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História Adelfés Psychés - I Never Told You


Escrita por: onceshunter

Notas do Autor


Boa leitura.

(I Never Told You, Colbie Caillat)

Capítulo 7 - I Never Told You


Fanfic / Fanfiction Adelfés Psychés - I Never Told You

— Eu não tenho nada para falar com você, Camila. — responde Lauren, ácida. — E eu gostaria que você parasse de fazer da minha vida um inferno. — Camila franze o cenho e tomba levemente a cabeça para um lado.

— Fazer sua vida um inferno? — pergunta aparentemente confusa.

— Não se faça de sonsa. Você me deve, no mínimo, um pouco de honestidade. — os olhos de Lauren estão em chamas, mas ela evita os de Camila.

— Eu juro que não tenho ideia do que você está falando. — responde inocentemente dando de ombros. — O que aconteceu?

— Se você não tem a decência de me dizer a verdade, pode ir embora. — avisa Lauren, virando as costas para voltar à sua mesa. — Agora.

— Você pode ao menos me ouvir? — pede Camila, docemente. O cérebro de Lauren grita para que ela continue irredutível e exija que a morena vá, mas seu coração não é capaz de negar um pedido tão simples.

— Eu estou ouvindo. — responde friamente, virando-se para ela e cruzando os braços.

Dios mio, eu senti tanto a sua falta. — suspira Camila. — Eu não tenho palavras para te dizer o quanto eu sinto muito por toda a dor que eu te causei. — começa a falar com os olhos cheios de lágrimas.

Ainda evitando o olhar dela, Lauren abaixa o rosto. Vê-la e ouvir sua voz é tudo que ela quis desde Atenas, embora nã admita nem para si mesma. Todavia, tudo que ela é capaz de sentir é a dor de ter sido deixada para trás.

— Você sente muito por me abandonar, por me deixar pensar que você estava morta ou pelo que está fazendo comigo agora, Camila? — pergunta reunindo toda sua coragem. Sua voz falha uma ou duas vezes e Camila dá um passo para frente, como se fosse abraça-la, mas apenas cruza os braços.

— Eu sabia que não deveria ter vindo. — ela responde, enxugando uma lágrima. — Eu fui egoísta, só pensei no quanto eu queria te ver. — aperta os lábios e engole em seco. — Não pensei no que significaria para você.

— O que eu fiz pra você me odiar tanto? — Lauren pergunta com a voz embargada, dessa vez olhando nos olhos castanhos da mais baixa.

Camila fica completamente estática, com os olhos fixos nos de Lauren. Avança mais um passo e segura o rosto de Lauren com as duas mãos.

— Por que você iria pensar que eu te odeio, Lauren? — lágrimas escorrem por seu rosto. — Eu te amo tanto quanto dois anos atrás.

— Então você tem uma visão doentia do que é amor. — Lauren ruge entre dentes, empurrando Camila. Anda até o outro lado da sala e se encosta na parede, dando a maior distância possível dela. — Você pensou, enquanto dava o seu showzinho no sábado à noite, no que eu estava sentindo naquele momento? Eu pensei que ia morrer!

— O que? Do que você está falando? — questiona unindo as sobrancelhas. Lauren começa a rir e rola os olhos.  

— Eu quase acreditei em você por um segundo. — replica estreitando os olhos. — Você daria uma ótima atriz. — Camila continua com o cenho franzido. — Ou será que está com amnésia?

— Provavelmente, porque eu não tenho ideia do que você está me acusando. — Camila fala, dando de ombros.

— Sábado à noite. Você invadiu a minha casa, virou tudo de cabeça para baixo... — ela arregala os olhos e entreabre a boca. — Refresca sua memória?

— Sua casa foi invadida? — puxa os cabelos para trás com as duas mãos. — Alguém te machucou? — pergunta transtornada, dando dois passos na direção de Lauren.

— Você é tão cínica. — responde Lauren, virando o rosto para o lado. — Você sempre foi uma boa mentirosa e ainda assim conseguiu se superar. Meus parabéns.

— Eu nunca menti para você, Lauren, nunca. — Camila fala mais alto. Lauren vira o rosto em sua direção mais uma vez e tomba a cabeça para o lado, levantando as sobrancelhas.

— Então por que você não admite de uma vez? Do que você tem medo, Camila? — fala com um sorriso debochado.

— Eu tenho medo? — dá uma risada irônica. — Não sou eu quem foi para o outro lado da sala, Lauren. — Lauren fixa os olhos em Camila e dá dois passos à frente, parando a pouco menos de um metro dela. — O que você quer que eu admita? — aproxima o rosto de Lauren, que apenas estreita os olhos. — Merda, Jauregui. Olhando para mim desse jeito, você poderia me fazer confessar até ter matado JFK.

— Você matou, Cabello? — pergunta Lauren, mordendo o lábio inferior. Camila prende a respiração e passa a língua pelos lábios.

— Teria matado, se você tivesse me pedido. — aproxima-se de Lauren mais um pouco, que fecha os olhos. Estão tão próximas que podem sentir a respiração uma da outra. — Olhe nos meus olhos, Lauren, e me diga se eu estou mentindo para você. — Lauren aperta os olhos antes de abri-los e encontrar os de Camila.

— Eu acredito em você. — confessa Lauren, ofegante. Camila sorri largamente e Lauren vira o rosto. — Eu não deveria... — fala recuando um passo.

— Não... — Camila tenta segurar se queixo, mas ela desvia, abaixando a cabeça. — Okay.
— murmura tristemente.

— Você me machucou demais para vir aqui com algumas palavras baratas e me ter de volta assim. — diz Lauren virando as costas para ela e voltando a encostar-se à parede. — Eu perdi demais.

— Eu sinto muito, Lauren.

— Não, você não sente. — Camila recua um passo com a mão no peito. — Se você sentisse, não teria me deixado chorar por dias naquele maldito hotel em Atenas. — acusa ferozmente, andando na direção dela. — Não teria me deixado te procurar por dias numa cidade que eu não conhecia, sem saber se eu procurava por você, perdida e machucada ou se eu procurava pelo seu corpo jogado em alguma vala. Se você se sentisse muito, não teria me deixado passar semanas trancada dentro do meu quarto pensando que vilão horrível tivesse te tirado de mim. — lágrimas grossas descem por suas bochechas e Lauren continua a dar passos curtos e pesados em direção a Camila, que não se mexe. — Se você sentisse muito, não teria me mandado a porra daquela foto sabendo que eu ia te procurar igual a uma louca pelos quatro cantos do mundo. — a latina estreita os olhos para Lauren, franzindo as sobrancelhas. — Você sabe o que aquela foto fez comigo? Eu quase perdi a sanidade! Eu comecei a te ver por toda a parte. Seu rosto aparecia em todas as pessoas que passavam por mim na rua. Eu ouvia sua voz no meio da noite, chamando meu nome. Acordava com você do meu lado e, quando eu piscava, você sumia.  Eu sonhava que você havia voltado só para acordar e perceber que eu precisava viver mais um dia sem você. — Camila passa a soluçar, apoiando as mãos na mesa de Lauren atrás dela. — Se você sentisse muito, não teria me assistido me destruir daquele jeito, afastando todas as pessoas que se importavam comigo. Se você realmente me amasse, como você jurava dizer que sim, não teria me deixado sozinha quando eu mais precisei de você. Quando o mundo inteiro caiu em cima de mim e eu implorei para todas as divindades que eu conhecia para que me levassem no lugar da minha irmãzinha. — Lauren para de andar a centímetros de Camila. — Se você ao menos se importasse comigo, não teria me condenado a essa vida miserável.

Lauren assiste Camila soluçar sentindo uma forma de satisfação perversa por estar causando ao menos um pouco da dor que ela lhe causara. Quando ela levanta o rosto para olhar para Lauren, a satisfação que sentia se transforma em culpa, ao ver seus olhos inchados e vermelhos e, através deles, seu coração em pedaços.

— Eu sei que eu mereço, mas não tenho ideia de qual foto você está falando. — fala entre soluços. — E juro por Deus que eu nunca fiz nada para te machucar. Você pode não acreditar em mim, mas eu ainda te amo e vou amar até o meu último suspiro.

— Seu último suspiro vai chegar muito mais cedo do que você imagina se você se aproximar dela mais uma vez, sua vadia psicótica. — diz Lucy entrando na sala. — Eu não ligo de passar o resto da minha vida na cadeia se for preciso para que você nunca mais toque nela.

Camila dá uma risada sufocada e levanta o rosto, virando-o para Lucy que está parada na porta.

— Lucy. — diz com desprezo, secando as lágrimas em seu rosto com os dedos. — Nem esperou que o meu assento esfriasse, não é mesmo? Quase se sentou no meu colo.

— O que você está implicando? — provoca Lucy, dando dois passos à frente. — Eu não entendi.

— Você sabe muito bem o que eu estou implicando, hija de puta. — Lucy dá um sorriso debochado. Camila dá um passo na direção dela, bufando, prestes a acertar-lhe um murro. — Zorra.

— Não fale assim com ela ou eu quebro todos os seus dentes.  — ameaça Lauren, puxando-a pelo braço. Toda a marra de Camila some, assim como a cor em seu rosto. — E eu acho melhor você ir.

Sem dizer uma palavra, ela assente e começa a andar em direção à porta. Lauren a acompanha até o elevador e aciona o botão. As portas se abrem e Camila entra, mas segura as portas com uma mão.

— Você pode, por favor, descer comigo? — seu tom é de quase súplica. Lauren entra na cabine com ela e aperta o botão do andar térreo. — Eu estou no Plaza, quarto 1432. Se você quiser conversar... — Lauren rola os olhos e cruza os braços, balançando a cabeça. Quando as portas se abrem novamente, ela sai do elevador primeiro e Camila a segue a passos arrastados. Ao cruzar as enormes portas do edifício, antes de entrar num carro preto sem placa, Camila se vira para ela.
— Não houve um único segundo nesses dois anos que você esteve sozinha, Lauren. Eu estava lá, mesmo quando você não podia me ver.

Lauren assiste o carro de Camila sair completamente atônita. Durante o resto do dia, são vãos seus esforços em se concentrar em suas atividades, pois aquela frase permanece retumbando em sua mente. À tarde, sob a chuva torrencial, ela pega um táxi até o Plaza, contrariando seu bom senso e sua consciência, seguindo apenas o mesmo coração que a levara até a Grécia. Entra no luxuoso lobby do hotel toda molhada, gelada até os ossos e sobe até o décimo quarto andar.

Depois de bater à porta do 1432, começa a pensar em desistir e está prestes a voltar para seu escritório quando Camila abre a porta.

— Você veio. — diz abrindo um sorriso de surpresa. — E está molhada. Entre, eu vou pegar uma toalha para você.  — “Não entre”, alerta sua consciência, “saia daí imediatamente”, ordena seu bom senso, “dê uma chance”, implora seu coração. Ela continua parada, tremendo de frio, tentando decidir o que fazer. — Eu não mordo, a menos que você queira. — fala com um sorriso torto. Com muito custo, Lauren dá um passo para frente, depois outro. Camila encosta a porta atrás dela e oferece uma toalha branca.

Enrolada na toalha, Lauren observa o quarto do hotel. Lençóis brancos sobre uma enorme cama de casal, criados-mudos com abajures e uma mesa com duas cadeiras.  

— Eu fiquei pensando sobre o que você disse... — começa a falar, atraindo a atenção da outra mulher. — Você me disse que eu nunca estive sozinha.

— O que você quer saber?  

— Ponte do Brooklyn. — fala de uma só vez. Camila abaixa o rosto e assente levemente. — Era você?

— Sim. — responde brevemente, deixando Lauren estarrecida.

— Por quê?

— Porque você não iria parar, Lauren. Você realmente iria se jogar. — Lauren morde o canto da boca, nervosa.

— E quem você pensa que é para tomar essa decisão por mim?

— Se você sobrevivesse à queda, iria se afogar, bêbada daquele jeito! — exclama, gesticulando.
— Eu salvei a sua vida!

— Eu não te pedi para me salvar, Camila! Será que passou pela sua cabeça que eu realmente quisesse morrer?

— Por que carajos você iria querer morrer? — inquire Camila, com os braços levantados.

— Por que eu iria querer viver, Camila?

Camila solta um grunhido irritado, batendo a ponta do pé direito no chão.

— Você fica reclamando do quanto perdeu, mas você ainda tinha sua família e seus amigos e eu não tinha nada, ninguém! Tudo que eu tinha era você! — grita a plenos pulmões para Lauren, que se encolhe. — Tudo que eu tenho é você. — afirma com a voz embargada, sentando-se na cama.

— E ainda assim, você escolheu me deixar para trás. — responde Lauren, como um lamento.
— Eu ainda não entendo por quê. Eu teria te seguido até os confins da Terra, teria ido com você até o inferno. Céus, Camila, eu teria vendido minha alma ao diabo se você tivesse me pedido.
— confessa Lauren dolorosamente. — O que eu fiz de errado?

— Você não fez nada de errado. — afirma Camila se levantando e se aproximando de Lauren.

— Então você me deixou sem motivo algum? Simplesmente foi embora e me deixou lá, dormindo, pensando que a primeira coisa que eu veria pela manhã seria o seu rosto ao invés do quarto vazio.

— Não tem um único dia que eu não pense naquela manhã. Eu voltaria atrás e faria diferente, se eu pudesse, eu teria achado outro jeito...

— Outro jeito para que? — pergunta Lauren e Camila suspira profundamente. — Diga-me ao menos isso!

— Eu não posso, Lauren!

— Você pode Camila, só não quer! — acusa Lauren. — Seja honesta comigo uma única vez na sua vida!

Camila cobre o rosto com as mãos e puxa os cabelos para trás. Abre a boca uma ou duas vezes, morde o lábio e permanece em silêncio.

— Eu sinto muito. — responde.

— Às vezes, eu gostaria que você realmente tivesse morrido. Seria tão mais fácil pensar que você me amou até o último segundo do que ter que aceitar que você escolheu me deixar.

— Eu morri. — replica Camila, com uma risada triste. — Eu morri cada vez que acordei e você não estava lá. Eu morri cada vez que eu sonhei com você chorando, sozinha no seu quarto e eu não pude te abraçar. Eu morri a cada segundo que eu tive que ficar longe de você.

Por um segundo, Lauren perde completamente a postura que mantinha até o momento. Sente um desejo quase incontrolável de abraçar Camila e crava as unhas nas palmas das mãos, tentando retomar ao menos um pouco de seu autocontrole.

— Eu... Eu preciso ir. — diz brevemente tentando manter a voz estável e se vira para a porta.

— Espere. — pede Camila tocando levemente seu ombro. Relutantemente, Lauren se vira para ela. — Eu preciso te dizer uma coisa antes. Eu... Vou fazer uma viagem um pouco longa...

— Para onde você está indo? — pergunta, começando a ficar irritada.

— E eu não vou voltar.

— O que? Você vai sumir de novo? — Camila suspira e coça a testa com os dedos. — Como você pode aparecer na minha vida desse jeito só para ir embora mais uma vez? — explode Lauren com raiva.

— Por favor, escute. — pede Camila. — Eu não devo te contar isso, mas... — suspira pesadamente. — Eu consigo lidar com você me odiando, mas não posso suportar a ideia de você pensar que eu te odeio. — Lauren morde os lábios, engolindo o choro. — O que você me contou, sobre sábado à noite... Não fui eu, mas foi por minha causa. — ela junta as sobrancelhas e cruza os braços.  
— Eu me meti com gente ruim, Lauren, gente muito ruim. Eu fiz um monte de merda e agora eu tenho que assumir as consequências das minhas escolhas, mas você não. Essa é a minha bagunça e eu tenho que resolvê-la sozinha.

— Então você vai fugir? Ao invés de ficar e resolver os seus problemas, você vai simplesmente fugir e me deixar para trás, de novo! — retruca. — Eu posso ver o quanto você se importa comigo.

— Você não entende. Aquilo na sua casa, não é nada perto do que ele pode fazer. — tenta explicar, balançando a cabeça.

— Ele? Quem é ele? Seu namorado louco? Você sabe que existem outras maneiras de resolver isso.

— Eu preferiria que ele fosse só um namorado louco. — admite, apertando os olhos. — Não tem nada de que eu não desistiria para ficar com você. Para te ver sorrir, ouvir sua voz todos os dias. — Lauren engole em seco. — Mas eu não vou correr o risco de perder você. Sábado à noite foi um aviso que eu não posso ignorar.

— Camila, por favor. — pede Lauren, segurando as mãos dela, que aperta os olhos e vira o rosto, deixando cair algumas lágrimas.

— Não me peça para ficar, eu estou te implorando. — solta as mãos de Lauren, abrindo os olhos.
— Vá viver a sua vida, aproveite. Você nunca precisou de mim, fui eu quem sempre precisou de você.

— Não faça isso comigo de novo. — pede Lauren entredentes, lutando contra as lágrimas.

— Eu gostaria de ter uma escolha, mas não tenho.

— Se você for mesmo, nem se preocupe em voltar. — é a última coisa que Lauren diz antes de abrir a porta e sair do quarto, ignorando todas as vezes que Camila chama seu nome.

Pega o primeiro táxi que para em frente ao hotel e dá o endereço da firma. De volta a seu escritório, toda molhada, atrai vários olhares curiosos, mas segue seu caminho sem olhar para os lados. No banheiro do terceiro andar, tenta secar seu cabelo com toalhas de papel. A conversa de momentos antes começa a assentar em sua mente e pesar seu coração. Por ao menos vinte minutos, chora dentro de uma das cabines apertadas. Seu celular toca várias vezes com um número desconhecido, certamente o de Camila, mas ela se recusa a atender.

Volta para sua sala com o rosto inchado e se esconde atrás do computador até que termine seu expediente. Espera que todas as salas antes de sair estejam vazias e toma o elevador torcendo para que ninguém entre. Lucy a espera pacientemente na garagem e, se percebe que Lauren havia chorado, não diz nada.

Seu celular continua tocando até que ela perca a paciência e desligue o aparelho. Toma um banho frio, como forma de punição por ter sido fraca. Sai tremendo de frio e veste qualquer roupa. No exato momento que Lucy coloca os pés no quarto, a campainha toca.

— Olá, Lucy. — fala Camila secamente, com os braços cruzados. — Eu preciso falar com a Lauren.

— Ah, claro. — responde ironicamente. — Se você conseguir me matar antes que eu comece a gritar.

— É importante. — ela insiste, tentando entrar no apartamento, mas o corpo de Lucy bloqueia a passagem.

— Você não acha que já fez o suficiente?

— Eu não vim até aqui só para poder ver essa sua cara. Eu preciso falar com ela.

— Desculpe, mas não vai acontecer. — fala Lucy, empurrando a porta.

— Ele está atrás dela! — exclama Camila, segurando a porta. — Você tem que me deixar entrar.

— Quem está atrás dela?  

— Um dos maiores traficantes de Nova Iorque. — responde um pouco contrariada.

Lucy solta uma gargalhada alta e abre a porta.

— Por quê? Por causa de um ou outro baseado? — ironiza. Lauren aparece atrás dela, tentando entender o que se passa. — Por favor, você mente melhor que isso.

— Lauren! — exclama Camila, entrando no apartamento. — Você precisa acreditar em mim. Ele está atrás de você e eu preciso te tirar daqui imediatamente.

— Nem fodendo, Camila. — replica Lucy, empurrando-a para fora. — Suma daqui agora ou eu chamo a segurança.

— Lauren, por favor. — ela implora. — Por favor. Eu conheço um lugar seguro aonde ele não vai nos encontrar por algum tempo. Uma noite, é tudo que eu te peço. Depois eu desapareço e prometo que não volto.

— Ela não vai a lugar algum com você, sua louca. — Camila tenta pegar a mão de Lauren, mas Lucy começa a fecha a porta novamente.

— Eu conto o que você quiser saber! — fala alto, tentando manter a porta aberta. — Qualquer coisa. — Lucy fecha a porta e se vira para Lauren.

— Você não está nem considerando ir com ela, está? — pergunta Lucy, mas fica sem resposta.      — Lauren, não! Eu não vou permitir que você faça algo que vá se arrepender. — pega o celular no bolso de trás da calça e começa a discar alguns números.

— Para quem você está ligando?

— Alguém que coloque juízo nessa sua cabeça, já que você se recusa a me escutar.

— Espere. — pede Lauren, segurando o aparelho. — Eu quero ouvir o que ela tem para dizer.

— Então ouça aqui dentro, onde nós teremos alguma chance se ela tentar alguma coisa. — ela responde colocando o celular de volta no bolso. — De jeito nenhum você vai com ela para sabe-Deus-onde.

— Desculpe Lucy, mas eu preciso saber o que aconteceu. — Lauren diz abrindo a porta. — Uma noite. — diz ela para Camila, que solta um suspiro de alívio. — Eu estarei de volta pela manhã.
— fala abraçando a amiga dentro do apartamento.

— Se você colocar um pé para fora da porta, eu ligo para a polícia e digo que você sequestrada.
— Lucy diz firmemente. — Eu estou falando sério.

— Lucy! — reclama Lauren. — Eu sou uma adulta e posso fazer o que eu quiser com a minha vida!

— Lauren, você está me pedindo para te deixar ir com a mesma pessoa de quem você estava com medo ontem! Quer ficar com raiva de mim? Pois fique, desde que você esteja inteira.

— O que você acha que eu vou fazer com ela, Vives? — questiona Camila, cruzando os braços.

— Eu não tenho ideia.  Esse é o problema. — ela responde, segurando o braço de Lauren. — Por favor, não vá. — diz para ela, suplicantemente.

Lauren se solta do braço de Lucy, sai do apartamento e aperta o botão do elevador, extremamente irritada. Quem Lucy pensa que é para agir daquele jeito? Certamente não é sua mãe para trata-la como se fosse.

— Até amanhã, Lucy. — fala secamente quando o elevador abre as portas.

Lucy ainda implora mais algumas vezes para que ela não vá e, quando as portas se fecham, ela está com os olhos cheios de lágrimas no hall.   

Embora todos os seus instintos de sobrevivência gritem para que ela volte para a segurança do apartamento, Lauren entra no carro preto estacionado a duas quadras do edifício.  Seu estômago está virando e ela sua frio quando Camila dá a partida.

— Onde você está me levando? — pergunta apreensiva.

— Um hotel de uns amigos meus. É seguro o bastante para passarmos a noite.

Lauren assente, olhando pela janela, tentando memorizar o caminho. De repente, passa a se sentir extremamente ingênua por ter tomado uma decisão tão arriscada apenas para provocar sua amiga. Camila começa a rir silenciosamente, com os olhos na rua.

— O que?

— Você está decorando o caminho. — ela responde rindo mais alto. — Você realmente pensa que eu estou te sequestrando?

— Eu não estou... — resmunga Lauren.

— Você está sim! — diz Camila, em um tom divertido. — Você não tirou os olhos da janela nem por um segundo! — Lauren vira os olhos e ri também, um pouco menos apavorada. 

— Só no caso de você se recusar a me levar de volta. — ela responde. Camila joga a cabeça para trás, gargalhando.

Passam mais algumas ruas num clima mais leve, descontraído. Lauren continua olhando para fora, observando.

— Quer ligar o rádio? — pergunta Camila. — Você sempre adorou dirigir com música.

Lauren liga o rádio e se anima ao ouvir Highway To Hell, cantando junto e balançando a cabeça. O momento é bem parecido com tantos que passaram juntas, dirigindo por Nova Iorque no meio da noite, ouvindo o rádio.

— Bruno Mars! — exclama Camila entusiasmada quando Just The Way You Are começa. — Eu amo o Bruno Mars!

— Eu sei, eu também! — comenta Lauren alegremente. ­— Her eyes, her eyes make the stars look like they’re not shining. — canta os primeiros versos.

— Eu amo a sua voz. — Camila pensa em voz alta, observando Lauren, que sorri timidamente e continua cantando. — Her hair, her hair falls perfectly without her trying. — canta também, olhando para ela com um sorriso bobo.

— Você vai bater se continuar dirigindo sem olhar para a rua. — avisa Lauren entre risos.

Continuam cantando alegremente por mais alguns minutos, até que o radialista anuncia que a próxima canção será Halo. Lauren fecha os olhos e tenta não pensar em todas as memórias dolorosas que aquela música traz.

— Halo. — murmura Camila. — Costumava ser a nossa música, lembra?

— É. — responde sem abrir os olhos. — Eu me lembro.

Quando as primeiras notas tocam, ela abre os olhos e percebe que a música e as memórias que traz a fazem sorrir. A ferida que tanto a castigara simplesmente não dói mais. Ela finalmente pode respirar, depois de tanto tempo sentindo como se estivesse se afogando.

— Remember those walls I built? Well, baby, they’re tumbling down. — canta tranquilamente. Não se sente mais como se estivesse em pedaços, na verdade, sente-se exatamente como se sentia há dois anos quando ouvia a música tocar. — And they didn’t even put up a fight; they didn’t even make a sound.

— I found a way to let you in, but I never really had a doubt, standing in the light of your halo, I got my angel now. — continua Camila, diminuindo a velocidade.

— It’s like I’ve been awaken, every rule I had you breaking, is the risk that I’m taking, I ain’t never gonna shut you out. — responde Lauren, olhando para ela.

— Everywhere I’m looking now, I’m surrounded by you embrace, baby, I can see your halo, you know you’re my saving grace.

A música termina pouco tempo antes de chegarem a um pequeno motel em frente a um posto de gasolina. Lauren observa os arredores enquanto Camila conversa com uma senhora sexagenária com aparência gentil. No escuro não consegue ver muito, mas percebe que a área é bem urbanizada — escolas, restaurantes e franquias de fast-food.

— Nós estamos no Bronx? — pergunta para a mais baixa, já dentro do quarto. Ela assente levantando as sobrancelhas e tranca a porta, o que deixa Lauren um pouco desconfortável.

— Aqui. — joga as chaves do quarto para ela. — Você pode sair quando quiser, ok? Eu não estou tentando te prender aqui dentro, estou tentando manter outros fora. 

 Lauren coloca as chaves do quarto em cima da mesa do quarto e puxa uma cadeira de frente para a cama onde Camila está sentada.

— Então... Você disse que iria me contar o que eu quisesse saber.

— Eu vou.

— A verdade, toda a verdade e nada além da verdade? — pergunta Lauren, sentando-se na cadeira.

— Eu juro. — afirma Camila. — Quer que eu jure sobre a Bíblia? — Lauren ri e balança a cabeça.

— Você ao menos tem uma Bíblia?

— Não. — responde rindo. — Não mesmo. Mas eu prometo que vou ser honesta com você.
— Lauren assente. — Qual é a sua pergunta?

— A mesma pergunta que eu me fiz mais de um milhão de vezes. — Camila olha para seu colo, insegura. — Por quê?

— Por quê, o que?

— Por que você desapareceu por dois anos e decidiu voltar agora? — pergunta Lauren se inclinando para frente.

— É uma longa história. — responde Camila, repuxando um dos cantos da boca.

— Nós temos tempo até amanhã, não é?.

Ela inspira e prende a respiração por alguns segundos, depois expira lentamente. Olha várias vezes para os lados, depois para a porta e para as janelas.

— Você se lembra que eu disse que me envolvi com gente ruim? — Lauren assente. — Bem, essas pessoas estão atrás de mim há algum tempo.

— Essa não é a resposta da minha pergunta.

— É muito difícil me encontrar a menos que eu queira ser encontrada. — explica com certa relutância. — E elas sabem que o jeito mais fácil de me machucar é machucar você.


Notas Finais


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Obrigada pelo apoio,
Love,
Lana.


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