Soraru
— Soraru-san! Você escutou alguma coisa do que eu disse!?
Suzumu, meu empresário, me chamava.
— Ah, sobre aquelas coisas chatas de promover minha nova música? Sim. Apenas fingi que não escutei. — respondi, sem um pingo de paciência. Hoje não era meu dia.
Do que estamos falando? Nem eu sei exatamente.
Sou a maior cantor japonês do país, não preciso ficar atento pra conversas de divulgação e essas coisas. Eu pago pessoas pra fazerem isso por mim. Mas Suzumu não percebeu isso ainda.
— Temos apenas 3 dias pra pensar em alguma coisa, caso ao contrário, vão cortar seus banners do centro de Tokyo! — disse, desesperado. — já sei! Vou tentar colocar a música em algum dorama, talvez dê certo!
— Esqueceu que a temporada desse ano já está toda decidida? Meus concorrentes conseguiram ficar com todos os temas pra eles. Então... não vai dar certo. — respondi, pegando uma caneta e colocando no canto da boca.
— Hmm… bem, que tal distribuir os cds de graça no parque? Dai todos vão começar a divulgar com os amigos e na internet. E essas coisas de adolecentes. — disse Suzumu, indo em direção à minha agenda. — tem como marcar pra… — pegou um pino vermelho, que significava "compromisso". — quinta feira?
— Por mim tudo bem. — sem mais nem menos, concordei. Seria mais uma sessão de fangirls no meu ouvido.
Suzumu colocou o pino no meu calendário, orgulhoso do seu trabalho.
— Suzumu, será que poderia ir pegar um café pra mim? — pedi, tirando a caneta do canto da boca. — essa chatice toda tá me deixando com sono.
— Claro, Soraru-san. — sorriu e saiu da sala.
Ser um idol não é apenas cantar, as obrigaçãoes também fazem parte. Algumas delas são; escrever músicas, gravar, fazer álbuns, ensaiar coreografias, sessões de autógrafos, entrevistas e participações em qualquer tipo de programa. Ou seja, é sempre uma agenda lotada. Além do mais, tem os "baba nos meus ovos". Ou BNMO, como eu chamo aquele tipo expecifico de fãs.
Não que eu seja o vilão da história, só acho que tem pessoas que são burras demais, de fazerem tudo por mim.
Enfim, quando eu terminar de tomar o café que o meu "emprestavel" trazer, eu vou ir dormir.
Mafumafu
Estava de braços cruzados, com fones de ouvidos. Ou melhor, eu estava sendo ameaçado de morte pelo meu melhor amigo, Kradness, a escutar a música do tal de "Soraru". Mesmo sabendo que eu odeio tudo dele; voz, músicas e jeito.
Quando a música acabou, Kradness tirou meus fones e sorriu.
— E então?… o que achou da nova música do Soraru-sama? — perguntou, esperançoso.
— Achei uma merda. A melodia está muito mal feita e a letra não tem nada haver com o clipe, que também está totalmente mal produzido. — disse, fazendo uma cara de insatisfeito.
Percebi como a aura de Kradness ficou triste quanto mais eu falava sobre a música.
— Como você pode ser tão mal? — fingiu um choro falso. — a música de Soraru-sama é incrível! Ele deveria ganhar todos os prêmios que concorre e fazer várias tours! Eu com certeza iria em todas!
Seus olhos brilhavam, e isso era irritante.
— Não é pra tanto, Kradness. Ele é só um cantor. Não um deus, como você o coloca. — respondi, dando de ombros para aquela baboseira.
— Espera… você também não é tão bom cantando. Soraru-sama é mil vezes melhor que sua voz estilo boneca de criança. — falou, emburrado, como se aquilo fosse me acertar.
— Você também, hein. Eu nem ligo mais para essas suas provações, eu nem canto mais… enfim, vamos mudar de assunto! Que tal ver TV? — peguei o controle e me ajeitei no sofá. Logo, Kradness se sentou ao meu lado.
Quando eu ligo a TV, a primeira coisa que a moça do jornal fala é; "Soraru-san vai distribuir cds de graça no parque nacional De Kyoto Shibuia. Ele vai promover sua nova música, Anata no mite. Do seu novo álbum, hãto bito."
— Fala sério, esse cara é muito chato. — disse, como um sussurro.
Kradness pulou do sofá, cantando e saltitando por essa notícia "maravilhosa". Digamos que ele se considera o fã número um de Soraru, como podem ver, coisa que não passa de uma ilusão. Ele apenas é um louco por coisas daquele cara, e eu acho isso muito vergonhoso.
— Nós vamos, Mafu! Pode apostar que vamos! — pegou minhas mãos e me fez pular junto com ele.
Porém, logo me soltei.
— Nós vírgula. Já disse que eu não gosto dele, porque demônios eu iria pegar um cd? — perguntei.
— Pra ajudar em divulgação e engajamento… falando nisso. Já deu viws em "Kako no ai" hoje? — disse, apenas pra me fazer ficar com mais raiva.
— Seu idiota! — joguei a almofada do Mafuteru, meu animalzinho de estimação, nele. — me fez jogar o Mafuteru em você! Irei te matar!
(…)
Finalmente o dia tinha chegado, fui emburrado pegar o ônibus, fui emburrado me encontrar com Kradness e fui emburrado entrar no parque. Eu só estava ali pra apoiar o Kradness, caso ao contrário, estaria vendo animes agora.
Kradness estava com uma camiseta que tinha uma frase de Soraru; "O amor mais bonito, é aquele que nasce do olhar." Ou algo do tipo. Eu realmente não ligo.
— Olha, sei que já vir aqui é uma tortura. Então pode ficar sentado ai, eu volto rapidinho. — deu uma piscada e foi até a tenda que Soraru se encontrava.
Um gato pulou no banco e se deitou em mim, e claro que eu comecei a fazer carinho nele. Posso ser alérgico, mas eu amo gatos. O gato também era muito bonito, seu pelo era negro e seus olhos azuis. Ele miou, se levantou e foi embora, me deixando sozinho.
Nem percebi que Kradness já estava vindo todo animado com o cd autografado, ele estava também muito ofegante... diria até que excitado.
— Wow... Soraru pessoalmente… é tão… quente... — disse, rindo sem graça. — eu gostei... gostei muito…
— Eh, tá tudo bem? Você parece meio animado, o que aconteceu? — perguntei, me levantando do banco.
— Nada que você… precise saber… he he he... — riu ofegante.
Isso tá muito estranho.
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