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História Adote Um Cara - Operação Paralela I - Quebra de um laço


Escrita por: HeeJin_

Notas do Autor


Oie, oie~~~
Depois de tanto tempo, eu voltei ~espero que alguém ainda lembre que essa fic existe ISHADOIAH~
Peço mil desculpas pela demora em att a história, porém o meu notebook está um lixo, eu tinha perdido o capítulo passado e também cheguei a perder esse por isso tudo isso de demora para atualizar, sério, eu estou tendo que formatar o meu note umas três vezes por semana, não tem mais jeito e eu preciso comprar outro note T-T ~porém n tenho dinheiro no momento, meu aniversário foi esse mês, eu já disse? IUHSDIUASG aloka~~ A parte boa é que eu sou quase uma técnica em informática agora depois de tudo e vocês podem me contratar para formatar o pc de vocês à vontade *o*
Enfim, eu estou escrevendo agora os capítulos no Word Online ~comecei a pensar um pouquinho kakak~ e não vou mais perder nada ~creio eu~ mas até eu comprar outro note ou sei lá vai ser meio difícil eu dizer que irei att a fanfic em tal frequência, peço desculpas por isso T-T E, espero que alguém ainda acompanhe a história :)

Comentário aleatório: Magenta é rosa ASHIDOASHD~~
E enfimmm, espero que a gente se veja lá embaixo, pf~~~

Capítulo 4 - Operação Paralela I - Quebra de um laço


Fanfic / Fanfiction Adote Um Cara - Operação Paralela I - Quebra de um laço

 

 A fase um da nossa operação vai começar com a quebra de um laço. — Taehyung afirmou pensativo olhando para um ponto aleatório da praça.  

 — Que laço? — Perguntei franzindo o cenho assim que ouvi as palavras do adotado.   

— O seu laço com o Fin, Kin, seja lá qual for o nome dele. — Taehyung falou voltando os seus olhos indecisos para mim. — O seu ex-namorado.   

— O quê? — Perguntei incrédula. — Eu e o Jin não temos mais nenhum laço e há muito tempo.  

— Não é isso que parece... Ah, qual é, Abby! Falando sério, você iria mesmo me contratar se você e o Fin não tivessem qualquer laço que fosse? Seja sincera pelo menos para você e admita que dentro de si você ainda sente alguma coisa por esse cara. O primeiro passo para o esquecimento é a admissão.  

— De namorado falso você se autopromoveu para psicólogo? — Perguntei em tom levemente debochado e Taehyung sorriu de canto.  

— Ué... Quem disse que eu era o seu namorado?   

— O único laço que eu o Jin temos é um micro-ondas que antes era meu até ele roubá-lo, de resto não sobra nada. — Tentei mudar de assunto rapidamente enquanto rolava os olhos e escutei uma risada baixa de Taehyung sabendo que ele havia percebido. — Ele mesmo havia escolhido a cor magenta para o micro-ondas, mas eu que paguei. — Falei inconsolada e na mesma hora vi Taehyung arregalando os olhos. — O quê? — Perguntei. — Por quê você está me olhando com essa cara?  

— Ahn... Nada... Apenas... Você disse que ele disse magenta? — Taehyung perguntou e eu afirmei com a cabeça. — Oh... Agora eu entendi porque vocês terminaram, desculpa, eu realmente não sabia... — Taehyung falou e avistei no seu olhar o tão famoso olhar de pena e comecei a me perguntar por quê Taehyung parecia realmente sentir uma empatia por mim naquele instante e definitivamente isso só poderia ser uma coisa ruim.  

Talvez uma tragédia não anunciada, talvez um mundo prestes a desabar, mas certamente só poderia ser uma coisa muito ruim para que Taehyung ficasse sem palavras e levemente tocado perto de alguém. E então, como um choque o desespero me abateu.  

— O que você quer dizer com isso? — Perguntei confusa e vi Taehyung erguendo as mãos em um claro modo de rendição. Mau, muito mau.  

— Nada. — Murmurou e a sua testa levemente se enrugou. Ele estava mentindo. Eu mal o conhecia e já entendia o suficiente para perceber que ele estava mentindo.   

— Diga, Taehyung! — Supliquei. 

— Uh... Bem... Er... Você não conhece a teoria dos caras que sabem o que é magenta? — Perguntou arqueando uma sobrancelha e eu neguei. — Isso é mau.  

— O que essa teoria quer dizer? — Perguntei deixando a minha voz tomar o seu famoso tom de desespero, eu não conseguia fingir mais que estava tudo bem.  

— Todos os caras héteros que sabem o que é magenta, não são beeeeeeeeeeem héteros. — Falou e eu abri a boca sem encontrar as palavras que buscava ao certo. — Quero dizer, não soa bem um cara hétero falando “que blusa magenta linda”, entende? Bom... É apenas uma teoria e...  

— TEORIA ABSURDA! — Afirmei rapidamente.  

— Realista, testada e comprovada! — Taehyung reafirmou na velocidade da luz e o ar parecia ter sumido dos meus pulmões. — Que tipo de cara hétero sabe que rosa não é rosa e sim magenta? Que tipo de homem se importa se é vinho ou roxo? Pense nisso.  

— Você... Você sabe o que é magenta. — Falei assim que percebi e vi Taehyung arregalando os olhos rapidamente.  

— Ei, ei... O que você quer dizer com isso? — Perguntou e deu uma risada fraca. — Eu sou um especialista, eu tenho que saber o que é magenta. Obrigatoriamente. Agora o Jin por acaso era um adotado também? — Perguntou e eu neguei. — Designer? — Neguei novamente. — Publicitário, talvez? — Arriscou pela última vez e eu não precisava negar novamente para Taehyung ver toda a minha cara de desespero. — Então isso só pode significar uma coisa...  

— Não! Absolutamente não! — Falei e rapidamente me levantei.  

Os meus pés caminhavam pela praça em sentido ida e volta, volta e ida e eu não sabia ao certo o que dizer ou onde eu iria chegar, a única que eu conseguia pensar era que toda aquela situação era estranhamente absurda, ou talvez mais que isso. Eu já estava fazendo um buraco no chão e para completar a desgraça Taehyung me olhava como se eu fosse a pessoa que mais necessitava de piedade da face da Terra, como um pintinho desamparado, desiludido precisando ser consolado com palavras doces. Taehyung estava com pena de mim e eu quase ri diante dos seus olhos cabisbaixos, eu teria rido se eu não fosse o alvo da sua mudança súbita de gêmeo mau para gêmeo bom.  

A pior pessoa que eu já havia conhecido na minha vida, com o coração mais frio e sem um pingo de compaixão alheia estava sentido pena de mim! O quão banal e horrível era a minha vida aos olhos de Taehyung?  

— Não! — Resmunguei pela última vez e Taehyung ergueu as mãos em rendição.  

— Qual é o problema ser trocada por um homem ou uma mulher, no final você foi trocada de qualquer forma. — Balbuciou e eu distribui um olhar mortal para ele.  

— Obrigada pela parte que me toca. — Joguei as palavras e vi Taehyung encolher os ombros sutilmente. — O Jin não me trocou por homem nenhum. Eu tenho certeza. Certeza absoluta, como eu nunca tive tanta certeza em nada na minha vida.  

— Então vamos pegar de volta. — A voz rouca e calma de Taehyung soou ao meu lado e eu voltei meu olhar indeciso para seus olhos castanhos escuros. — Vamos pegar esse micro-ondas de volta. — Taehyung reafirmou. — A fase um é a quebra de um laço, se você diz que o laço é um micro-ondas vamos pegar ele de volta.  

   

   

***  

A porta vermelha se destacava na minha frente, minhas mãos trêmulas segurando uma chave meio  enferrujada pelo tempo de desuso e um "blá, blá, blá" eterno de um adotado soava à minha direita tentando me convencer à fazer aquilo que eu sabia que estava errado.   

Oh, Deus! Invadir a casa do Jin era tão errado e em tantos aspectos que eu me perguntei sete vezes o que eu tinha na cabeça quando falei "Ok, então, vamos lá acabar com isso de uma vez!". A voz eterna da razão que eu usei no momento de fúria estava sendo substituída pelo tremor das pernas, a fraqueza de um pré ataque do coração e o arrependimento já tão conhecido que me ameaçava de diversas maneiras.  

Certo, certo. Está tudo absolutamente sobre controle. Quero dizer, o que é invadir a casa do seu ex-namorado se você comprou uma pessoa para sair com você?  Fazendo um cálculo lógico de o que é mais péssimo e vergonhoso para não deixar ninguém saber, falar que eu roubei um micro-ondas de um ex-namorado soa muito mais digno. A vingança da mulher que teve o coração despedaçado! Eu certamente usaria essa desculpa! Afinal o que é uma mulher triste e desamparada destruindo a vida de um ex?  

Talvez uma coisa horrível e deplorável que a sua mãe morreria de decepção quando descobrisse?   

Oh, não, consciência! Não é hora de ver os pontos negativos, quero dizer, minha mãe entenderia, ela sempre diz que temos que economizar, quer maneira melhor de economizar do que pegar o meu micro-ondas de volta invés de comprar outro? Eu não estou roubando, eu estou apenas reivindicando o que já é meu por direito!  

— Você tem a chave, logo isso não é uma invasão. Se ele não quisesse que você entrasse na casa dele, ele não teria te dado a chave. — Taehyung falou impaciente ao meu lado com aquela voz da razão que ele costumava usar quando queria me convencer à fazer uma coisa que tinha absoluta certeza que eu não faria.  

— Certo, mas ele me deu a chave um ano e meio atrás... Quero dizer, eu não estou traindo a confiança dele? — Perguntei mordendo levemente o canto do meu lábio inferior e Taehyung se espatifou em uma gargalhada me fazendo se sentir a pessoa mais idiota do mundo.  

Taehyung tinha um dom de me fazer parecer a pessoa mais caipira do universo inteiro. Eu deveria ter sido uma pessoa muito péssima na minha vida passada para ter que aguentar Taehyung nesse momento, essa era a única explicação possível.  

— Abby... Pelo amor de Deus! Quem se importa se você está traindo a confiança do seu ex-namorado? Quero dizer, o cara anda dizendo por aí que você é uma celibatária enquanto ele continua vivendo a vidinha dele cheia de flores regada à felicidade mútua e você fica no quarto sombrio e escuro aproveitando todo o mar de trevas que a vida pode propor à uma única pessoa. — Taehyung falou, encostando a palma da sua mão na porta de madeira pintada de vermelha da casa de Jin e arqueou uma sobrancelha enquanto não desviava os seus olhos dos meus. — Isso é, sem contar a história da magenta...  

— Eu já disse que o Jin não é gay, nem um pouco! — Exclamei irritada e Taehyung respirou fundo.  

— Bom... Isso é o que você pensa, mas a gente não sabe o que tem do outro lado da porta. — Continuou com o seu discurso. — Será que quando adentrarmos nessa casa aparentemente perfeita de família americana feliz esse filme de romance se tornará em um drama assim que avistamos o novo namorado do Fin deitado na cama dele e aguardando pelado o seu ex para noites calientes pela frente?  — Taehyung concluiu enquanto eu o olhava horrorizada.  

Meu Deus! Não poderia ser. Não mesmo. Um milhão de vezes não!  

Jin não poderia ser gay, quero dizer, quando a gente namorava ele não aparentava ser nem um pouco gay, ele era bem macho, bem MESMO! Não... Talvez não tão macho assim, mas nem todo homem precisa se comportar como um ogro do século XIX para não ser gay, não mesmo. Talvez Jin se importasse mais com a limpeza e organização que cem por cento que qualquer cara que eu tivesse conhecido, talvez Jin tivesse um sorriso muito mais meigo que o comum, talvez seu toque fosse um pouco mais delicado que o de muitas mulheres e talvez ele se vestisse melhor que eu, mas... Não! Não poderia ser!  

Respirei fundo deixando o ar sair dos meus pulmões enquanto tentava controlar o turbilhão de pensamentos que começaram a me invadir de repente, parece que foi só o adotado começar a falar coisas que tudo parece se ligar, como se toda a verdade estivesse estampada na minha cara o tempo inteiro e apenas eu não quisesse aceitá-la.   

Renegando. Será que eu estava renegando o que sempre foi óbvio?  

Mordi o lábio inferior novamente e já sentia que ele estava cinco tons mais vermelho que o comum depois de tanto provocá-lo com a minha indecisão, para finalmente decidir que a verdade estava à um passo — e de uma forma assustadoramente literal! — da minha cara.   

Era agora, era a porta ironicamente vermelha que me diria a verdade.  

— Se a chave realmente funcionar a gente entra. — Falei para Taehyung finalmente. — E eu aposto meu rim que não terá homem pelado nenhum! — Exclamei ouvindo a risada rouca de Taehyung.  

— Trato feito.  

Peguei a chave que ainda se encontrava no meu chaveiro comum e não pude deixar de ignorar a risada irônica que Taehyung soltou.  

— O primeiro passo para o esquecimento é a admissão. — Taehyung cochichou ao meu lado e eu apenas o ignorei, eu não havia tirado a chave do Jin do meu chaveiro antes por falta de oportunidade, mas não valia a pena explicar aquilo para esse monstrinho.  

A chave encaixou. Meu coração acelerou.                              

Ironicamente eu rezei dentro de mim para que ela só encaixasse e não rodasse, porém no instante seguinte eu tive a confirmação que estava errada, porque como mágica a chave deslizou sem dificuldade nenhuma e a porta se abriu assim que foi destrancada.  

Como um balde de água fria sendo jogada diretamente em mim eu não pude deixar de sentir as dúvidas me alarmarem. Jin não havia trocado a fechadura da sua casa? Quero dizer, independente de qualquer coisa ele sabia que eu tinha a chave, não seria o normal ele trocar a fechadura imediatamente depois do nosso término? Mas, naquele instante eu descobri que com Jin nada era normal. Nada era como eu pensava que seria.  

Senti  meus pelos se arrepiarem levemente e voltei meus olhos procurando Taehyung que já havia entrado na casa enquanto eu ainda permanecia lá fora, quase como uma barreira invisível que eu mesma havia criado.  

Porém da soleira da porta eu tinha uma visão parcial da casa do Jin, aquela visão que eu já tinha tido o privilégio de ver tantas outras vezes. A sala com paredes claras, os diversos quadros com fotografias de amigos na parede central e a TV gigante que ele costumava assistir ao final de semana. Tudo parecia exatamente no seu lugar, exatamente como estava um ano atrás sem tirar nem por.  

— Essa casa é tão sem personalidade. — Escutei a voz de Taehyung e o avistei mexendo na estante de livros no canto da sala. — Parece uma daquelas casas montadas por algum decorador conceituado da revista Casa Vogue, onde você paga caro para alguém decidir que cor de almofada o seu sofá deve ter. Quero dizer, pelo amor de Deus! São almofadas! Tanto faz se são azuis ou vermelhas! Aí chega um cara e diz que o azul acalma o ambiente, deixando-o mais ameno e perfeito para descanso. Sei... Claro... Se você tiver cansando, você dorme até em um cacto, poupe-me. — Taehyung exclamava incrédulo enquanto imitava os personagens eu segurei uma risada vendo a sua indignação. — O que foi isso? Um sorrisinho? — Perguntou fincando os lábios e me olhando com um brilho divertido no olhar. — Park Abby sorrindo?  

— Reclame menos, Taehyung. — Falei segurando o riso e vi Taehyung rindo livremente quase como uma criança enquanto balançava a cabeça em negativo sem tirar sua visão de mim. — E para de mexer nas coisas do Jin que se tiver uma poeira fora do lugar ele vai perceber.  

— Por que será que eu não estou surpreso com isso? — Perguntou rodando os olhos e virando as costas para mim enquanto continuava a sua checagem dos livros de Jin. — Você vai ficar aí parada na porta por quanto tempo? — Taehyung perguntou subitamente ainda de costas para mim. — Pode entrar, sinta-se em casa.   

Ignorei o tom irônico de Taehyung e tomei coragem para finalmente deixar o meu corpo entrar na casa do Jin e era estranho, mais estranho do que eu poderia imaginar, principalmente porque eu pude sentir finalmente o cheiro tão comum que circulava a casa do Jin, o cheiro próprio dele que tantas vezes me fizeram se sentir em casa.  

Tentei afastar os pensamentos estranhos e deixei Taehyung na sala enquanto eu partia em direção à cozinha e seguir com o plano de pegar de volta o meu micro-ondas e ir embora da casa antes que o Jin aparecesse e resolvesse nos denunciar.  

Avistei o micro-ondas magenta em cima do balcão em uma combinação estranha de decoração que não combinava com a sala e peguei a peça sem pensar duas vezes antes que eu pudesse sair correndo e dar para trás deixando o micro-ondas lá e voltei para sala, mas Taehyung não estava no lugar onde eu o havia deixado.  

— Taehyung? — Perguntei com a voz dois décimos mais alto diante do inevitável silêncio que estava instalado no ambiente, antes eu quase poderia jurar que um ambiente calmo e Taehyung não poderiam se encaixar na mesma frase.  — Tae...?  

— Você me chamou de Tae? — A voz levemente divertida apareceu no topo da escada no andar de cima e eu pisquei duas vezes.   

— Eu... Eu só estava... Te... Urh... — As palavras meio gaguejadas tentavam buscar alguma explicação para aquela súbita intimidade. — Você me cortou no meio... Sabe. Da palavra. Seu nome. Eu ia dizer. Sério! Tae...Hyung. Wow...Um suspense! Tipo um filme de terror, tipo... Oh! Eu estou realmente surpresa! Meu Deus, você não assiste animes de terror? — As palavras saiam rapidamente dos meus lábios em busca de uma resposta realmente certa e avistei Taehyung segurando um sorrisinho enquanto cumpria os lábios.  

— Que seja. — Falou levemente divertido ficando sério em seguida. — Anh... Abby... Você tem mesmo certeza que o Jin não é gay? Quero dizer... Porque se você tiver certeza mesmo acho melhor você não subir aqui, porque eu vi uma coisa meio...   

— Meio...? — Perguntei arregalando os olhos automaticamente.  

— Erh... Uma coisa... Que... Bom, que seja. Isso não importa, né? Passado é passado e...  

— Que-coisa? — Perguntei pausadamente na esperança que Taehyung respondesse alguma coisa, mas seus olhos sérios não desviavam-se dos meus.   

— Ahn... É... Você sabe... Brinquedos.   

— Tipo... Tipo... É... Tipo um brin-brinq-brinquedo? — Perguntei vacilante e Taehyung acenou com a cabeça, meio receoso. — Você está zoando!   

— Certo. Você tem certeza que eu estou te zoando? — Perguntou. — Eu sei que você está curiosa para saber se tem homem pelado ou se não tem. Se tem brinquedo ou não tem. Que tal você subir e ver com os seus próprios olhos então?  

Eu queria dizer que não estava. De verdade. Talvez não por ser um homem ou uma mulher, mas por ser alguém. Dentro de mim era como se uma parte quisesse saber o que estava acontecendo e porquê. Então antes que eu pudesse fingir que eu somava um total de zero em estar interessada na vida de Jin eu me peguei seguindo Taehyung escada a cima com o micro-ondas magenta em mãos.  

Taehyung seguia a minha frente quase como um especialista em invadir casas, seus pés não faziam barulho nenhum quando ele pisou no segundo andar e antes de começar a tentar desvendar a casa de Jin impulsionou meu corpo para trás de si e piscou um olho uma vez para mim, ele parecia ter pisado em cada canto da casa enquanto eu buscava o micro-ondas e sabia exatamente onde estava o quarto do Jin enquanto eu seguia suas costas.   

— Eu já disse que o Jin trabalha esse horário.  

— Certo, você também disse que ele não era gay. — Taehyung afirmou e eu deixei um rangido baixo sair dos meus lábios o fazendo rir baixinho. — Vou te dar um voto de confiança, Celi. — Falou sorrindo enquanto eu ignorava o apelido ridículo que ele havia me dado. — Preparada? — Taehyung perguntou arqueando uma sobrancelha e eu respirei fundo.  

Era brincadeira. Só poderia ser. Jin não era gay. Pelo menos era isso que eu estava torcendo, mesmo sem querer, mesmo sabendo que se ele fosse ou não, não mudaria nada. E então Taehyung abriu a porta do quarto, eu ainda fechei os olhos e pensei que não era possível antes de abrir os olhos e deixar o meu olhar vagar pelo ambiente, procurando em cada cantinho o brinquedinho.  

— Não me importo nenhum pouco, huh? — Taehyung perguntou ao meu lado dando uma risada. — Zero em se importar, certo?  

— Você estava mentindo! — O acusei empurrando levemente pelo peito. — Você é um desgraçado, cretino, sem moral, mentiroso! Eu não vou mais cair nos seus joguinhos, de verdade... Eu não vou mais...  

— Que barulho foi esse? — Taehyung me cortou perguntando em um sussurro virando-se para mim e eu o olhei descrente. — É sério, Celi! Eu escutei alguma coisa no andar de baixo.  

— Sério mesmo, Taehyung? — Perguntei ironicamente rodando os olhos. — Acabei de falar que não vou mais cair nos seus joguinhos e você me vem com essa?  

                  

— Abby? — De repente a voz tão familiar de Jin ecoou pela casa, meus olhos se arregalaram e eu automaticamente olhei para Taehyung que por incrível que pareça parecia tão assustado quanto eu. — Abby, é você?  

— É o Fin! — Taehyung se pronunciou e em um pulo fechou a porta do quarto do Jin e eu senti o meu coração bater de forma desfreada no meu peito.  

— E agora!? O Jin vai pegar a gente no flagra, o que eu vou dizer para ele? Desculpa Jin, tava na vizinhança e resolvi ROUBAR A SUA CASA?   

— Não precisa ser tão radical assim. — Taehyung falou enquanto rodava o seu olhar pelo quarto de Jin parecendo procurar alguma coisa. — Vou te dar duas escolhas, ESCOLHA RÁPIDO! O que você prefere: que a gente finja que está transando na cama dele e você saia por cima com um ar de vingança perfeita ou que a gente se esconda igual um gatinho indefeso?  

— O quê!? — Perguntei incrédula. — Eu não vou fingir que estou... Que estou... Com você! Pelo amor de Deus! NUNCA!  

— Ótimo! Gatinha indefesa. Por quê será que eu não me surpreendo? — Taehyung perguntou ironicamente e pegou o meu pulso me levando para o outro lado do quarto. — Debaixo da cama.   

Então antes que eu pudesse raciocinar alguma coisa Taehyung estava impulsionando o meu corpo para debaixo da cama do Jin.  A minha vidinha pacata e calma chegou a inevitável ponto onde eu havia me tornado uma louca psicopata invadindo a casa do meu ex-namorado, roubando micro-ondas e na eterna incerteza se eu havia sido trocada por um homem ou não. Eu queria dizer que eu tinha certeza absoluta que Jin era hétero com H maiúsculo, porém depois das palavras instigadoras de Taehyung e o seu discurso digno de um Oscar eu já não tinha mais tanta certeza assim sequer sobre quem eu era, imagine sobre quem o Jin era.      

Antes que eu pudesse raciocinar mais alguma coisa Taehyung entrou debaixo da cama junto comigo levando o micro-ondas magenta, meus lábios se abriram para um grito de protesto, mas antes que eu pudesse pronunciar qualquer palavra que fosse a mão de Taehyung já estava sobre a minha boca abafando minhas palavras enquanto os seus lábios sussurram um "shiu".   

Eu, o micro-ondas magenta e Taehyung.  

O som da porta do quarto se abrindo foi o suficiente para meu coração falhar e quase me dar a certeza que eu morreria tendo um ataque, voltei meus olhos desesperados para Taehyung que me olhava com seus olhos fixos nos meus parecendo querer me acalmar. Que irônico! Taehyung queria me acalmar?  

— Abby? — A voz de Jin soou pelo ambiente.  

Voltei meus olhos para Taehyung novamente na certeza que Jin saberia que eu estava ali, minha respiração descontrolada, meus pensamentos vagando nas desculpas que eu poderia dar para o Jin.  

O all star preto de Jin entrou no quarto e o seguia com um olhar vacilante. Era agora, era esse o momento que todo ex-namorado com sede de vingança espera: o caindo do ex nas margens da infelicidade sendo pego no flagra stalkeando e mostrando que ainda se importa. Sinceramente falando, eu queria ser o Jin nesse momento, eu queria estar por cima, mas eu estava por baixo, literalmente falando e rezando para que ele não descobrisse isso.  

— Respira mais baixo. — Taehyung sussurrou no meu ouvido com a sua voz rouca e eu senti o meu coração falhar, quase me esquecendo que Jin estava ali.  

Um suspiro alto saiu dos lábios de Jin e o som de chaves sendo jogadas no criado-mudo ecoou pelo ambiente antes de eu ver uma camiseta vermelha sendo atirada no chão e logo em seguida a calça jeans caindo de seu corpo, automaticamente a mão de Taehyung subiu dos meus lábios para os meus olhos e eu não consegui deixar o som baixo de uma risada sair dos meus lábios.  

— Hmmm... Tarada! — Taehyung sussurrou novamente no meu ouvido e eu senti os meus pelos se arrepiarem pelo som da sua voz... Sexy? Não, pera. Taehyung não era sexy, nenhum pouco, mas talvez... O som de outra porta se abrindo e fechando novamente desviaram os meus pensamentos e logo em seguida o barulho de um chuveiro sendo ligado.   

Sai debaixo da cama com Taehyung ao meu lado e um olhar para o criado-mudo foi o suficiente para eu saber porquê Jin sabia que eu que estive na sua casa: a minha chave estava agora no seu criado-mudo!  

Taehyung caminhava a minha frente me segurando pelo pulso e me arrastando escada à baixo na velocidade da luz e eu pensei que se continuássemos a fugir tão rápido assim eu não poderia achar uma desculpa boa o suficiente para explicar que estávamos trancados e que eu não tinha mais a chave.  

— Taehyung... Sobre a chave... Ahn... — Me pronunciei assim que Taehyung parou em frente a porta vermelha e se deparou com ela trancada, esperando uma atitude milagrosa minha para abrir a porta e a gente dar o fora.  

— Pelo amor de Deus, não me diga que você deixou a chave em um lugar e ele viu. — Taehyung falou de olhos arregalados e eu engoli em seco. — Ótimo! Agora ele vai pensar que você devolveu a chave!  

— Foi sem querer, eu juro... — Arrisquei fechando um olho sobre o olhar furioso de Taehyung a minha frente.  

Taehyung começou a olhar para todos os lados da casa freneticamente, antes de abrir a janela e impulsionar o seu corpo para fora da casa com uma facilidade nata de um esportista, olhei para ele com os olhos arregalados quando Taehyung esticou os braços para me segurar. Ele queria que eu pulasse! Taehyung queria que eu pulasse a janela!  

— Eu estou de saia! — Pronunciei sobre o olhar irônico de Taehyung que bufou enquanto batia o pé freneticamente de fora da casa.  

— Celibatária, eu não estou nem aí se a sua calcinha é vermelha ou preta, embora eu ache que ela seja magenta. Se você quiser vem que eu te ajudo, se não veja a sua dignidade sendo corrompida pelo Fin te pegando no flagra enquanto rouba o micro-ondas dele. FBI, CIA e outras milhares de formas estarão ao dispor dele para ele estragar a sua vidinha pacata da pior forma o possível. E então, você vem ou não?  

Os olhos seguros de Taehyung me fitavam intensamente, suas mãos estendidas me traziam certa confiança surreal, mas eu ainda não confiava nele, nem um pouco. Um riso baixo saiu dos lábios de Taehyung e ele fechou os olhos enquanto balançava a cabeça para a direita.  

— Vem logo ou eu vou embora e te deixo aí. — Taehyung falou de olhos fechados e foi o suficiente para me convencer a pular.  

Olhei para Taehyung pela última vez verificando se os seus olhos estavam realmente fechados e respirei fundo, subi no peitoril da janela deixando o micro-ondas ao meu lado e peguei na mão de Taehyung que me puxou para baixo me ajudando a sair da casa do Jin.  

— Bolinhas verdes? Que antiquado! Assim você não irá me conquistar nunca. — A voz de Taehyung soou ao meu lado em um riso baixo fazendo referencia ao dia anterior no meu apartamento. Ele havia visto! — Eu não disse que não iria olhar. — Se defendeu automaticamente sobre o meu olhar acusador.  

— Yah!  

Taehyung deu um sorriso retangular para mim antes de pegar o micro-ondas do peitoril e partir rumo ao fim do quarteirão de Jin. A primeira coisa que eu pensei nesse momento era que parecíamos dois assaltantes profissionais e a segunda era que eu tinha o meu micro-ondas de volta.  

 

 

***  

O folego ainda me faltava da recente corrida quando chegamos em frente ao meu prédio, eu precisava de água ou acordar e ver que tudo aquilo tinha sido só um pesadelo banal, mas não era. Era tudo muito real. Eu, o micro-ondas magenta, o adotado com os seus cabelos levemente molhados de suor com um sorriso torto ao meu lado de menino arteiro e a minha insegurança do brinquedo que eu sequer havia visto.  

— Ei, Abby! Não tinha brinquedo. — A voz de Taehyung soou ao meu lado e eu voltei meu olhar para seus olhos, às vezes parecia que Taehyung poderia me desvendar. — Mas, tinha isso. — Falou me entregando um pedaço de papel amaçado dobrado ao meio.  

Com o coração acelerado eu abri aquele pequeno pedaço esperando pelo pior, mas o que eu li estava longe de ser algo ruim ou compreensível.        

        "Encontro amanhã no restaurante Skye. 22hrs. Com J."   

 

— Se você quiser eu posso ir com você verificar pessoalmente se ele está ou não com um homem. Falando sério, é muito estranho ele escrever encontro com J., se ele é solteiro porque não escreveu o nome da pessoa inteiro? — Taehyung perguntou com uma sobrancelha levemente arqueada parecendo compreender a minha falta de resposta.   

— Eu não me importo, Taehyung! De verdade, a quebra de um laço já foi feita. Que seja! — Afirmei veemente e Taehyung acenou a cabeça uma vez concordando.

— Certo, mas depois não vá se surpreender quando ver ele andando por aí abraçado com outro homem e beijando ele na praça pública. — Taehyung falou dando uma risada baixa e bagunçando meus cabelos levemente como quem faz com o seu animal de estimação. — O primeiro passo para o esquecimento é a admissão.  

Foi com essas palavras que Taehyung saiu, me deixando com o bilhete amaçado nas mãos e as palavras lidas ecoando na minha cabeça. 

"Encontro amanhã no restaurante Skye. 22hrs. Com J." 

 
 


Notas Finais


E entoneeeeeeeeees, sobre o "I" depois da operação paralela no título do cap é porque vão ter algumas fases, porém essas fases não vão ser seguidas elas vão ser colocas no decorrer da história, então o próximo capítulo não é o "II" ainda ~SEM ORR~~~

Se tiver qualquer erro me avisem, eu imploro kakaka Sério, pf jajajaj
E enfimmmmmmmmm~~~ O que vocês acharam do capítulo? Me digam, por obséquio *o*
Bjbj *o*


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