História After - Eu te amo

O pessoal foi embora já passava das onze horas da noite e Bruno e eu ainda ficamos mais um tempo organizando algumas coisas pela casa. Estávamos nos ajeitando para dormir, e um pouco antes eu desci para pegar uma garrafinha de água e o remédio para dor de cabeça, pois sabia que teríamos ela amanhã, mas o vibrar do meu celular interrompe meus passos de volta ao quarto.

- Alô? - sento na bancada e apoio as mãos na cabeça.

- Desculpa só ligar agora, eu andei um pouco ocupado...

- Theodoro?? - falo mais alto e ele ri do outro lado. - Não tem graça, você me fez esperar por dias. - digo mais relaxada.

- Uma semana passa muito rápido. - ele fica mudo, mas ainda consigo ouvir sua respiração.

- E então, porque ligou com número restrito? Assim não posso manter contato com você... Quer dizer, você quer manter contato comigo? - meu coração aperta por pensar numa resposta negativa.

- É claro... Eu quero sim.

- Tudo bem, eu não vou pressionar você, vamos com calma. - respiro fundo.

- Eu preciso desligar, quando eu puder, ligo de novo. - ele diz e encerra a chamada sem me deixar me despedir dele.

Largo o celular na bancada e fico estática absorvendo a chamada. Quando mais nos aproximamos, mais eu sinto que ele se afasta e não consigo entender o porquê.

Ouço os passos do Bruno na escada e vou indo ao seu encontro. Ele estava com uma calça de moletom e passava a toalha nos cachinhos.

- Tudo bem? - diz e passa reto, indo largar a toalha usada na lavanderia.

- Theo me ligou. - digo e ele da alguns passos de volta para o meu campo de visão.

- Essa hora? - arqueia a sobrancelha.

- E o mais estranho foi que ele ligou de um número restrito e não disse nada demais. Nem quando vai ligar de novo. - olho para o celular e depois para o Bruno.

- Eu sei que ele é seu irmão, quer dizer, nós achamos isso. Mas você precisa tomar cuidado, ele pode não ser o que achamos que ele é. Nós não o conhecemos. - Bruno fala e eu concordo.

- Irei me cuidar. - dou um sorriso e vou subindo as escadas.

Eu sei o que o Bruno pode estar querendo insinuar, mas Theo não seria uma pessoa ruim, ele nunca foi e eu sei que compartilhei com ele menos de cinco anos de vida e éramos crianças.

Passei a noite inteira me revirando, pensando em tantas possibilidades e nenhuma delas fazia sentido na minha cabeça. Me revirei tanto que acordei o Bruno, e era muito cedo.

- Relaxa Gwen! Eu não disse aquilo para plantar ideias na sua cabeça, e só um cuidado que eu acho bom nós tomarmos. Mas não se preocupe, vai ficar tudo bem. - ele puxa minha cintura e eu relaxo o corpo.

(...)

- Você está pronta? Temos que ir para a casa do Eric. Jaime já está por lá. - Bruno fala da porta de seu quarto, eu estava terminando de arrumar os cabelos.

Passei pouca maquiagem, mas fiz uns cachos lindos no cabelo para diferenciar um pouco. Vesti uma calça jeans preta e o blusão de natal que compramos iguais para todos. Ele era vermelho com os detalhes de Natal.

Fizemos um jantar apenas para se reunir, já que aqui nos Estados Unidos normalmente se comemora o natal no dia 25 ao invés de começar a festa na noite anterior.

Peguei a minha mochila e desci, Bruno estava terminando de prender o Gerônimo no carro, já que dormiremos na casa do Eric hoje.

- Não que eu odeie essas músicas de Natal, mas vinte e quatro horas delas está começando a me deixar louca. - Bruno da risada e começa a cantar All I Want for Christmas is you.

- Canta comigo Gwen! - Bruno batuca as mãos no volante e eu ajudo estalando os dedos. - Make my wish come true. Baby all I want for Christmas is you, all I want for Christmas is yooou, baby!

Eu cantarolei muito baixinho porque gostava mais de ouvir ele cantar. Era incrível como ele consegue cantar qualquer música e alcançar qualquer tom sem desafinar.

- Não é tão ruim, viu só! - ele abaixa o volume.

- Talvez.. - solto uma risadinha e ele nega com cabeça.

(...)

Estávamos terminando de por a mesa para o almoço de Natal quando meu celular começou a tocar, pedi licença e fui atender o celular, era a Bella.

- Eu tô voltando na segunda semana de Janeiro. - ela não espera nem eu dar "Oi".

- Eu sabiaaaaaa! - solto um gritinho.

- Não me deixa surda, sua maluca. - ela ri.

- Eu ia esperar mais para te contar, mas como entreguei os documentos semana passada e já recebi a confirmação, não me aguentei.

- Meu Deus, isso é ótimo. Eu estou morrendo de saudades de você.

- Eu também estou. Então tá, só liguei para desejar um feliz natal e avisar que logo estou de volta.

- Muito obrigada, Bella. Um feliz Natal para você e a sua família! - desligamos e eu volto para dentro de casa.

As crianças fizeram uma sobremesa de gelatina colorida, e apesar de eu não gostar de gelatina, eu tinha achado uma graça o esforço deles, e na verdade, não tinha ficado tão ruim assim.

Depois do almoço era a hora mais empolgante do dia, iríamos abrir os presentes e eu estava animada de estar fazendo isso aqui nesse país que eu gosto tanto, e mais ainda com essa família tão incrível eles tem sido para mim.

Da Cindia e do Eric eu ganhei uma bolsa preta que eu havia achado uma arraso, estou louca para usar ela aquando retornar ao trabalho.

Bruno ganhou uma churrasqueira elétrica, já que ele passou um pouco de aperto para usar a que ele tem na casa dele. E por fim, as meninas abriram os seus, eram jogos e roupas espalhados por tudo, Liam também ganhou alguns acessórios para Baseball e por último faltava eu entregar o presente do Bruno.

- Eu espero que você goste! - dou um sorriso sem mostrar os dentes, tentando não demonstrar o nervoso caso ele não goste do presente. Era um tênis novo da Adidas que havíamos visto no shopping e ele não quis comprar.

- Não vale, você sabia que eu amar esse presente. - ele sorri e me dá um selinho. - Mesmo que você me desse uma bala eu iria gostar, o melhor presente é ter você comigo.

- Se você me dizer chorar eu vou te morder! - estreito os olhos para ele sem deixar de sorrir.

- Eu espero que você goste do presente também. - me entrega um envelope.

Desvencilho meus braços dele e abro, dando de com uma passagem para a Austrália. HOJE!

- Bruno??? - meus olhos provavelmente dobram de tamanho.

- Precisamos ir para casa, você tem uma mala para arrumar. - ele diz naturalmente.

- A cada dia que passa eu tenho mais certeza do quanto você é maluco. E como assim você me despacha do nada sem uma passagem de volta? - cruzo os braços.

- Não imprimi a volta ainda, tenho que confirmar o acento, porque o Voo é para Las Vegas, para você assistir o nosso show da virada.

- Você não existe! - agradeço milhares de vezes, alternando entre selinhos e beijos rápidos.

- Você merece tudo, e o que eu puder dar, pode ter certeza que eu farei do fundo do meu coração. - suas mãos acariciam a minha cintura enquanto meus olhos enchem-se lágrimas. - Achei que já soubesse disso.

- Existem muitas coisas que eu não sei, mas eu sinto. - dou uma secada nas lágrimas.

- Então eu espero que você sinta o quanto eu amo você, espero que isso você não esqueça nunca. - perco o ar por alguns segundos.

- Não que seja muito difícil, e apesar de você ser meio esquentado e cabeça dura as vezes, eu te amo da mesma forma. - beijo o Bruno sentindo pela primeira vez alguma borboletinha diferente no estômago.

Me despedi de todos e Bruno me levou para casa. Corri de um lado para o outro para arrumar a mala, ficarei quatro dias na Austrália, e chego na véspera do ano novo em Las Vegas. Não aviso meus pais, deixo para fazer uma surpresa.

- Cindia vai comprar a roupa do ano novo em Las Vegas, quer deixar para comprar junto com ela? - Bruno ajuda fechando a mala.

- Eu acho que é uma boa ideia, apesar de saber que vai estar tudo com o dobro do preço lá. - jogo as coisas eletrônicas dentro da minha bolsa nova e vou ao closet para escolher uma roupa para vestir agora.

- Para de se preocupar com isso. - Bruno diz. - Vou levar essas coisas para o carro.

Tomo um banho e agradeço pelos cachos ainda estarem bonitinhos nos meus cabelos. Visto uma calça legging que imita couro, na parte de cima uma camiseta branca e por cima visto meu casaco de crochê cor creme. Preferi passar um pouco de frio aqui, porque na Austrália vai estar um tremendo calor. Termino de passar o perfume e saio do quarto. Reviso todas portas rapidamente antes de sairmos.

- Eu ainda não acredito que vou ver a minha família daqui algumas horas. - uno as minhas mãos abaixo do queixo e abro um sorriso.

- Eu disse que poderíamos pensar em algo, e bem, eu pensei. - Bruno me olha rapidamente e retorna a cuidar o trânsito.

- É, você é meio doido às vezes, mas eu amo essas coisas em você! - faço um carinho no pescoço dele.

- Não faz isso, eu estou necessitando e você vai ficar uns dias longe. - eu dou risada.

- Para de ser safado. E não se preocupe, nos vemos em Vegas!

Despachei a minha mala média e também a caixa do presente dos meus pais, ainda tivemos que pedir para darem mais uma embalada com plástico bolha.

- Faça uma boa viagem e aproveita a sua família. E obrigada por ter passado o Natal comigo. - ele segura meu rosto com as duas mãos.

- Eu não conseguiria passar em outro lugar que não fosse com você, aqui! - beijo ele rapidamente e ficamos abraçados por mais um tempo.

Pedi para que o Bruno me avisasse quando chegasse em casa e embarquei, já estavam chamando meu voo na sala de embarque. O voo irá durar quinze horas.

Ajeito minha bolsa debaixo do acento a minha frente e pego meus fones de ouvido e plugo no celular, me preparando para a longa viagem.

Durmo, acordo, como, durmo mais um pouco e finalmente já consigo sentir o calor da Austrália de dentro do avião mesmo, estávamos chegando.

Tiro uma foto do dia lindo que fazia do lado de fora e deixo a publicação salva, para eu postar no meu Instagram depois que encontrar com os meus pais.

Demoro quase quarenta minutos para conseguir retirar a minha bagagem, não sei se eles haviam perdido no meio do caminho entre o avião e o carrinho, só sei que demorou muito.