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História After - Supercorp - Primeiro dia de aula...


Escrita por: TommyKurkowski

Capítulo 6 - Primeiro dia de aula...


Finalmente chega à segunda-feira, meu primeiro dia de aula, e não poderia estar mais preparada. Acordo bem cedo para poder tomar banho sem pressa e sem garotos por perto. Minha camisa branca e minha saia bege de prega estão impecavelmente passadas e prontas para usar. Eu me visto, prendo os cabelos e ponho a mochila nas costas. Já estou quase saindo — uns quinze minutos antes da hora, para não chegar atrasada — quando o despertador de Sam toca. Ela aperta o botão de soneca, e fico pensando se não é melhor acordá-la. Mas suas aulas podem começar mais tarde que as minhas, ou ela pode estar planejando não ir. A ideia de faltar no primeiro dia de aula me deixa apavorada, mas ela está no segundo ano, deve saber o que está fazendo.

Depois de uma última espiada no espelho, vou para minha primeira aula. Estudar o mapa do campus se revela uma boa ideia, e encontro o primeiro prédio ao qual devo ir em menos de vinte minutos. Quando entro na sala da aula de história, a classe está vazia, a não ser por uma única pessoa.

Como se trata de alguém que também se preocupa em ser pontual, me sento ao seu lado. Ela pode se tornar minha primeira amiga por aqui. “Onde está todo mundo?”, pergunto, e ela sorri, de uma forma que me deixa imediatamente à vontade.

“Provavelmente correndo pelo campus para conseguir chegar aqui em cima da hora”, ela brinca, e nossa conexão é imediata. Era exatamente isso que eu estava pensando.

“Meu nome é Kara Zor El”, digo, abrindo um sorriso simpático.

“Alex Danvers”, ela se apresenta, abrindo um sorriso adorável. Passamos o restante do tempo antes do início da aula conversando. Ela quer se formar em biomedicina, e tem uma namorada chamada Kelly. Não tira sarro de mim nem altera seus modos quando conto que Mike é mais novo que eu. Quando a sala começa a se encher, Alex e eu fazemos questão de nos apresentar para o professor.

À medida que o dia passa, começo a me arrepender de ter escolhido cursar cinco matérias em vez de quatro. Tenho que correr para chegar à aula de literatura britânica, optativa, quase chego atrasada e dou graças a Deus por ser a última do dia. Fico aliviada quando vejo Alex sentado na primeira fila, e um lugar vazio ao seu lado.

“Oi de novo”, ela diz com um sorriso quando me sento.

O professor dá início à aula distribuindo a programação do semestre e falando um pouco sobre ele, sobre o que o levou a começar a dar aulas e sobre seu amor pela literatura. Fico feliz com o fato de a faculdade ser diferente do ensino médio e de os professores não obrigarem os alunos a se apresentar diante da sala ou fazer coisas embaraçosas e desnecessárias.

No meio da explicação sobre nossa lista de leituras, a porta se abre, e eu me pego soltando um resmungo ao ver Lena entrando na sala.

“Que beleza”, digo baixinho para mim mesma, em tom sarcástico.

“Você conhece Lena?”, Alex pergunta. Ela deve ser bem famosa no campus para que alguém como Alex saiba quem ela é.

“Mais ou menos. Minha colega de quarto é amiga dela. Mas não sou muito fã da guria, não”, cochicho.

Nesse momento, os olhos verdes de Lena se voltam para mim, e fico com medo de que tenha ouvido. Mas e daí se tiver? Sinceramente, não faz diferença — a essa altura já ficou claro que não gostamos uma da outra.

Fico curiosa para saber o que Alex tem a dizer sobre ela, e não consigo deixar de perguntar: “Vocês se conhecem?”.

“Sim… Ela é…” Alex para de falar e dá uma olhadinha para trás. Levanto a cabeça e vejo Lena se acomodar na carteira ao meu lado. Alex fica em silêncio o restante da aula, sem tirar os olhos do professor.

“Por hoje é só. Vejo vocês na quarta”, diz o professor Hill, dispensando a classe.

“Acho que essa vai ser minha aula favorita”, digo para Alex quando saímos, e ela concorda. Mas sua expressão muda totalmente quando percebemos que Lena está caminhando ao nosso lado.

“O que você quer, Lena?”, pergunto, dando a ela um gostinho do próprio veneno. Mas pelo jeito não funciona, não sou enfática o suficiente, porque ela parece se divertir com minha reação.

“Nada. Nada. Só estou contente porque vamos fazer uma matéria juntas”, ela ironiza, passando as mãos pelos cabelos negros e um pouco ondulados. Percebo a existência de um símbolo do infinito com um desenho um pouco incomum na altura de seu pulso, e ela baixa a mão no momento em que tento observar as tatuagens ao redor.

“A gente se fala, Kara”, diz Alex, afastando-se.

“Você conseguiu fazer amizade com a maior otária da classe”, comenta Lena quando ela vai embora.

“Até parece! Ela é uma guria legal, ao contrário de você.” Fico chocada com minhas próprias palavras. Lena tem mesmo a capacidade de despertar o que existe de pior em mim.

Lena vira a cabeça para o outro lado. “E você está ficando mais intratável a cada conversa que temos, Karah.”

Tento imaginar como ela seria sem as tatuagens e os piercings. Mesmo com tudo aquilo em cima do corpo, é muito bonita, mas sua personalidade desagradável estraga tudo.

Começamos a caminhar juntas na direção do meu alojamento, mas depois de uns vinte passos ela grita de repente: “Para de me olhar desse jeito!”, dá meia-volta e desaparece por outro caminho antes que eu possa pensar em uma resposta.

____

Depois de vários dias exaustivos — mas estimulantes —, finalmente chega à sexta-feira, e minha primeira semana de aula na faculdade está quase acabando. Satisfeita com a maneira como as coisas se encaminharam, planejo ficar vendo filmes no fim de semana, já que Sam provavelmente vai sair e o quarto deve ficar bem tranquilo. Como tenho em mãos o programa de todas as matérias que vou cursar, posso ir adiantando muita coisa. Pego minha bolsa e saio mais cedo, aproveitando para comprar um café para começar o dia com mais energia.

“Kara, certo?”, diz uma voz feminina atrás de mim enquanto aguardo na fila. Quando me viro, dou de cara com a menina de cabelo cor-de-rosa da festa. Maggie. Acho que foi assim que Sam a chamou.

“Sim. Isso mesmo”, respondo, já virando para o balcão e tentando não dar trela.

“Você vai à festa de hoje à noite?”, ela pergunta. Apesar de saber que está tirando sarro da minha cara, solto um suspiro e me viro. Quando estou prestes a responder que não balançando a cabeça, ela acrescenta: “Você deveria, vai ser demais”. Ela passa os dedos curtos pelo antebraço todo tatuado.

Fico sem reação por um instante, mas balanço negativamente a cabeça e digo: “Sinto muito, tenho outros planos”.

“Que pena. James ia gostar de ver você.” Não consigo segurar a risada, mas ela insiste, abrindo

um sorriso. “Que foi? Ele estava falando de você ontem mesmo.”

“Duvido…, mas, mesmo que estivesse, tenho namorado”, revelo, fazendo o sorriso se escancarar ainda mais em seu rosto.

“Que pena, poderíamos ir em casais”, ela diz de um jeito meio malicioso, e agradeço a Deus em silêncio quando meu café fica pronto. Na pressa, acabo pegando o copo com força demais, e um pouco de café transborda e queima minha mão. Solto um palavrão, torcendo para que não seja uma espécie de prenúncio para o fim de semana. Maggie se despede com um tchauzinho, e abro um sorrisinho por educação ao sair. O que ela falou reverbera na minha mente: Como assim, casais? Ela vai com a Lena? Elas estão namorando? Por mais simpático e bonito que James seja, Mike é meu namorado, e eu jamais faria alguma coisa que pudesse magoá-lo. Admito que não conversamos muito essa semana, porque estávamos os dois bem ocupados. Faço uma anotação mental para ligar para ele à noite para pôr a conversa em dia e saber como está se sentindo sem mim.

Depois da queimadura com o café e do encontro bizarro com a Cabelo Rosa, meu dia só melhora. Alex e eu combinamos de nos encontrar todos os dias no café antes das aulas a que assistimos juntos, então ela já está encostada na parede do lado de fora quando saio e me cumprimenta abrindo um sorriso bem largo.

“Hoje só vou poder ver meia hora de aula. Vou passar o fim de semana em casa”, ela diz. Fico feliz em saber que vai ver Kelly, mas não gosto da ideia de assistir à aula de literatura britânica sem Alex e com Lena, caso resolva aparecer. Ela não veio na quarta. Não que tenha sentido sua falta, claro.

Eu me viro para ela. “Mas já? O semestre acabou de começar.”

“É aniversário dela, e prometi que ia estar lá”, ela explica, dando de ombros.

Na sala de aula, Lena senta ao meu lado, mas não diz uma palavra, nem mesmo quando, conforme o prometido, Alex sai depois de apenas meia hora, o que torna sua presença ainda mais incômoda.

“Na segunda-feira vamos começar a discutir Orgulho e preconceito, de Jane Austin”, anuncia o professor Hill ao final da aula. Não consigo esconder meu contentamento, e tenho quase certeza de que solto um gritinho de alegria. Já li esse romance no mínimo dez vezes. É um dos meus favoritos.

Apesar de não ter dirigido nenhuma palavra a mim durante a aula, Lena sai da sala comigo. Já consigo até imaginar o que ela vai dizer ao ver a expressão de enfado em seus olhos.

“Me deixa adivinhar. Você é apaixonada pelo sr. Darcy.”

“Toda mulher que já leu esse livro é apaixonada por ele”, digo, sem encará-lo. Chegamos a um cruzamento, e olho para os dois lados antes de atravessar.

“Pois é”, ela responde aos risos e continua a me seguir pela calçada lotada.

“É claro que você não consegue entender o apelo do sr. Darcy.” Nesse momento me lembro da coleção de romances nas prateleiras no quarto de Lena. Aqueles livros não podem ser dela. Ou podem?

“Um homem grosseiro e insuportável que se transforma em um herói romântico? Isso é ridículo. Se Elizabeth tivesse alguma noção, teria mandado o cara se foder logo de cara.”

Acho engraçada a maneira como ela fala, mas cubro a boca e me impeço de rir. Até estou gostando da discussão e da companhia dela, porém é só uma questão de minutos — uns três, caso dê sorte — antes que ela diga alguma coisa desagradável. Levanto a cabeça, deparo com seu sorriso com covinhas e fico admirando sua beleza. Com piercings e tudo.

“Então você concorda que a Elizabeth é uma idiota?”, ela questiona, erguendo as sobrancelhas.

“Não, ela é uma das personagens mais fortes e complexas de todos os tempos”, digo em defesa dela, usando as palavras de um dos meus filmes favoritos.

Lena dá risada e eu também. Mas, depois de alguns segundos, ao se surpreender se divertindo comigo, ela se interrompe e fica séria. A expressão em seus olhos muda. “A gente se vê por aí, Karah”, diz antes de dar meia-volta e desaparecer na direção contrária.

Qual é a dela? Antes que possa pensar a respeito de suas atitudes, meu telefone toca. O nome de Mike aparece na tela, e eu me vejo invadida por uma estranha sensação de culpa ao atender.

“Oi, Kah, eu ia responder com uma mensagem, mas achei melhor ligar.” A voz dele chega entrecortada e um pouco distante.

“O que está fazendo? Parece ocupado.”

“Não, só estou indo encontrar alguns amigos na lanchonete”, ele explica.

“Certo, então não vou ficar segurando você. Ainda bem que é sexta-feira. O fim de semana chegou em boa hora!”

“Você vai a outra festa? Sua mãe ainda está bem chateada.”

Espera… Ela contou para minha mãe? Gosto que se deem bem, porém às vezes meu namorado parece mais um irmão mais novo que adora me irritar. Detesto fazer essa comparação, mas é verdade.

Em vez de discutir ou reclamar, simplesmente digo: “Não, não vou sair no fim de semana. Estou com saudade”.

“Eu também, Kah. Muita. Me liga mais tarde.” Eu digo que sim, e nós dizemos um ao outro “eu te amo” antes de desligar.



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