História After Rain (ABO) (JIKOOK) - 52. Be careful with the words

P.o.v Jimin

 Sra. Park: - Sobre o que exatamente veio tratar? - Sua capacidade de fingir que não havia feito nada era quase tão impressionante quanto sua capacidade  de desarmar um exército somente com um encarar. Um encarar que sempre fora nublado e frio, que até se caracterizaria como vazio, porém era repleto de ganância. - Se for sobre o meu dinheiro, o qual você insiste em querer, só tratarei perante meu advogado amanhã, e te aconselho a fazer o mesmo, pois às vezes pagamos com a língua. - Ignorando suas palavras me sentei a sua frente.

 Jimin: - A cafeteria. Você tem conhecimento de quantas pessoas afetou apenas por tentar satisfazer um capricho a cerca do dinheiro que acredita lhe pertencer, mas na verdade não lhe pertence uma única moeda, mamãe?

 Sra. Park: - Não sei do que está falando, afinal o único, aqui presente, com assuntos em uma cafeteria é você.

 Jimin: - Espero que o café não entre para sua lista de estabelecimentos corrompidos pelos seus próprios erros.

 Sra. Park: - Como você mesmo disse, sem joguinhos. Se era só isso que tinha para me falar, pode se retirar. - Desviou sua atenção para o computador a sobre a mesa de vidro.

 Jimin: - Oito... cinco... zero... zero...zero...zero... - Falei pausadamente observando a vista privilegiada da cidade, ainda sentado na cadeira branca com os braços de aço.

 Sra. Park: - Pelo visto o aroma enjoativo e diário do café está afetando seu raciocínio, Jimin.

 Jimin: - Por que, mamãe?

 Sra. Park: - Dentre várias outros fatores, como deixar a empresa de maneira súbita, se entregar à uma paixão utópica e trabalhar de atendente em um café, repetir números aleatórios em voz alta, só indicam, ainda mais, que deveria procurar auxílio psiquiátrico. - Os sorrisos falsos e provocativos entre nós podiam até fazer com que alguém que observasse a conversa de longe, acreditasse que falassemos sobre o clima quente, quase imperceptível pelo ar-condicionado da sala.

 Jimin: - Ah, mamãe... não são números aleatórios. O número que eu disse é o que representa a quantia de dólares a menos em minha conta. Tais dólares, estes que deveriam estar lá, mas magicamente desapareceram. Ou melhor, vem desaparecendo ao longo dos anos em que trabalhei para sua empresa.

 Sra. Park: - Vá direto ao ponto. Não tenho tempo a perder com palavras soltas que podem ou não nos levar a algum lugar. - O sorriso deixou seus lábios e o começo de desconforto aliado a uma irritação se tornou perceptível.

 Jimin: - O ponto é que o dinheiro foi desviado para uma conta da empresa, e por coincidência as transferencias eram no mesmo banco que a senhora tem seu cofre pessoal.

 Sra. Park: - Pode provar o que está dizendo, Jimin? - Não respondi e segui a encarando. - Bom, já que não pode, se retire daqui. - Me levantei e fui calmamente em direção a porta.

 Jimin: - E se eu pudesse provar? - Dessa vez mamãe veio até mim em passos calmos mas que faziam um barulho marcante no chão que seus saltos tocavam.

 Sra. Park: - Ah, filho... - O sorriso retornou, e por mais que a feição fosse angelical, era quase nítido o demônio em seus olhos. - Tudo o que eu faço, faço com maestria, Jimin. Se você conseguir encontrar uma falha sequer nas transferências que fiz do seu dinheiro para minha conta, se considere um ser excepcional. Mas isso não irá acontecer, então se retire da minha sala imediatamente, volte para seu namorado aproveitador e aguarde até amanhã para finalizarmos esta conversa com um oficial da justiça presente.

 Como já havia conseguido o que queria, saí da sala e a caminho de retornar ao hotel, enviei uma mensagem ao meu advogado.


[ Jimin ]

 Conversa gravada. Nos vemos amanhã.

Realmente mamãe... às vezes pagamos com a língua.

 "Cuidado com as voltas que o mundo dá. Hoje você lança as palavras, amanhã sente o efeito delas".