Owen despejou sua pasta e tudo que estava nas suas mãos sobre a mesa de jantar, ouvindo os gritinhos da princesa vindos da cozinha. Tirou os sapatos com seus próprios pés e caminhou lentamente até poder vê-la gargalhando enquanto Zia tentava dar sua papinha imitando um avião.
- Vrummm.. - A mulher cantarolou. - Cadê o bocão da princesa Clarisse?
Ele sorriu quando a bebê abriu a boquinha e começou a mastigar com seus poucos dentinhos, ela fez uma careta engraçada e Zia se virou quando sentiu sua presença.
- Owen! - Ela disse e assim que a bebê ouviu o nome do pai, seus olhinhos rodaram à procura.
- Olá, Zia. - Ele disse observando o show que viria a seguir. - A bebê está comendo tudinho?
Clarisse levantou os dois bracinhos gorduchos e começou a balbuciar com a boca cheia, fazendo uma tremenda sujeira. Ela parecia desesperada pela atenção do pai.
- Eu senti tanta saudade dessa gordinha! - Levantou a tampa do cadeirão e Zia mostrou que o pratinho estava quase vazio, indo até a pia lavar, Emma não deixou. Ela estava sendo útil como respirar.
Owen pegou sua filhinha nos braços sem se importar com a sujeira que ela estava fazendo na sua camisa, melando tudo de abóbora. Deu mil beijos por todo seu rosto, deliciando-se com suas gargalhadas e suas mãozinhas que seguravam as bochechas.
- Ela ficou o dia inteiro apontando para o quadro de vocês três que fica no caminho da escada. - Disse Zia ao ajeitar seus óculos redondos.
- Saudade do papai também, baby? - Sussurrou apertando-a contra seu peito, Clarisse imediatamente gritou.
- Té mama. - Sua voz fininha pronunciou.
O coração do pai se aqueceu, ela tinha acabado de dizer que queria mamar?
- Oh, meu amor. - Cantarolou. - Quer mamar no peitinho da mamãe?
Ele beijou sua testinha e olhou para o relógio da cozinha, já passava das oito da noite.
- O quarto nos fundos está pronto para você, Emma. - Sussurrou para a querida velhinha que lavava a louça. - Pode descansar, eu assumo daqui.
- E o jantar para a dona Claire? - Ela parecia preocupada.
- Eu mesmo ajeito tudo, fique tranquila. - Sorriu. - Obrigado por tudo Zia, Emma. A Clarisse adora muito de vocês.
- Ela é um doce de criança, é muito fácil lidar com essa garotinha. - Zia se aproximou dele e beijou as bochechas da neném sujinha. - Eu já vou indo. Boa noite, Clarisse.
- Boa noite, tia Zia. - Murmurou em uma voz infantil e Zia sorriu, se retirando. - Agora somos só nós dois. Que tal tomar um banho bem gostoso e depois mamar?
- Mama. - Ela repetiu com a boquinha espremida, o pai riu.
Owen foi com seu pacotinho, retirando sua fraldinha e a blusa lilás que ela vestia, deixando a garotinha gorda e nua. Beijou sua barriguinha redonda, fazendo sons. Clarisse riu melodiosamente.
- Vamos tomar um banho? Daqui a pouco a mamãe chega, ela não pode encontrar o papai e a bebê fedorentos. Não é?
Owen deixou Clarisse sentada sobre a pia do banheiro enquanto a banheira enchia, na suíte dele e da esposa.
Ele retirou a camisa, colocando-o no cesto de roupas sujas do banheiro e ficou só de cueca. Clarisse fitava a água cair.
- Mamamamama. - Clarisse balbuciou, abrindo e fechando as mãozinhas.
- Tomar banho primeiro, gatinha. - Sussurrou pegando-a no colo e entrando na banheira devagar, testando a temperatura. Quentinho, delicioso.
A neném relaxou no instante em que ele começou a massagear seu corpo utilizando um óleo de banho, ela respirava fundo e começava a ficar sonolenta. Logo depois ouviu barulhos de portas sendo abertas, depois passos. Continuou lavando a garotinha e ensaboando-a.
Claire finalmente chegou em casa. Estava exausta após tantos problemas no escritório. Assim que entrou, viu os brinquedos da filha espalhados pelo tapete da sala, então sorriu. Foi até a cozinha e viu as coisas de Owen.
"Ele está em casa."
Pensou com um sorriso bobo. Cada canto daquele apartamento que um dia era apenas um quarto de hotel, mas agora era a casa, o lar daquela família. Era repleto de amor.
Claire caminhou pelo corredor e quando entrou no quarto deles, ouviu o barulho da água no banheiro. Lentamente foi até lá e sorriu sentindo seu coração acelerar dentro do peito, ao ver seus dois amores.
- Oi... - sussurrou da porta para não assusta-los.
Ele sorriu amplamente quando a viu na porta, e não conseguiu tirar os olhos dos dela.
Linda.
- Oi. - Ele sussurrou em sua voz rouca.
Clarisse ouviu a voz dela e, mesmo sonolenta, buscou pela mãe sorrindo quando a achou.
- Mama. - Clarisse gritou, o pai sorriu.
- A neném quer mamar, baby. - Owen murmurou a chamando-a de baby sem estarem suados e gozando.
E ser chamada assim a fez sentir as pernas bambas. Ela sorriu e se aproximou deles.
- Que neném mais linda é essa? - a beijou na cabecinha, olhou para Owen. Queria muito finalmente beijá-lo, mas não ali. - Mas ela não jantou amor?
- Jantou uma papinha de abóbora. Toma, leva ela. A roupinha dela está em cima da cama, cuidado para não errar o lado da fralda. - Owen não deixou de provocar e pôde ver seu revirar de olhos. Assim que o loiro saiu do banheiro com a toalha felpuda envolvendo seu corpo, viu Claire tentando tirar suas roupas e fazer Clarisse ficar alerta ao mesmo tempo. Ela estava sentada no meio da cama, vestida em seu pijama azul marinho. Os cabelinhos ruivos estavam penteados para trás e havia talco até na ponta do seu nariz.
- Mamãe encheu você de talco, não foi? - Murmurou sentando-se na cama e puxando a garotinha para os braços.
Claire o encarou rindo. Ele estava mesmo a provocando. Após tirar a roupa, foi tomar um banho. Meia hora depois, ela já estava de camisola e cheirosa deitando ao lado deles. Com uma das mãos, acariciou os cabelinhos da filha que já estava sonolenta, porém parecia não querer dormir.
- Como foi seu dia? - perguntou olhando nos olhos de Owen.
- Acredita que consegui acabar com a maioria da papelada? Deu até para ir pessoalmente demitir a Lauren.
Claire arregalou os olhos com a notícia.
- Você demitiu a Lauren? - perguntou surpresa.
- Sim. Ela é uma vadia, acredita que cheguei na sala e peguei ela se insinuando para o estagiário?
- Ah isso não me espanta, sempre te avisei que ela não prestava. - ficou em silêncio sorrindo para ele.
- Senti falta dessa carinha de boneca durante o dia todo. - Owen alisou o rosto dela com as costas da mão e Clarisse fez o mesmo, imitando o pai. - Isso filha, carinho na mamãe.
Claire sorriu ainda mais, sentindo seu peito se encher de amor.
- Eu também senti muito a sua falta. - beijou a mão do marido. - E de você minha princesa... - segurou a mãozinha gordinha da filha a enchendo de beijos, fazendo a bebê rir. - Está na hora de você dormir pequena...
Ela sentou na cama e pegou a bebê no colo, deitando-a em seus braços. Começou a sussurrar uma canção de ninar, enquanto fazia carinho no rostinho da filha. Owen filmou a cena e pretendia postar no storie do Instagram. Era a coisa mais linda.
Claire obviamente não o viu filmando, estava focada no seu pedacinho em seus braços. Clarisse estava sonolenta, mas tentava não fechar os olhinhos encarando a mãe, de vez em quando ambas sorriam. Aquele era o lugar mais acolhedor, o colo da mãe. Até que o cansaço e sono venceram a pequena, e ela adormeceu.
- Dormiu... - a ruiva sussurrou para Owen toda boba.
- Quer que eu leve ela para cama?
- Quero sim amor... - a colocou em seus braços com todo cuidado.
Owen foi levá-la todo cuidadoso depois foi cuidar do jantar.
Claire surgiu o abraçando por trás.
- Esperei o dia todo para estar com você...
- Acho que amanhã vamos poder trabalhar juntos, vou te contar várias piadas infames, passar a mão na sua bunda e sujar sua mesa de trabalho com bacon. - Ele se virou de frente para ela a erguendo no colo.
Ela gemeu baixinho com aquele contato físico.
- Vai ser muito bom ter você comigo amanhã, tenho tantas coisas para resolver... Estamos com um problema. Mas agora... - murmurou. - Só quero amar você...
- Que problema? - Coloca ela sentada na bancada.
- Tivemos uma queda de 9% no número de visitantes... - informou visivelmente preocupada.
- É? E a minha queda por você, como é que fica? - Aperta a coxa grossa dela, as abrindo e ficando no meio.
- Acho que podemos resolver isso agora... - sussurrou o apertando com as pernas. - Pensei em você o dia todo... - confessou.
- Que coincidência... porque eu também. - Um cheiro de queimado começou a subir no ar quando Owen afundou o rosto no pescocinho da ruiva, mordiscando.
Ela suspirou com a sensação maravilhosa, mas teve que interrompe-lo.
- Amor... Tem alguma coisa queimando...
Owen correu para desligar a panela com as batatas torradas. Xingando, ele descartou o "jantar" e foi procurar outra coisa na dispensa. Claire que estava rindo, foi atrás dele.
- Podemos pedir uma pizza, se quiser...
- Tenho que te alimentar bem, ruiva. - Owen colocou os olhos nela e ficou o olhar um bom tempo nos seios dela que estavam praticamente visíveis na camisola, depois voltou a atenção para os mantimentos nas prateleiras.
Emma havia organizado tudo direitinho, estava impecável.
- Que tal... frango frito com purê ao molho?
A verdade era que Claire não estava nada preocupada com a comida, queria mesmo era matar a saudade do seu amado.
- Eu acho que podia pedir uma pizza, e aproveitamos para brincar enquanto ela chega... - disse sensualmente.
Owen voltou a olhar para ela, dessa vez com o olhar devorador.
- É mesmo? - Dá um passo a frente colocando Claire contra a parede.
- Sim. - respondeu olhando em seus olhos. - Me beija!
- Não antes de você fazer um pequeno showzinho particular para o seu marido. - Owen a guiou segurando-a pelos quadris até a mesa de jantar. - Quero que dance para mim aí em cima...
- O que? - arregalou os olhos. - Nem pensar Owen...
- O que tem? Está com vergonha? - Owen foi se sentar na cadeira de jantar, no centro.
- Não vou fazer isso...
- Faça. Tira a roupa.
- Não Owen! - disse envergonhada.
Owen ergueu ela e colocou em cima da mesa de vidro.
- Pode descer até o chão e empinar o bumbum na minha cara...
- Não vou fazer isso Owen. Pára.
- Está com vergonha do seu marido? - Dedilhou as pernas dela até chegar por baixo do tecido.
- E-eu... Não sei fazer essas coisas... - disse tímida.
- Então por que só não sobe e tira a roupa para mim? Bem devagar...
Ela revirou os olhos e pensou enquanto o encarava.
- Está bem... Mas só se você colocar uma música...
Owen abriu o spotify e escolheu uma música sensual na playlist e se jogou na cadeira olhando para ela.
A ruiva respirou fundo tentando relaxar. Lentamente ficou de pé, fazendo movimentos lentos e sensuais. Olhando nos olhos dele, começou tirar a camisola e ficou apenas de lingerie.
Enquanto a assistia, massageava o próprio pênis tentando se aliviar.
- Deusa... gostosa...
Claire estava adorando vê-lo daquela forma. Então se abaixou ficando de quatro.
- Assim amor?
- Sim, assim mesmo. - Chamou ela com o dedo.
De repente a luz foi acesa e Emma surgiu espantada com máscara facial.
Claire deu um grito e pegou a camisola cobrindo seu corpo.
- Meu Deus... - disse constrangida.
Owen tirou ela lá de cima todo desconcertado.
- Ah, m-me perdoe senhor e senhora, eu e-estava indo... Ah meu Deus. - Ela apagou a luz e sumiu de vista.
Claire cobriu o rosto extremamente envergonhada. Então saiu rápido dali indo para o quarto. Owen foi atrás dela.
- Hey?
- O que? - colocou a camisola.
Ele disparou a rir igual um idiota, mas no fundo estava constrangido.
- Qual é a graça Owen? - Perguntou séria.
- Rindo de nervoso...
- Isso foi ridículo, constrangedor! - deitou se cobrindo.
- Ela sabe que a gente transa.
- E daí Owen? Ela me viu quase nua. Ela poderia per pego a gente transando!
- Esqueci de dizer que ela vai passar a noite aqui.
Ela apagou o abajur e se cobriu brava.
- Boa noite.
- Boa noite...
Revirou os olhos e foi preparar um lanche na cozinha.
Ela ficou quieta tentando dormir, afinal não tinha sido um dia fácil e o dia seguinte também não seria.
Owen voltou com um copo de suco de laranja para ela.
- Hey...?
- O que? - disse sem se mover.
- Trouxe suco.
- Não quero, obrigada.
- Eu fiz com carinho. Você não comeu nada.
Ela respirou fundo e sentou bebendo todo o suco.
- Obrigada...
Ele respirou aliviado e foi se deitar, pegando a maior parte da coberta e se enrolando.
A ruiva revirou os olhos e puxou a coberta.
- Não sabe dividir?
- Você que não sabe, vira a noite e me deixa no frio!
- Está bem... - empurrou toda a coberta para ele. - Não quero mesmo...
- Eu deixei para você, olha esse pedaço!
- Não dá para se cobrir com esse "pedaço". - fez aspas com os dedos. - Não precisa. - levantou indo até o closet e pegou uma manta para se cobrir e deitou.
- Você é pequena e eu sou grande!
- Problema resolvido Owen. Fica com a coberta para você...
- Quer a cama para você também?
- O que? Você que pegou todo o cobertor.
Owen não respondeu e deu as costas para ela, deixando o cobertor de lado. Claire bufou e também deu as costas para ele. Pouco depois ele virou para ela e chegou mais perto.
- Sai daqui... - esbravejou. - Vai dormir.
Owen obedeceu e ficou mais longe. Após alguns minutos em pleno silêncio, Claire adormeceu. Ele também.
*
No dia seguinte, Claire tinha levantado bem cedo. Ligou para Zia pedindo para chegar mais cedo e ficar com Clarisse que ainda dormia. Ela tinha recebido uma ligação de emergência e precisava ir resolver. Mas deixou um bilhete para Owen ao lado de seu celular.
"Me desculpe por ontem. Te amo."
Owen não foi trabalhar de manhã, pois ficou na academia treinando. Depois de tomar banho e almoçar, foi para o centro de pesquisa com seu velho colete desgastado.
Claire passou toda a manhã no centro de controle, se surpreendeu ao ver o marido pelas câmeras com a antiga roupa. Quando deu o horário do almoço, ela comprou pessoalmente a comida para os dois e levou até ele.
- Oi... - disse ao vê-lo tão concentrado.
Ele ignorou completamente enquanto digitava no computador.
Ela respirou fundo e se aproximou mais um pouco.
- Viu o meu bilhete?
- O que você quer? Já veio me atrapalhar?
Ela arregalou os olhos engolindo seco.
- N-não... Trouxe seu almoço, aquele bife que tanto gosta...
- Eu já almocei. Pode comer.
- Eu sei que não almoçou Owen. Eu vi pelas câmeras.
- E daí? Não quero essa porcaria, faz favor! Estou ocupado.
Ela o encarou incrédula. Então deixou a comida lá e saiu sem dizer mais nada.
Quando ela saiu, Owen comeu tudo enquanto digitava.
Claire chegou no centro de inovação furiosa.
- Vivian, vou ficar o resto do dia na minha sala. Não estou para ninguém, entendeu? Ninguém!
- S-sim. - arregalou os olhos.
Em passou firmes foi para sua sala e se trancou na mesma.
Do outro lado da ilha, Owen inventou de entrar no paddock dos raptores para averiguar um sistema interno que eles estavam destruindo.
- Hey Barry, EU ACHEI!
- Os técnicos já estão a caminho Owen! Volta!
Um dos homens responsáveis por isso entrou rapidamente.
- Senhor Grady, por favor se retire daqui. - aproximou-se dele.
- Se não o que?
- É perigoso senhor, assumimos daqui.
Owen saiu de lá xingando os caras mentalmente e foi cuidar de outros assuntos, até dar a hora de ir embora. Pegou a moto e saiu dirigindo a mil pela estrada cheia de cascalho.
Enquanto isso, Claire estava mergulhada no trabalho. Tentava não tirar a atenção nem por um segundo de seu computador.
Owen chegou em casa cheio de terra pois tinha caído na lama e se sujado todo. Deixou as roupas em qualquer lugar no corredor e foi tomar banho.
A ruiva acabou perdendo a noção do horário, já se passava das nove, mas ainda não tinha finalizado seus relatórios. Mesmo não querendo, precisava avisar o marido, então ligou para ele.
- Alô?
- Owen... Sou eu. É... - estava sem jeito. - Estou ligando para avisar que vou demorar para chegar...
- Que horas vai sair? Vou te buscar.
- Não precisa se incomodar...
- Não está falando com um conhecido, sou seu marido e eu vou buscar sim. Fala o horário. -Disse sem paciência.
- Olha Owen, se for para ficarmos me tratando assim. Prefiro que não venha. Vou embora quando terminar. - desligou irritada.
Owen levantou xingando e foi buscar ela com Clarisse de pé no banco da frente. Começou a buzinar sem parar.
Quando ela ouviu o barulho, o xingou mentalmente. Então ligou para ele.
- Quer parar! Já estou indo.
- Ok. - Ele ficou esperando com as janelas abertas e Clarisse pendurada na janela pulando.
Dez minutos depois, Claire surgiu saindo do prédio. Ao ver a mãe, Clarisse ficou aos pulos a chamando com as mãozinhas gordas. A ruiva abriu um sorriso enorme e foi ao encontro da filha.
- Oi meu amor... - Abriu a porta a pegando no colo. - veio buscar a mamãe princesa?
Owen deu partida indo direto para o delivery de comida.
- Compre só para você. - disse seca no banco de trás, enquanto enchia a filha de beijos.
Ele foi lá e trouxe duas porções para o jantar e voltou para casa.
Quando chegaram, Claire fez a mamadeira da bebê e a levou para o quarto. Clarisse bebeu tudo.
- Estava com fome princesa? - sorriu a beijando. - Agora vamos dormir meu anjinho... - a deitou no colo.
O loiro comeu igual um mendigo e deixou a parte dela no prato. Após alguns minutos, Clarisse já estava dormindo. Claire a colocou no berço e foi direto tomar banho. Depois se trancou no escritório, passaria a noite trabalhando ali mesmo.
Owen não iria ficar atrás dela dessa vez, então foi dormir.
E assim passaram a noite.
*
Por volta das seis da manhã, Claire não aguentava mais e foi dormir.
Owen já havia saído para ir malhar e deixou a cama toda desorganizada, roupa pelo chão e o banheiro todo molhado.
Aquilo deixava ela furiosa, mas não falaria nada. Estava cansada, exausta. Não ligaria para ele, não mandaria mensagem. Ficaria na sua, não queria se desgastar com outra discussão e se machucar mais.
*
Antes do almoço ser servido, Emma fez uma faxina geral no quarto e acordou a patroa avisando que já estava na mesa. Clarisse estava no chiqueirinho sonolenta brincando com uma meia.
Mesmo sem vontade, Claire levantou.
- Olha o que temos aqui... Uma bebê perfeita... - disse se aproximando do chiqueirinho. Clarisse soltou rapidamente a meia dando atenção para a mão com um enorme sorriso. Toda derretida, Claire a pegou no colo e foi para cozinha. - Emma, Owen tem deu alguma notícia?
- Não dona Claire, ele saiu com roupa de malhar e até agora não voltou. Talvez tenha ido para o escritório direto, não sei. - Disse enquanto servia o almoço na mesa.
- Obrigada...
Claire comeu pouco e deu o almoço da bebê, depois foram assistir desenho na sala. Clarisse acabou dormindo ao lado da mãe no sofá.
Emma limpou toda a bagunça e depois foi por a roupa para lavar.
Quando Claire estava quase dormindo também, a campainha tocou e ela foi atender.
- Claire Dearing? - perguntou um rapaz com o uniforme da floricultura e um buque de tulipas amarelas.
- Sim. - arqueou as sobrancelhas achando estranho.
- São para a senhorita...
- Senhora. - o corrigiu pegando as flores. - Obrigada!
Assim que fechou a porta, sorriu e foi rapidamente ler o cartão achando que era de Owen. Mas não era.
"Claire, linda como sempre.
Nos vemos em breve!
Tom!"
A ruiva arregalou os olhos surpresa ao ver aquele nome.
Clarisse coçou os olhinhos e rolou o sofá acabou caindo. Claire correu para pegar a neném que acordou aos berros.
- Ôh meu amor... - a pegou tentando acalmá-la pelo susto, já que caiu nas almofadas que a ruiva tinha colocado próximo no chão. - Calma princesa, mamãe está aqui... Foi só um susto.
A ruivinha chorou um pouco, mas logo parou e deitou a cabeça no ombro da mãe. Claire a beijou várias vezes acariciando as costas dela. Clarisse acabou dormindo de novo, no colo da mãe e a ruiva também.
*
Começo de noite em Nublar, Owen chegou em casa sem fazer barulho e foi pegar as ferramentas da moto que havia deixado em algum canto da casa, mas não lembrava. Assim que a ruiva ouviu um barulho na porta, resmungou.
- Owen?
Ele se escondeu atrás da porta. Claire levantou um pouco a cabeça, mas como não viu nada e não teve resposta, voltou a fechar os olhos. Após uns minutos, ele saiu e foi revirar suas velharias na área de serviço. Logo ele achou e saiu com capacete e tudo tentando não fazer barulho algum.
- Onde vai? - Claire sussurrou tentando manter os olhos abertos.
Ele não respondeu e saiu quase correndo.
Definitivamente ela cansou. No fim da tarde quando Clarisse acordou, ela a banhou e a arrumou. Depois foi se arrumar, pegou sua bolsa e a da bebê e saíram de casa.
*
Do outro lado da ilha, Owen, Barry, Lowery e mais alguns amigos estavam reunidos com suas motos na estrada para o bangalô. Como havia chovido no dia anterior a estrada de terra estava a pura lama e eles aproveitaram para fazerem um "rally".
- Owen, presta atenção na estrada, tem buracos.
- Eu conheço essa estrada como a palma da minha mão, imbecil.
- Tá bom. Vamos ver quem chega primeira, vai pagar a rodada quem perder.
Claire parou o carro um pouco mais distante dali e os avistou.
- Então, enquanto eu fico me remoendo em casa me sentindo culpa. Ele está com os amigos se divertindo... Eu sou uma estúpida de ter vindo aqui... - disse para si mesmo, enquanto Clarisse brincava com o mordedor em sua cadeirinha. Não tendo mais nada o que fazer ali, deu a ré com o carro e foi para a praia que costumavam acampar.
Logo 5 motos saíram disparados pela estrada e Owen estava na frente, acabou sumindo de vista.
De repente Lowery aparece do nada na janela do carro da ruiva, batendo no vidro.
- Oii chefa!
Claire levou um susto e parou o carro bruscamente.
- Ficou louco? - o repreendeu. - Quer me matar de susto?
- Nossa, eu tô tão feio assim?
- O que quer?
- Só vim dar um alô, não sabia que curtia essas competições de lama. Te imaginei no spa fazendo as unhas, menos aqui. -Começou a rir igual um idiota na frente do carro.
- E quem disse que estou participando de alguma coisa, idiota? - revirou os olhos. - Agora sai da frente, estou com pressa.
Ele levantou os braços se rendendo ainda morrendo de rir e saiu da estrada. Clarisse estava com os olhinhos arregalados, olhando Lowery do lado de fora como se estivesse vendo um bicho exótico.
Claire seguiu caminho, não demorou para chegar na praia que consideravam deles. Não pode deixar de sorrir com as lembranças daquele lugar. Saiu do carro e foi tirar a filha da cadeirinha.
- Olha a praia de novo meu amor... - disse ao pisar na areia.
Clarisse olhava para o lugar encantada, já estivera lá antes com os pais. Mas na época era muito menor. Claire a colocou na areia e segurou as duas mãozinhas dela e foram andando de vagar até a água. Mas não entraram no mar, já era fim de tarde e a água estava ficando gelada. Claire deixou a bebê molhar apenas os pezinhos.
- Então filha... Onde a mamãe monta a nossa barraca? Vai ser a nossa aventura...
A pequena olhou para a mãe e sorriu com os dois dentinhos minúsculos. Ela era o seu tudo naquele momento.
Ela não podia esconder o quanto estava triste com toda a situação com Owen. Depois de um final de semana incrível, estavam brigados. Ainda mais pela forma que ele a tratava. Mesmo com o coração em mil pedacinhos, ela tentava se manter forte pela filha.
Então, com a ruivinha no colo, foi até o carro e pegou a barraca. Sorte ela ter tido várias aulas com Owen de como montar. Colocou Clarisse sentada em um lençol perto dela com alguns brinquedos, e começou a montar.
A competição foi terminar tarde da noite com direito a bebida e música. Quando começou a chegar mulheres, Owen tratou de cair fora antes que começasse a chover novamente. Um vento gelado cortou a ilha de norte a sul e com ela trovões e relâmpagos acendiam a noite. Owen chegou em casa e foi tomar banho.
- Será que vai chover meu amor? - Claire comentou preocupada colocando a bebê para dentro barraca. - Logo hoje... Não pode...
Ficou observando o céu, era nítido que aquilo não ia melhorar. Então resolveu sair dali, a segurança da sua filha era mais importante.
Owen ligou pra ela depois de notar a ausência das duas.
- Que foi? - atendeu de forma ríspida.
Owen respondeu normalmente.
- Onde estão? Vai chover bastante.
- Estamos passeando. - disse apenas.
- Onde? Me manda a localização e vou aí.
- Não. Agora lembrou de nós? Pode ficar aí aproveitando com seus amigos.
- Eu me casei para ficar amarrado em você Claire Grady? Que porra! Qual foi a última vez que eu saí com meus amigos esse mês?
- Tem razão Owen, talvez eu tenha que me desapegar um pouco de você. E sinceramente, ultimamente a forma que está me tratando, prefiro ficar longe. Bom, a Clarisse está bem. Iremos para casa mais tarde.
- Vai chover, onde você está Claire Dearing Grady?
- Não se preocupe Grady. - desligou e seguiu caminho pela mata. Até que começou a chover muito forte, a visibilidade era quase zero.
Owen ficou olhando pela sacada do quarto que dava pra ver se havia algum carro chegando e esperou impaciente. Ela demorou mais de uma hora para chegar, como a chuva estava forte teve que dirigir muito devagar.
- Chegamos princesa... - disse para bebê em seus braços, ao abrir a porta de casa.
Assim que ela chegou Owen foi correndo pegar a bebê. Clarisse deu um gritinho ao vê-lo.
- Que alegria de ver o papai, nossa. - Encheu ela de beijo. - Papai também tá feliz de ver o neném!
Claire deixou os dois e foi para cozinha fazer o jantar. Mas ela se deparou com a mesa posta com o prato favorito dela servido. Ela arregalou os olhos surpresa, ficou sem reação.
Owen levou a filha para comer a papinha que estava no microondas e foi para o escritório com ela no braço.
Claire sentou e comeu sozinha, depois foi lavar a louça e foi para o quarto. Ele deixou a bebê sentada na mesa se divertindo em rasgar papéis enquanto lia e relia contratos de empresas terceirizadas fornecedoras do resort.
Após um longo banho de banheira, Claire foi dormir. No outro dia ela teria que ir trabalhar bem cedo.
Clarisse esgotou toda sua energia rasgando papéis que acabou dormindo em cima dos mesmos. Owen começou a assinar um monte de papéis e depois foi colocá-la no berço.
A chuva estava cada vez mais forte. A porta da varanda do quarto deles estava aberta e começou a molhar todo o quarto, Claire estava tão cansada que não viu.
Do quarto da filha até o escritório ele tinha que passar pela porta do quarto. Como olhou de relance, levou um susto ao ver as cortinas e persianas esvoaçando e foi correndo fechar a porta e secar toda a bagunça que a água havia feito.
O buquê que Claire recebeu também acabou caindo com o vento. Ela tinha esquecido de jogar fora. Curioso, o marido pegou as flores do chão e foi ler a escrita do cartão. Se alguém pudesse ver as expressões que Owen fazia, teria medo. Puto de ciúme, destruiu tudo com a mão e acabou se machucando com os espinhos.
Claire acabou acordando e o estranhou em pé no meio do quarto.
- Owen... O que aconteceu? - disse sonolenta.
- Cala a boca e volta a dormir, Claire. Vê se não enche o saco, a não ser que queira me contar quem é esse tal de TOM!!!
Claire arregalou os olhos assustada e se encolheu na cama.
- Sai daqui Owen... - sua voz saiu trêmula e começou a chorar. - Fica bem longe de mim.
- Não vou, quem diabos é Tom? - Se aproximou dela quase cuspindo fogo.
Claire se encolheu ainda mais, se ele a olhasse bem, poderia ver o medo em seus olhos, pela primeira vez.
- O que foi? Eu não vou te bater, por que está desse jeito?
- Porque você me trata mal... - começou a chorar.
- Eu te trato mal?! Veja bem, você que começou tudo isso... - Owen já estava alterado, apontando o dedo na cara dela. - Você começou me tratando daquele jeito, eu só fiz o mesmo contigo! É divertido? É CLAIRE?
Ela chorou ainda mais.
- Pára de gritar comigo. Eu não me casei para ser tratada assim... Nenhum homem vai colocar o dedo na minha cara! Eu tentei resolver a situação com você depois, mas com você é impossível!
- Resolver o que? Agora chora, chora mesmo. Eu não estou nem aí! Porque não liga para esse tal de TOM ele deve ligar. - Owen pegou o cartão e jogou na cama. - Liga pra ele!
- O que está insinuando Owen? Você não sabe o que fala. - Levantou furiosa e foi até o closet.
Ele foi atrás.
- Não vai me explicar?
- Você tirou suas próprias conclusões Owen. Me ofendeu profundamente.
- Quer a verdade? Eu estou com ciúme. Eu fico louco de ciúme de você e perco a noção, só de imaginar que tem um homem te mandando flores eu sinto um soco no estômago, um aperto no coração. - Owen foi até ela a puxando pelo braço sem brutalidade e fez ela olhá-lo. - Eu tenho ciúme do que é meu, só estou te pedindo pelo amor de Deus me conta logo ou eu vou perder a sanidade agora mesmo...
- Por favor... - se afastou dele. - Tom é um engenheiro da InGen, há alguns anos saímos algumas vezes para jantar. Quando percebi que ele estava misturando as coisas, eu me afastei dele. Então, ele parou de vir para a ilha. Mas agora por algum motivo, ele ressurgiu....
- Saiu pra jantar com ele?
- Sim, mas isso faz anos. Eu nem te conhecia.
- Era um encontro... ah...
- Não Owen! Apenas um jantar, ele que interpretou de forma errada.
- Desde quando se sai para jantar com outro homem e não é encontro?
- É impossível conversar com você. O que eu tinha para dizer, eu já disse.
- Certo Claire. Certo. Me passa o contato dele.
- Ficou louco? Eu não tenho. É uma pena saber que não confia em mim. Talvez eu não seja a esposa que queria...
- Volta para cama.
- Eu não sou seu objeto. Você não manda em mim. - Foi até a cama e pegou seu travesseiro. - Vou dormir no quarto da Clarisse. Amanhã tenho que estar as 6 no centro de controle, então provavelmente não nos veremos...
- Tem certeza disso?
- De que? De que me magoou profundamente?
- Você se magoa até com meu espirro, você é inacreditável Claire Grady!
- Você precisa repensar seus atos Owen... Se o que fez para você não é nada. Se não sabe se desculpar... Então nosso casamento está errado.
- Desculpa?
- Okay. - disse apenas. - É melhor eu ir dormir...
Owen ficou a encarando sem entender.
- Owen... Nenhuma pessoa que ame a outro trata do jeito que me tratou... - Voltou a chorar. - Te levei comida, você disse que não queria aquela porcaria e que eu estava atrapalhando. Eu sei que eu erro também, mas jamais te trataria assim porque eu Sim, te amo... As vezes me trata como se me odiasse... E dói tanto. Depois pede desculpa assim, como se fosse não fosse nada. Ainda desconfia de mim... Talvez eu seja sensível demais, mesmo.
- Então eu não te amo? Acha isso?
- Eu acho que me ama... Mas parece que também gosta de me tratar mal...
Owen deu as costas para ela e foi escovar os dentes enquanto pensava em tudo depois voltou.
- Olha, eu só retribuí. Mas confesso que peguei pesado. Bom, me perdoa?
Claire estava deitada com os olhos bem inchados. Ela virou o encarando.
- Mas você realmente se arrependeu?
Owen estava com receio de chegar perto dela.
- Sim. Não quis te deixar triste.
- Está bem... Perdôo. Eu só... Preciso de um tempo...
- Eu entendo. Se quiser vou dormir no outro quarto.
- Não precisa, seu lugar é aqui... - deitou. - Boa noite...
Ele ficou um bom tempo calado, depois sentou-se perto dela.
Ela o olhou assustada e se sentou também.
- O que foi?
- Só esperando você dormir... - Ele estava sem jeito de tocá-la depois de tudo.
- Por que? Você também precisa dormir...
- Tem contratos me esperando no escritório. Deita...
- Por que não faz isso amanhã?
- Deita ruiva.
Ela não disse mais nada e deitou.
Owen cobriu ela e puxou o violão do canto. Estava um pouco empoeirado, mas não ligou. Começou a tocar.
Ela acabou sorrindo de canto. Amava vê-lo tocar.
- Faz tempo que não tocava...
Owen arriscou tocar uma música que havia escutado com ela no carro na primeira vez que levou Claire para conhecer a mãe.
- So lately, been wondering
Who will be there to take my place
When I'm gone you'll need love to light the shadows on your face
If a great wave shall fall and fall upon us all
Then between the sand and stone, could you make it on your own...
Claire ficou emocionada e começou a chorar.
- Eu não posso viver sem você...
- If I could, then I would
I'll go wherever you will go
Way up high or down low, I'll go wherever you will go...
- Promete?
- Prometo.
- Deita aqui comigo...
- Está tão ruim assim minha música?
- Não... - riu. - Quero você perto de mim... Dormir sentindo sua respiração...
O marido então deixou o instrumento de lado e deixou-se ao lado de sua amada. Acabou a abraçando apertado demais.
Ela sorriu deixando ser abraçada por ele, o amava demais e o queria bem junto de si. E estar ali com ele, a fez dormir rapidamente.
Quando notou ela dormindo até se assustou com a rapidez. E enquanto velava o sono dela, continuou sussurrando o refrão da música enquanto tirava algumas mechas de cabelo do rosto dela.
- Run away with my heart,
run away with my hope,
run away with my love...
Ela se moveu aconchegando-se mais nos braços dele. Lá era seu mundo.
Owen acabou esquecendo de ir terminar o trabalho, hipnotizado pelo sono tranquilo da amada que acabou dormindo enquanto a admirava.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.