Sam se remexeu incomodado na cama. Já se faziam semanas que ele estava naquele estado. Dormia e tinha pesadelos. Acordava, comia a comida que Hayley lhe trazia, dormia, e quando acordava, vomitava tudo e mais um pouco.
Seu corpo estava fraco e sua mente debilitada. Ele jurava que tinha ouvido a voz de Lúcifer em seu quarto, abraçando-o e tirando seus pesadelos. Porém, depois desse dia, ele nunca mais sentira isso, porém agora ele estava tendo uma melhora significativa.
Sam se sentou indeciso na cama. Ele não sentiu enjôo, apenas a habitual tonteira. Fechou os olhos com força e abriu de volta. Seu quarto já tinha parado de girar, e o Winchester arriscou se levantar.
Suas pernas tremeram vividamente ao mínimo movimento e a tentativa de sustentar o peso do corpo. Sam segurou na cama e deu um passo incerto para frente. A porta estava a poucos meros. O caçador já estava farto de ficar deitado na cama, sendo alimentado por outros e preocupando todos à toa.
Com um suspiro, Sam juntou todas as forças que lhe restavam e andou trêmulo até a porta. Nessa altura, suas pernas tremiam e vacilavam, mas ele conseguiu alcançar a maçaneta e puxá-la, assim abrindo a porta.
Sua testa estava suada e sua respiração acelerada. O mínimo esforço de andar até a porta, já era absurdamente cansativo.
Ignorando a dor e a tontura, Sam saiu do quarto, após alguns passos, sua visão já estava embaçada. O Winchester percebeu que isso fora uma grande má idéia quando suas pernas começaram a sacudir violentamente, não agüentando o peso do corpo sobre elas.
-Dean... Dean!... – Sam tentou gritar pelo irmão, porém sua voz saiu rouca e baixa, e apenas o esforço de falar, pareceu rasgar sua garganta.
A visão do Winchester escureceu e rodou e suas pernas finalmente cederam e o moreno sentiu uma dor excruciante quando bateu com o corpo no chão e seu corpo começou a tremer violentamente.
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Lúcifer estava sentado no balcão da cozinha observando Meg, Gabriel e Ruby prepararem a comida Sam. Um pequeno sorriso brotou-se nos lábios do arcanjo ao observar o irmão maisnovo insistir em colocar calda de chocolate como sobremesa.
-Gabriel, tente entender que o Sam não pode comer nada assim! Ele esta doente! Por isso so tem verde no prato dele. Sem doces.
-Eu posso fazer um marshmallow verde. –Opinou Gabriel.
Antes que Ruby pudesse dizer mais alguma coisa, Meg bufou, revirando os olhos e disse:
-Gabriel, por favor, vá a merda.
Lúcifer soltou uma risada junto com Ruby quando Gabriel colocou a mão no peito, como se Meg o tivesse ferido.
-Seus pais não te deram educação? – Questionou Gabriel coma voz falsamente ofendida.
Meg levantou os olhos para Lúcifer e arqueou as sobrancelhas.
-Não.
-Hey, hey, não me ponha nessa história, eu estava preso. – Disse Lúcifer entre risadas.
Gabriel se aproximou de Meg e a abraçou por trás, tirando parte do cabelo dela do pescoço, ele disse contra a pele do pescoço dela:
-Então pode deixar que seu titio lhe ensine boas maneiras.
A única coisa que Gabriel ganhou foi um alface na cara e um empurrão pela parte de Meg, que o fez cair no chão e todos na cozinha explodirem em gargalhadas. Exceto pelo trickster.
-Atacar com verduras é uma covardia.
Lucifer se deixou voar em seus pensamentos enquanto Ruby ajudava o ouro arcanjo a se levantar, em meio a risadas.
Ele não ia até o quarto de Sam desde o dia em que chegou. Talvez por que não conseguisse vez o garoto daquele jeito ou talvez por que não o tivesse perdoado. Possivelmente, os dois motivos.
O arcanjo não achava que algum dia ele seria capaz de perdoar definitivamente o Winchester. Ele tinha praticamente certeza disso. Mas havia uma coisa que ele também tinha certeza: Ele ainda amava o caçador. E nunca poderia deixa-lo morrendo em algum canto.
O loiro não entrava no quarto, mas sempre monitorava o preparo das refeições do caçador e pedia relatos constantes de como ele estava. Meg e Ruby o tinham deixado informado que o moreno estava melhorando. Não estava saudável porém não estava em graves riscos.
Lúcifer percebeu que Sam começou a ter sinais de melhoras assim que Hayley parou de preparar sua comida. O arcanjo apenas tinha uma idéia sobre o que poderia ter causado essa repentina doença do Winchester.
E se ele estivesse certo. Ah, Hayley iria conhecer um destino pior que a morte.
Então Lúcifer escutou um barulho conhecido e distante. Franziu as sobrancelhas e se levantou do balcão, indo para o corredor, mal sendo notado pelos outros seres que estavam fazendo a comida de Sam.
‘’ Dean... Dean!...’’
Lúcifer arregalou os olhos quando escutou a voz de Sam clamando por seu irmão e se esqueceu até que tinha asas. Correu por dentro dos corredores, seguindo a voz.
Quando virou o corredor do quarto de Sam, viu o caçador caído no chão á alguns metros da porta de seu quarto, tremendo.
O arcanjo se esqueceu de qualquer ressentimento que ele tinha do Winchester e a única coisa que passava por sua mente era que o homem que ele amava estava caído no chão, tremendo.
O loiro correu até onde o caçador estava e derrapou no chão, caindo de joelhos ao lado de Sam, tocando seu ombro, virando-o de barriga para cima. Assim que o ser celestial viu o estado do homem, seu coração apertou de uma forma dolorosa.
-Sam? – Chamou Lúcifer vendo o caçador, que estava suado e com a face avermelhada, abrir os olhos verdes, geralmente escuros e brilhantes, mas que agora estavam opacos, quase como se estivessem sem vida.
-Lú... Lucif... – Sam tentou falar, porém sua garganta parecia pegar fogo cada vez que ele tentava pronunciar alguma coisa. O Winchester não acreditava que o loiro era real. Não poderia ser. Era so mais uma maldita alucinação. O arcanjo o odiava, ele nunca viria cura-lo.
Lu´cifer rangeu os dentes. Ver o garoto assim, seu garoto, era uma das piores coisas do mundo. Sam era sempre tão forte e agora estava... Definhando.
-Não... real. Não é real. – Sussurou Sam com os olhos lacrimejando. Lúcifer arregalou os olhos ao escutar isso. Sam pensava que ele era uma alucinação? Então o Winchester estava o alucinando?
Isso apenas serviu para aumentar a dor no coração do loiro e um sentimento horrível de arrependimento se espalhar por todo corpo do arcanjo. Se ele não tivesse tratado Sam tão friamente...
Lúcifer deixou esses pensamentos de Lado e levantou o Winchester. Para o arcanjo, Sam não pesava praticamente nada. O Winchester se debateu e gemeu de dor. Lúcifer rodeou a cintura e as pernas do garoto, segurando-o como se ele fosse um bebe, e levando-o corredor abaixo.
Quando foi entrar no quarto do caçador, Lúcifer ascendeu a luz com um olhar para a tomada e em seguida fez uma careta de nojo.
O quarto do Winchester estava repulsivo. A cama estava suada e algumas partes sujas de vomito. Havia um balde cheio da mesma substância e sangue na cama e no chão. O arcanjo entendeu o motivo do Winchester querer ter saído dali.
Dando as costas para o quarto, Lúcifer seguiu ara o antigo quarto que ele ocupava antes dele e de Sam começarem seu... Relacionamento.
Lúcifer chutou a porta, abrindo-a e ascendendo a luz com o olhar. Havia uma diferença notável entre os dois quartos. Até o ar era mais leve. Lúcifer pousou Sam na cama e irou a camisa do Winchester, que estava melecada de suor.
Sam continuava se debatendo levemente dizendo coisas como ‘’Você não é real’’ e ‘’Ele me odeia’’
Quando o Winchester repetia para si mesmo ‘’Ele me odeia’’, Lúcifer tinha vontade de quebrar suas próprias asas, tamanho era o ódio por si mesmo e o arrependimento pelas palavras rudes que ele dissera para Sam no dia que o caçador o libertara.
Lúcifer olhou para o tórax malhado do Winchester e engoliu em seco. Ele precisaria de todo seu autocontrole para poder fazer o que ele tinha que fazer.
Com um estalo de dedos, a banheira do banheiro anexado ao quarto do Bunker se encheu de água morna. Lúcifer tirou a calça Jean de Sam e tentou olhar para todo lugar menos para o grande volume na cueca do Winchester.
-Ok, você pode fazer isso. – Disse o arcanjo para si mesmo, pegando novamente o Winchester no colo, que agora não se debatia mais, porém tinha seus olhos bem fechados, como se estivesse esperando por algo ruim e estivesse com muito medo.
Lúcifer pousou o Winchester na água morna e se sentou ao lado da banheira, observando o homem se acomodar ali, relaxando o corpo e parando com a tremedeira.
Alguns minutos se passaram que o Winchester apenas ficou de olhos fechados e Lúcifer o observando. O arcanjo percebeu que um pequeno sorriso brotou em seus lábios ao ver o seu menino ali, finalmente sem dor ou qualquer uma das dores que sentia.
O loiro estava divagando tanto que não percebeu quando os olhos verdes do outro se abriram e focaram-se nele.
-Lúcifer? – Perguntou Sam incrédulo. Um alucinação não poderia te-lo posto na banheira. Agora sua garganta não doía tanto. O coração do Winchester perdeu uma batida ao ver que o arcanjo focou seus olhos cristalinos em seus verdes e deu um pequeno sorriso.
-Hey, Sam.
-Você... Você voltou? Eu... –Sam não sabia o que dizer, apenas queria se desculpar, mas ao mesmo tempo não queria fazer algo que pudesse afastar o loiro.
-Shhhiu. – Lúcifer colocou o dedo indicador nos lábios de Sam, que estremeceu com o mínimo contado, assim como o outro. – Depois conversamos. Agora, você descansa.
Sam sorriu e deixou uma lágrima teimosa escorrer por dentro de um de seus olhos. Lúcifer olhou para o Winchester e levantou a mão, limpando a lágrima que estava agora na bochecha do outro.
Antes que Lúcifer pudesse abaixar a mão, Sam a segurou com sua própria e entrelaçou seus dedos timidamente, ato que não foi recusadopelo arcanjo.
Não, Lúcifer não tinha perdoado o Winchester. E aquilo não significava que eles tinham ‘’voltado’’, porém ao escutar os delírios de Sam e ao poder ver a dor que este estava passando, Lúcifer não teve coragem de puxar a mão de volta.
Contudo, ele também não teve a mínima vontade de realmente recusar o contato.
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