História Addicted - Capítulo 1 - O maníaco

Sonolenta levantou-se da cama lentamente, espreguiçando-se, levou as mãos aos olhos esfregando-os para despertar-se totalmente. Descalça mesmo seguiu para o banheiro, dando um pequeno pulo para não pisar em sua gata, que jazia esparramada sobre o tapete felpudo na cor creme que continha no quarto.

Logo que estava no banheiro despiu-se e tomou um banho morno, na temperatura certa, para deixá-la com um bom humor o restante do dia. Após desligar o chuveiro pegou uma toalha que estava pendurada em um suporte no azulejo, e enrolou nas suas longas madeixa rosa. Pegou outra toalha e circulou-a em seu corpo, saindo para o seu quarto. Foi até o seu closet e de lá retirou algumas peças de roupas.

Assim que se vestiu caminhou até um grande espelho que tinha no quarto e ajeitou a sua blusa social branca de mangas curtas, deixando os braços desnudos. Trajava uma calça preta também social e um scarpin de salto na cor creme.

Pegou sua escova de cabelo e penteou seus longos cabelos rosa. Uma cor exótica de cabelo, que chama atenção onde quer que passasse. Abriu sua caixa de maquiagem e passou apenas um batom rosa nos lábios, lápis pretos nos olhos e uma máscara nos cílios, apenas para destacar seus olhos verdes.

Olhou no relógio do seu criado-mudo e constatou que já se passava das seis e meia. Decidiu sair sem comer nada, compraria algo no caminho.

O trânsito estava fluindo bem e não pegara nenhum congestionamento, o que acabou lhe dando tempo para parar no Starbucks, e degustar de um cappuccino forte acompanhado de um pão de queijo.

Ouviu uma voz lhe chamar, ergueu a cabeça para logo avistar sua amiga sentando a sua frente.

— Bom dia Sakura. – lhe cumprimentou sorridente, colocando a sua bolsa na cadeira ao seu lado. Sakura lhe correspondeu com um sorriso.

— Bom dia Hinata. Porque está tão sorridente? Só porque hoje é sexta-feira? – a questionou, vendo-a corar ligeiramente com a sua indagação. Prontamente compreendendo a situação, pois ali perto morava certo loiro, pela qual, a morena era apaixonada.

— Bem… É que… Bom… – ela se atrapalhava nas próprias palavras.

— Já sei, não precisa me dizer mais nada. – Sakura se adiantou por ela. — Estava com o Naruto, não é?

— S-Sim… Ele me pediu em namoro. – lhe respondeu dando um sorriso tímido em seguida.

— Fico tão feliz por vocês. – respondeu sincera.

— Obrigada. Agora acho melhor irmos, se não chegaremos atrasadas. – Hinata respondeu já se levantando. Sakura pagou a conta e as duas seguiram para o carro da Sakura, que estava estacionado em frente ao estabelecimento que acabaram de sair. Hinata entrou no banco do carona, já que, dessa vez era ela quem estava sem o seu carro.

Já na empresa o dia passava rapidamente e logo daria o horário de ir embora. Sakura resolveu todas as pendências acumuladas da semana, dentre elas, follow up com os fornecedores, fechamento de contratos internacionais, assinaturas de documentos para oficialização, arquivo de papeladas, entre outros.

Sakura trabalha no departamento de comércio exterior na empresa U.C.I, que gerencia grandes marcas de automóveis para venda. Hinata trabalha ao seu lado.

— Vai convidá-lo? – Hinata indagou de repente curiosa, para a Sakura que estava com a sua atenção voltada a tela do computador a sua frente.

— Convidar quem? – questionou confusa, fitando sua amiga que deu um sorriso de canto ao ouvir a pergunta que a rosada fez.

— Ora, quem? O Sasuke, para a festa de Halloween. Por quem mais que você é completamente apaixonada? – Hinata falou mais próxima a ela, já que, estavam em um ambiente de trabalho, e o chefe delas se encontrava na sua sala ao telefone, apenas de olho nas duas. A parede de sua sala era de vidro, onde era possível observar todos os movimentos dos seus funcionários. O chefe delas é o diretor da empresa e acabara de voltar de uma viagem, mas cedo do que previra.

— E-Eu não farei isso… – gaguejou respondendo de imediato.

— Hm… Já desistiu? – Hinata perguntou calmamente.

— Não é que eu desisti. Eu o amo e tenho certeza disso. – respondeu tristemente, ficando cabisbaixa em seguida.

— Sakura você já tem vinte e um anos, e é uma mulher forte e independente. Deveria revelar os seus sentimentos, quem sabe ele não lhe corresponde. – Hinata tentava animá-la.

— E se ele for gay? – indagou perguntou em um tom de voz baixo, mais para si mesma.

— Naruto me disse que ele não era. – Hinata respondeu a sua indignação.

— O Naruto falou mais alguma coisa sobre ele? – questionou curiosa, aproximando sua cadeira para mais próxima de si.

— Não. Eles são amigos desde a infância e são vizinhos, moram no mesmo prédio. – Hinata respondeu sincera.

— Ah, Hina. Não sei mais o que fazer. Desde o ensino médio sou apaixonada por ele, e bem… Não consigo esquecê-lo. Mesmo que eu não conversasse muito com ele, na maioria das vezes fazíamos trabalho juntos. Eu amo aquele cabelo negro arrepiado, os seus olhos, seu jeito de andar… – Sakura ficou pensativa e Hinata viu o quanto aquele garoto mexia com ela.

— Tenha paciência e tudo irá se resolver. Você não estava saindo com o chefe?

— Bem, sim, quero dizer, não, foi apenas um jantar, mas eu não gosto dele, não daríamos certo. Além do mais, fiquei sabendo de algo esses dias que me deixou mais ainda com um pé atrás de continuar saindo com ele. – Sakura olhou para a sala do seu chefe, para ver se o mesmo as observava, e como desconfiava ele a observava.

— E o que foi que você descobriu? – Hinata questionou.

— Ele é o irmão mais velho do Sasuke. – ela sussurrou próxima a orelha da morena, que levou as mãos aos lábios, surpresa pela declaração da rosada.

— Mas, vocês tem se falado depois do encontro? – inquiriu ansiosa por sua resposta.

— Não, tenho o evitado desde então. Ele sempre me liga e não atendo. De certo ele já desconfiou de alguma coisa.

— Você deveria dar um fora nele, de uma vez por todas. Ainda mais por ele ser irmão do Sasuke. – Hinata a repreendeu.

— Eu sei disso, mas… – nesse momento o telefone de cima de sua mesa toca, interrompendo a conversa das duas. Fez um sinal com a mão para amiga e atendeu o telefone.

— Departamento de comércio exterior boa tarde… – ela falava apreensiva e não compreendia o motivo para tanto nervosismo.

— Olá Sakura… – aquela voz. — Percebi o quanto tem me evitado, mas não devemos falar sobre isso agora, pois estamos em um ambiente de trabalho, não é mesmo, Sakura? – ele pronunciava o nome dela em um tom de malícia, cobertos de segundas intenções.

— Sim, correto Sr. Uchiha. Ligou-me por esse motivo? – ela indagava o mais profissional possível.

— Sim… E não. – ela ficou confusa, e suas mãos estavam suando. — Gostaria de conversar a sós com você, quero que me traga o contrato que realizamos hoje com a Volvo Internacional. – ela olhou por cima da mesa em sua sala, e não o encontrou.

— Mas… Você não se encontra na sua sala. – a rosada estava de fato inquieta.

— Sim, querida Sakura. Encontro-me na sala de reuniões, não a que costumamos usar, mas sim a antiga sala de reuniões, que fica no décimo terceiro andar. – Sakura congelou, pois aquele andar não era mais utilizado pelos funcionários, estava em planejamento o que fariam à aquele andar. Sakura não gostou nem um pouco da ideia de ir até lá.

— Esse andar não está mais em funcionamento, não seria mais adequado irmos à sala de reuniões do décimo andar? – questionou aflita. — Boas intenções é que ele não tem, para me chamar para ir naquele andar.

— Não, por algum acaso está com medo de mim, Sakura? Ou já se esqueceu de que sou o presidente da empresa?

— Não, não me esqueci Sr. Uchiha…

— Te darei cinco minutos… – ele a cortou encerrando a ligação em seguida. Após colocar o telefone no gancho, olhou de esgueira para a morena ao seu lado, que a fitava preocupada.

— Vejo que tem problemas. – ela comentou, sem querer prolongar a conversa.

— Tenho cinco minutos para estar na sala de reuniões, a que fica no décimo terceiro andar e a sós com o presidente da empresa. – ela soltou de uma só vez.

—  O Sr. Uchiha? Oh, meu Deus Sakura! Melhor ir logo e fale de uma vez, que entre vocês não rola nada. – Hinata aconselhou-a.

— Farei isso. – pegou uma pasta azul de cima da sua mesa e seguiu até o elevador.

Assim que colocou o primeiro pé no décimo terceiro andar congelou. Não havia uma pessoa sequer nos corredores, e isso a deixou apavorada. Pelo extenso corredor só se ouvia o barulho do scarpin de encontro ao assoalho de madeira.

Chegando diante da sala de reuniões, tocou a maçaneta e constatou que a mesma estava aberta, girou-a e entrou de uma vez naquela sala. Logo pode avistar suas costas largas, seus cabelos grandes preso em um rabo de cavalo baixo, de costas para si. Ele era bonito em sua concepção, porém, não era a ele que ela amava e sim o seu irmão.

— Vejo que é pontual Sakura. – seu tom de voz estava carregado de malícia e maldade. — Apenas não é educada o suficiente para atender as ligações do seu celular. – afirmou firme, logo se virou e ficou de frente para si, que se intimidou com o seu olhar negro sobre ela.

Sakura engoliu em seco e caminhou até ele, colocando a pasta por cima da mesa, em frente a ele, abrindo na página que mostrava um contrato assinado por todos os assessores responsáveis. Itachi desviou os seus olhos dos dela, para o papel e deu um sorriso de canto. De imediato voltou a sua atenção a si, que de prontidão iniciou um assunto.

— Todos os assessores estavam de pleno acordo quando realizamos o fechamento do contrato. As vendas se iniciarão no começo do próximo ano, e os modelos ainda serão enviados ao setor de Marketing para que possam efetuar as propagandas e publicidades dos mesmos. – Itachi não a interrompeu, apenas a observava de braços cruzados. — Não só o setor de Marketing, mas todos os setores envolvidos só poderão investir e se planejar quando os modelos forem escolhidos.

— Hn. – Itachi deu a volta pelo o seu corpo e parou por trás da mesma. — Eficiente como sempre, não é mesmo Haruno? – disse próximo a sua nuca.

— Obrigada Sr. Uchiha. Se for só isso que queria tratar comigo, devo me retirar agora. – disse já pegando a pasta da mesa, se virando para ir embora dali, porém, Itachi a segurou pelo braço e tomou das suas mãos o contrato, jogando-o por sobre a mesa, espalhando todos os papéis. — O que quer de mim? – o questionou firme.

— Eu? Nada Sakura. – respondeu cinicamente.

— Então porque não me deixa ir embora? – perguntou agora furiosa. Todo o seu medo se esvaiu.

— Não gosto de ser rejeitado por mulher nenhuma. – a segurou pelos ombros e a jogou em cima da mesa.

— Me solta! Ficou louco?

— Eu louco? Ah, Sakura você não sabe o quão louco eu posso ser quando estou com sede! – a respondeu dando um sorriso sádico em seguida.

— Eu não quero mais nada com você. Aliás só saímos uma vez…

— Sim, uma vez, mas nessa uma vez você me deixou na mão. E acredite… Não gostei nem um pouco daquilo.

— Você queria o quê? Que eu me entregasse de primeira a você? – Sakura perguntou revoltada.

Apenas saíra uma vez com o Itachi, onde ele a levou para jantar e em seguida para o seu apartamento. Lá Itachi tentou de todas as formas levar a Sakura para a sua cama, mas ela se livrou dele e saiu rapidamente do seu apartamento. Após aquele dia nunca mais se encontraram, pois ele viajou em negócios e voltou justamente hoje. Contudo, nesses últimos dias tentou conversar com a mesma, mas ela não o atendia, o que é claro, o deixou puto da vida. Ele não se conformava com a atitude dela. Ele queria provar do seu sabor. Seu cheiro a deixava insano, e ao fugir dele tornou a caça mais apetitosa para o mesmo.

A verdade é que Itachi amava esse jogo que sua presa fazia, por isso deixaria rolar, mas estava ficando impaciente por tomá-la. Queria provar do que doce sabor que o embriagava todos os dias.

— Vocês mulheres são todas iguais, fazem uma ceninha e se faz de difícil, porém, no fundo querem as mesmas coisas que nós homens queremos… Foder Sakura. – respondeu rispidamente, pressionando o seu corpo sobre o da rosada que estava abaixo de si.

— Me larga. Eu vou gritar. – afirmou socando o peito do homem másculo acima de si.

— Grite, ninguém vai te ouvir mesmo. – Itachi afundou a sua cara em seu pescoço embriagado pelo líquido que corria em suas veias. Seus caninos saíram e sua expressão vampiresca ansiava por prová-la.

Sakura não conseguia vê-lo mais sabia que algo não estava certo. Estava começando a entrar em desespero.

— Isso. Grite. – falou pausadamente. — Minhas presas me deixam muito mais eufórico quando tentam fugir de mim. – Itachi passou a língua no seu pescoço e podia sentir o calor emanar da sua pele.

— Não, Itachi por favor. – ela implorava, mas ele parecia fora de si, e não ouvia as suas palavras.

Sakura ergueu o seu joelhou e o acertou na virilha o fazendo cair para o lado de dor. Aproveitou e correu até a porta batendo contra o corpo de alguém, mas antes que caísse a pessoa a segurou. Sakura ergueu o seu olhar e pode contemplar a íris negra de Sasuke a fitando.

Seu olhar tremia de medo e queria fugir dali, Sasuke ao olhar para dentro da sala pode comprovar o seu tremor. Seu irmão estava transformado e fora de si.

Sasuke o fitou com ódio por cima do ombro de Sakura.

— O que pensa que está fazendo Itachi? – Sasuke o indagou, em seu tom de voz a fúria era contida.

— Eu que pergunto irmãozinho tolo. O que VOCÊ está fazendo aqui? – Itachi respirou fundo voltando ao normal e Sakura virou para trás o vendo ajeitar a sua gravata preta. — Deveria estar gastando a nossa fortuna e fodendo mulheres por aí e não aqui, se intrometendo nos meus negócios.

— Não me venha querer bancar o irmão mais velho, você sabe perfeitamente que esse papel não cabe bem a você. – Sasuke o retrucou.

Sakura apenas assistia a tudo e reparou que Sasuke ainda a segurava e aquele toque a estava acalmando.

— Que seja. Largue a Sakura e dê o fora daqui! – exigiu dando um passo à frente.

Sasuke a puxou mais contra si e encarou firmemente o irmão.

— Sakura irá embora comigo. – Sasuke se colocou em frente ao corpo de Sakura e enfrentou o irmão mais velho.

Itachi o encarava com a fúria estampada em sua face.

Sasuke puxou Sakura pela mão até o elevador, ela estava confusa e não sabia o que pensar a respeito do que aconteceu, mas sabia que poderia confiar em Sasuke.

Ao chegar no andar do estacionamento Sakura deu um passo para sair do elevador, mas antes de sair se virou para si.

— Obrigada por me salvar.

— Não há o que agradecer. – seu tom de voz era calmo, muito diferente de minutos atrás.

Sakura saiu do elevador, mas se virou novamente o chamando.

— Sasuke? – Ele segurou o elevador, mas não se pronunciou. — Obrigada mais uma vez.  

O silêncio foi a sua resposta. Sasuke apertou um botão no elevador e lhe lançou um sorriso de canto antes das portas se fecharem.

Sakura sorriu em meio ao nada e decidiu sair dali de uma vez.