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História Agridoce - Capítulo VI


Escrita por: BonecaMecanica

Notas do Autor


Pessoal, vamos lá
ALERTA DE GATILHO [DROGAS]
Neste capítulo haverá a utilização de cocaína por parte dos personagens. A descrição é por experiência de uso pessoal, não havendo romantização, apenas as sensações que a droga gera no organismo.
Caso possua sensibilidade, favor pular a cena.

ALERTA GATILHO [ABUSO] [AUTO MUTILAÇÃO]
A personagem irá relatar os abusos que passou no relacionamento passado e os atos de mutilação que praticava em si, caso não se sintam a vontade, favor pular a cena

Obrigada e espero que gostem.

Capítulo 7 - Capítulo VI


Townsville, 15 de agosto, 10 d.H (depois de Him)

De uma maneira quase que torturante, Blossom estava completamente calma.

Ela não queria pensar daquela forma, queria ficar em alerta constante assim como suas irmãs. Gostaria de estar desconfiada, com medo, nervosa. Porém tudo o que conseguia sentir era a mais completa paz.

Fazia cinco dias que tinham se aliado aos RowdyRuff Boys e cinco dias que ela ficava em conflito com seus sentimentos e pensamentos.

Tudo isso podia ser explicado por dois tópicos.

Tópico um, intuição.

Falando dessa forma parecia bobo, mas quando Brick comentou sobre sua capacidade em sentir o humor e pensamentos dos outros, uma luz finalmente se acendeu dentro dela.

Quando Blossom completou 14 anos começou a identificar certas intenções a sua volta. Sabia dizer se alguém era confiável, se estavam mentindo ou até mesmo o motivo de certas brigas entre as irmãs.

De alguma forma, ela sabia. Não vinha nenhuma onda de pensamento como Brick havia mencionado, porém de alguma forma, parecia muito claro dentro dela. E por isso, passou a ser mais compreensiva com relação as irmãs em diversos aspectos.

E era por isso, por essa intuição aguçada, que sabia que ela e as irmãs estavam seguras. Pois dentro de cada um dos Rowdyruff daquela casa não havia nenhuma intenção de feri-las, e isso a matava por dentro.

Pois ela tinha essa vontade. Essa vontade ensandecida em degolar cada um deles. E desejava muito que eles sentissem a mesma coisa, para que então, ela pudesse alimentar esse sentimento tão conhecido por ela ao longo dos anos.

Entretanto ali estava, calma, tranquila e totalmente confortável com a situação em um todo.

O que a levava ao segundo tópico.

Alexandra.

Blossom começou a notar os olhares de Alex aos 17 anos e pouco depois, ambas estavam flertando.

Ela se lembrava do primeiro beijo, do frio na barriga que sentiu, do hálito frio da garota em seu rosto, de ambas estarem felizes e entregues.

Lembrou-se de quando Lauren e Harold haviam morrido, um ano depois. E em como três meses depois disso sua vida se tornara um inferno.

Passada a fase do luto, Alex se tornara um peso constante.

Diariamente era sugada pelos dramas e lamentos de Alex. Todos os dias, era obrigada a saber exatamente como Alex se sentia com a perda dos pais e ao mesmo tempo, não aguenta-la mais perto de si.

Alex sabia exatamente como manipula-la para conseguir o que queria, assim como sabia o que dizer para ferir Blossom exatamente no ponto que tinha que ferir

“Meus pais te acolheram, cuidaram de você e das suas irmãs! Agora eles se foram e você não pode me deixar!”

Era obrigada a transar para deixa-la feliz, a ser falante para deixa-la feliz e até mesmo a ficar menos tempo com suas irmãs para que não surtasse.

Ela não achou que aquilo poderia piorar até Cody e Bubbles irem em uma missão por alimentos e Bubbles voltar sem Cody.

“Meu irmão morreu por culpa da sua irmã! Se não fosse por ela, ele estaria vivo! Você me deve tudo o que eu perdi!”

A partir daí era acordada com tapas durante a noite, sendo ameaçada constantemente em ser mandada embora da resistência com suas irmãs. Porém se saíssem dali, para onde iriam?

Alex a acordava chorando pedindo sexo e na maior parte das vezes, Blossom apenas se deixava ser abusada pela garota. Sem se mexer, quieta e com nojo.

Blossom não sabe quantas vezes sentiu vontade de chorar no colo das irmãs, quantas vezes não quis contar todos os abusos que sofria.

Ao invés disso, sempre que sentia vontade de gritar ou contar tudo o que passava, se dava alguns tapas, se queimava com o isqueiro e fazia pequenos cortes em sua barriga.

E naquele momento, depois de apenas cinco dias na casa dos Rowdyruff, sentia a maior paz de espírito do mundo. Uma liberdade sem precedentes. Uma liberdade que a consumia de forma plena em todos os seus sentidos.

Blossom tomou mais um gole da xícara de chá matte e voltou a atenção aos seus livros.

Brick estava há apenas 2 metros de distância de Blossom, mas poderia ficar daquela forma por dias ininterruptos que não se cansaria.

Tudo o que Blossom transpassava era a mais completa ordem.

Seus pensamentos eram bem alinhados, assim como sua letra, postura e até mesmo as anotações que fazia no pequeno caderno marrom que havia encontrado embaixo do sofá.

Ficar ao lado de Blossom era ter paz de espírito. Silencioso, harmônico. Como uma orquestra onde todos os instrumentos estivessem na mais perfeita afinação.

Lógico que ele poderia desfrutar mais disso se não fosse pelos outros quatro membros da casa.

E mais precisamente naquela hora, se não fosse Buttercup e Butch, um ao lado do outro, tentando entender o que estava escrito em uma página fazia 20 minutos.

- Acho melhor vocês deixarem os escritos em outros idiomas com a Bubbles e o Boomer. Eles são melhores em compreender outras línguas – Blossom disse sem levantar os olhos do papel em sua mão.

- Esse é o problema, não está em outro idioma. – Buttercup respondeu bufando e encostando no sofá. Butch apenas deu de ombros, estava na mesma situação.

Brick então sentiu dó da garota, era tão burra quanto seu irmão, aparentemente.

Blossom parecia apenas compadecida.

- Queria apenas saber quanto tempo vamos levar para ler tudo isso – ela disse num sussurro e logo Buttercup se pronunciou de forma muito precisa.

- 75 dias e 9 horas – disse ainda em desânimo e atraindo os olhares dos dois garotos em assombro. Blossom apenas aparentou mais cansaço.

- Jura? – perguntou em derrota – Espero que encontremos algo antes disso.

Buttercup apenas concordou com a cabeça e voltou a pegar o livro em sua mão. Foi Butch quem quebrou o silêncio.

- Como você fez isso? – ele perguntou ainda assombrado.

Buttercup olhou pra ele sem entender.

- Fiz o que? – questionou.

- Deu esse número, assim! De onde tirou isso? – ele perguntou novamente, a fazendo arregalar os olhos.

- Ora, eu calculei o tempo médio de leitura de cada um de nós. Eu e você lemos muito devagar e nossa capacidade interpretativa é horrível. Mas Blossom e Brick conseguem ir mais rápido já que Boomer e Bubbles fazem um bom trabalho com os escritos estrangeiros. Verificando a quantidade de textos, o número de livros e os tempos de sono, comer, etc... Tenho a estimativa exata de quanto tempo levaremos para terminar tudo. Isso, claro, se não tivermos imprevistos. – ela disse de forma bem concisa e segura.

Brick estava admirado e Blossom ficou confusa.

- Você não consegue fazer isso? – ela questionou olhando o garoto com atenção.

Quando Buttercup se mostrou exímia em matemática todos julgaram que fosse por conta do dom a parte que o Elemento X dava a cada uma delas.

Bubbles podia falar outros idiomas, pintar e falar com os animais.

Já Blossom era extremamente inteligente, possuía sopro de gelo e agora, tinha uma intuição aguçada.

Buttercup entretanto, não tinha tantas habilidades quanto suas irmãs. Quando descobriu que era boa em algo, ainda na escola, finalmente pôde se sentir menos inútil que suas irmãs.

E por isso Buttercup conseguiu entender o olhar perdido de Butch para ela e a sensação de impotência que o dominava.

Butch não respondeu Blossom, ainda olhava Buttercup com ressentimento. Como se de alguma forma tivesse sido traído.

Eles eram iguais, certos? A contraparte um do outro. Tudo o que ele era, ela deveria ser também.

Então porque ele ainda assim, tendo alguém para ser exatamente como ele, conseguia ser menos?

Lembrou-se de quando tinha chegado após deixar Princess em sua mansão.

 

Townsville, 10 de agosto, 10 d.H (depois de Him) – 11:00 a.m

Butch resolveu entrar pela janela de seu quarto, não queria ter que passar pela sala, onde encontraria a todos o julgando.

Qual não foi sua surpresa ao se deparar com Buttercup em sua cama, de barriga para cima e dormindo pesadamente.

Céus, ela ronca.

Pensou divertido sentando-se no sofá e o reclinando, quase caindo no sono até ouvir seu nome ser chamado.

- Ei, Butch!

Quando olhou para trás, Buttercup estava de joelhos na cama e olhava para ele com olhos atentos.

Butch apenas resmungou.

- Sim? – ele perguntou se ajeitando mais no sofá.

- Você tem pó? – ela perguntou sussurrando e ele achou que pudesse estar alucinando.

- Como é? – ele perguntou já totalmente desperto e a encarando com espanto.

Ela pareceu ter reconsiderado a fala, pois só estalou a língua e deitou-se novamente.

- Nada, deixa pra lá.

Mas Butch não iria deixar para lá, não conseguiria.

- Eu te dou – ele disse atraindo a atenção da morena para si – se me disser o motivo.

Ela suspirou e recostou o corpo na parede, olhando firmemente em seus olhos.

- Eu não quero dormir.

Butch a olhou com atenção, os pelos de seus braços estavam arrepiados e suas pupilas estavam pequenas, em total alerta. Seu corpo inteiro, por mais cansado que pudesse estar, não conseguia relaxar diante dele.

Ela estava com medo. E ele pensou que se estivesse na situação dela, não iria querer dormir também.

Ele não a respondeu, só se levantou e abriu uma gaveta de meias e tirou um ziplock de dentro com alguns pinos de plástico.

Buttercup se levantou e olhou com atenção quando ele abriu dois pinos e jogou o conteúdo branco em sua bancada e começou a bater nele com um cartão de crédito, soltando todo o pó compactado.

Fez duas carreiras grandes e ofereceu uma nota alta para a garota.

- Primeiro as damas.

Buttercup pegou a nota das mãos do moreno e logo a enrolou, recostou o corpo sob a bancada, colocou a nota na narina direita e aspirou todo o conteúdo para dentro.

Logo sentiu o gosto amargo no fundo da garganta e a dormência de seus dentes e gengivas.

Piscou algumas vezes e virou-se para o sofá, jogando-se nele logo em seguida e tentando controlar os olhos estralados.

Butch realizou o mesmo processo e logo estava sentado ao lado de Buttercup, olhando o nada e com a mente a mil por hora.

- Por que você esconde suas drogas? – ela questionou coçando o nariz.

Butch parecia muito aéreo quando perguntou.

- O que?

- Perguntei por que você esconde suas drogas! A Princess achou sua maconha na fronha do travesseiro e sua coca estava na gaveta de meias.

Butch apenas deu de ombros.

- Boomer sempre pega minhas drogas – ele disse arrancando um sorriso da morena.

- É mesmo? – ela perguntou enquanto rangia os dentes, sentindo o efeito anestésico deles em sua boca – Bubbles pega as minhas também.

Butch pareceu surpreso.

- Eu jamais imaginaria uma Powerpuff usando drogas, agora duas?! – ele perguntou irônico.

Buttercup respondeu ríspida.

- Não somos mais Powerpuffs há muito tempo. – ela disse agora o encarando.

Ela não parecia sentida ao dizer aquilo, apenas muito consciente de sua situação.

Butch notou as cicatrizes em volta do pescoço da garota novamente e começou a sentir seu pau começar ficar duro.

Merda

Cruzou as pernas para disfarçar e quebrou o silêncio.

- Agora ficaremos ambos sem dormir, o que sugere que façamos?

Buttercup encarou a televisão a frente, com um aparelho plugado nele. Butch acompanhou seu olhar e seu sorriso se alargou.

- Você também gosta de vídeo games?!

Buttercup encarou a animação dele com receio, mas respondeu mesmo assim.

- Eu costumava ter um quando criança – ela disse sem realmente demonstrar muito entusiasmo.

Butch pegou dois controles e entregou um a ela.

Gostava de jogar acompanhado, porém Boomer apenas jogava com ele depois de muito insistir. E Brick, bem... Brick nunca jogou vídeo game com ele.

Princess Morbucks preferia ficar olhando, enquanto que as prostitutas com que saía não pareciam se quer saber o que era um vídeo game.

- O que quer jogar?

Buttercup o olhou com interesse e respondeu com toda a sinceridade do mundo.

- Algo que me faça ver sangue.

E Butch soube que a convivência com a morena seria tremendamente fácil.

 

Townsville, 15 de agosto, 10 d.H (depois de Him)

Agora ele estava ali, olhando para a garota a sua frente e se sentindo traído após todas as sessões de maconha, bebida, cocaína e Mortal Kombat.

Ele não precisou se dar ao trabalho de dizer nada pois Boomer entrou na sala completamente sério com Bubbles atrás de si totalmente sonolenta.

- Him quer nos ver, agora – disse chamando a atenção de todos para si.

Brick se levantou sendo seguido por Butch.

- Nós vamos verificar o que Him quer, vocês fiquem aqui e continuem a pesquisa! – disse antes de sair e deixar as três garotas sozinhas na sala.

Bubbles sentou-se, nervosa e encarando a pilha de papeis a sua frente.

- E se Him pedir para que ataquem pessoas inocentes? – A garota perguntou com amargor na voz, chamando a atenção das duas para si.

- Então eles irão cumprir o que foi solicitado, como sempre. E nós não poderemos intervir, como sempre foi – Blossom respondeu deixando Bubbles boquiaberta e Buttercup apenas apertou os olhos.

Estava demorando

- Como você pode ser tão fria?! – questionou a loira se levantando e ficando exasperada. – Eles podem estar matando pessoas nesse exato momento e estamos aqui brincando de casinha com eles!

Blossom se levantou, a postura impecável e o olhar rígido.

- Se você souber de algo que possa ser feito para evitar que não precisem cumprir ordens para Him, então por favor, me diga agora! – questionou Blossom fazendo a loira se calar assustada – Pois a única coisa que eu sei que somos capazes de fazer é sentar nossas bundas magras no chão e buscar um jeito de mandar aquele monstro de volta para o Inferno, de onde ele nunca devia ter saído!

Bubbles se sentou, indignada pela fala da irmã.

- Eles podiam se negar a fazer...

E nessa hora Buttercup riu, fazendo Bubbles se calar.

- Se negar? Para que? Serem mortos?! – ela perguntou olhando sua irmã com piedade.

Bubbles se transtornou.

- Eu teria me negado! – disse a loira com convicção.

Buttercup então gritou.

- Então uma salva de palmas para a pequena, imaculada e pura Bubbles! Pois eu mesma teria feito tudo o que aquele filho da puta mandasse para manter a mim e às minhas irmãs a salvo!

E aquilo foi como um tapa na cara de Bubbles. Um tapa ardido e forte.

Em nenhum momento ela sequer houvera pensado que pudesse cumprir qualquer atrocidade que Him mandasse, mas ela jamais pensou que Him pudesse usar suas irmãs para conseguir isso.

Bubbles se calou, as lágrimas presas aos olhos, se negando a cair por puro orgulho.

Buttercup logo estava tremendo e se coçando, e isso fez Blossom se colocar ao lado dela.

- Butter, o que foi? – questionou em vão, pois sabia a resposta.

Buttercup estava tremendo por inteiro, os dentes cerrados e as unhas furando as palmas de suas mãos.

- Preciso sair daqui – ela disse atravessando a sala e abrindo a porta da frente.

Bubbles se colocou em pé e pegou a irmã pelo braço

- Não! Não podemos sair! – porém Buttercup logo se soltou dando um murro no rosto de Bubbles.

- Não me sigam!

E sem dizer mais nada, bateu a porta. Deixando Blossom e Bubbles sozinhas em casa e pensando que talvez ter aceitado manter Buttercup encarcerada tanto tempo não tenha sido boa ideia.

***

Uma escolta de prisioneiros até a cadeia.

Boomer não entendia o motivo de Him precisar que três Rowdyruff Boys escoltassem um caminhão com civis inocentes a serem presos.

Em todo caso, não iria reclamar, poderia ser bem pior. E só o pensamento do que poderia ter sido solicitado fazer o dava calafrios.

Mas nada no mundo o preparou para o que estava por vir.

Quando os três entraram na sala logo foram tomados pelo choque.

Bubbles estava sentada em uma cadeira, com diversos panos ensanguentados a sua volta enquanto Blossom estava em pé ao lado dela xingando nada em específico e pressionando mais um pano na testa aberta da loira.

Boomer correu e logo estava ao lado de Bubbles.

- O que aconteceu aqui? Vocês foram atacadas? – questionou Boomer nervoso e verificando o estado letárgico de Bubbles – porque estão usando tanto panos?!

- Por que ela não para de sangrar e eu não achei um kit de primeiros socorros! – Blossom disse nervosa verificando o ferimento na testa que não estancava enquanto Bubbles ficava sonolenta – Não ouse dormir!

Bubbles abriu os olhos depressa e logo eles começaram a vacilar.

- Nós não temos um kit de primeiros socorros, não precisamos disso – Brick disse como se fosse óbvio e continuou – O que aconteceu com a Bubbles? – perguntou alterando o tom de voz, tentando verificar com sutileza se havia algum ferimento na ruiva também.

- E cadê a Buttercup?! – Questionou Butch logo notando a falta da outra garota.

Silêncio. Nenhuma das duas meninas ousava dizer uma palavra.

Aquilo fez Brick começar a se exaltar ao notar que não havia sinais de arrombamento na casa.

- Buttercup fez isso? – questionou não precisando de uma resposta falada, apenas os sentimentos de ambas já denunciavam isso.

Boomer arregalou os olhos, o sangue começando a ferver.

Blossom sentiu que algo poderia acontecer e logo interviu.

- Olha, isso já aconteceu antes. Vai dar tudo certo, logo ela volta, ok? Preciso que me ajudem com a Bubbles agora. – disse tentando tomar as rédeas da situação e não tendo muito sucesso.

- Blossom, o que aconteceu?! – Soltou Butch exasperado e completamente perdido. Ele sabia, do fundo da sua alma quebrada, que jamais poderia machucar qualquer um de seus irmãos, então se Buttercup podia, ele queria entender o porquê. Pois nada daquilo fazia sentido.

Blossom então soube que tinha que falar e algo dentro dela apenas saiu.

- Buttercup tem Transtorno Explosivo Intermitente – ela soltou fazendo Brick arregalar os olhos. – Ela foi diagnosticada quando criança, com 9 anos. E frequentemente ela tem alguns ataques, que surgem do nada, a obrigando a brigar. E ela fica realmente transtornada, sem medir sua força ou o que quer que seja. Se ela precisou sair daqui, foi para justamente não nos ferir.

- Bom, eu creio que não deu certo, né? – Questionou Boomer agressivo e Blossom logo interveio.

- Ela jamais machucaria Bubbles em juízo perfeito! – e então olhou para Brick em súplica – Buttercup deve estar arrumando briga em algum lugar com alguns idiotas, eu teria ido atrás dela, mas fiquei com medo de chamar mais atenção.

Brick suspirou. Sabia o que era ter um irmão problemático, e ela naquele momento teve que optar entre ir atrás de uma e acudir a outra.

- Boomer, vá até a casa de Morbucks e veja se consegue um kit de primeiros socorros para costurarmos a testa da Bubbles – e sem nem esperar, Boomer já havia desaparecido pela janela. – Butch, ache Buttercup.

Quando Blossom e Brick ficaram sozinhos, ele só conseguiu colocar as mãos no bolso.

- Poderia ter avisado antes, sabe?

Blossom quis gritar com ele, mas no momento ela só soube concordar.

Sim, ela poderia ter avisado antes.

***

Butch saiu pela janela e logo ativou sua visão de Raio X, de forma confortante, ele a encontrou de primeira.

Buttercup não havia saído do prédio abandonado do qual eles moravam, ela apenas estava no subsolo, onde era o antigo estacionamento.

Suando, tremendo, com os batimentos cardíacos acelerados e socando muito forte uma parede.

Butch pousou no térreo e desceu correndo as escadas. A cena o deixou nauseado.

Ela sangrava, as juntas de seus dedos estavam machucados e ela apenas não conseguia parar de socar aquela parede, por mais que o sangue espirrasse em seu rosto.

Butch parou há um metro dela e a chamou, fazendo-a virar-se rapidamente.

Seu rosto estava salpicado do próprio sangue, a boca também tinha sangue devido a força com que mordera os lábios para se controlar. Seus olhos estavam vermelhos, destacando ainda mais a cor verde neon deles. Lágrimas secas marcavam seu rosto e naquele estado, Buttercup Utonium era a garota mais linda do mundo.

- Saia! – ela gritou com raiva, com ódio. E aquilo o fez sentir seu pênis se enrijecer.

- Não – ele disse num sussurro e dando um passo para frente.

Buttercup se jogou para frente e deu um murro em seu rosto. E assim, ele sentiu seu corpo inteiro formigar de prazer.

Quando ela foi dar o segundo soco ele segurou seu pulso. Seu fino pulso com pequenas cicatrizes ao longo do braço branco.

Antes que ela pudesse se soltar segurou seu outro pulso e a puxou para perto de si, sua testa colando na dela e seu nariz grudado ao dela, sentindo sua respiração quente com cheiro de ferro e sal.

- Buttercup, me responde, o que te deixaria calma agora? – ele perguntou. Precisava saber, e mais importante, esperava que ela dissesse exatamente o que ele queria ouvir.

Ela grunhiu, as palavras saindo em um sussurro rouco e sexy aos ouvidos de Butch.

- Quebrar todos os seus ossos.

Butch riu pelo nariz, ela jamais conseguiria quebrar um único osso dele. Mas ele adoraria que ela tentasse.

Ele a soltou, e abrindo os braços e se afastando, disse:

- Me use como quiser.

Ela o atacou, 3 socos no rosto dele. Chutes, tapas.

Butch estava em êxtase, louco para pega-la pelos cabelos e beija-la. Mas não podia, simplesmente não naquela situação, não daquele jeito.

Buttercup queria morrer, ainda mais quando sentia seu sexo molhar a cada tapa que dava no Rowdyruff Boy.

Passados dez minutos, ela pareceu cansar. Estava suada, ensanguentada com seu próprio sangue e o de Butch. Se recostou na parede, sentou-se e chorou.

Butch deu alguns passos tortos em direção a ela, tentando manter o equilíbrio depois de tanto apanhar. Ao se ajoelhar em frente a Buttercup, colocou seu dedo entre os lábios dela e a fez o encarar. Assustada, culpada e impotente.

- Shhh – ele disse limpando seu rosto. – Não precisa chorar, está tudo bem! – ele disse sorrindo, o rosto inchado e ensanguentado.

- Não, não está – Buttercup disse, o rosto nas mãos de Butch, sendo acarinhada. Ela não se importou – Eu machuquei a Bubbles, eu sou quebrada! Eu fui uma idiota em achar que poderia me controlar! – ela disse tentando se desvencilhar das mãos dele, porém sem sucesso. – Eu conseguia controlar, pelo menos quando eu tinha descargas diárias de adrenalina! Cinco dias... eu precisei de cinco dias para surtar novamente e ferir alguém!

Butch queria poder confortá-la, mas não conseguia, ele não conseguia pois estava em plena alegria e satisfação.

Em anos, Butch pagava para prostitutas baterem nele. Em anos, Butch tinha essa necessidade constante de entrar em brigas para apanhar, para sentir a dor dominá-lo. E por anos, ela tinha a necessidade de agredir.

Buttercup fora atormentada pela mesma quantidade de tempo com a culpa em precisar bater em outra pessoa para se sentir em paz consigo mesma, sendo que tudo o que eles precisavam era saber da necessidade um do outro.

Butch a puxou para si e a abraçou, os cabelos cheirando a shampoo e suor. E não iria solta-la, pois esteve errado durante todos aqueles dias.

Buttercup não tinha que ser como ele, eles não eram iguais. Queria se socar por ter pensado algo insano como aquilo.

Buttercup era complementar a si mesmo, a peça que encaixava. Butch nasceu para ser a parte quebrada que faltava na vida torta de Buttercup.

E por isso, ela era perfeita, mesmo sem ela saber ainda.

***

Buttercup entrou na frente, com passos arrastados e o rosto cansado. Butch vinha atrás, sério, porém nunca esteve tão pleno por dentro.

Blossom tinha acabado de finalizar o curativo de Bubbles, que estava sentada na cadeira da sala com olhos fechados e cansados.

Boomer sem sair de seu lado.

Quando Buttercup se ajoelhou em frente a Bubbles, as lágrimas saíram livres, sem som, apenas dor.

- Me perdoe, meu amor... – Buttercup disse, passando os dedos pelas mãos da irmã.

Bubbles sorriu para a morena.

- Me peça desculpas apenas por não ter batido mais forte. – Ela disse arrancando uma risada sem graça da irmã.

Blossom olhava tudo com atenção, e depois encarou Brick.

Ele de uma forma amigável, sorriu para ela. Pois ele a entendia.

- Muito bem – o ruivo disse quebrando o silêncio – vamos comer pizza essa noite, preciso do Boomer focando aqui conosco, não brincando de Master Chef.

Blossom apenas concordou antes de questionar incisiva:

- O que é Master Chef?


Notas Finais


Eu espero que vocês tenham gostado, estou amando desenvolver esse casal <3
Beijinhos


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