I - único (a minha paralisia devido à tua obsessão)
No meio daquela noite supérflua, fui arrancado de meus pesadelos para ser atirado em outro, exceto pelo fato irrefutável de ser real e à cores; cores imundas que me remetiam ao castanho inóspito de teus olhos. Tais olhos que amei por tanto tempo, todavia que naquele momento eram intrincados, sombrios.
Meu corpo não possuía movimento algum e teus braços negros seguravam minha fragilizada alma com força inestimável para um ser morto e desprovido de cores alegres. Meus pequenos olhos inchados eram as únicas coisas que se moviam dentro do quarto desgastado pela minha dor. Eu estava intrínseco à ti; estávamos ligados e a culpa assolava meu coração que batia com esforço.
Se eu não tivesse me apaixonado por você; por essa pessoa irascível e egocêntrica. Tu eras maluco, cheio de ódio e obsessão pela minha pessoa. Dizia que era por amor; vinha até minha porta com poemas apaixonados e rosas brancas. E como eu amava aquelas flores! Sentia em minha pele seus toques furiosos e afoitos; as manchas surgiam como novas galáxias amareladas em minha epiderme esbranquiçada. Galáxias preenchidas por medo e dores lancinantes. Tu afligias meu psicológico de maneiras grosseiras e escuras.
E, foi em uma batalha inesperada que você se afundou. Tinha conhecimento que era para ter sido eu, e agora, tu voltaste para me levar embora. Queres me afundar em teu leito de morte.
Teu sorriso perturbador brilhava no escuro do cômodo em que eu me encontrava. Minha garganta seca tentava produzir sons, em vão. Tua mão direita que antes possuía maciez inimaginável - agora enegrecida e pútrida - tocou meus lábios, os interditando em um pedido mudo de silêncio. Odiava minha tagarelice ou minha voz cantante. Odiava-me. Tal ódio exalava de teu corpo de mentira; o odor de teu perfume forte ainda ardia em suas roupas ilusórias.
Enxergava meu fim.
Arrancaste-me de meu pobre corpo com brutalidade e afundaste-me em tua correnteza de obsessão.
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