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História .ainda gosto dele; hunhan - .tempo ao tempo


Escrita por: atzpoetc e eijisyj

Notas do Autor


Olá, amores, como estão as férias?

Bom, nós percebemos que alguns de vocês ficaram “bugados” com o capítulo anterior. Vamos explicar, okay? Esta fanfic é hunhan, nós sabemos, mas ela não foca somente nos dois, mas, também, em outras relações. Não queremos que ela fique clichê, nem que seja superficial e maçante. Aprofundamos o máximo possível os momentos, e o capítulo “Dias de Neve” foi escrito com esse intuito: para mostrar os personagens descontraindo, mostrar também que nem tudo é somente o couple principal da fanfic.
Sinceramente? Ficamos um pouco tristes em saber que algumas pessoas não perceberam isso, portanto estamos mandando esse recadinho. Por favor, deem valor aos outros personagens, sim? Escrevemos tudo com tanto carinho e gostamos de quando vocês focam nos detalhes, como os pombinhos Junmyeon e o Yixing, ou o casal Jongin e Kyungsoo.
Neste capítulo de hoje, terá algumas referências ao extra da Kaisoo. Quem não leu, não se preocupe, não sairá prejudicado. O extra foi mais para mostrar um pouco do casal, quem quiser ler, está postado e terminado.

Enfim, espero que tenham entendido; e boa leitura, bebês ♡

Capítulo 16 - .tempo ao tempo


Fanfic / Fanfiction .ainda gosto dele; hunhan - .tempo ao tempo

❉ LuHan ❉

Quando o despertador tocou às 6:00 a.m, avisando que já estava na hora de eu levantar, minha única vontade foi de pegar ele e jogar pela janela afora. Por que nossas camas sempre parecem mais atrativas do que qualquer outro lugar do mundo? 

Levantei com dificuldade porque minhas costas acabaram ficando bem acabadas por conta da diversão de ontem. Não tenho mais a força da adolescência. Eu sei que também não sou um velhote, mas ultimamente fico cansado com qualquer esforcinho que faço. Sinto que preciso de um mês de férias para reabastecer minhas energias totalmente. 

Tomei um banho bem quente, até porque o tempo ainda está frio e a neve continua caindo lá fora. Não demorei muito me banhando, não quero me atrasar para o trabalho. Tenho tantos projetos acumulados. Quero chegar cedo para ajeitá-los. 

Agradeci a todos os deuses por Junmyeon estar na minha casa, assim eu tenho com quem deixar meu filho e sair de casa despreocupado. 

— Bom dia, chefe! — o cumprimentei assim que entrei em sua sala, lhe entregando um dos cafés que sempre compro na cafeteria da esquina. 

— LuHan, eu já disse que não quero que me chame assim. Me chame de Minseok, okay? Parece até que tenho 60 anos quando você me chama de chefe, cruzes!

Sorri e depois peguei uns papéis que estavam em cima da sua mesa. 

— Desculpe, primo, eu realmente gosto de te irritar pela manhã. 

Ele já ia pegando uma caneta para jogar em minha direção, mas eu saí correndo da sala enquanto dava risada. Meu primo é alguém realmente legal. Ele é meu parente por parte de mãe e sempre me tratou muito bem, mesmo sendo meu superior no trabalho. Ele tem umas manias estranhas de limpeza, mas continua sendo uma ótima pessoa. 

Assim que sentei na minha cadeira do escritório e liguei meu computador, notei que tinha um e-mail sem ler. O abri imediatamente e quase quis me jogar no chão quando vi do que se tratava. 

De: [email protected]

Para: [email protected]

Olá, Lu! Lembra que você me pediu para te mandar uma lista com as pessoas que quero convidar para o meu casamento? Achei melhor te mandar logo. Então, aqui está o anexo. Quero convidar poucas pessoas, pois será uma cerimônia mais íntima. Bom, depois entro em contato com você, okay? Quero sua ajuda para escolher meu vestido de noiva! 

Beijos! 

Fiquei uns dois minutos parado, olhando para a tela acesa do computador, pensando se deveria quebrar o aparelho todinho ou se deveria jogar café quente na minha cara. Eu até já havia esquecido dessa droga de casamento. Ainda nem pedi desculpas pro SeHun pelas duras palavras que falei para ele anteontem, e agora tenho que ajudar com o seu casamento. Acho que não existe vida mais bosta que a minha nesse exato momento. 

Baekhyun logo entrou pela porta da minha sala e veio para trás de mim me dar um dos famosos abraços de bom dia dele.

— Oie, migo, o que está... — ele parou de falar quando leu o e-mail. — Que porra é ess-

— Eu sei, eu sei! — já fui o cortando antes que começasse o falatório. — Ah! E você vai me ajudar nessa, certo? 

— Quem?! Ai! — ele reclamou de dor após eu lhe dar um beliscão no braço. — Tá! Tá! Afinal, amigos servem pra isso, né? Se um está afundando na lama, o outro tem que afundar junto e- 

— Ei! Eu não estou afundando na lama, okay? 

— Como eu estava dizendo... o outro tem que afundar junto e ajudar o amigo a voltar pro topo. 

— Poxa, Baek, que frase bonita... você que inventou? 

— Claro que não, né? Eu li ela hoje no Facebook e gostei. 

Aff, nem pra isso o Baekhyun serve. 

— Meu Deus do céu, nem sei o porquê de ainda ter perguntado, você nunc... Puta merda. 

— O que houve? 

Acabei lembrando que marquei com a Irene de ver algumas coisas hoje de tarde. Droga, droga, droga! Vou ter que fazer todo o trabalho pela manhã, ou seja, nada de descanso até as duas da tarde. Rapidamente peguei todas as apostilas que eu tinha que revisar e empurrei Baekhyun para fora da minha sala. Ele saiu reclamando, claro, e perguntando o que estava acontecendo comigo para eu agir de maneira tão súbita e estranha. 

Na boa? Nem eu sei o que está acontecendo comigo. Por que eu aceitei ajudar Irene? Por que não cancelo tudo com ela? Tantos porquês e nenhuma resposta. Odeio isso. 

Consegui arrastar Baekhyun comigo para a minha casa. Felizmente terminei todos os meus afazeres a tempo de chegar antes do horário que marquei com Irene. 

— Baekkie! — HunJin gritou assim que viu Baekhyun entrar pela porta e correu para abraçá-lo. 

Eu não recebi nenhum abraço. É para isso que os pais criam os filhos. Damos roupas, saúde, comida e carinho, para no fim sermos trocado. Mas tudo bem, a vida é assim mesmo.

— Oi, bebê! Já está de férias, certo? — Baekhyun perguntou para meu filho quando o pegou no colo. 

— Sim, tio Baek! Agora eu posso acordar mais tarde e brincar o quanto eu quiser, isso é tão legal! — HunJin lhe respondeu e, depois que Baekhyun o colocou no chão, ele saiu correndo igual uma espoleta em direção ao seu quarto. 

— HunJin é tão fofo! — Baekhyun falou com os olhos brilhando e eu revirei os olhos. 

— Mandei uma mensagem pra Irene. — fingi que não o tinha escutado e coloquei minha bolsa em cima do sofá. — Logo ela deve estar chegando. 

— Af, que saco! Não acredito que concordei com isso... 

— Ah, nem vem, Baek! Nem tente colocar seu corpo pra fora bem agora, okay? Você vai me ajudar, sim, e também vai tratar ela bem, está me ouvindo? 

— Tratar quem bem? — Junmyeon já apareceu na sala perguntando sobre a conversa. Um intrometido mesmo! 

— Ele quer que eu trate a Irene bem, Junmyeon! Mereço isso? — Baekhyun falou com uma mão na cintura e a outra apontando pra mim. 

— Deus me livre! — Junmyeon disse olhando para mim com cara de nojo. — LuHan, eu lembro que você era mais afrontoso. Saudades me define, hein? 

Joguei uma almofada nele e ouvi seu grito de reclamação. Bem feito. 

— Você também tem saudades dos murros que eu te dava? Hm? — perguntei e ele logo foi se esconder atrás de Baekhyun, que lhe abraçou como se fosse um escudo protetor. — Tsc! Falsos. 

— Falso é você, Lu! Tratar a Irene bem já é o cúmulo, okay? — Baekhyun voltou a falar. — Eu já vou te ajudar com esse casamento, então me deixa. 

Joguei uma almofada nele também e logo depois o interfone tocou. Saí correndo pra atender, antes que Baekhyun e Junmyeon acertassem de volta a almofada em mim. 

— Sim? — perguntei assim que atendi o interfone. 

Senhor LuHan, tem uma moça aqui, o nome dela é Irene, e- 

— Oh, sim! Pode deixar ela subir. — quase ia desligando, mas coloquei o aparelho no ouvido de novo. — Na verdade, o senhor pode autorizar a entrada dela sem a minha permissão, okay? Sem problemas. 

Assim que terminei de falar com o porteiro, me virei para ir abrir a porta para Irene, mas me deparei com os dois marmanjos na minha frente, com os braços cruzados. Junmyeon foi o primeiro a abrir a boca, como sempre. 

— "Ain, o senhor pode autorizar a entrada dela, nhem nhem nhem!" — ele falou, tentando me imitar, com uma voz fina e chata. — Quanta decepção... O que acha, Baek? 

— O que eu acho é que o LuHan está um chato! Isso que eu acho. — Baekhyun lhe respondeu com um bico desgostoso. 

Bufei e saí pisando fundo até a sala, mas antes eu empurrei os dois. Eu não preciso de mais duas pessoas me azucrinando hoje. Enquanto caminhava até a porta de entrada, escutei a campainha tocando, e deduzi ser Irene. Abri a porta e a encontrei cheia de sacolas de papelão. 

— Irene do céu, o que é tudo isso? — perguntei enquanto pegava algumas de sua mão para ajudá-la. 

De início ela ficou sem entender a minha pergunta, acho que estava tão avoada com o tanto de coisa que carregava, que nem raciocinar direito conseguia. Só depois que foi se tocar. 

— Isso? Ah, sim! — tentou arrumar um pouco seus cabelos, que estavam bagunçados, mas não adiantou muito, pois vários fios ainda estavam para cima; respirou um pouco para recuperar o fôlego. — São algumas coisinhas que a minha mãe me deu, sabe? Revistas de vestidos, bolos, sapatos, buquês... Eu trouxe pra gente dar uma olhada e ter uma noção. 

— Você veio correndo até aqui? Parece cansada... — quase que inconscientemente, levei minhas mãos até os seus cabelos e os penteei um pouco com meus dedos. Irene ficou um pouco vermelha com o que eu estava fazendo, então parei rapidamente de arrumar seu cabelos e depois dei passagem para ela entrar no apartamento. — V-Venha, entre. 

Fechei a porta após ela entrar e coloquei as sacolas em cima do sofá da sala. Baekhyun estava sentado na poltrona, calado e observando nossas ações. Junmyeon não estava mais com ele, deve ter ido pro quarto brincar com HunJin. 

— Oi, Baek! — Irene o cumprimentou. — Veio ver o Lu?

Eu já estava rezando em diversas línguas para que o Baekhyun fosse mais paciente com ela. 

— Não, meu anjo... — ele respondeu num tom doce e o medo me consumiu na mesma hora. — Eu vim ajudá-la também. 

— Sério? — Irene perguntou com os olhos brilhando de alegria, e vi Baekhyun contorcer a boca. — Que legal! Quanto mais gente melhor, né? 

— Isso! — eu respondi antes que Baekhyun falasse mais alguma coisa. — Agora, vamos olhar essas revistas? Vamosss! 

Peguei a primeira revista que achei numa das sacolas e meu estômago embrulhou ao ler a manchete da capa. 

"Mulheres! O que fazer para matar o seu companheiro de prazer na lua de mel?" 

Puta merda. Quase vomitei. Que tipo de mãe é essa que dá uma revista assim pra filha? Nojo. 

Joguei a revista de volta na sacola e peguei uma com foto de bolo na capa. Baekhyun olhava uma de buquês, enquanto Irene folheava uma de vestidos de noiva. 

A tarde foi muito longa. Baekhyun contrariava todas as sugestões de Irene; e ela não fazia diferente. Um dava patada no outro a todo momento. Teve um momento que eu até achei que os dois iam sair nos tapas por causa de um vestido que o Baekhyun teimava em dizer que era ridículo, e a Irene dizia que era lindo e que ressaltaria suas curvas. 

Um verdadeiro inferno. 

Não posso dispensar o Baek. Por mais que ele esteja invocando com a Irene, as suas opiniões realmente são verdadeiras. O vestido era um lixo, diga-se de passagem. 

— Eu achei esse buquê uma graça! — Irene falou maravilhada enquanto mostrava a página da revista. 

— É, e ninguém vai querer pegar ele também na hora que você jogá-lo. — Baekhyun retrucou. — Eu gostei mais daquele outro que tem umas flores pêssego com carmim... — completou sussurrando; mas aquele sussurrando que todo mundo escuta. 

Eu não estava mais aguentando a implicância dos dois. Levantei de onde eu estava e comecei a andar até a cozinha. 

— Eu vou até a cozinha buscar alguma coisa para nós comermos, o que querem? — parei e perguntei enquanto coçava um dos meus olhos. 

— Eu quero qualquer coisa, amigo, contanto que seja comida, eu estou comendo. — Baekhyun respondeu e depois se jogou numa das poltronas, colocando os pés em cima da mesinha de centro. Um folgado. 

— Eu vou te ajudar, espera. — Irene largou a revista que estava em sua mão e apressou os passos para me alcançar. 

Fomos até a cozinha e eu abri a geladeira. Comecei a olhar as coisas que tinham nela e fiquei pensando no que fazer. Acabei pegando alguns legumes e cubos de carne para fazer espetinhos. Coloquei tudo em cima do balcão de granito e fui lavar minhas mãos. Irene olhava em silêncio tudo que eu fazia. 

Voltei para o balcão, com uma faca e uma tábua de madeira na mão, e dei início ao processo. Comecei com alguns pimentões vermelhos e depois cortei os tomates. Irene continuava olhando o que eu fazia, sem dar uma palavra. 

— Você não disse que ia vir me ajudar? — perguntei rindo. 

Percebi que ela ficou meio sem graça, porque, antes de falar, gaguejou um pouco. 

— N-Não! Quer dizer, sim! É que eu não me dou bem com facas, sabe? Não tem outra coisa para eu fazer? — perguntou enquanto prendia seus cabelos. 

— Hm... você pode ir preparando os espetinhos, o que acha? 

— Acho perfeito! 

Irene quase ia pegando um espetinho, mas eu a impedi. 

— Ei, ei, ei! O que a senhorita pensa que está fazendo, hm? — perguntei num tom descontraído, mas, mesmo assim, ela ficou envergonhada. 

— Ué... eu pensei que- 

— No, no, no! Passa já para a pia, vá lavar suas mãos, porquinha! Vai, vai! — bati duas palminhas e ela correu para lavar as mãos. 

Dei risada baixinho e continuei a cortar as coisas. Alguns segundos depois, Irene voltou para perto de mim e começou a preparar os espetos. 

— Lu...? — ela perguntou após terminar o primeiro espetinho. 

— Sim? 

— Por que você e o Baekhyun são amigos? 

Parei o que estava fazendo e a encarei confuso. 

— Como assim? 

— Ah, vocês são tão diferentes, né? Tipo, você é tão legal, enquanto que ele é tão... antipático. 

Comecei a rir, e quem me olhou confuso dessa vez foi Irene. 

— Olha, nem eu sei como eu e ele viramos amigos. Tem tanto tempo que andamos juntos, desde a escola. 

— Uau, tem muito tempo mesmo... 

— Sim, e o Baekhyun não é sempre assim. Ele tem seus momentos de ser quase insuportável, mas tem um ótimo coração. — voltei a cortar as cebolas. — Só não diz pra ele que eu o elogiei, tá? Isso elevaria o ego em vários anos-luz! 

Nós dois rimos. E foi ali que percebi que eu não preciso ser "inimigo" da Irene. Sinceramente, eu nem conseguiria ser isso. Poxa, ela é a atual do SeHun, eu sei, mas ela não tem nada a ver com nosso passado. Isso não tira o meu medo de ser substituído na vida do HunJin, não mesmo. Sei lá, a relação dela com SeHun parece ser tão estável, que me faz pensar que meu filho se sentiria mais em família com um pai e uma mãe. Não é isso que todas as crianças querem? Uma família completa? Droga, isso me deixa tão frustrado. Eu amo tanto meu filho, mas será que sou o suficiente para ele? Não quero ser deixado de lado por lhe transparecer menos segurança. 

— LuHan! Você está aí? 

Fui tirado dos meus pensamentos quando ouvi a voz de Irene. 

— Hm? Ah, e-eu não te ouvi, desculpe... 

— Eu estava te chamando pela décima vez, em qual mundo estava? — ela perguntou rindo.

Terminamos todos os espetinhos, pegamos algumas bebidas e levamos tudo para a sala. 

Mesmo com os dois tagarelas no meu ouvido, eu não conseguia parar de pensar no que será do meu futuro. Ele parece tão incerto agora, ainda mais com tudo isso que está acontecendo. 

A sensação de impotência é uma das piores que existem. 

Não saber o que fazer, ou pior, não ter como fazer algo para reverter a situação, é angustiante. Faz tudo doer por dentro e eu não aguento mais sentir dor, não aguento mais me sentir impotente. 

A vontade que eu tenho é de sumir, mas não posso fazer isso. Querer não é poder, eu sei bem disso. E, além do 'não poder', tem também o 'nem fodendo você vai fazer isso, caralho, está louco?'. Eu tenho um filho que depende muito de mim, e eu também dependo dele. 

Contudo, ainda me pego perguntando coisas absurdas. Já passou pela minha cabeça que seria melhor eu mudar de cidade, viver longe do que me faz lembrar de momentos nada bons; mas SeHun não aceitaria viver longe de HunJin, não mesmo. E eu também não quero ser o causador de mais brigas entre nós. 

Aí que vem as perguntas absurdas...

"Por que sempre coloca HunJin como desculpa para tudo, LuHan? Quem você quer enganar? Acha mesmo que o motivo de ainda estar aqui, tão perto do SeHun, é somente o HunJin? Seu filho vai crescer, ele vai ter a própria família; e você? Ainda vai usar ele como desculpa para ter que 'aguentar' o SeHun na sua vida? Tão tolo..." 

Tão tolo... 

❉ SeHun ❉

Cheguei exausto do trabalho. Assim que pisei em casa, a primeira coisa que fiz foi me jogar no sofá. Estranhei a ausência de Irene na sala, ela sempre gosta de assistir as novelas que passam esse horário. 

Foi então que ouvi o barulho da porta da frente se abrindo. Levantei do sofá e fui ver quem havia chegado. Irene tirava seus sapatos enquanto se despia de seu casaco. Seu nariz estava vermelho e ela tossia um pouco. 

— O que houve? Você pegou chuva, né? — perguntei e a puxei para se sentar comigo no sofá.

— Só um pouquinho... 

— Irene! Você sabe que tem a imunidade baixa, por que não levou um guarda-chuva e um casaco extra? — ela fez um biquinho triste. Ela sempre fica assim quando está levando uma "reclamação" e sabe que está errada. — Vem cá... 

A puxei para um abraço, na tentativa de aquecê-la, e depois a levei para o banheiro. Tomamos um banho quente juntos e, após isso, eu fiz uma sopa para ela. Irene é muito frágil para essas coisas. Qualquer coisinha já pega um resfriado, e isso gera dois dias inteiros de espirros e tosses. Como não gosto de vê-la assim, trato logo de prevenir o pior. 

— Como foi o seu trabalho hoje? — ela perguntou enquanto tomávamos a sopa na cozinha. 

— Muito cansativo, como sempre. 

— Um dia você não vai mais precisar trabalhar, acredite. 

— Ah, é? — não evitei sorrir. — E quando será esse dia? O da minha morte? 

— SeHun! — recebi um tapa no braço e choraminguei. — Eita, eu acertei no braço machucado? 

— Sim, mas não doeu tanto. 

— Desculpa, amor! Droga, eu sempre faço tudo errado... 

— Não é assim, Irene, não está doendo, já disse. Não se preocupe, okay? Ele já está quase cicatrizado. Hoje eu passei na enfermaria da empresa e a enfermeira fez um curativo melhor. 

— Enfermeira, foi? — perguntou enquanto cutucava minha barriga. — Ela é daquelas bem bonitas com seios enormes? 

— Ei! Não pense nessas coisas, sua coisinha! A enfermeira da empresa já tem 46 anos, que nojo! — ela riu da minha reação e depois levantou para lavar os pratos. 

Eu não deixei que ela fizesse isso, afinal, a água estava bastante gelada e só pioraria sua situação. 

Fomos para a sala assistir a um filme qualquer que estivesse passando na televisão. Enquanto procurávamos algo que prestasse, escutamos a porta da frente ser aberta. Até tomei um susto. Só depois que Yixing apareceu na sala, que eu lembrei que ele está passando um tempo conosco. 

— Boa noite, gente! — ele nos cumprimentou de forma radiante, até parece que viu o passarinho rosa. 

— Ei, garoto propaganda de pasta de dente, onde estava até uma hora dessa, hm? — perguntei com as mãos na cintura, tentando mostrar algum tipo de soberania. 

— Ah, SeHun, deixa ele! — Irene me interrompeu e tirou toda a moral que eu achava ter. — Xing, está com fome? 

— Eu estou bem, obrigado. — meu irmão passou correndo por nós e entrou em seu quarto. 

— Aí tem... — Irene comentou. 

— Não me diga, detetive... — bufei e depois me joguei no sofá. 

Ela se jogou por cima de mim e começou a cutucar minha bochecha. 

— Está bravinho, Hunnie? 

— Eu? Jamais que eu ficaria bravo por você me impedir de exercer o meu papel de irmão mais velho. Tsc, até parece... 

— Ah, então tá. — ela pegou o controle e deu início ao filme. 

Ninguém nunca me leva a sério. Qual é? 

— Eu vou ver o HunJin mais tarde, quer ir junto? — perguntei.

— Não, não. Estou muito cansada, quero dormir mais cedo hoje. — respondeu e depois bocejou. — Leva o Xing com você para ele ver o HunJin

— Ah, sim, vou levá-lo comigo para ver o HunJin. — falei em tom de deboche, pois sei muito bem quem o Yixing mais vai querer ver lá. 

❉ LuHan ❉

Assim que me despedi de Baekhyun, comecei a arrumar as coisas que ele e Irene deixaram espalhadas pela sala. Empilhei todas as revistas num canto e recolhi os pratos e copos sujos de cima da mesinha de centro. Enquanto eu atravessava a sala em direção à cozinha, escutei a porta da frente se abrir e estranhei. 

Junmyeon entrou todo molhado e já ia passando por mim sem dar uma explicação de onde estava. 

— Olá, estranho. — chamei sua atenção, antes que ele sumisse pelo corredor.

O sabido virou-se devagar na minha direção e deu um tchauzinho; depois voltou a me das as costas. Eu mereço. Deixei os pratos no chão e corri para puxá-lo pelo capuz do casaco. 

— Ai, Hannie! — ele reclamou quando eu o virei novamente, deixando-o de frente para mim. 

— Onde estava, hm? — perguntei com uma sobrancelha arqueada e ele bufou. 

— Fui no mercadinho! 

— Mercadinho? Comprar o quê? — perguntei com um tom sugestivo, até porque ele não estava com nenhuma sacola em mãos. — Não minta para mim... 

— Eu não vou falar! Argh! Tchau! — se soltou tão rapidamente, que eu não consegui o apanhar de volta; depois saiu correndo em direção ao quarto. 

Adolescentes! Eu não era assim. Talvez só um pouco. 

Senti meu celular vibrar em meu bolso. Quando o peguei e desbloqueei a tela, vi que se tratava de uma mensagem de Jongin. 

"Hey, tem como você passar aqui em casa agora? É um assunto meio urgente."

Estranhei um pouco, pois já ia dar 19:30; e essa mensagem me deixou tão curioso. Será que aconteceu algo com os filhos dele? Ou com Kyungsoo...? Ou...?

O tempo estava bem frio, então fechei o zíper do meu casaco até o pescoço e chamei um táxi. Tive que ir o tempo inteiro esfregando minhas mãos uma na outra, na tentativa de esquentá-las, já que saí de casa sem trazer um par de luvas. 

Paguei ao taxista e segui a pé o restante do caminho em direção à casa do meu irmão, já que gosto de pegar de um atalho que carros não conseguem passar. 

Fui caminhando devagar e olhando o céu. Mesmo começando a ficar escuro, e também com nuvens cinzas, o céu continua bonito. Essa é uma qualidade que eu amo nele. Não importa o seu estado, o céu sempre parecerá maravilhoso aos meus olhos. 

Toquei a campainha e esperei alguns minutos até meu irmão aparecer todo descabelado e com a roupa encharcada de água. Ele tinha no colo um dos seus filhinhos, que estava com um roupão de banho e com o seu cabelinho molhado e espetado. Comecei a rir. 

— Parece que alguém ficou responsável pelo banho hoje. 

— Nem me fale... — ele falou enquanto tentava terminar de enxugar os cabelos do pequeno com uma toalha. Depois deu espaço para eu entrar em sua casa. 

— O Kyung está em casa? — perguntei depois de sentar no sofá. 

— Não, ele foi comprar algumas coisas pro jantar de hoje e eu fiquei em casa com a tarefa de dar banho nos nossos pequenos diabinhos.

— Quer ajuda?

— Você quer mesmo dar banho na outra espécime de esquilo cafeinado que está no banheiro? — ele perguntou incrédulo enquanto apontava pro banheiro com o polegar. 

— Acha que o HunJin é um anjo? — nós dois rimos e fomos para o banheiro. 

LinJan se acabava de bater na água da banheira, enquanto cantava alguma música que não fazia muito sentido para mim. Assim que ele me viu, começou a falar alto o meu nome e bater com mais força ainda na água. 

SooAn, que antes estava no colo de Jongin, escapuliu dos braços do pai e correu de volta para a banheira. Achei tudo uma graça. Eles são tão gordinhos e fofinhos que fica impossível não rir. 

Jongin só fez suspirar, então eu me aproximei da banheira devagar e desviei de alguns jatos de água. Enchi meus pulmões de ar e... 

— Atenção! Atenção! — falei alto e bati algumas palmas. Imediatamente os dois pararam o que estavam fazendo e voltavam suas atenções para mim. — Muito que bem, senhores! Quem aqui quer comer um sanduíche enooorme e cheio de molho barbecue? Hein? — na mesma hora os dois pares de olhinhos se arregalaram e duplicaram de tamanho. Suas mãozinhas gordas se levantaram instantaneamente e suas bocas não paravam de gritar "Eeeeu!". — Mas só se o pai de vocês deixar, é claro. 

Olhei para Jongin, que me olhava com cara de "Kyungsoo vai me matar", e dei batidinhas em seu ombro. 

— Okay, okay! — ele falou finalmente e o restante de nós gritou em alegria. — Com uma condição: quero vocês dois, seus pimpolhos, tomando banho como crianças normais, estão me ouvindo? Só assim o papai leva vocês para o shopping amanhã. 

Mais gritos e mais gritos. Os dois bebês não paravam de gritar de emoção. Parece que Kyungsoo não deixa mesmo eles comerem alguma porcaria. Me pergunto o porquê deles serem tão gordinhos. 

O restante do banho foi tranquilo, graças à uma maravilha chamada chantagem. Com HunJin eu sou mais "severo". Às vezes o deixo molhar o banheiro todo, outras eu cedo só porque ele birra muito. Enfim, o que uma carinha fofa não faz às vezes. 

Enquanto eu vestia a roupinha de LinJan, Jongin penteava os cabelos de SooAn. O pequenino parece gostar de ter o pai arrumando seus cabelos. Sua carinha de satisfação não nega. 

HunJin sempre adora quando eu faço isso nele. Até mesmo quando eu termino, ele diz que tem um fio fora do lugar, só para eu continuar a tarefa. Esperteza não lhe falta. 

Assim que terminamos de vestir o pijama dos dois menininhos, deitamos-os em suas camas e Jongin desligou as luzes. Acho meio difícil eles dormirem agora, mas, mesmo assim, o deixamos sozinhos e fechamos a porta. 

Exaustos, nos jogamos no sofá e suspiramos alto.

Toda vez que Jongin senta em algum lugar, ele solta aqueles murmúrios que só os idosos soltam, parecendo até que os ossos estão se partindo. 

— Credo, Jongin! Vai num médico ver isso. Parece até que está morrendo.

— Ei! Eu fiquei umas duas horas agachado enquanto dava banho nos meus filhos. Isso cansa, poxa!

— Ih, eu também fiquei agachado, okay?  — peguei a toalha que estava em sua mão e enxuguei um pouco seus braços. — Então, por que me chamou até aqui? 

A porta da frente se abriu e Kyungsoo entrou carregando um monte de sacolas. Jongin imediatamente levantou todo afoito e pegou todas as sacolas da mão do marido. 

— Soo! Eu te disse pra me ligar na hora de carregar as sacolas, você sabe que não pode pegar peso! — meu irmão falou com um olhar preocupado e eu estranhei. — Não fez muito esforço, certo? 

— Mas essas sacolas não estão muito pesadas, Jongin! Eu posso muito bem carregá-las! 

— Não pode! Esqueceu que- 

— Ei, vocês dois! — tentei chamar a atenção deles. — Alguém pode me explicar o que está acontecendo? Por que o Soo não pode carregar peso? — os dois me olharam e suas expressões estavam muito suspeitas. Levantei já batendo minhas três palminhas. — Vamos, me contem logo! 

Do nada eles começaram a sorrir sem parar. Até cheguei a pensar que eu tinha falado alguma piada ou que estava cagado. Só assim pra justificar o motivo deles estarem sorrindo tanto. 

— Eu te chamei aqui para dizer outra coisa também, Lu. — Jongin começou a falar e foi até a cozinha. Voltou alguns segundos depois com um papel na mão e me entregou. — Conhece esse tipo de exame? 

Meus olhos se arregalaram na mesma hora. Olhei para os dois à minha frente e um sorriso se formou nos meus lábios imediatamente. Corri para abraçar Kyungsoo, que já havia começado a chorar, mas seu choro demonstrava completa alegria. 

— V-Você está grávido, Soo! Meu Deus, c-como isso é possível? — minhas palavras saíram atropeladas pois eu não conseguia parar de falar rápido. — Eu pensei que... ai, meu Deus, eu estou tão feliz por vocês! 

— Nós também pensamos que eu não poderia mais gerar um bebê, mas aqui está! — Kyungsoo falou e depois massageou sua barriga. — Vou ter um bebê vindo de dentro de mim, Lu... 

— Mas essa gravidez é de extremo risco. — Jongin ressaltou m. — Segundo os médicos, o Soo não tinha condições de ter um bebê, devido ao... 

Ele parou de falar. Acho que meu irmão ainda não consegue superar o que houve no passado. Eu o entendo. Os dois perderam um filho por causa de erros cometidos. Após o procedimento de aborto, Kyungsoo acabou perdendo a capacidade de engravidar. Meu amigo sofreu por tanto tempo, se culpando por tudo, juntamente com meu irmão. Os dois se culpavam. Até mesmo quando decidiram adotar seus dois outros filhos, eles não paravam de se culpar. 

Mesmo com a culpa nas costas, Jongin e Kyungsoo jamais deixaram faltar amor aos dois menininhos, mesmo estes sendo adotados. Na minha opinião, não tem isso de "só ama de verdade quando sai da barriga". É amor e ponto final. Se você acolhe aquela pessoa como parte da sua vida, com certeza vai amá-la incondicionalmente. 

Kyungsoo ficar grávido não significa que ele vai deixar de amar os outros filhos, muito pelo contrário, tenho certeza que meu amigo vai amá-los igualmente. Ficar grávido para ele significa que nem tudo está acabado, e que ele pode, sim, trazer mais uma vida ao mundo. E eu estou muito feliz por ele e pelo meu irmão. 

— Eu vou tomar mais cuidado da próxima vez... — Kyungsoo falou com um biquinho envergonhado nos lábios, e foi até o marido para dar-lhe selinho. — Me perdoa por ter te assustado assim? 

— Da próxima vez eu que vou no mercado, okay? — Jongin lhe perguntou. — E também vou dar banho nos nossos meninos quando eu voltar, e também vou preparar o jantar e- 

Foi interrompido por mais um selinho. 

— Pare de falar, estou ficando com dor de cabeça. — Kyungsoo falou e depois sorriu. 

— Como assim? Eu estava falando baixo! Quer dizer... — pigarreou um pouquinho e repetiu tudo outra vez, só que sussurrando. 

Eu não conseguia parar de sorrir com tudo aquilo. Decidi deixar os dois sozinhos ali, então saí devagarinho da casa.

O céu já se encontrava mais escuro que antes. Senti algumas gotas de chuva pingarem em meu casaco, então corri até a cobertura de uma cafeteria que estava fechada naquele horário. Abracei bem o meu corpo para não acabar pegando um resfriado. Fumaça saía pelo meu nariz e boca. Parece que o tempo ainda vai piorar. 

O pior é que não tinha nenhum táxi à vista e a rua estava completamente deserta. Tomei coragem para ir correndo até a esquina, pois sei que lá tem um ponto de ônibus. Quase escorreguei no caminho, mas consegui chegar até o ponto. A chuva engrossou, e nada do ônibus aparecer. Droga, eu odeio passar por essas coisas. Para piorar a minha situação, um cara super estranho chegou no ponto de ônibus. Ele estava vestido todo de preto e seu capuz cobria todo o seu rosto. Meu cu piscou umas cinco vezes quando ele se aproximou de mim. 

Eu nunca fui assaltado, nunca mesmo. Se essa for a minha primeira vez, eu nem sei qual será minha reação. Seria melhor correr? Ou bater nele? Ou...?

— Olá! 

Tomei um susto do tamanho da puta que pariu. Meu coração teve três paradas, com certeza. Meus pés nem conseguiam sair do lugar, então não posso correr. Minhas mãos também não se mexiam, então não posso bater nele. Espera... ele disse "olá"?! 

Foi aí que minha mente deixou a minha cabeça se mexer. O capuz não cobria mais o seu rosto. O garoto sorria e me olhava com expectativa.

— O-Olá... — respondi com certo receio. 

— O senhor sabe qual ônibus eu pego para ir até o centro? 

Trezentas pedras foram tiradas das minhas costas naquele momento. Foi aí que eu retomei minha razão. 

— Garoto, por que você anda por aí com essa roupa, hm?! Quer matar alguém de susto? Não que eu tenha tomado um susto, mas você pode enganar alguém, sabia?! Puta que me pariu, menino! — coloquei a mão no meu peito e respirei fundo. — Ai, acho que vou precisar de um exame do coração... 

— D-Desculpe, e-eu... 

Ele ficou morrendo de vergonha, tanto que seu rosto já estava todo avermelhado. Acabei ficando com pena do coitado. Acho que fui um pouco rude. 

— Não, eu que lhe peço perdão, acho que te julguei pela aparência. — olhei para os lados e avistei um ônibus chegando no ponto. — Hm, eu vou entrar nesse ônibus; ele também passa pelo centro, vamos?

Seu rosto tomou uma expressão de alegria e sua cabeça balançou freneticamente em concordância. Por algum motivo, este garoto me lembra alguém. Não o rosto, mas o jeito dele. 

Nós dois entramos no ônibus, que estava bastante vazio, e sentamos numa das últimas cadeiras. Por uma coincidência engraçada, ele disse que também gosta de mangás e que admira muito os mais antigos, e que os de hoje em dia são superficiais. Eu disse a ele que tinha todas as coleções, mas que acabei doando. O garoto me olhou com certa tristeza, depois disse que é muito difícil encontrar a coleção completa das primeiras versões. 

Fomos conversando o restante do caminho, até que ele precisou descer no ponto desejado. Acabei nem perguntando o seu nome, mas não vamos mais no encontrar mesmo, então deixei para lá. Contudo, o que estava me deixando mais intrigado, é que ele realmente me lembrou alguém. O seu jeitinho radiante de conversar, a facilidade com que ganhou minha temporária amizade, a forma que sorria... 

Não sei, parece tão distante de lembrar; mas, com certeza, me fez recordar alguém. 

Não demorou muito para eu chegar na minha rua. Desci do ônibus e caminhei lentamente até o meu prédio. A chuva já havia cessado um pouco. Vez ou outra eu espirrava, e isso me deixou com muito ódio, pois detesto ficar gripado. Decidi que assim que eu pisar em casa, vou fazer um chá bem quente e tomar. Amanhã vou trabalhar e não quero ficar passando gripe para todo mundo. 

Peguei o elevador até o meu andar e, assim que coloquei minha chave na fechadura da porta do apartamento, escutei risadas altas vindas de dentro. Imaginei ser Junmyeon brincando com HunJin, porém, quando abri a porta, deparei com a seguinte cena: SeHun jogando HunJin para o ar, Junmyeon ao redor dos dois fazendo barulhos de avião, e Yixing filmando tudo com seu celular. A sala estava um caos, cheia de travesseiros espalhadas pelo chão. Todos eles riam muito. Fiquei parado na porta, olhando tudo aquilo. 

— E o avião HunJin vai pousar agora! — Junmyeon declarou. 

— Nãoooo! — HunJin gritou em resposta. — Me joga mais pro alto, papai! Me jogaaaa! 

SeHun não o desobedeceu, jogou o corpinho do nosso filho mais algumas vezes para cima, e suas risadas ecoavam por todo a sala. 

— Olha quem chegou! — Yixing falou com a câmera apontada para mim. Só assim eu me toquei que estava sorrindo muito com aquilo, então logo tratei de disfarçar. 

Quando me viu, SeHun colocou HunJin no chão e pediu para o mesmo colocar os travesseiros no lugar. HunJin o fez prometer brincar de avião outro dia, só assim foi arrumar. Um verdadeiro chantagista, não sei mesmo a quem puxou. 

Junmyeon chamou Yixing para o quarto, com a desculpa de que queria lhe mostrar um jogo novo que havia baixado em seu celular. HunJin os seguiu, como a boa Maria vai com as outras que é, deixando os travesseiros ainda no chão. Eu ainda tentei chamá-lo, mas o pestinha saiu correndo atrás dos outros meninos. Eu e SeHun ficamos sozinhos na sala. 

Fechei a porta e comecei a andar rápido até a cozinha, mas tive que parar no meio do processo, pois acabei tendo uma crise de espirros bem na frente de SeHun. Porra. 

— Tomou chuva? — ele perguntou indiferente.

— Eu? Eu não. — respondi e tornei a continuar meu caminho. 

Ouvi SeHun respirar fundo e depois escutei seus passos me seguirem. 

Coloquei a água para esquentar e peguei o sachê do chá para gripe. Enquanto esperava a água ferver, sentei num dos bancos em frente ao balcão e SeHun sentou no banco à minha frente. Ficamos em silêncio e olhando para baixo por alguns segundos. Até que eu tomei iniciativa e o encarei. 

— Por que veio até aqui? — perguntei baixo e ele me encarou de volta. 

— Ver o meu filho, oras. 

— Esse horário? — usei aquele tom de "fala sério?". 

— Sim, não posso? 

— Pode, né? 

— Hm... 

Mais alguns segundos de silêncio. 

— O Junmyeon e o Yixing estão namorando? — perguntei para quebrar o silêncio novamente. 

— Estão? 

— Não sei, uai, por isso perguntei. 

SeHun batucou os dedos na mesa por um instante, após isso me olhou com os olhos semicerrados. 

— Para mim está meio óbvio que os dois estão apaixonadinhos, e para você? 

Semicerrei os olhos também e coloquei minha mão no queixo. 

— Hm, para mim eles já estão namorando. Hoje o Junmyeon chegou em casa todo estranho, parecia esconder algo. 

— Sério? — SeHun arregalou os olhos e estalou os dedos. — O Yixing também chegou lá em casa todo estranho, umas... 

— 19:00 horas? — completei. 

— Isso! 

— Não acredito que aqueles dois estão se encontrando às escondidas! 

— Ah, mas eu vou colocar o Yixing contra a parede e- 

SeHun parou de falar, pois eu comecei a rir. 

— Ei! nem adianta a gente ficar bravo com isso; fazíamos a mesma coisa, lembra? 

— Óbvio! Ou a gente se encontrava escondido ou eu teria que apanhar do Jongin, lembra? 

— Mas quem acabou apanhando foi o próprio Jongin, lembra? 

— Minha mão doeu naquele dia, sabia? O rosto do Jongin é muito duro! 

Começamos a rir alto e eu quase esqueci da água do chá. Corri para desligar o fogo e preparei o chá. Assim que me virei para sentar novamente no banco, SeHun não estava mais lá. Então escutei a porta do apartamento se fechar. Presumi que ele já havia ido embora. Estranhei, pois nem ao menos deu um adeus. 

Sentei novamente no meu lugar e beberiquei um pouco do meu chá. Senti meu celular vibrar no meu bolso da calça. O peguei e desbloqueei a tela. Uma mensagem de SeHun. 

"Decidi deixar Yixing para dormir aí hoje, tenho certeza que ele vai gostar. 

LuHan, não fique doente, okay? Se cuide melhor..."

Bloqueei a tela e voltei a tomar meu chá. Respirei fundo e senti a fumaça morna chocar-se contra o meu rosto. 

Aquela rápida conversa com SeHun me fez recordar um pouco de quem eu era na minha adolescência. 

Aquele garoto do ponto de ônibus, ele me lembrou de como eu era antes. Antes da minha gravidez. Antes de ter a minha vida virada pelo avesso. Antes de eu ter que amadurecer precocemente. Aquele menino me fez lembrar de como eu era antes de mudar, antes de eu usar meu isolamento como um escudo para as coisas ruins.

Eu sinto saudades de quem eu era...

❉ SeHun ❉

Durante aqueles minutos em que fiquei conversando com LuHan, me esqueci completamente dos nossos problemas um com o outro. Esqueci da nossa briga no posto de gasolina. Também esqueci de como não posso fazer com que ele perceba que mudei. 

Esqueci de tudo, e só prevaleceu aquele momento de algumas das nossas lembranças. 

Mas, como sempre, nada fica escondido para sempre. Seu rosto, além de me lembrar coisas maravilhosas, também me lembra de como LuHan me magoou alguns dias atrás. Eu sei que não sou digno de pena, mas todo ser humano erra. Eu errei, errei muito; mas me arrependi. Na verdade, me arrependo até hoje por não ter sido um homem de caráter antes. 

Não sei quantos pedidos de desculpa vou precisar fazer, mas, se algum dia LuHan demonstrar a mínima intenção de me considerar como perdoado, eu vou agarrar essa chance e mostrar que não precisamos ser inimigos e ficar brigando a todo instante. 

Já entendi que ele não me quer como algo além de "o outro pai do seu filho", mas eu também quero ser seu amigo. 

Eu não desejo que tudo que tivemos acabe em inimizade. Eu não quero cortar relações com ele. Eu não quero só falar com LuHan quando eu vier em sua casa ver HunJin. 

Por que é tão difícil de ele entender? Droga. 

Quantas vezes eu vou precisar me humilhar? 

Continua...



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