“ - Você tem tentado, com crescente desespero, me matar o ano todo. Perdoe-me, Draco, mas suas tentativas têm sido ineficazes... tão ineficazes, para ser sincero, que me pergunto se, no fundo, você realmente queria...”.
- “Ele me mandou fazer isso ou me matará. Não tenho escolha!”
(....) - DRACO!
– Você poderia fazer isso. Você em vez de Draco, Severo. Você teria sucesso, e ele o recompensaria mais do que qualquer um…
(…) - DRACO!
– Acho que a intenção dele é me mandar tentar depois. Mas decidiu que Draco deve tentar primeiro. Sabe, no improvável acaso de Draco se sair bem, eu poderei permanecer em Hogwarts por mais algum tempo, desempenhando meu poderoso papel de espião.
(...) - DRACO!
- AVADA KEDRAVA!
- NÃÃOOOO! - pesadelos, malditos pesadelos.
- Abra os olhos Draco! Abra os olhos, filho! - escuto a voz da minha mãe e suas carícias em meu rosto. - Merlin, está ardendo em febre!
Depois do que pareciam ser minutos, horas... não sei... consigo por fim abrir meus olhos... estes reagem mal a claridade da luz que emana do meu abajur. A ardência da luz associada ao gosto amargo e salgado das lágrimas que correm o meu rosto, me irritam profundamente.
- Me solte agora! - afasto a minha mãe de perto de mim.
- Querido, está ardendo em febre! - ela diz ainda tentando se aproximar.
- ME DEIXE EM PAZ! - a afasto de formas mais bruta.
- Francamente.... falo isso todos os dias para você, Cissa! Criou um garoto medroso! - A voz dele me deixa ainda mais furioso. - É um menininho com medo de seus sonhos! VAMOS GAROTO, ACORDE! - ele ameaça encostar em mim.
- NÃO SE ATREVA A ENCOSTAR UM DEDO EM MIM! - digo me levantando rapidamente da cama. - NÃO SE ATREVA A DIRIGIR SUAS PALAVRA A MIM!
- Draco, Lucius... por favor são 02:00 da manhã...
- O QUE É MOLEQUE? AGORA VIROU HOMEM PARA ME PEITAR? - ele debocha. - ESTAVA A POUCO AGARRADO NA SAIA DE SUA MÃE PEDINDO POR SOCORRO! FRANCAMENTE.... VOCÊ É UMA VERGONHA PARA O NOSSO NOME!
- EU MATO VOCÊ! - grito enraivecido. - Você arruinou a minha vida!
- VOCÊ SE ARRUINOU SOZINHO.... É UMA VERGONHA DE FILHO! - ele diz sério.
- LUCIUS! POR MERLIN, CALE A BOCA! - Minha mãe diz.
- Cissa, a culpa é sua... protegeu demais esse garoto!
- E você o traumatizou para toda a eternidade! - ela diz irritada. - Não vê que ele está sofrendo?
- Se tivesse me permitido educar ele a maneira dos Malfoy, ele seria um homem! Mas você o educou como os cavardes dos seus primos Régulo e Sirius!
- Não ouse comparar Draco a eles! - ela diz irritada.
- Não ouse tratá-lo como uma criança.... - ele diz irritado.
- CHEGA! - grito. - EU NÃO AGUENTO MAIS!
Abro meus olhos novamente e respiro profundamente. Eu sabia onde estava, e provavelmente poucas pessoas me encontrariam nesse ambiente tão deplorável e decrépito. Todas as portas e janelas estão fechadas com tapumes, o chão está imundo... as paredes fedem a sangue... eu sei... não é o ambiente mais acolhedor... e provavelmente dentro dos próximos dias, aparecerá alguma criança maldita que resolveu explorar este lugar....
A que ponto cheguei... pernoitar na casa dos Gritos, para fugir da minha família.... eu realmente devo ser essa criança idiota e medrosa a qual meu pai tanto se refere... eu sei que não preciso ficar aqui... que qualquer hotel bruxo seria muito mais qualificado para me receber... mas talvez eu só não queira ser achado mesmo.
Amanhã eu resolvo o que farei, posso passar os próximos meses viajando.... posso ficar na casa da Pansy.... não definitivamente não... ela provavelmente pensaria que temos algo.... Blás? Théo? Não, é obvio demais...
- ARANIA EXUMAI - livre de qualquer maldita aranha nojenta!. - REPARO! - a cama destruída agora pode ao menos ser usada. - Engorgio! - Mas também não precisa ser minuscula... apesar que este casebre é horrivel até com magia. - PACK! - Ao menos as coisas começam a ficar limpas e organizadas. - Vai ser uma longa noite....
********
- Malfoy? - escuto uma voz e o movimento abrupto mexer com o meu corpo e despertar a minha tranquilidade que a tanto não sentia em uma noite de sono, quem seria o bastardo a fazer isso! - Malfoy? - abro os olhos e a luz que entra me cega parcialmente.
- Me deixe em paz, Potter! - cubro novamente meu rosto com os lençóis conjurados na noite anterior.
- O que está fazendo aqui? - ele questiona ao puxar minhas cobertas.
- Dormindo até você chegar! - digo emburrado.
- Porque está aqui? Lhe aconteceu algo? - ele oergunta.
- Santo Potter ao resgate, eu estou bem, ok? Me deixa em paz! - digo ficando irritado.
- Não me parece bem... Vêm! Levanta! - ele puxa meus lençóis, - PORRA, CARA! VESTE ALGUMA COISA!
- Eu não mandei você me deixar em paz... - digo rindo e colocando os lençóis sobre o meu corpo agora descoberto. - Odeio dormir com roupas.
- Você é um idiota! Dormir em uma casa abandonada, seminu... não me parece algo seguro a se fazer... - ele debocha.
- Ahhh sim! E você liga muito para a minha segurança, não é Potter?
- Não deveria ligar, realmente.... mas trabalhamos juntos... e você estava apagado nesse lugar...
- Eu venho dormindo mal!
- Eu sei! Ainda os pesadelos?
- Sim! Parece que eu nunca terei sossego.
- Vêm! Vamos pra minha casa... lá tem café e você me conta o motivo de ter virado um sem teto! - ele me estende a mão e logo a recolhe; - Mas é melhor você se vestir antes!
- Nossa Potter, você parece uma mulher de 70 anos rabugenta! - digo debochado e começo a vestir minha camiseta. - O que está fazendo aqui nesse lugar tão charmoso?
- Hahahahahaha... Idiota! - ele ri. - Eu comprei essa casa a mais ou menos dois meses.
- E porque caralhos você quis comprar um lugar desses? - pergunto realmente sem entender.
- Recordações dos meus pais... Sirius e Lupin... - ele diz dando de ombros. - É um bom lugar para me esconder e ficar apenas com os meus pensamentos.... E aparentemente para abrigar sem tetos!
- Idiota! Eu poderia estar em qualquer lugar, muito melhor! - digo vestindo minhas calças.
- Eu sei.... e mesmo assim está aqui! - ele diz brincando. - Bora?
Calço os meus chinelos rapidamente e seguro em seu braço, sinto a vertigem característica da aparatação e quando abro novamente os olhos estou a frente de um conjunto de sobrados antigos e uma porta, aparece a minha frente após Potter dizer um feitiço.
- Fidellius? - pergunto e ele confirma.
- Pode vir aqui sempre que quiser agora...
- Tem certeza? - digo realmente curioso.
- Claro! Acho que depois de tudo que passamos juntos, desde a Guerra, ao treinamento de Aurores... bom... somos parceiros afinal....
- Obrigado... acho que nunca te agradeci, de fato.
- Na realidade nunca mesmo... - ele ri.
- Você também não é um santo... Santo Potter! - debocho assim que entramos na casa.
- MONSTRO! COLOCA MAIS UMA XÍCARA A MESA! - Potter grita e logo um elfo velho e vestido com uma camisa larga aparece para nos recepcionar.
- Bem vindo Sr. Malfoy a Mui Antiga e Nobre Casa dos Black! Agora mui nobre casa dos Potters! - o elfo me cumprimentou com um reverencia exagerada.
- Não precisa de tudo isso monstro! - Potter fala.
- Seu elfo é livre? - digo sem pensar.
- O sr. Potter achou por bem libertar Monstro. Mas monstro continua a fazer seus afazeres na casa, com um pagamento ao final do mês. Beneficio salientado de forma muito convincente pela Srta. Granger.
- É uma longa história... Hermione nunca toparia morar aqui se Monstro não recebesse por seus afazeres! Libertei o elfo, ele quase caiu em depressão... mas aos poucos ele esta entendendo que não é um servo e sim um membro da familia! - ele diz rindo.
- Você está obedecendo a Granger? Sério?
- Você não a conhece tão bem quanto eu... no que se trata de elfos, é melhor fazer o que Hermione manda... ou ela não estaria por aqui!
- Ela mora com você? Pensei que gostasse da Weasley Fêmea?? Não namoram... não acredito que tenha um caso com a melhor amiga da sua mulher! - digo incrédulo.
- Em primeiro lugar, que nojo, cogitar que eu sairia com a minha irmã! E em segundo.... Ahhh sim.... você já conversou com a Gina por dois minutos? Eu nunca conseguiria ter mais de uma mulher... namorando com Gina.... eu não posso olhar pro lado... - ele ri nervoso.
- Francamente Potter... nunca pensei que era pau mandado de duas garotas.... enfrentou o Lord das Trevas e tem medo de Weasley Femea e Granger??
- É Gina! E você nunca viu as duas em ação! Enfrento Voldemort numa boa!
- Finalmente um NOBRE EM MINHA CASA! ESTÁ VENDO SANGUE RUIM! A CASA DOS BLACK VOLTA A TRIUNFAR AO LADO DOS GRANDES DO SAGRADO 28! - Walburga Black inicia instantaneamente seus gritos pela casa, ao se deparar com a minha chegada. - BEM VINDO A CASA DOS BLACK! ESTE SIM É O HERDEIRO LEGÍTIMO! TRAIDOR DE SANGUE, NUNCA HERDARÁ A MINHA CASA!
- Não se incomode com o mal humor deste quadro... estamos tentando descobrir como redecorar a casa! - Potter diz ao coçar a cabeça.
- Ahhh tudo bem! Acredite.... eu sei como pode ser irritante o humor dos sangues puros! - debocho e Potter ri.
Caminhamos por um longo corredor... A cozinha ao que tudo indicava ficava abaixo do piso térreo. Me peguei a observar os detalhes daquela casa, a casa era elegante, ainda que muito antiga, mostrava a riqueza de detalhes nobres que apenas as famílias de puro sangue poderiam se deixar ter este tipo de luxo. Mas esse tempo claramente havia passado, por onde eu andava percebia que os novos moradores estavam deixando suas marcas neste ambiente.
Através de uma escadaria estreita na extremidade do corredor de entrada. Chegamos na cozinha, de cara percebo uma grande lareira em uma extremidade e uma grande mesa de madeira no centro com cadeiras de cada lado. Mais ao fundo uma grande despensa de alimentos e outros itens.
- Ao lado da despensa tem o quarto do Monstro, se precisar de algo, pode pedir a ele! Ele ainda é meio rabugento.... mas certamente vai tentar fazer o que você pediu! - Potter disse ao apontar uma porta ao lado da despensa.
A cozinha também continha vários armários que revestem as paredes, percebo que os armários foram trocados a pouco tempo, estes não são nem um pouco parecidos com os móveis vistos no restante da casa, percebo que na divisória entre os armários há uma janela com vista para outra parte da casa. O piso claramente também fora restaurado a pouco tempo, pelo brilho que emana.
- Aos poucos vamos reformando cada um desses espaços! - Potter diz om um leve sorriso. - A decoração acabo deixando com Gina... afinal um dia será a casa dela também.
- Parabéns pelas mudanças... está muito mais aconchegante... do que tradicionalmente deveria ser...
- Você não tem ideia! - Potter desabafa.
- Bom dia! - viro meu rosto e a vejo.
- Caralho! Digo... Bom dia! - me corrijo rapidamente. Há anos não a via. E claramente nunca tinha visto ela de forma despojada. Ela usava uma regata de alças finas branca que marcava sutilmente seus seios e um shorts curtos vermelhos da grifinória que deixavam visíveis as coxas definidas e salientes. Merlin, ela percebeu que eu a observo! - Bom dia Granger! - disfarço mas sinto meu corpo queimar por dentro.
- Bom dia! - ela diz levemente corada e possivelmente incomodada com o meu olhar nada discreto. - O que está acontecendo aqui?
- Malfoy veio tomar café! - Potter diz dando de ombros.
- Huuuum... e isso é normal em qual momento? - ela diz imitando o dar de ombros dele.
- Malfoy é meu parceiro no grupo de Aurores... pensei que já havia lhe dito isso! - Potter disse.
- Já... e lembro que lhe disse que isso era uma ideia idiota! - ela debocha com ele. Claramente ela ainda não gosta da minha presença, mas pudera, não é mesmo?
- Sim, eu me recordo.... você deixou isso muito claro em todas as cartas que enviou! - ele disse brincando.
- Escreveu sobre mim em suas cartas, Granger? Espero que só coisas boas! E obviamente que sobre a minha beleza. - debocho e ela revira os olhos.
- Idiota! - ela diz e dá a volta a mesa, em direção a garrafa de café.
Tempos difíceis e sombrios me aguardam pelo visto.... o humor dela é dos piores pela manhã.... E eu realmente não faço a minima ideia do porque resolvi vir até aqui.... eu poderia ir para qualquer lugar... Merlin! Como fui idiota a ponto de ter aceitado vir até aqui!
É o fim da minha dignidade.... ser ajudado pela dupla de ouro! Ser coleguinha de casa de grifinórios! Merlin! A que ponto chegamos! Isso é a coisa mais abominável que poderia me acontecer....
Escuto ao fundo um som sombrio e triste, de amargurar qualquer coração....
- Argus está cantando! - Granger levanta rápidamente.
- Hermione.... é o som mais triste que eu ouvi na vida! - Potter vai atrás dela e eu acabo os acompanhando por impulso. Ao subir dois lances de escada, vejo eles entrarem em um cômodo, Era um cômodo muito organizado e limpo, com diversos livros espalhados, uma escrivaninha com diversos pergaminhos e uma enorme cama com lençóis lavanda. E sobre um puleiro um raro e belíssimo Agoureiro a cantar. O som triste e angustiante de uma música com aspectos fúnebres.
- Ele nunca havia cantado... - Granger disse ao se aproximar dele.
- É um belo animal! - me aproximo, quase hipnotizado pelo canto... é como se o som que emana dele acalentasse todas as dores que a muito eu carrego. Acaricio suas penas. - O canto é belíssimo, apesar da tristeza...
- Hermione, tem certeza que ele não está prevendo nenhuma morte? Temos plantão daqui algumas horas! - Potter brinca.
- Deixe de ser covarde Potter, todos sabem que os Agoureiros só cantam com a aproximação de chuvas! - aponto para a janela onde as gotas começavam a se debater com a janela.
- Obrigada! Ao menos alguém não acredita nessas bobagens! - Granger sorri e acaricia o animal, sem perceber sua mão acaba por relar na minha e com a mesma rapidez ela tira sua mão de perto da minha. - O som parece....
- Tranquilizar o coração... - digo quando ela não consegue terminar a frase, ela acena positivamente.
- Vocês dois concordando com algo.... Isso é estranho. - Potter diz com as sobrancelhas arqueadas.
- Cala boca Harry! - Hermione vira para o amigo e revira os olhos. - Vamos tomar café, sim? - ela termina de dizer, oferece um agrado ao animal e começa a se retirar do ambiente.
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