faço uma capa decente pra isso aqui. Um dia.)

Capítulo 1 - Capítulo Único: Um para Baekhyun


Eu estava, acima de tudo, entediado.

As notificações em meu celular estavam tão movimentadas e populosas quanto o deserto do Saara, o wi-fi de casa estava tão ruim que eu nem conseguia logar direito em um jogo online sem este cair e Kyungsoo, meu amigo que deveria estar aqui, havia me abandonado para ir à alguma espécie de evento em que seus pais lhe obrigaram.

Baekhyun — 0. Tédio — 1.

E foi justamente devido ao fato de naquele dia eu não possuir nada ou ninguém em casa para me distrair, somente o meu irmão mais velho, que era a mesma coisa do que absolutamente nada, eu tive que recorrer à minha última carta na manga; meu plano de emergência que eu poderia ainda confiar; carta que possuía nome e sobrenome.

O cidadão de um metro e oitenta e cinco de altura que agora adentrava o meu quarto era nada mais e nada menos do que Park Chanyeol, o meu melhor amigo. Nós nos conhecíamos antes mesmo de eu puder ser considerado gente, não como se eu já exatamente fosse, mas uma coisa de muitos anos mesmo. Devo dizer que é importante citar que, em algum momento dentro dessa linha de tempo, o gigante idiota adquirira o hábito de me deixar mal acostumado e resolvera nunca mais parar. Digo, é normal quando você está ao lado de uma mesma pessoa há muito tempo querer vê-la feliz e facilitar que isso aconteça diariamente, mas no meu caso e do Park, aquilo tudo havia passado para um nível diferente há muito tempo.

De verdade, eu não conseguiria dizer quantas vezes ele já pagou seja lá o que fosse para mim quando eu possuía dinheiro e não havia necessidade, me acompanhou até eu chegar em casa de noite mesmo que ele morasse um pouco quanto longe ou fez as minhas outras vontades espontâneas que eu falava quando eu estava somente brincando.

E eu, ainda naquela época, apenas não entendia o porquê disso tudo.

Chanyeol andou até a janela fechada, e antes que eu pudesse ao menos protestar contra, abriu as cortinas por completo, dando permissão livre para a luminosidade preencher o ambiente escuro que estava o quarto. Instantaneamente senti os meus olhos queimarem com o contato, e juro que se eu tivesse qualquer resquício de força de vontade naquele momento, eu teria, sem dúvida alguma, arremessado o meu travesseiro ou algo mais violento como os meus tênis em sua face. Mas eu não tinha.

Então, é, tanto faz.

Chanyeol disse algo sobre um drama, e eu tive certeza de que assistiríamos um assim que o vi caminhar até o suporte onde ficava a televisão de tamanho médio que eu havia roubado de meus pais quando os mesmos trocaram a da sala de estar, e o meu adorado e precioso videogame qual eu não vivia sem. Ele conectou o seu notebook ao aparelho, e não demorei nem um segundo para identificar o que estávamos prestes a assistir; o meu dorama preferido. Eu poderia ter chorado e gritado de emoção ali mesmo. Eu estava há séculos tentando convencê-lo a assistir um comigo, mais especificamente esse, todavia, ele nunca pareceu apreciar essa forma de arte que eram os dramas assim como eu, então sempre recusava os meus inúmeros convites. Enquanto eu encontrava minha fonte de diversão em derramar algumas lágrimas e torcer pelo casal mergulhado no romance fictício e pouco realístico da vez, Chanyeol gostava de ver animes com sangue demais, mortes demais, monstros demais, gore nojento demais e vários outros elementos que não me agradavam nem um pouquinho.

— Nossa, você ‘tá péssimo. — disse, enquanto retirava os tênis de ambos os seus pés. — Quando disse que tava morrendo não achei que fosse ser mesmo verdade.

O Park então invadiu a minha cama sem permissão ou convite algum, me fazendo ir para o lado contra a minha vontade para ele depositar as suas pernas quilométricas praticamente em cima do meu pobre corpo. Se uma característica de Chanyeol também deveria ser destacada, além da sua obsessão por mimos, era que ele não sabia respeitar os limites do espaço pessoal de uma pessoa. Não, não era que ele não sabia respeitá-lo, acho que nem sequer o conhecia. Porque, caso conhecesse, iria consequentemente o poupar e nos poupar de várias situações embaraçosas e estranhas que infelizmente eu tinha de presenciar, e na maioria das vezes, também protagonizar. Como por exemplo quando ele resolvia me abraçar de súbito. Em grande parte das vezes eu não costumo reclamar, até mesmo porque eu sempre fui carente demais para recusar um abraço sendo oferecido de graça, e por Chanyeol ser quatro vezes maior é bom, entretanto, para tudo existem exceções, e com elas, esse tipo de coisa pode parecer devidamente imprópria em determinados contextos.

Caso duvide de mim, apenas imagine você, na frente de todos aqueles seus familiares que você vê somente uma vez por ano, e que até encontrá-los nem mesmo por um segundo eles cruzam a sua mente. Imaginou? Certo. Agora imagine eu, meus pais, o meu irmão mais velho e Park Chanyeol em um desses encontros de família. — que o gigante só estava presente para cumprir a sua função de pague um e leve dois comigo, porque não havia motivo nenhum para ele estar junto, diga-se de passagem. Estava tudo indo do jeito que deveria ser, até que o sujeito resolve, sem fundamento algum, demonstrar o afeto gigantesco que guarda por mim para toda a minha família, me presenteando com um daqueles abraços que você provavelmente encontra aos montes em webséries LGBT na internet. Consegue visualizar o resultado? Pois eu consigo muito bem; levei uns vinte minutos para convencer aquelas pessoas de que não, nós não estávamos namorando e que sim, nós dois éramos apenas melhores amigos. Em contradição, até hoje a minha avó acha que estamos juntos, e toda vez que ela vê Chanyeol, ameaça ele dizendo para nós não nos divorciarmos assim como ela e o meu avô fizeram em nosso futuro casamento.

Eu já até tinha desistido de desmentir tudo aquilo. É o quê dizem, fazer o quê?

E naquele mesmo instante ele colocava em prova a nossa intimidade de anos, me fazendo basicamente deitar sobre o seu corpo, visto a falta de aconchego em minha cama minúscula, e também à Lei de Newton que dizia que dois corpos não ocupam o mesmo espaço. Não que eu tivesse prestado atenção nessa aula, não sou tão nerd assim. Coff.

— Idiota. — resmunguei, arrancando uma breve risada do outro enquanto eu tentava me aconchegar entre um de seus braços. Ele estava tão quentinho e confortável que nem protestei quando começou a passar os dedos entre os fios de meu cabelo.

E eu odiava quando mexiam em meu cabelo. Tá, talvez eu não odiasse tanto assim, mas sempre que eu via o meu irmão, Baekbeom, e a sua namorada nessa mesma posição quando eu era menor, — o que não era agradável — ela falava que o seu cabelo ficaria oleoso rapidamente se ele continuasse, e isso me traumatizou desde então. Como assim surge óleo no cabelo do nada? Ela deve estar errada. Não está surgindo!

Já havia passado um determinado tempo, e o casal estava agora brigando. Estava sendo cada vez mais difícil segurar a minha tristeza interior e não acabar em lágrimas assistindo aquilo. Não que eu sentisse vergonha ou algo do tipo, muito por o contrário, Chanyeol já havia me visto naquele estado e em piores muitas vezes para eu sentir qualquer tipo de acanhamento. E enquanto a mocinha fiel seguidora dos padrões de beleza coreanos encarava o céu tristemente e uma música que eu tinha já baixado ilegalmente antes tocava ao fundo, eu sentia a primeira lágrima prestes a escorrer de meus olhos. E antes que ela pudesse fazer o mesmo, algo, felizmente, impediu-a.

Um ronco mais alto impossível vindo do estômago de Chanyeol.

Não aguentei e caí na gargalhada, o que não foi muito inteligente, admito, pois no segundo seguinte eu estava tossindo desesperadamente como se minha vida dependesse disso. O idiota deu tapinhas em minhas costas, como se aquilo fosse adiantar alguma coisa e ficou parado, me encarando como se eu não estivesse quase morrendo asfixiado bem em sua frente.

— Você ‘tá bem? — perguntou assim que minha crise de tosse cessou, e eu pude enxergar claramente em sua expressão que ele segurava o riso, mordendo seus lábios.

Park Chanyeol rindo de minha desgraça, o que há de novo, mesmo?

— Se você não contar que eu quase morri engasgado com o ar momentos atrás, o otp não fica junto no final e que você ‘tá rindo de mim, ah, eu ‘tô bem sim. ‘Tô ótimo.

— Olha só quem diz, quem ‘tava rindo de mim é você mesmo. — retrucou, e eu até ia responder, mas uma segunda tosse me impediu que fizesse o mesmo. Visto que eu não iria responder, ele continuou, sem antes se espreguiçar. — Baek, eu ‘tô com fome.

Fiz um joinha com uma das mãos, e ele fingiu dar um soco em meus dedos.

— Vai pegar algo ‘pra comer, . — dei os ombros, recebendo um olhar de desaprovação. — Você sabe o caminho, Chanyeol, sinta-se em casa. Além do que, eu não estou em condições para levantar de minha cama nesse momento.

— Ah é? O que está lhe incomodando então, vossa majestade? — perguntou, irônico.

— Contaminação do sangue via tédio. Anda, vai logo. — o enxotei da cama.

O grandão bufou, provavelmente conformando-se que havia perdido, e eu sorri em sua direção ao mesmo tempo em que piscava um dos olhos, vitorioso, sem deixar de pedir para ele trazer algo para mim. Ele balançou a cabeça para os lados, em negação, e se pôs para fora do quarto, desfilando com as suas meias coloridas que não faziam parte do mesmo par. Passei a mirar a tela em minha frente e ri da expressão terrível do ator ao pausar o vídeo, que parecia até eu quando alguém — Chanyeol e Kyungsoo — tirava uma foto minha sem eu ver. Peguei o meu celular, que até então se encontrava completamente esquecido entre os diversos lençóis ao meu redor, somente para confirmar que já era final de tarde. Vi que o aparelho mostrava uma nova notificação com o nome de Kyungsoo, mas nem fiz questão de ver; ele me abandonou e era provavelmente o meu amigo reclamando do evento e de sua vida e, honestamente, de reclamar da vida já não basta eu mesmo no momento. Meus olhos vagaram pelo quarto até pararem em um ponto em específico; a mochila aberta de Chanyeol.

Estiquei o meu corpo até conseguir alcançá-la, colocando em seguida ela em meu colo em cima da cama. Suspirei decepcionado ao encontrar somente o seu próprio celular e a sua carteira dentro da mochila imensa, além do notebook que já fora antes retirado. Às vezes Chanyeol colocava uns chicletes em sua bolsa, e eu sempre os roubava quando ele não estava olhando. E se ele reclamasse depois, eu só dizia que ele era desastrado demais e perdia os chicletes. Chanyeol nem duvidava de minha alma maligna. Eu estava pronto para colocar a sua bolsa de volta em seu lugar, quando o aparelho repentinamente brilhou em minhas mãos. Tive de coçar os meus olhos devido ao brilho excessivo; nunca entendi como ele gosta de deixar a tela no brilho máximo, aquilo é uma verdadeira arma de danificação de visão. Assim que meus olhos entraram em foco mais uma vez, consegui ver o nome do Do novamente. Desesperado por atenção. Ri do meu próprio pensamento maldoso com meu amigo, mas logo parei ao ver que ele mencionava meu nome em uma das mensagens.

O Baek é fácil, eu não de duvido nada.”

 Limpei a garganta, ofendido, do mesmo jeito que faria caso ele estivesse ao meu lado agora. Então quer dizer que Do Kyungsoo me chamava de fácil pelas minhas costas?

Desbloqueei o celular de Chanyeol facilmente por já ter presenciado o mesmo desbloqueá-lo em minha frente inúmeras vezes, decidido que iria descobrir sobre o que falavam.  Contudo, hesitei por um instante. Isso fazia mesmo sentido? Espionar as mensagens dos outros era uma verdadeira sacanagem, além de ser invasão de privacidade. Mas eles estavam falando sobre mim! E pior ainda, falando sobre eu ser fácil! Tenho direito de saber, não tenho? Além do que, Chanyeol sem dúvidas faria o mesmo se a situação fosse o contrário, eu conheço o tipinho. E seguindo essa mesma linha de pensamento, cliquei no ícone do aplicativo de mensagens que indicava a nova notificação, tampando com os meus dedos livres todas as conversas antes de entrar na que eu desejava. Eu não era tão podre assim. Bem, aqui vamos nós.

Então, o que eu vi em seguida foi mais do que suficiente para fazer meus olhos dobrarem de tamanho e a sensação de choque tomar conta de todo o meu corpo.

Não. Simplesmente não.

Soltei o smartphone contra o colchão com força demais, de modo em que eu não conseguisse mais ver a tela, sentido o meu rosto e principalmente minhas bochechas queimarem em vergonha, desacreditado. Levei minhas mãos até meu rosto, sem saber o que fazer ou como reagir e respirei fundo. Devo ter passado um bom tempo encarando as paredes, pois quando peguei o seu celular de volta, acanhado, apenas para sair do aplicativo e guardá-lo novamente, vários minutos já haviam passado. Recusei-me a ler mais daquela conversa, o pouco em que meus olhos conseguiram captar nos primeiros instantes já foram muito mais do que autoexplicativos.

“Você é apaixonado por ele há mais de quatro anos. Quatro anos! Se você não fizer nada, ele vai acabar arranjando outra pessoa e você vai só acabar mais desiludido do que já é. Ele não vai ficar solteiro pro resto da vida só porque você gosta secretamente dele, e você sabe disso, Chanyeol. Além do que, tenho certeza de que ele gosta de você também, só não percebeu ainda. O Baek é fácil, eu não duvido de nada.”

Chanyeol era apaixonado por mim? E pior, há mais de quatro anos? Impossível. Houve uma época em que eu jurava que ele amava com todas as suas forças uma garota do clube de música em que ele participava, e isso nem faz tanto tempo assim! Mas isso não justifica nada, se fosse mentira, ele teria negado, o que não é o nosso caso.

Um som subitamente me tirou de meus devaneios.

Consegui ver o Park passar pela porta de madeira, me olhando estranho provavelmente devido a minha expressão naquele momento, e ainda assim eu não consegui reagir. E não, não é drama demais de minha parte, dessa vez; é chocante você descobrir que o seu melhor amigo de toda a vida nutre uma paixão por si há tanto tempo, e é mais estranho ainda quando estamos falando de nós dois. Se não fosse pelo dia em que eu resolvi ir a uma festa com as pessoas de meu colégio para tentar me enturmar anos atrás eu provavelmente ainda seria bv, e honestamente falando, eu não conseguia imaginar de jeito algum um ser vivo possuindo qualquer sentimento romântico por mim. Soava improvável demais nesse ponto de minha vida. Eu não saio de casa direito, não faço nada do que a maioria das pessoas de minha idade acham comum fazer, não tento ter mais relações além das que já tenho, estou sempre me envergonhando sozinho dia após dia e nem sei o que exatamente é a minha sexualidade. O relacionamento mais forte que já tive foi com Chanyeol. Sempre foi Chanyeol. E pensar que ele me via de um jeito diferente do que eu acreditava ser era simplesmente inacreditável. Tantas pessoas melhores que eu vivendo no mundo ao mesmo tempo e ele vai se apaixonar por mim? Justamente por a minha pessoa? E agora fazia todo o sentido; os carinhos, os mimos, a atenção extra e toda aquela afeição que ele sempre fazia questão de demonstrar por mim. Era tudo diferente.

E foi com esse pensamento que eu fiz provavelmente uma das coisas mais imbecis e sem sentido possíveis que eu tinha para pensar em fazer. Pelo menos, naquele dia, aquilo não pareceu ser.

Eu comecei a chorar.

Chorei como um recém-nascido ensanguentado chora ao nascer. Não, chorei como provavelmente choraria caso o otp se tornasse real, porque o primeiro exemplo é gráfico demais mesmo para esse momento de tensão. Só fui me dar conta da merda que estava fazendo quando olhei novamente na direção do Park e o encontrei em seu estado natural de desespero. O idiota largou a garrafa de refrigerante e o pacote de pipoca quente em cima de todas as minhas apostilas — se eu não tivesse outras prioridades naquele momento ainda brigaria com ele por isso — e veio como uma bala para onde eu estava para tentar me consolar. E não, ele me abraçar lateralmente de leve e perguntar o que havia acontecido todo preocupado não me consolou nem um pouco; apenas me fez chorar mais histericamente ainda. E acho que ele deve ter percebido isso, pois passou a colocar mais força no abraço e afagar minhas costas.

Na real, até hoje eu não entendo por qual motivo eu estava chorando tanto assim. Acho que eu devo ter me comovido com Chanyeol ou alguma outra coisa desse mesmo gênero, mas, mais importante do que isso, algo a mais cresceu dentro de mim naquele momento. Eu não podia dizer que retribuía os sentimentos de Chanyeol e muito menos que também estava apaixonado por ele, mas mesmo que eu tenha desejado muito não ter lido a mensagem de Kyungsoo, aquela descoberta mexera comigo de um jeito que eu não sabia explicar naquele tempo. Eu ainda o via como o meu melhor amigo e ainda não acreditava que ele era realmente apaixonado por mim e não por alguma menina, mas de alguma forma, eu não queria que o Park parasse de gostar de mim e seguisse em frente. Era reconfortante de um jeito em que não deveria ser. Reconfortante de um jeito que eu só fui perceber tempos depois daquele dia.

— O que aconteceu, Baekkie? — Chanyeol perguntou baixinho, me forçando a olhar para si mesmo contra a minha vontade. — Porque você ‘tá chorando assim do nada?

Desviei o olhar, pensando no que deveria responder. Talvez eu devesse ser honesto e dizer que li a mensagem. Nós poderíamos conversar sobre o assunto. Conversar é sempre a solução nos dramas. Depois disso as personagens chegavam a um acordo qualquer e às vezes trocavam uns beijos no fim. É, definitivamente não uma opção.

— Um chef pulou a janela e começou a cortar cebola aqui enquanto você não estava olhando. — optei o caminho ser um idiota e esperar que funcione.  Mas logo percebi que não foi uma boa escolha ao ouvir a minha voz sair mais chorosa impossível.

— Baekhyun, é sério. Você ‘tá chorando pra valer. O que houve? — ele repetiu a pergunta depois de uns segundos. Olhei mais uma vez para si e o analisei por alguns segundos. Ele usou meu nome inteiro, e Chanyeol quase nunca usa o meu nome inteiro. Suas sobrancelhas estavam franzidas e os fios negros mais compridos de sua franja caíam sobre o seu rosto. Mesmo que ele seja a pessoa mais desengonçada do mundo, que ele tenha quase dois metros de altura e mesmo que as suas pernas sejam meio tortas e suas orelhas e olhos grandes demais, Chanyeol era bonito para caralho. De verdade. Qualquer um poderia facilmente afirmar isso. Se ele não andasse comigo e com Kyungsoo direto por aí, não fosse um otaku fã extremista de One Piece e não se recusasse a falar com outras pessoas que não fossem eu e o Do, eu não duvidaria nada que seria um daqueles caras legais do time de futebol do colégio, ou de alguma outra coisa legal que os adolescentes legais fazem quando querem parecer legais.

É muito legal para uma frase só.

— Não foi nada, relaxa. — menti, e agradeci mentalmente que ele não insistiu mais. O Park assentiu silenciosamente; ele sempre ficava meio chateado quando eu escondia as coisas dele. Bem, ele vem escondendo coisas muito mais importantes de mim por mais de quatro anos, então estamos quites. Pensei em dar play no drama e fingir que nada aconteceu, mas meu coração quase deu um salto mortal dentro de mim quando ele pareceu procurar algo no bolso de seu moletom. Merda. Eu sabia perfeitamente bem o significado disso; Chanyeol estava procurando pelo seu celular. Prendi minha respiração. Eu saí do aplicativo, não saí? Tudo bem. Não tem como ele saber que eu li. Não tem.

Ele se levantou para pegar a sua mochila no chão. Nesse ponto eu já sentia meu corpo inteiro mandando sinal vermelho para eu sair correndo, mas me mantive forte ao seu lado, tentando neutralizar minha expressão. Não havia necessidade de correr.

A expressão de Chanyeol ao pegar o aparelho me fez mudar de ideia.

Ele virou-se para mim tão rápido e com tanta força que não entendi como ele não quebrou o pescoço e morreu no ato. Arfei baixo, sentindo meu coração disparar dentro de meu peito. Certo, reações fora do comum. Isso não algo bom, nem um pouco bom.  

— Que foi, cara? — perguntei, usando minha voz de macho indiferente, torcendo para que eu soasse pelo menos um pouquinho mais convincente no papel.

— Baekhyun. — o Park falou seriamente, de um modo no qual eu não acreditava ser possível. Engoli em seco, assustado. — Você mexeu no meu celular? — direto ao ponto! Sem nem tentar amenizar as suas palavras para o impacto não ser tão grande!

— Q-Que? Claro que não! — gaguejei. — Dá onde v-você tirou isso? ‘Tá maluco?

Chanyeol respirou fundo e passou a mão em seu cabelo, jogando os fios de sua franja para trás. Parabéns, Byun Baekhyun, você acabou de mentir do modo mais óbvio possível em uma situação em que isso não deveria acontecer. Que bela conquista.

— Para de mentir! — ele praticamente gritou.

— Eu não ‘tô mentindo!

— ‘Tá sim! A mensagem ‘tá marcada como visualizada, idiota!

Game over. Por que a vida fora dos videogames não possuí um botão de respawn?

— Que mensagem, idiota? N-Não sei do que você ‘tá falando, Chanyeol. — tentei, em vão. Estava mais do que claro em minha voz e também em minha face que eu sabia muito bem do que ele estava falando. E ah, como eu iria gostar de não saber.

E então, outra ação sem sentido aconteceu novamente. O Park começou a chorar.

— Ei! Chanyeol! — eu falei, em uma mistura de surpresa e desespero. Pouquíssimas foram as vezes em que eu o presenciara chorando; ele sempre dizia que era forte e crescido demais para isso, secretamente tentando soar como o grupo de atletas musculosos que ele claramente não era nem um pouco parecido do nosso colégio. E foi nesse momento em que finalmente caiu a ficha dentro da minha cabeça; Park Chanyeol, meu melhor amigo, realmente gostava e estava apaixonado por mim, e estava chorando justamente porque sabia que eu havia descoberto aquele seu segredo.

Lembra-se das ações sem sentido que eu estava falando pouco tempo atrás? Sim, acredite, aconteceu outra. Uma grande. Estrondosa. Parcialmente assustadora. Colocaria qualquer plot twist, literário ou cinematográfico, no fundo do poço. Saíam do caminho Star Wars e Harry Potter, o próximo acontecimento vai lhe chocar mais do que todos esses exemplos um dia chocariam; do mesmo jeito que ele me chocou este quando aconteceu.

Em um instante Chanyeol estava em pé, chorando silenciosamente com o seu celular na mão e com certa distância de mim, e já em outro, ele estava com o corpo quase inteiro sobre o meu em cima da cama, pressionando os seus lábios contra os meus brutalmente, como se o mundo tivesse sido invertido de cabeça para baixo por alienígenas malignos e nada que a humanidade reconhece como sua fizesse mais sentido. Suas mãos prendiam meus braços de modo que seria impossível eu escapar, e eu conseguia literalmente sentir as suas lágrimas escorrendo de seus olhos. E, bom, eu tenho quase certeza de que minha mente explodiu naquele momento, pois de volta para aquela época, não existia explicação nenhuma para que eu não me afastasse de Chanyeol. Primeiro que eu ainda acreditava ser meio hétero, segundo que o Park era o meu melhor amigo e eu nunca havia tido qualquer sentimento romântico ou vontade de estar em tal situação com ele, e terceiro que aquilo tudo estava acontecendo rápido demais e eu simplesmente não sabia o que fazer. Meu melhor amigo, que era inclusive apaixonado por mim, estava me beijando enquanto chorava e eu não sabia o que fazer quando a resposta era tão óbvia.

Afastá-lo! É claro! Mas meu corpo não parecia me obedecer. Por um lado, eu não beijava ninguém além do meu cachorro há quatro e meio séculos e, assim como todos os outros, eu era um adolescente qualquer com hormônios e testosterona de sobra. Por outro, eu deveria fazer esse tipo de coisa com pessoas desconhecidas ou pessoas quais eu tivesse um histórico romântico, não com Chanyeol! Vendo que eu não parecia querer relutar contra toda aquela situação, Chanyeol acabou com o aperto excessivo em meus braços, levando ambas as mãos até a minha cintura, acariciando o mesmo local e colando seu corpo mais ainda ao meu. Nossa, simplesmente nossa. Aquilo foi de longe a melhor coisa que eu já havia experimentado na minha vida, tanto que o beijo na festa de anos atrás com a garota que eu nem lembrava mais as feições pareceu evaporar de minha vida, de tão insignificante e sem sal que pareceu perto do que acontecia naquele momento entre nós dois. Entre nós dois. Parecia tão errado quanto realmente era. Eu não retribuía os sentimentos de Chanyeol; eu estava deixando aquilo tudo acontecer porque aquilo mesmo errado era bom e eu egoísta.

Os lábios de Chanyeol pareciam mais macios e feitos para mim do que qualquer garota existente um dia possuiria quando ele os mexia daquele jeito inexplicavelmente bom sobre os meus. Egoísta, egoísta, egoísta. Eu não me importava; eu só queria mais daquilo. Enrosquei meus próprios braços ao redor de seu pescoço, puxando inconscientemente os seus fios de seu cabelo. Ele não chorava mais. Egoísta, egoísta, egoísta. Chanyeol não parecia satisfeito somente com aquilo; senti a sua língua pedindo por espaço dentro de minha boca, e eu não pensei duas vezes antes de concedê-lo. Ações sem sentido, egoísta, egoísta. Era eu quem queria mais. Empurrei-o, não para dar fim a nosso momento, e sim para me afundar mais em si. De algum jeito fui parar praticamente em seu colo, minhas pernas ao redor de seu corpo, sem separarmos nossos lábios por um segundo. Chanyeol infiltrou sua mão dentro de meu moletom e arranhou as minhas costas com as suas unhas. Aquilo foi melhor do que tudo. Chanyeol tentou tirar por completo o meu moletom. Percebi o que estava já acontecendo ali. Egoísta. Eu nunca iria me perdoar.

Afastei-me de si.

O Park abriu os seus olhos. Ainda havia indícios das lágrimas anteriores ali e os seus lábios estavam avermelhados, entreabertos, enquanto ele recuperava seu fôlego. Meu melhor amigo olhava para mim, seus olhos brilhando e um sorriso agora igualmente brilhando em seus lábios. Foi aí que eu percebi que eu era uma pessoa horrível por ter deixado isso acontecer para a minha satisfação. Eu ainda estava em seu colo, e acho que ele deve ter percebido a minha mudança de humor, pois seu sorriso morreu e os seus olhos castanhos pararam de brilhar. Eu senti como se eu devesse chorar novamente, mas eu não chorei; e isso me fez sentir um monstro pior ainda.

— Desculpa. — eu falei baixo. — Desculpa, Chan, por favor, me desculpa.

Tentei soltar-me de si, mas ele não me permitiu. Eu me recusava a olhar em seu rosto, mas eu sabia que ele havia entendido. As suas próximas palavras confirmaram isso.

— Não vá, por favor. — ele respondeu mais baixo ainda. A sua voz falhava. — Você pode me usar, Baek, não tem problema. Se for assim, por favor, me use. Eu imploro.

Ouvir essas suas palavras foi como receber um tiro no peito. Eu e Chanyeol sempre chamávamos um ao outro de idiotas, somente de brincadeira, sem colocar peso na palavra. Mas agora pensando, eu era realmente um idiota. Eu sabia que ele gostava de mim há quatro anos, que era apaixonado por mim, e mesmo assim ignorei tudo isso e dei a entender que retribuía os seus sentimentos de alguma forma, só porque estava sendo bom para mim. E ele não se importava. O Park simplesmente preferiria que eu continuasse o enganando, o usando, caso aquilo que tivemos voltasse a se repetir.

— Pelo amor, você não existe. — disse, desacreditado. — Para de falar essas coisas.

Ele me puxou novamente para si, enterrando a sua cabeça no vão do meu ombro. Eu nem reconhecia Chanyeol. O Park Chanyeol que eu estava habituado adorava me provocar, dizia que sofrer por amor era para os fracos, não sabia respeitar meu espaço pessoal, era somente um otaku excluído assim como eu, gostava fielmente da garota do clube de música e nunca que estaria apaixonado por mim, um cara, o seu melhor amigo.

Depois de um tempo ele se mexeu, sem ainda me deixar, e olhou em meus olhos.

— Acho que desde que eu te conheci eu me apaixonei por você, Baekhyun. — ele começou. Eu engoli em seco. — Eu ainda era uma criança, e ninguém da minha classe chegava perto de mim. Nada realmente diferente de hoje em dia, mas eu era alto demais para a minha idade, desengonçado demais e tinha um furão de animal de estimação. Sempre que eu tentava brincar com os outros meninos eles riam, tiravam sarro e depois saiam de perto. Com as meninas não era diferente. Eu vivia implorando ‘pra minha mãe me mudar de escola, mas ela não podia pagar por outra escola naquela época. De tanto que aquelas crianças falavam que eu era esquisito, eu passei acreditar que eu era de fato esquisito, inferior a eles. Foi assim por anos. Mas então, tão clichê quanto isso soa, você foi transferido ‘pra a minha turma, e diferente de todo mundo, passou a me defender deles, mesmo que você parecesse um anão de jardim perto dos outros meninos e de mim. E mesmo assim eu sentia como se você fosse uma espécie de herói que veio para me salvar da solidão que era a minha infância.

— Chanyeol... — tentei dizer algo que eu não sabia o que seria, mas ele interrompeu.

— Não, me deixa continuar. — ele sorria levemente. — Mas justamente por você me defender, as outras crianças passaram a excluir você também. E foi aí que nós nos aproximamos de verdade. Eu me lembro de ficarmos imaginando planos impossíveis de como nós nos vingaríamos no futuro dos nossos colegas todo dia no parquinho, de como nós dois fingíamos que nós éramos os donos do mundo, que nós expulsávamos todos eles da Terra e os jogaríamos no espaço. Você foi o primeiro amigo que eu tive, e eu te admirava de um jeito inimaginável. Mas nós crescemos, continuávamos sendo os excluídos e a ideia de sermos os donos do mundo não parecia nem um pouco mais considerável. Foi um tempo horrível, nós brigávamos a cada segundo pelas coisas mais idiotas possíveis. Você queria se enturmar e eu não queria nem chegar perto de pessoas que não tivessem o nome de Byun Baekhyun.  Por isso, nós brigamos de verdade e nos afastamos. Eu pensava que logo nós iríamos nos reconciliar, e você iria desistir daquela ideia louca de tentar ser o típico adolescente cheio de amigos. Mas essa briga durou meses, e o máximo de palavras que trocamos nesse período foi para resolvermos os trabalhos escolares e coisas do gênero que resolvemos fazer juntos, como sempre, antes da briga. E foi na falta de você que eu percebi que o que eu sentia não era o que um amigo deveria sentir pelo outro. — Chanyeol suspirou, e isso me fez perceber que estive prendendo minha respiração desde o início de sua fala.

— E eu fiquei completamente sozinho. Nunca te culpei, apesar de você ter sido um babaca comigo. Nós dois éramos novos demais no aspecto sermos adolescentes e fazíamos merda atrás de merda. E eu gostava demais de você para te odiar. O seu plano estava dando certo, e você até chegou a ser convidado para uma das festas que eles faziam, e eu fiquei sabendo que você beijou uma menina nela no dia seguinte. Sempre que falavam do novo você, também falavam de mim, o nerd esquisito que não servia nem ‘pra tentar se adaptar ao ambiente escolar quando o seu melhor amigo ex nerd esquisito resolvia fazer a mesma coisa. No meio de tudo isso, eu conheci o Kyungsoo. Ele nunca foi nerd e nem esquisito como nós dois éramos e nem chegou perto de preencher a falta que eu sentia de você, mas ele me ajudou ‘pra caralho, e foi o amigo que eu precisava. Tudo seguiu desse mesmo jeito por mais tempo ainda. Você andava com o grupo de caras considerado legais do colégio e eu andava com Kyungsoo enquanto me lamentava ‘pra ele que não conseguia te superar de jeito nenhum. Não foi difícil ‘pra ele perceber que eu gostava de você, e acho que se nós não tivéssemos nos separado você também perceberia em algum ponto.

Pisquei os olhos diversas vezes. Eu não fazia ideia de nada disso que ele me contava.

Absolutamente nada.

— Também não foi difícil adivinhar que logo o seu plano falharia. Mesmo de longe e mesmo sem Kyungsoo te conhecer como eu conhecia, nós conseguíamos ver com clareza que você não se encaixava naquele meio, mesmo que você forçasse isso. Mais tempo passou, e Aquele Dia chegou. Honestamente, tirando as vezes em que perco no LoL, acho que nunca fui tão humilhado quanto eu fui Aquele Dia. Você sabe a sequência e como os acontecimentos foram, mas você não sabe como eu me senti. Era normal as pessoas daquela escola ainda me provocarem, como ainda é quando eles não tem nada para fazer, mas aquilo passou dos limites. Mas, para a minha surpresa, você me defendeu. Assim como quando nos éramos crianças, você deu as costas para os outros e ficou do meu lado. E isso foi a confirmação que o meu cérebro e o meu coração precisavam ‘pra me apaixonar mais ainda por você. — ele sorriu.

— Nós finalmente nos reconciliamos, e era como se nós tivéssemos voltado no tempo. Os planos impossíveis contra os nossos colegas continuavam, mas dessa vez eles eram parcialmente mais agressivos. Kyungsoo levou um tempo para te aceitar, mas logo tudo estava do jeito que eu desejava. Nós não nos ignorávamos e eu te tinha de volta como se nada tivesse acontecido. Mas eu ainda era apaixonado por você, e por outro lado, você me via somente como o seu melhor amigo e nem sonhava que eu podia nutrir tais sentimentos desses por você. E foi assim até hoje, que após o Do me mandar a mensagem falando que eu deveria me confessar, você descobriu, e agora eu estou te contando a história toda, desde o início, e me confessando para você propriamente, como deveria ter acontecido. Baekhyun, eu te amo e sou sim completamente apaixonado por você, por muito mais que quatro anos. Sei que não retribui esses sentimentos, e só deixou eu te beijar depois de um surto de tristeza meu após você descobrir porque você é tão carente por carinho quanto eu sou. É isso.

Eu não sabia explicar exatamente o motivo, mas meu coração parecia estar soltando fogos de artifício de mim de tão forte que ele batia após eu escutar calado todas essas coisas que saíram tão naturalmente da boca de Chanyeol. Eu queria tanto conseguir responder qualquer coisa naquele momento, qualquer frase que colocaria em palavras o que passava dentro de mim, mas eu não conseguia. As suas últimas palavras ecoavam repetidamente na minha cabeça, sem um fim. Foi a minha vez de suspirar.

Após pensar, levei a minha mão timidamente até a sua, entrelaçando os nossos dedos e fechei os olhos. Eu não era nem um pouco corajoso a ponto de olhar em seu rosto em momentos como esse assim como ele era. Eu era somente o Baekhyun. Só.

— Você sabe que você merece muito melhor do que eu, não sabe? — perguntei, ainda sem olhar. — Não entendo porquê você foi se apaixonar por um lixo humano como eu. Tanta pessoa melhor no mundo. Tanta pessoa que apreciaria você melhor.

Nah, nah. Honestamente, eu acho que nós na verdade combinamos. — o Park respondeu. — Você é o lixo humano e eu sou a lixeira. Eu sou destinado a você.

Então, eu abri os olhos. Encarei a sua face por alguns segundos, sem acreditar no que eu acabara de escutar, e percebi o quão sério e confiante ele parecia quanto a aquela metáfora ridiculamente boa como se fosse a coisa mais inteligente que ele já falara.

E então, eu caí na gargalhada. E ele me acompanhou.

Nós rimos tão forte que nem parecia que há pouco tempo atrás eu estava chorando porque vi que ele gostava de mim, que depois ele viu e também chorou porque eu sabia que ele gostava de mim, que nós de alguma forma acabamos atracados uns no outros por um longo — e bom — tempo e que logo em seguinte ele me confessara as palavras mais bonitas que alguém provavelmente já me dissera na minha vida toda. Mesmo depois que os nossos risos cessaram, eu não conseguia parar de sorrir.

Reunindo toda a determinação e coragem que eu ainda mantinha dentro de mim e ainda com os seus dedos entrelaçados fortemente aos meus, eu me preparei mentalmente para as minhas próprias próximas palavras.

— Como você disse, eu realmente não posso dizer que eu retribuo os seus sentimentos, Chan. — comecei. Ele também sorria. — Mas talvez, bem talvez eu possa considerar a hipótese de você me fizer retribuí-los no futuro.  Talvez!

O sorriso em que ele me mostrou em seguida me fez ter certeza que Park Chanyeol fora presenteado com o sorriso mais bonito da face da Terra, e que eu tinha na verdade muita sorte por ele estar sendo direcionado a uma pessoa como eu.

— É mesmo? E, teoricamente, quando eu poderia começar a fazer isso?

— Bem, teoricamente, você pode começar agora. Quer dizer, teoricamente, é claro.

Eu pensei que ele fosse beijar os meus lábios de tão perto que estávamos, mas ao contrário do que achei, Chanyeol juntou as nossas testas e olhou fundo em meus olhos de novo. E isso pareceu algo tão íntimo que o meu coração disparou de novo.

— Obrigado. — ele sussurrou. — Eu te amo. Muito. Não precisa responder.

E eu não respondi. Ao invés disso, resolvi apenas seguir o que o meu instinto me dizia. Mais uma vez esse dia todo parecia ter sido construído baseado em ações sem sentido, mas eu poderia muito bem aprender a ver o lado bom nelas futuramente se tudo acabar deste modo. Eu não sabia exatamente no que eu estava me metendo a me comprometer com isso ou se aquilo era realmente o certo, entretanto, naquele momento todos os isso’s e aquilo’s de fato pareciam estar em seus devido lugares, e principalmente, com todo o sentido do mundo. Resolvi tomar a iniciativa e arrisquei me aproximar de Chanyeol, meus olhos fechando-se sozinhos, sentindo o nariz alheio roçar levemente contra o meu, assim como a sua respiração. Era uma sensação boa arriscar. Naquele momento, eu fiz uma nota mental de que deveria arriscar mais. Naquele momento, eu cheguei à conclusão de que ter o meu melhor amigo me beijando de um jeito tão gentil e sem pressa como ele fazia era algo que eu deveria ter me dado ao luxo antes, e naquele momento, eu até cheguei a escutar uma música bonita acompanhando o momento, como em um filme com a sua própria trilha sonora.

Mas logo eu percebi, também naquele momento, que era eu que havia sentado no controle remoto enquanto estava ocupado demais beijando Chanyeol para perceber qualquer outra coisa, e que a música bonita vinha do esquecido drama em que a personagem ainda chorava por ter tido o seu coração partido na tela da televisão. E isso me fez imaginar que a personagem estava na verdade chorando porque a sua vida perfeita de personagem estava péssima, e a minha por fim andando para frente.

Baekhyun — 1. Personagem do drama — 0.

É, isso também não fazia muito sentido.


Notas Finais


Eu desisti e voltei com essa fanfic umas cinquenta mil vezes no mínimo nesse ano, mas gostei do resultado, o que é um milagre. KSJAS. Espero que tenham gostado também~!

Obrigada por ler!


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