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História Adelfés Psychés - Prólogo


Escrita por: onceshunter

Notas do Autor


Esse é prólogo da fanfic, ou seja, este capítulo vem antes do capítulo 1.
Estou postando depois porque quando eu postei o capítulo um, não havia terminado o prólogo.
Se você já leu o capítulo um, não faz muita diferença ler esse aqui depois, apenas vai esclarecer algumas coisas.

Boa leitura!

Capítulo 1 - Prólogo


Fanfic / Fanfiction Adelfés Psychés - Prólogo

 

No início dos tempos, quando os seres humanos eram completos, com duas cabeças, quatro pernas e quatro braços, sentiam-se tão poderosos que decidiram travar uma batalha com os deuses, então subiram aos céus e ocuparam seus tronos.

Entretanto, os deuses venceram e Zeus decidiu punir os homens por sua rebelião. Usando uma espada, dividiu todos os seres humanos ao meio e pediu a Apolo que cicatrizasse a ferida, criando o umbigo. Depois, jogou-os na terra novamente e cada um foi em busca de sua outra metade, sem a qual é impossível viver. As duas metades que foram separadas são chamadas αδελφές ψυχές (adelfés psychés), almas gêmeas e são capazes de se reconhecer uma vez que se encontram.

-.-.-

Atenas, 26 de junho de 2011.

 

O céu era um manto escuro com milhares de estrelas brilhantes. À fraca luz da Lua que entrava pela janela da suíte não era possível ver muita coisa no quarto além de sombras, no entanto, enxergar não era necessário para que ela pudesse reconhecer quem dormia ao seu lado. Lauren conhecia seu cheiro, o ritmo de sua respiração calmo e até o espaço que ocupava na cama. Ela conhecia cada curva de seu corpo, cada marca, cada cicatriz, assim como de sua alma. Conhecia aquele coração como ao seu.

Haviam viajado para Atenas no dia anterior e apenas dormiram ao chegar ao hotel, pois a viagem fora extremamente cansativa. No dia seguinte, acordaram cedo e saíram para conhecer a cidade.

Tiveram um dia cheio: passaram por vários pontos turísticos, comeram pratos típicos e, no final da tarde, sentaram à beira do mar para ouvir as ondas. Cada segundo daquele dia havia sido perfeito, não só porque Atenas era uma cidade incrível, mas porque cada momento que dividiam era maravilhoso.

Lauren passaria o resto de sua vida a seu lado, não conseguia mais se imaginar em nenhum outro lugar além de seus braços. Nada fazia tanto sentido quanto ficar ao seu lado e foi assim que dormiu, sentindo-se a mulher mais feliz do mundo.

Na manhã do dia seguinte, acordou por volta das nove horas e ao rolar para o lado sentiu os lençóis frios. Sentou-se na cama e observou o quarto vazio. Levantou e foi para o banheiro, tomou um banho e se vestiu. Recolheu suas roupas que haviam sido atiradas pelo quarto na noite anterior sorrindo com a lembrança. Sentou na cama e decidiu esperar que retornasse, mas esperou tanto que dormiu. Acordou com o barulho da porta se abrindo, mas não era quem esperava. Era a camareira, que se desculpou e fechou a porta novamente.

Pegou seu celular e discou o número que lhe era tão familiar quanto o seu. A chamada caiu direto na caixa postal. Respirou fundo, tentando não se apavorar. “A bateria deve ter acabado”, pensou. Está tudo bem, disse para si mesma. Está tudo bem.

Quando o sol do meio dia iluminou o quarto, o pânico já tomava conta de Lauren. Mil possibilidades passavam por sua mente. Teria ido mergulhar e se afogara? Teria se perdido tanto que não conseguia mais achar o caminho de volta? Alguém havia lhe feito algum mal?

Olhou para o teto por algum tempo tentando calar seus pensamentos até pegar no sono e acordou com o sol se pondo no horizonte. Foi até a janela observar o lindo pôr-do-sol que pintava o céu com tons de laranja e rosa. Chamou seu nome para que também viesse ver e quando a resposta não veio, os acontecimentos da manhã voltaram à sua memória e ela começou a se apavorar.

Andando em volta da cama de casal, lágrimas caíam por seu rosto. Não parava de se perguntar o que poderia ter acontecido, por que não dera notícias ou algum sinal de vida até àquela hora.

Com a boca seca e mãos trêmulas, ligou para a emergência. Mal conseguiu falar com a moça gentil que a atendeu, mas de qualquer jeito não adiantaria, pois a moça falava grego. Levou pelo menos cinco minutos até que colocassem alguém para falar inglês com ela.

Custou muito esforço para conseguir explicar o que havia acontecido ao rapaz com quem falava. Ele também foi muito gentil e disse que comunicaria à polícia, mas que ainda não poderia emitir um alerta de pessoa desaparecida porque não fazia vinte e quatro horas. Também disse que a melhor coisa que ela poderia fazer era ficar no quarto, aguardando.  

Decidiu que passaria a noite no quarto e iria à recepção do hotel pedir informações pela manhã, se até lá ainda não tivesse nenhuma notícia. Ligou para Dinah e Ally que ficaram em Nova Iorque, precisava ouvir suas vozes.

Conversaram por alguns momentos e suas melhores amigas fizeram o melhor que podiam para acalmá-la, disseram que a polícia logo daria notícias e que ela deveria pensar positivamente. Seus esforços eram sinceros, mas não era o bastante. Lauren estava sozinha em um país desconhecido, em outro continente, a quilômetros de sua casa e não tinha notícia alguma de sua acompanhante desde a manhã.

Vestindo uma de suas camisetas, passou a noite toda acordada, pensando nos piores cenários possíveis. Teria sofrido um acidente de carro e estaria presa embaixo das ferragens? Estaria perdida em algum lugar ermo, com medo e com frio?

Havia permanecido forte até quando, ao amanhecer, seu celular tocou e ela correu para atender, mas ao ouvir a voz de Dinah perguntando se ela tinha notícias, desabou no chão e começou a chorar em desespero, pois já passavam mais de vinte e quatro horas que ela não tinha notícia alguma.

Durante aquele dia todo andou pelos arredores do hotel com seu celular mostrando às pessoas uma foto que tiraram na praia, perguntando se alguém havia visto a outra parte do casal na foto. As pessoas negavam com a cabeça, não sabiam de nada. “Muitas pessoas passam aqui todos os dias, fica difícil memorizar rostos.” disse uma senhora, dona de um comércio local.

Lauren voltou para o hotel desolada. Havia ligado várias vezes na delegacia e ninguém tinha notícia alguma. A polícia havia procurado pelo carro nas câmeras de rua, mas não havia registro. Teriam até pensado que ela era louca se não tivesse levado o comprovante de aluguel e as imagens que o hotel tão gentilmente disponibilizara. “É como um fantasma”, dissera o delegado, “não tem registro algum depois do dia 26”. Lauren chegou a cogitar a possibilidade de estar mesmo louca.

Passou os dias seguintes dirigindo por um raio de mais ou menos cinco quilômetros em volta do hotel, com um carro que alugara. Fez várias paradas em restaurantes e bares, falou com várias pessoas.

Sem dormir por mais que duas horas por quase quatro dias, foi vencida pela exaustão e quase bateu o carro em um cruzamento. Acabou parando em um pequeno hotel e dormiu a noite inteira, tão esgotada que estava. Só acordou com seu celular tocando no dia seguinte, por volta das dez horas da manhã.

Dinah lhe falara que polícia americana também estava envolvida no caso e era apenas uma questão de tempo.  Com o coração em pedaços, Lauren decidiu voltar para Nova Iorque não por si mesma, mas pelas amigas, que quase imploraram ao telefone.

No aeroporto, a garota que Ally e Dinah buscaram era uma mera sombra da Lauren que havia partido para a Grécia. Estava três ou mais quilos mais magra, pálida, com olheiras tão profundas que mal se enxergava seus olhos.  

Nunca parecera tão frágil quanto naquele momento, sentada no banco de trás do pequeno carro de Dinah. Sempre fora mais alta que Ally, porém sentada ao seu lado parecia muito menor, encolhida em um canto, abraçando os joelhos, com o olhar perdido.

No dia 21 de julho, às cinco e meia da tarde, Lauren recebeu uma ligação da polícia. O delegado explicou que o caso seria arquivado porque não havia rastro nenhum que pudessem seguir. Não havia imagens, registros de cartão de crédito, movimentações na conta bancária.  “Não existem documentos que ao menos comprovem que essa pessoa existiu depois do dia vinte e seis de junho”, disse ele.

Ao desligar o telefone, sentiu que o peso do mundo em seu coração. Mal conseguia respirar, tamanha a dor que a sufocava. Até aquele momento, tinha se agarrado a um fio de esperança que não mais existia.

Passou uma semana trancada em seu quarto, dormindo o máximo que podia para fugir da realidade. Comia quando Dinah ou Ally levavam algo e insistiam muito.

Numa noite teve um sonho especial. Não durou mais que alguns minutos, mas foi o suficiente para mexer com ela. No sonho seu amor prometia que se reencontrariam em breve. Pedia que  não perdesse as esperanças e nem por um segundo desistisse de lutar.

Quando suas férias do escritório acabaram, Lauren retornou à sua rotina normal, defendendo os direitos humanos daqueles que não podiam se defender sozinhos. Embora fosse terrível no começo, aos poucos, foi se acostumando à vida normal, pois a única coisa maior que a dor que a saudade lhe causava era a esperança que lhe fora devolvida na promessa daquele sonho.


Notas Finais


Reconheço que demorei para atualizar, mas pela única razão de estar em semana de exames finais.
Espero que tenha gostado do capítulo.

Sua opinião é importante e bem vinda, então sinta-se à vontade para deixar um comentário.

Beijo,
Lana.


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