1. Spirit Fanfics >
  2. Acts of Love >
  3. One

História Acts of Love - One


Escrita por: loucadoships

Notas do Autor


Hello pessoas, bom, Coffee acabou, mas eu continuo escrevendo é claro. Essa One é um presente pra uma pessoinha bastante especial pra mim. Então tem uma dedicatória no final ^^

Ps: Deixe de ser curiosa e não pule para o final direto dona Gabi.

Espero que gostem e boa leitura =)

Capítulo 1 - One


Ato I

 

A primeira vez que você a vê é na sorveteria de Indra. Polis estava particularmente quente naquele dia e era comum que o local ficasse movimentado, todos à procura da sobremesa gelada para se refrescarem, ou quem sabe só para adoçarem a boca.

Você se lembra perfeitamente daquele dia, embora não tenha acontecido nada realmente significativo, alem do fato de você ter visto Clarke pela primeira vez. A memória às vezes poderia te pregar algumas peças, você mal se recordava do próprio número de telefone ou do que havia comido no dia anterior, mas você se lembrava muito bem daquele 10 de julho.

- Duas bolas de sorvete de uva com aquele pozinho branco gostoso que eu não lembro o nome. – Uma garota loira pedira com um sorriso muito grande para a atendente cuja feição demonstrava puro tédio. Você a olhou estranhamente, afinal, quem pedia sorvete de uva?

- Uva? – Você perguntou baixinho, não esperava que ela tivesse ouvido, mas ela ouviu. Aparentemente ela não havia percebido que você estava sentada em um banquinho do lado dela enquanto saboreava seu próprio sorvete.

- Chocolate? – Ela retrucou arqueando a sobrancelha e te olhando inquisitivamente. Ou melhor dizendo, olhando o seu sorvete.

- Meio amargo. – Você complementou com um sorriso orgulhoso, enquanto o dela agora parecia debochado. – Chocolate meio amargo é para os amantes apaixonados. – Ela abriu a boca surpresa, você se calou enquanto ela pegava o próprio sorvete e agradecia a atendente, quando ela se voltou pra você tinha um sorriso desafiador, você conhecia aquilo.

- E o chocolate ao leite? – Ela perguntou levando uma colher da massa gelada roxa até a boca, gemendo inconscientemente assim que sentiu o sabor.

- Para os amigos. – Você respondeu e apontou para duas meninas sentadas em uma mesa próxima, cada uma com uma casquinha com uma bola de chocolate. – Chocolate recheado para os casais. – Você apontou um casal sentado em uma outra mesa próxima e que dividiam uma tigela de sorvete de chocolate com morango. A loira ia acompanhando seu olhar sorrindo em descrença.

- Ok, isso não passa de uma besteira. – Revirou os olhos levando mais uma colher a boca. Você sorriu com isso, porque ela tinha um pouquinho de sorvete no canto da boca e não tinha se dado conta. – Se é assim, o que significa o sorvete de uva? – Apertou os olhos intimidadoramente, você conteve a vontade de rir. Ao contrário disso, você apenas sorriu suavemente, embrulhou a casquinha em mais um guardanapo e se levantou.

- Quando eu descobrir eu te falo. – Então você piscou e andou em direção a saída, não antes de ver a loira revirar os olhos e voltar a se deliciar com o sorvete de uva. 

 

Ato II

 

Quando você a vê pela segunda vez ela está dançando em uma festa, sua amiga Anya insistiu para que você fosse e não importou-se com todos os seus protestos, ela acabou te convencendo. Você não lembra muita coisa desse dia, talvez fosse pela bebedeira ou só pela dor de cabeça causada pela tequila e gelatina de vodka, mas você se lembrava do sorriso radiante, dos olhos cor do céu e da boca vermelha.

- Anya, eu quero ir embora. – Você choramingou assim que chegaram em frente ao balcão improvisado onde estavam as bebidas. Um rapaz negro com um avental se aproximou de vocês na mesma hora.

- Me vê uma água por favor. – Anya pediu ignorando totalmente os seus protestos. Você viu que o rapaz acenou e colocou uma garrafinha de água na sua frente. – Aqui, bebe isso, talvez uma água melhore esse seu humor de merda.

- Por que você insiste em me trazer pra esses lugares se sabe que eu não gosto? – Você retrucou agarrando a garrafinha com força e tomando um longo gole.

- Porque eu quero sair com você Alexandra e porque eu não agüento mais te ver trancafiada em casa estudando. – Bufou virando um shot de tequila. – Você está reclamando a quase 2h, se não quer ir dançar e aproveitar tudo bem, fique aqui, converse com ele. – Apontou para o rapaz negro de avental que deu de ombros. – Só agüenta mais um pouco ok? Se você não quer se divertir, eu quero e você está de carona, então vai ter que agüentar. – Abriu um sorriso muito grande e você precisou travar o maxilar ou iria discutir com Anya ali mesmo.

- Anya, some daqui, some da minha frente. – Você pediu pressionando os dedos nas têmporas, com certeza não deveria ter bebido tanto quando chegou ali.

- Com prazer. – Virou mais um shot, acenou e desapareceu entre as pessoas que estavam ali.

- Dia difícil? – Você ergueu a cabeça vendo que a voz grossa pertencia ao barman. Como Murphy tinha conseguido um barman você não sabia.

- Relativamente. – Sua voz soava mais cansada do que você tinha noção. O rapaz acenou e antes que pudesse dizer algo a respeito uma voz feminina, melodiosa e rouca se fez presente o interrompendo.

- Uma Margarita, por favor. – Você se lembrava daquela voz, você não sabe o porquê você se lembra, mas se lembra. Quando você olha para o lado lá está ela, a garota do sorvete de uva. Diferentemente da última vez que a vira, quase um mês atrás, ela estava incrivelmente arrumada, o cabelo loiro solto em cachos abertos, o vestido preto colado ao corpo, a maquiagem suave, mas a boca... ahh, a boca era de matar. Vermelha.

- Nada com uva dessa vez? Estou surpresa. – Você não resistiu ao impulso de implicar com a garota que automaticamente virou o rosto para te olhar. Você acha que demorou meio segundo até ela te reconhecer e sorriu com isso. Ela se lembrava.

- Polis realmente é pequena. Você é...

- Lexa. – Você a cortou estendendo a mão. Ela abriu um sorriso charmoso e você sentiu um arrepio correr pela sua nuca assim que ela apertou sua mão. Você se esforçou para se concentrar no toque das mãos dela, loucamente macias.

- Eu queria dizer que você é a sabe-tudo da sorveteria, mas é bom saber que você tem um nome Lexa. Meu nome é Clarke. – Você sorriu sem graça, mas deu de ombros. Definitivamente aquele não era seu dia. – E então, água? – Ela perguntou arqueando a sobrancelha e apontando para a garrafinha quase vazia.

- Digamos que eu comecei um pouco cedo demais hoje. – Ela assentiu e se virou para o barman apenas para pegar a bebida, você vislumbrou a sombra de um sorriso, mas quando ela se virou novamente a expressão estava séria.

- Não vai me dizer o que significa? – Apontou para a Margarita e a levou a boca sorvendo um gole.

- Só funciona para sorvete, mas eu testaria dizer que você está em uma noite de garotas. Margarita é basicamente um drink para mulherzinha, aprendi com os filmes. – Você piscou e ela riu baixinho se aproximando um pouco mais de você. A música alta tornava difícil a conversa e você apreciou o fato de que a loira havia se movido para mais perto.

- Claro, amantes apaixonados, não? – Ela perguntou e cada silaba pintava sarcasmo e ironia.

- Há quem diga que são para os solitários também. – Você virou o rosto bebendo o restante da água. O liquido gelado fazia bem a sua cabeça, mas a ressaca que começava a chegar era o contraponto desse alivio.

- Bom, eu diria que você não está totalmente errada, sim, eu estou em uma noite de garotas, mas Margarita é realmente uma das minhas bebidas favoritas. E você, está aqui como uma alma solitária ou uma amante apaixonada? Eu arriscaria o primeiro, mas com você, nunca se sabe. Pelo menos é o que eu acho. – Foi falando descontraída enquanto mexia as mãos. Você sorria a cada palavra porque não sabia se ela estava um pouco alta ou se era quem ela realmente era.

- Você está vendo aquela loira bonita conversando com aquela outra morena? – Você apontou para Anya conversando com uma morena desconhecida. A morena ria de qualquer coisa que a loira falava e você resistiu a vontade de revirar os olhos. Clarke assentiu curvando a boca em um sorriso enorme. – Bom, aquela loira é minha amiga Anya, supostamente ela me trouxe aqui porque não agüentava mais me ver estudando, porém depois de meia hora me largou aqui, aparentemente arrumou uma nova conquista.

- A nova conquista é minha amiga Raven. – Clarke levou a bebida novamente a boca com um sorrisinho divertido. Você arqueou a sobrancelha olhando novamente a cena, Anya não perdia uma oportunidade de encostar na morena, sempre com um sorriso encantador pintando a boca. – Ela está ferrada. – Avisou com um sorriso malicioso.

- Eu não me preocuparia com isso. – Você também sorriu sem tirar os olhos da amiga, Anya acabara de beijar a morena.

- Bom, eu realmente não pretendo passar a noite vigiando as duas, foi um prazer te reencontrar Lexa. – Agora era ela quem estendia a mão na qual prontamente você aceitou. Não conseguiu evitar a pontinha de decepção, esses cinco minutos com Clarke estavam salvando sua noite. Ela sorriu um pouco mais calorosamente e antes que pudesse seguir para dentro da festa, ela novamente se virou para você. – Se você quiser deixar de lado essa sua alma solitária, só por essa noite que seja, você pode me fazer companhia ali na pista de dança. Nos vemos por aí.

Ela não viu o sorriso que você deu, também não te deixou responder. Não que houvesse qualquer resposta para aquilo. Você suspirou e novamente direcionou seu olhar para onde Anya estava, não a encontrou ou qualquer sinal da estranha morena amiga de Clarke. Então você girou um pouco mais o corpo, não foi difícil achá-la, em meio a tantas pessoas, Clarke se destacava, ao menos para você, tudo porque ela parecia irradiar um brilho único e era inevitável não sorrir com aquela imagem. Ela dançava sozinha, no próprio ritmo, com os olhos fechados e você podia jurar que ela sentia cada vibração da música.

- Hey você. – Você chamou o barman que enxugava alguns copos. Prontamente ele se posicionou a sua frente. – Você sabe qual o significado da Margarita?

- Uma bebida feita especialmente para uma mulher única. – Você arqueou a sobrancelha cética e o barman riu. – Tinha uma corista chamada Marjorie King, a mulher era alérgica a tudo, menos tequila, a bebida foi feita justamente pra ela, mas acho que você vai preferir a primeira parte, aquela loirinha não parece ser fácil de ser conquistada. Boa sorte.

Você acenou agradecendo. Você pensou por um ou dois minutos sobre aquilo. “Uma bebida feita especialmente para uma mulher única”, você realmente achou que aquilo combinava com Clarke. Porque do sorvete de uva até a Margarita, você podia apostar que Clarke era única em muitas outras coisas. E você gostava da idéia de poder descobrir um pouco mais sobre isso.

Ela tinha um sorriso satisfeito pintando a boca assim que viu você. Ela não disse nada, você também não se atreveu, ela apenas colou o corpo ao seu e antes o que era uma dança só dela, virou de vocês duas.

- Por que você mudou de idéia? – Ela perguntou colando a boca ao seu ouvido, aquele arrepio gostoso voltou e você sorriu a apertando mais ao seu corpo.

- Talvez eu tenha descoberto o significado da Margarita. – Ela riu baixinho e você sentiu seu coração disparar um pouquinho mais com aquele som.

- E então?

- Talvez eu te conte mais tarde, quando você me deixar te levar pra casa. – Você sussurrou deslizando a boca pelo lóbulo da orelha dela.

- Acho que temos um acordo. – Ela sorriu e mordeu o lábio provocativamente. Aparentemente não era só Anya que estava ferrada. 

 

Ato III

 

Realmente, Clarke não era fácil de ser conquistada, mas você achava que ela estava disposta a tentar algo com você, porque depois daquela festa vocês trocaram telefones e combinaram de sair qualquer dia. O “qualquer dia” aconteceu dois dias depois, você enviou uma mensagem a chamando para ir ao zoológico e ela aceitou de primeira. Vocês conversaram o dia todo, sem pararem um segundo sequer e quando vocês se despediram, concordaram mudamente que aquilo poderia se repetir. E realmente se repetiu.

Você não imaginava que aquilo realmente viraria algo, mas você queria tentar, você descobriu coisas que não gostava nela, mas você descobriu muitas outras que amava, como o jeito que ela sorria pra você, aberto, divertido e o modo como ela cantava, você se apaixonou completamente pela voz de Clarke, rouca, melodiosa e em contraste com o violão, era seu som favorito no mundo. E o jeito que ela se movia... Clarke não fazia ideia do poder que ela tinha sobre você.

- Você não saiu da minha cabeça hoje, sabia? – Você falou assim que entrou em casa. Clarke dançava lentamente enquanto mastigava um morango que tinha na mão, o cabelo estava preso em um coque frouxo e uma camisa que batia até a metade da coxa cobria a calcinha. Ela abriu um sorriso preguiçoso enquanto ia a seu encontro.

Você mal tinha percebido que o apartamento estava parcialmente iluminado, se prestasse mais atenção perceberia a musica ao fundo, suave, um sussurro para os ouvidos. Você apenas sorriu antes de beijar a loira e suspirou com o gostinho de morango nos lábios dela. Delicioso.

- Hmmm, posso saber o motivo? – Ela perguntou passando os braços pelo seu pescoço.

- Nada demais, estava ouvindo uma música, acabei passando o dia todo pensando no momento de chegar e te ver, poder te beijar. – Você foi falando enquanto sentia os beijos preguiçosos dela pelo seu maxilar e pescoço, você podia senti-la sorrindo por trás de cada carinho.

- Então me beije. – Ela pediu e você sorriu em resposta, roçou levemente sua boca a dela e mordiscou o lábio inferior só para provocar. Clarke não agüentava muito tempo quando você decidia jogar com ela e não demorou até ela enroscar a mão no seu cabelo te puxando para um beijo de verdade, as línguas se buscavam e se provocavam com gana, explorando cada canto, como se fosse o primeiro contato e de fato, a cada beijo que trocavam o sentimento era aquele, de que tinham sempre o que descobrir.

Você tinha tido um dia extremamente cansativo e tenso. Quando resolveu aceitar o emprego que seu pai te ofereceu na agência publicitária Moore & Morgan você não tinha ideia de que seria a responsável por gerenciar o lugar. A proposta inicial é que você ficaria no departamento de áudio e vídeo, mas obviamente as coisas tomaram outro rumo e você ainda precisava administrar seu tempo entre as aulas na faculdade e Clarke. Vocês estavam saindo a pouco mais de 3 meses e as coisas estavam realmente indo bem, ao ponto de que aos finais de semana vocês fizeram um acordo de uma esperar a outra chegar do trabalho ou no seu apartamento ou no de Clarke.

- Como foi seu dia? – Ela murmurou entre um e outro beijinho.

- Foi cansativo. – Você falou enquanto plantava um beijo no pescoço dela, você viu a pele se arrepiar e sorriu. Ela então se desvencilhou dos seus braços indo até a cozinha pegando uma taça e despejando o liquido vermelho escuro dentro. Vinho. – Anya sumiu com alguns papéis de confirmação para aquele vídeo institucional dos Morrie’s e ficou uma confusão só. – Você foi falando enquanto pegava a taça e tomava um gole da bebida.

- E agora? – Perguntou preocupada enquanto retirava seu casaco e desabotoava os primeiros botões da sua blusa. Clarke tinha uma idéia de como a conta da Morrie’s era importante e o quanto vocês tinham lutado para consegui-la, se não achassem os papeis a agência perderia muito dinheiro.

- Sinceramente eu não tenho idéia, eu saí de lá antes que meu pai chegasse, já desliguei o celular, eu não quero nem saber. Eu tento resolver isso segunda, agora eu só quero estar aqui. – Clarke sorriu e roubou um beijo seu. Era algo que ela sempre fazia e você amava, era uma brincadeira que só existia entre vocês duas e você gostava que fosse assim. – E o seu dia, como foi?

- Foi mais divertido que o seu. – Ela começou rindo e você foi puxada até a sala se sentando em uma das milhares almofadas que ela tinha jogado no chão. – Vendemos alguns quadros hoje e eu acho que já posso começar a pensar na minha próxima exposição. – Ela foi contando enquanto gesticulava com as mãos, você tinha um sorriso enorme no rosto enquanto a olhava porque francamente, Clarke era fodidamente linda quando estava feliz assim e você daria tudo para vê-la feliz dessa forma todos os dias.

- E você já pensou no próximo tema?

- Ainda não. – Ela riu. – Eu preciso trabalhar nisso. – Você assentiu e a puxou para seu colo com facilidade, as aulas de luta quando adolescente foram úteis ao final das contas.

- O que estava fazendo antes de eu entrar hein?

- Dançando. – Ela deu de ombros mordendo o lábio envergonhada. Clarke além de uma artista talentosa, expunha em uma galeria que começava a se tornar famosa fora de Polis e também dançava maravilhosamente bem, sempre te deixava louca quando começava a se mover.

- Quero ver, dança pra mim Clarke. – Você pediu baixinho deslizando a boca pelo maxilar dela provocando um gemido baixinho. Você sorriu ao notar como a íris dilatava em meio ao mar azul dos olhos dela.

Ela se movia e você não piscava, e era sempre assim. Ver Clarke dançando era seu prazer oculto, ela o fazia de olhos fechados sentindo cada vibração, cada toque, palavra por palavra da música. Você acha que ela se esquecia que você a estava olhando, porque ela não parecia preocupada em parecer sexy, ou sensual, ela dançava pra ela mesma e aquilo absolutamente te enlouquecia. 

Quando ela abriu os olhos e te olhou, o sorriso fez seu coração disparar um pouquinho dentro do peito e você achou que realmente tinha que existir um Deus porque não era possível alguém ser tão linda assim.

- Um pecado o tanto que você é linda, sabia? – Ela sempre revirava os olhos quando você a elogiava assim, mas sabia que era só um disfarce. Clarke parecia a pessoa mais segura do mundo com um pincel, tintas e uma tela, mas quando se tratava dela própria, a insegurança saltava de seus poros.

- Você exagera sabia? – Ela sorriu envergonhada e se aproximou de você, suas mãos imediatamente foram para as pernas dela subindo lentamente pela camisa que ela vestia. – Você precisa se olhar no espelho, vai ver quem é linda aqui.

- Ah, eu sei que eu sou linda, nunca questionei isso. – Ela abriu a boca surpresa e você plantou um beijo no baixo ventre dela. – Vem, deixa eu te mostrar algo. – Você pediu batendo nas pernas dela para que se afastasse. Você a puxou pela mão até o seu quarto e acendeu a luz. Clarke apenas te olhava sem entender o que estavam fazendo. – Eu quero te provar algo, confia em mim? – Ela sorriu e assentiu sem dizer nada, então você a puxou para frente do espelho, você se colocou atrás dela e a abraçou firmemente.

Você não disse nada por alguns minutos, se permitiu ficarem naquela posição aproveitando uma a companhia da outra. Você olhava seu reflexo e o dela e admitia silenciosamente que gostava do que via, a cada dia você se encontrava mais encantada por Clarke, sempre que ela se ausentava por um tempo muito grande você sentia falta, era aquela sensação gostosa de mal poder esperar para vê-la, ou falar com ela, qualquer coisa que te fizesse se sentir próxima.

- Sabe o que me faz te achar linda? – Você começou murmurando perto da orelha dela, suas mãos foram até os botões da camisa que ela usava e desabotoou os únicos três botões que mantinham a peça fechada. – Não é o seu corpo, que por sinal é lindo e me enlouquece, mas não é só isso. – Foi dizendo enquanto deslizava a camisa branca pra fora do corpo, deixando que caísse no chão e ficasse apenas com uma calcinha branca de renda. Clarke suspirou sem tirar os olhos do espelho, você podia notar como a respiração dela acelerava pouco a pouco, então você levou as mãos a cintura só para mantê-la firme. – Eu te acho linda porque você é tão inteligente que eu poderia passar o resto da vida só te ouvindo falar sobre qualquer coisa, eu te acho linda porque você é uma artista incrível e tem uma sensibilidade que me encanta e me apaixona e tem também o fato de que você não deixa ninguém passar por cima de você, eu apenas adoro o fato de que você é tão decidida. – Você foi falando baixinho e toda vez que ela fazia menção de fechar os olhos você apertava a cintura dela para que novamente os abrisse. Você queria ver todas as reações dela e você queria que ela soubesse que aquilo era verdadeiro.

- Lex... – Ela tentou com a voz fraca, você não permitiu que ela se virasse, apenas cravou as unhas na cintura dela te imprensando mais a você.

- Tudo o que você é por dentro transcende pra fora, eu vejo você Clarke, quem você realmente é. Mas sim, eu gosto do seu corpo, eu gosto do teu cheiro, eu gosto de cada imperfeição. – Você sorriu quando viu as bochechas dela vermelha, então você deslizou os dedos pelo baixo ventre dela dedilhando uma pequena cicatriz, ela havia se cortado com arame farpado quando criança. Você subiu a ponta dos dedos até a lateral dos seios dela delineando algumas linhas mais esbranquiçadas, Clarke odiava as estrias que tinha e morria de vergonha, então quando você a olhou não se surpreendeu ao vê-la com os olhos fechados. – Abre os olhos. – Você pediu e ela negou, então você espalmou a mão sobre os montes rosados e os apertou com pouca força a fazendo gemer fraquinho e abrir os olhos minimamente. – Eu adoro seus seios, deus... – Você suspirou mordendo o ombro dela. – Me enlouquecem Clarke, teus seios, tuas pernas, sua barriga, cada parte de você, cada pedacinho. – Você deslizou as unhas pela barriga dela arrancando outro gemido. Dessa vez você permitiu que ela se virasse e imediatamente colasse a boca na sua.

O beijo era desesperado, cheio de luxuria, as línguas se buscavam a todo segundo, cada uma buscando por dominância, você moveu as mãos pelas coxas dela e a suspendeu a fazendo entrelaçar as penas no seu quadril. Você a imprensou na parede e ouviu um gemido baixo em resposta.

- Por que você me provoca tanto? – Ela perguntou baixinho assim que separou a boca da sua, você sentiu seu cabelo ser puxado e moveu o rosto até o pescoço dela sugando no ponto de pulso. Outro gemido.

- Clarke. – Você chamou e ela abriu um sorriso de pura malicia ao ponto que deslizava as unhas pela sua nuca lentamente.

- Me faça sua. – Ela pediu docemente antes de te beijar e você apenas sorriu contra a boca dela se movendo até a cama.

Quando você a via daquele jeito, nua, confortável, entregue, você agradecia a um Deus que te ensinaram a acreditar por tê-la em sua vida e por poder ser a única a fazê-lo. Clarke pouco a pouco se tornava seu refugio, era a ela que você procurava pra dividir algo bom que houvesse acontecido no seu dia, era nela que você confiava pra dividir algum problema, era com ela que você desabafava e conversava sobre qualquer coisa.

Aquela noite você achou que vocês duas partilharam de algo muito maior, que talvez não tivesse nome, que talvez não tivesse um significado especifico. Mas era você e ela e vocês estavam bem com aquilo e você esperava que durasse, pelo tempo que fosse.

 

Ato IV

 

Você odiava discutir com Clarke, mas acontece que vocês estavam a pouco mais de 1 ano juntas e brigas acontecem. Os seres humanos são cheios de falhas e a única coisa que você pode tentar fazer é sentar e conversar, civilizadamente. Mas com Clarke as coisas geralmente não aconteciam assim, não quando ela estava realmente puta com alguma coisa.

Você a conhecia tão bem que você sabia exatamente quando algo estava errado. Primeiro as feições dela mudavam imediatamente, o sorriso largo dava lugar a uma linha fina, reta e acima das sobrancelhas se formavam dois furinhos. A segunda mudança era no tom de voz, sempre que ela abria a boca você sentia que uma navalha era encostada contra o seu pescoço e você já chegou a se perguntar se os outros também sentiam. E então vinha o silencio, daqueles que você não ouvia nem o barulho da respiração e por último... ela explodia.

- Clarke, você está exagerando. – Você foi dizendo assim que ela abriu a porta.

- EXAGERANDO ALEXANDRA? – Ela explodiu se virando para você. A pele cor de marfim estava vermelha como sangue. Raiva.

- Amor... – Você tentou, mas ela levantou a mão e você entendeu o sinal.

- O cacete. Aquela vagabunda não parava de te alisar, te exibir e EU estou exagerando? Vai pro inferno Lexa.

- Clarke, me escuta. Por que você se importa se sabe que eu não sinto nada por ela?

- Mas sentiu. – Ela acusou e você suspirou. Desde que Clarke descobrira que Costia não era apenas sua sócia, na agência que você recém tinha aberto, como era também sua ex namorada, a mulher parecia sempre estar insegura.

- Pelo amor de Deus, Clarke, isso já tem anos. – Você bufou, aquela briga estava passando dos limites e você sabia que o tempo que passaram na festa da agência e no taxi e que Clarke não havia dito nada era apenas ela segurando a explosão que viria quando chegassem.

- Foda-se. Eu quero ela longe de você. Só de pensar... argh. – Bufou jogando um jarro de flores no chão, os vidros foram espalhados pela sala e imediatamente você saltou alguns passos para o lado e para trás e não evitou vaguear os olhos pelo corpo dela só para ter certeza de que não estava machucada. Por sorte não estava.

- Você pode, por favor, se acalmar? – Você pediu, mas ela não respondeu. Só fez se escorar na janela que dava para a sacada do prédio. No lugar das vozes e gritos veio o choro de Clarke. Você a ouvia fungar baixinho e o corpo sacolejar com os soluços.

Você suspirou irritada consigo mesma. Por mais que achasse que Clarke estava exagerando sobre aquilo, você conseguia dar a ela uma certa razão, Costia estava especialmente irritante durante a festa, fazendo questão de ignorar Clarke e em cada oportunidade que tinha te puxava pelo braço para falar com alguém.

- Amor... – Você murmurou se aproximando dela. Clarke tinha a maquiagem borrada pelas lágrimas, o nariz e os olhos levemente avermelhados e olhar que ela te lançou... Deus, você mataria Costia quando a visse de novo. – Cariño, Costia é uma idiota, ela só quis te provocar, você não tem motivos pra chorar babe. – Você foi falando baixinho enquanto limpava as lagrimas que insistiam em descer. Clarke desviou do seu toque e se apoiou na sacada do apartamento que vocês dividiam. A brisa fria do Outono parecia fazer carinho contra a sua pele, não incomodava, aparentemente nem à Clarke que respirava calmamente de olhos fechados, parecia absorver todo o cheiro da cidade.

- Eu não gosto dela perto de você. – Clarke começou e você parou ao lado dela a olhando, mas ela não te olhava, tinha o olhar fixo sobre Polis. – Eu estou feliz que a agência está indo bem, que você está realizada e eu não quero que você acabe a sociedade de vocês, Costia pode ser uma vagabunda, mas eu sei reconhecer que ela te ajuda. Mas eu... eu não gosto, eu fico puta só de pensar que ela está perto de você e hoje... vendo ela desfilar com você naquela maldita festa como se fosse sua mulher, te exibindo daquele jeito... argh... – Bufou travando o maxilar, espalmou as mãos na grade e a apertou até os nós dos dedos ficarem brancos.

- Eu amo você. – Você disse e imediatamente ela te olhou. – Eu amo mais do que eu consigo expressar com palavras ou gestos, o que eu tenho contigo eu não tenho e jamais tive com outra pessoa. Costia é só minha sócia, é o único cargo que ela ocupa na minha vida. Mas você... Clarke, eu acordo do seu lado todos os dias, é pra nossa casa, pra nossa vida, é pra você que eu volto todos os dias e você acha que Costia significa qualquer coisa pra mim? Ela pode me exibir como quiser, atuar da forma que quiser, é só uma noite, só uma festa, não significa nada, no final das contas é você que está do meu lado, é a sua mão que eu vou segurar. – Você deslizou a sua mão pela dela e entrelaçou seus dedos, Clarke ainda assim não tirava os olhos dos seus.

- Se eu ver ela encostar a mão em você de novo, eu vou virar a mão na cara dela e você não vai me impedir. – Ela ameaçou com a sombra de um sorriso na boca, então você riu e assentiu e logo ela estava entre seus braços de novo.

- Só pra constar, não precisamos de um papel e uma aliança pra que você diga que é minha esposa, minha mulher. Você mesma disse que...

- Sim, eu sei. – Ela te cortou e sorriu se aconchegando ainda mais aos seus braços enquanto vocês olhavam a cidade. – É só o monstrinho verde que habita em mim, peço desculpas por isso, eu sei que pareço louca as vezes, mas eu sei separar as coisas e não, eu não preciso formalizar o que temos só para esfregar isso na cara dos outros.

- É? E o que formaliza o fato de que eu sou sua? – Você murmurou mordendo-lhe o pescoço e deslizando as mãos pela bunda dela. Você a sentiu sorrir contra o seu peito e ficar na ponta dos pés até roçar os lábios na sua orelha.

- O fato de que eu vou te fazer gemer a noite inteira pra mim, só pra mim. – Ela riu e você gemeu baixinho apertando ainda mais a bunda dela.

- Te espero na cama. – Ela murmurou dando um beijo simples na sua boca e saltitando para dentro do apartamento. Você apenas riu e se deu um mais um tempo, Clarke poderia ir de uma brisa suave até um furacão em pouco tempo, ela precisava do tempo dela para explodir, assim como você precisava do seu. Demorou um tempo até vocês se acostumarem e aprenderem a lidar com isso. No meio do processo vocês se magoaram algumas vezes, estiveram a beira de terminarem o que tinham, cogitaram a possibilidade de que seria melhor se estivessem sozinhas. Mas no final nada disso importou, porque vocês se queriam e se amavam e entraram em acordo de que precisavam se entender para que desse certo.

Você via uma evolução desde então, vocês se davam o tempo de vocês, se pressionavam quando sentiam a necessidade e então vocês conversavam e tentavam chegar a melhor solução que conseguiam. Amor as vezes não era suficiente, mas vocês tinham muito mais do que isso, era o que fazia a diferença. 

 

Ato V

 

Você sempre gostou de chuva, frio, neve, você sempre se sentiu bem com esse clima. Por muitos anos isso te rendeu vários resfriados, porque você simplesmente não conseguia evitar. Mas muito mais do que isso, você gostava do calor que havia dentro da sua casa, daquele que emanava do colo dos seus pais e do chocolate quente que era sempre feito com tanto amor e carinho pela sua mãe.

Você gostava disso quando era pequena. Agora você gosta ainda mais quando é adulta, você gosta da chuva que cai do lado de fora e não importa muito se ela fará alguns estragos no seu jardim ou dos barulhos assustadores, você gosta mesmo assim. E de novo, você gosta do calor, mas dessa vez é diferente, não é algo especifico, mas você se sente diferente, ainda existe o chocolate quente, não tem o colo dos seus pais, mas tem algo melhor, algo tão reconfortante quanto.

- Eu tenho algo pra você. – Você disse e Clarke imediatamente te olhou, estava no sofá mexendo no celular e bebendo chocolate, mas ela dispensou os dois imediatamente e abriu a boca assim que te viu, mas você não deixou que ela falasse. – É eu sei, eu sei que você disse que não queria nada. Mas que esposa seria eu se não te desse um presente no dia do seu aniversário? – Ela sorriu negando com a cabeça, você tirou um embrulho de trás do sofá e entregou a ela.

- É um pouquinho pesado. O que é? Uma caixa? – Ela perguntou sacudindo, mas não ouviu nada, você só sorria.

Clarke desistiu de tentar adivinhar e começou a retirar o papel que embalava o objeto. Não era muito grande, nem muito grosso, era retangular e parecia duro. Quando o embrulho foi retirado Clarke franziu as sobrancelhas e te olhou surpresa.

- Um livro? – Ela perguntou com um sorriso suave na boca, você tinha certeza que ela não esperava por isso, mas ela também não parecia ter olhado direito. Apenas deslizava os dedos pela capa de madeira revestida em couro. – Está trancado.

- A chave, seu colar, coloque o pingente aqui. – Você direcionou para um pequeno fecho, você tinha presenteado Clarke com uma correntinha com um pingente de diamante alguns meses atrás. Ela mal sabia que era parte do presente de aniversário que receberia. Você a viu retirar o colar ainda com um sorriso no rosto e pressionar o pingente no fecho do livro o destravando.

- Amor, o que é isso? – Perguntou abrindo a primeira página vendo um desenho de vocês duas pregado na primeira página. Delicadamente ela foi passando as páginas e você gostou de ver as expressões surpresas acompanhadas de um sorriso bobo no rosto.

- Um livro de referências, ou de possibilidades, o que você quiser que seja. – Você disse e se ajeitou no sofá a puxando para se recostar em você. – Tem uma carta na última página, porque não abre e lê? – Ela assentiu e puxou um envelope que estava pregado por um adesivo na última folha. Você deixou que ela abrisse e puxasse de lá uma folha com aspecto amarelado.

 

Para a minha garota corajosa,

Montei esse livro porque eu quero que você se lembre de quem você é sempre que tiver dúvidas sobre isso. Você vai encontrar as letras de algumas das suas músicas favoritas e das nossas músicas, receitas das suas lembranças, roteiros das viagens que você sonhou sozinha e que agora sonha comigo, alguns dos seus desenhos que eu roubei sem você ver (foi por uma boa causa). Provavelmente eu acho que acabei me colocando um pouco aí também porque você não só faz parte da minha vida, mas dos meus sonhos e dos meus planos, porque eu já não consigo mais imaginar um futuro em que você não esteja presente.

Eu acho que quando eu fecho os olhos eu vejo tudo azul, porque eu gosto da cor e porque eu vejo azul quando olho você. Talvez você não saiba, mas eu gosto da paz que existe quando você me olha, eu gosto da calmaria, mas eu gosto da tempestade que eu vejo neles, eu gosto do contraponto. E roxo, me leva a uma lembrança que não é minha, a algo que eu nunca presenciei, mas ainda está lá, a garotinha de cabelos loiros e olhos azuis e a boca pintada de roxo, a ponta do nariz branca e um sorriso aberto demais para alguém tão pequena. Eu acho que o meu mundo ganhou mais cores por sua causa Clarke.

Música, eu quero falar sobre música e provavelmente vai ser um assunto aleatório, mas eu amo a sua música, a que sai da sua boca sempre que você está concentrada em alguma coisa, o ritmo da sua respiração sempre que eu te beijo, a música presente nas telas que você pinta, cada cor um ritmo, uma nota de amor. Então se eu pudesse pedir algo, não pare de cantar pra mim, de todas as formas que você sabe fazer, eu amo a sua música.

Eu falei sobre cores e música e coisas que você vai encontrar aqui nesse livro e tudo isso é só uma parte pequenininha de você, mas são as partes pequenininhas que compõe as partes enormes que eu amo sobre você Clarke. Porque eu te vejo e te amo nos detalhes, te amo no gosto do vinho, do morango e da margarita, te amo na camisa branca e no coque desajeitado, eu te amo nas crises, loucuras, imperfeições e ciúmes, te amo no fogo e na água, no vermelho e no preto, no doce, no sal e ainda mais no amargo, eu te amo porque é inevitável te ver e não te amar, te ter e não te querer. Entende? Existem coisas inevitáveis na vida e talvez você seja essa parte da minha.

 Você sabe que a verdade é uma virtude para poucos e como pode ser difícil manter isso em um relacionamento. Como podemos decidir quem merece a nossa verdade e a nossa mentira? É uma decisão que precisamos tomar cada segundo da nossa vida e foi minha decisão que você merecesse só o melhor de mim. Eu sou melhor porque você existe e essa é a influência que você tem sobre a minha vida. Parece bobo dizer como você trouxe mais luz para a minha vida e como hoje eu sou quem eu sou e boa parte disso é por ter te conhecido, obrigada por cruzar meu caminho e obrigada por permitir o eu e você e o nós.

Com amor,

Lex. 

 

Você a viu ler palavra por palavra, você viu um sorriso e você viu o azul, você viu cristalino. Você viu a boca mover, você viu tremer, você viu dentes morderem a pele sensível. Você viu o papel liso, você viu as mãos tremerem, você viu o papel amassar, a tinta borrar. Então você ouviu e sentiu, o choro, o soluço, o fungar e a respiração cortada. Quando ela te olhou, você viu e sentiu o amor, a adoração, a confiança, você a viu e a sentiu.

- São os hormônios. – Ela fungou enquanto tentava desamassar a folha, você riu baixinho e cheirou os cabelos dela.

- Você está ouvindo, não é Elena? Mamãe Clarke agora tudo coloca a culpa em você. – Você brincou deslizando as mãos pela barriga crescidinha dela. – Você está bem? – Você murmurou e ela entrelaçou as mãos nas suas.

- Você sabe... provavelmente nós ficaríamos bem uma sem a outra, você sempre me disse isso, você sempre me fez sentir corajosa e capaz. – Ela murmurou de volta concentrada demais acariciando a própria barriga com a mão livre. – Mas eu não me sentiria como eu me sinto com você, eu não seria essa pessoa hoje, provavelmente não seríamos mães dessa criança que vai nascer daqui a menos de 3 meses, não teríamos essa casa, a vida não teria o mesmo gosto, nem as mesmas cores, então obrigada Lex, de verdade, por não ir embora quando ficou difícil. – Ela foi falando sem tirar os olhos dos seus, você sorriu e encostou a testa na dela, você não ousaria quebrar esse contato.

- Eu disse isso uma vez, à muito tempo, mas eu acho que cabe dizer isso agora, eu vou embora quando você pedir que eu vá, do contrário você terá que me aguentar reclamando do sorvete de uva por um bom tempo. – Ela sorriu e você sorriu de volta.

- Não te deixo ir nunca mais babe, você é minha e eu sou inteiramente sua. – Ela sorriu e te beijou e você sentiu, tudo o que vinha sentindo nos últimos 5 anos com ela, você sentiu ali.

Quando você é criança você vê sua mamãe e seu papai se beijarem, tomarem café da manhã juntos, dormirem abraçados a noite, conversarem, dizerem palavras bonitas, dizerem palavras feias, você ouve gritos, você vê lágrimas e você cresce sem saber se vale a pena passar por todas as coisas ruins, quando o bom parece ser momentos raros que se vão com um piscar de olhos.

Então você conhece algumas pessoas que só reafirmam que existem mais momentos ruins do que bons, porque as vezes quando você se envolve com alguém você tem mais brigas e discussões e lágrimas do que sorrisos e coração acelerado. A vida aí não é doce. A vida ao lado dessas pessoas na verdade pode ser azeda e amarga. Então você decide que gosta de ficar sozinha, porque aí não tem cores nem sabores, é tudo meio neutro, meio singular, meio sem graça.

Mas aí você sem querer encontra alguém, e pode ser coincidência, acaso, destino, não importa muito, você só conhece alguém, alguém que faz seu coração mudar de ritmo, alguém que te deixa leve e você começa a sentir um gosto doce e suave. Existem mais risadas, sorrisos e cores. Ainda existem lágrimas e gritos e raiva, mas existe conversa, uma vontade de fazer dar certo, o medo se torna coragem.

Você nunca vai entender muito bem isso. Mas você esquece que gostava de ficar sozinha, você não pensa que não vai dar certo, na verdade você não se importa muito com nada além de que você quer aquela pessoa e se estiver com ela, então está tudo certo, porque você está feliz e é tudo o que você quer. Aí você batalha e se você tiver sorte a pessoa com que você está vai se sentir como você e vocês vão batalhar juntas.

Você chega a conclusão de que a vida é uma guerra, você precisa lutar para se manter vivo, para encontrar coisas boas e que trazem paz e felicidade, você luta para não enlouquecer, e chega um tempo em que você acha que passou por todos esses estágios. Aí você ganha. Porque agora é diferente, agora você tem alguém que te dá de tudo um pouco, nada em excesso, nada faltando e a vida é boa assim. Você não sabe se ganhou a guerra, mas as batalhas você finalmente está vencendo.

Então você encontra alguém com quem você pode ser você mesma, que aceita tudo o que você oferece e você finalmente entende que não precisa de nada mais do que isso. Você é feliz com você e é feliz com quem você está. E não, você não sabe por quanto tempo isso vai durar, mas naquele exato momento, é tudo o que você tem. E aquilo é suficiente e é simples assim.


Notas Finais


Eu sorrio quando eu penso em você, sabe? Eu não sei se significa muito, mas eu acho que isso é algo bom, quando você pensa em alguém e você sorri. Acho que significa que aquela pessoa te faz bem e realmente você faz.
Eu não quero desejar todas as coisas que os outros desejam – paz, amor, saúde, felicidade e essas merdas todas – é claro que eu desejo tudo isso sim, mas é mais do que isso. Nesse caso eu acho que eu te desejo coragem, porque eu quero que você enfrente todos os obstáculos da sua vida. Quero que tenha coragem de ser feliz, de se entregar, se reerguer, coragem pra reviver as melhores lembranças que você tem, aprender e quem sabe esquecer as ruins, coragem para desejar coisas para o futuro, coisas que você vai trabalhar para alcançar. Eu acho que coragem te faz conquistar o mundo se você quiser.
Eu espero que você tenha um dia bom e que tenha muitos sorrisos e coisas que te deixam feliz. Infelizmente eu não posso estar aí com você pra desejar essas coisas pessoalmente, mas eu estou pensando em você, ok? Eu amo você coisinha.
Feliz Aniversário.

Bom pessoinhas, é isso. Comentários por favor?


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...