Enquanto andava pelos corredores rumo a ala onde o resto da equipe se encontrava, senti meu celular vibrar em meu bolso. Era uma mensagem de Scooter.
“Encontre-me do lado de fora da arena, estou com alguns ingressos aqui e nós vamos distribuí-los para quem não tem condições de comprar.”
Estava feliz de fazer aquilo, era sempre um prazer poder ver a felicidade no rosto de outras pessoas, ainda mais dessas meninas. Isso significa muito para elas e tenho certeza que, um dia, elas irão se lembrar desse momento.
Quando sai, já havia algumas meninas gritando e chorando, enquanto Scooter era quase engolido. Ele me olhou desesperado e correu até mim, me entregando alguns ingressos. Pronto, agora quem seria engolida era eu.
Vi uma garotinha morena por volta de uns 6 anos, de cabelos lisos e olhos pretos, pareciam duas jabuticabas. Eu definitivamente queria aperta-la. Ela estava vestindo uma blusa com o rosto de Justin, e usava algumas pulseiras coloridas, e um all-star de cano alto rosa. Meu deus, ela era muito fofa! Ao seu lado, havia outra menina, que parecia ser mais velha, e também vestia uma blusa com o rosto de Justin. Elas apenas observavam toda aquela agitação, então caminhei até elas.
- Ei meninas! - Me aproximei sorrindo e logo seus olhares voltaram a mim e elas sorriram de volta.
- Oi moça! - Disse a pequena.
- O que vocês acham de ver Justin da primeira fila?! - Disse empolgada e percebi elas arregalando os olhos.
- Meu Deus, meu Deus, é serio? Isso é algum tipo de pegadinha? - A mais velha disse com os olhos brilhando.
- Seríssimo! Aqui os ingressos. - Entreguei um pra cada. Elas começaram a chorar, e logo recebi um grande e apertado abraço.
- Muito obrigada, meu Deus, você não sabe o quanto queríamos isso, era nosso sonho, mas nossos pais não podiam pagar por dois ingressos. Você é demais, um anjo!
- Eu fico muito contente em ver a felicidade de vocês, espero que vocês se divirtam muito e que tenham um ótimo show! - Elas assentiram sorrindo, e me afastei para distribuir mais alguns ingressos.
Assim que terminei, me senti tão bem e feliz, que já estava ansiosa para o próximo show, para que pudesse fazer aquilo novamente. Era mágico.
- Maitê, Justin pediu para que você ficasse com ele durante as entrevistas. - Scooter disse enquanto eu pegava uma garrafa d'água no frigobar.
- Okay, vou fazer isso. - Sorri e sai da sala seguindo em direção ao camarim de Justin. Chegando lá, dei duas batidas na porta.
- Pode entrar – Ouvi sua voz rouca dizer e entrei, logo fechando a porta atrás de mim e encostando-me à mesma. O observei enquanto ele "arrumava" o cabelo, o que mais parecia bagunçar.
- Vamos? - Ele disse me despertando e eu apenas assenti. Abri a porta com Justin em meu encalço e seguimos até a salinha de entrevistas.
- Justin, caso sinta-se incomodado com alguma pergunta extra que eles fizeram apenas me olhe que eu darei um jeito, ok? – O olhei séria e ele sorriu e assentindo.
- Boa tarde, Bieber! - Um dos entrevistadores disse com um sorriso debochado nos lábios. Eles eram realmente ridículos, agora eu entendia o porquê de Justin não suporta-los. Eles eram repugnantes.
- Olá - Justin disse sentando-se em uma poltrona e eu me posicionei ao seu lado.
As entrevistas prosseguiram, apenas com as perguntas que Justin havia dito que iria responder. Quando perguntaram sobre o acontecido no quarto de hotel, ele respondeu o que havia me dito mais cedo, e quando perguntavam sobre as beliebers, ele abria um sorriso enorme no rosto. Elas são tão importantes pra ele, e eu acho isso incrível.
- Obrigado Bieber, acabamos por aqui. – O último entrevistador disse e Justin se despediu se levantando para sairmos da sala.
- Ele parece acabado, aposto que o motivo disso é a Emily! - escutei um deles sussurrando e logo depois algumas risadinhas. Justin já estava fora da sala, por sorte, já que eu realmente não queria que ele ouvisse aquilo.
- Nossa vocês são realmente muitos profissionais, parabéns! - eu disse sorrindo ironicamente. Os entrevistadores me olharam perplexos e eu revirei os olhos saindo dali. Imbecis!
O show havia começado, e eu estava em uma área reservada para equipe perto do palco. Justin era muito bom, eu entendia seu sucesso. Sua voz era incrível e suas músicas eram ótimas. Ele com certeza amava o que fazia, isso estava claro em seu sorriso e em seus olhos brilhantes. Bieber cantava com amor e vontade. Ele interagia com as fãs e sempre que podia, abaixava-se na ponta do palco para tocar nas mãos delas.
P.O.V Justin Bieber
O público essa noite estava incrível! Eu estava feliz e empolgado, havia muitas pessoas ali, e elas conseguiam cantar muito mais alto do que eu que estava com microfone. Eu amava aquilo. Poderia fazer isso pelo resto da minha vida, nunca me cansaria de cantar, dançar e de ver o sorriso no rosto de cada um ali. Isso me fazia bem demais.
Durante o show, eu mal conseguia parar de olhar para Maitê, ela estava sempre com um sorriso no rosto e balançando seu corpo conforme o ritmo de cada música. Ela era tão linda, tinha uma personalidade tão forte e caráter raro. Lembrei-me de hoje mais cedo quando estávamos no restaurante e eu a encarava, eu havia decidido ali que eu iria descobrir a verdadeira Maitê por trás de todo aquele profissionalismo. Eu precisava descobrir. Na verdade, eu precisava desmanchar a imagem que ela criou sobre mim, um "pirralho" que só quer curtir a vida, beber, transar e fazer muita merda. Eu me importava com o que Maitê pensava sobre mim. Uma necessidade inexplicável me possuia, a necessidade de provar que eu era totalmente o contrário do que ela pensava, queria mostrar-lhe a verdade sobre mim. Eu estava disposto a fazer isso.
O show terminou, e eu estava cansado, soado e molhado, por conta da performance de Sorry, porém, estava extremamente feliz. Enquanto caminhava pelos corredores a caminho do camarim e secava o suor com uma toalha que havia sido me dada, o pessoal da equipe me dava parabéns, e eu sorria agradecendo.
- Onde está a Maitê? - perguntei para Scooter e me surpreendi por aquilo ter saído sem eu ao menos pensar. Logo recebi um olhar estranho.
- Eu não sei?! - Scooter disse abrindo a porta do camarim. - Por que está tão interessado nisso? - Ele disse que com um sorrisinho nos lábios enquanto se jogava no sofá.
- Sei lá, cara. Eu só queria saber caso precisasse dela. – Tentei endireitar as coisas da forma mais burra possível.
- Hum, sei...
- É sério Scooter! – Falei tentando impor a minha voz.
- Mas ela é bem bonita vai, admite - ele disse rindo.
- Ah, isso ela é, e muito! - me joguei ao lado dele e rimos.
- Interrompo alguma coisa? – Maitê colocou sua cabeça pra dentro do quarto de supetão, me fazendo pular da poltrona.
- Na verdade não. – Scooter me olhou segurando o riso por conta de meu susto. – Pra falar a verdade já estava de saída. – Ele se levantou e eu o lancei um olhar matador.
Assim que ele saiu dali Maitê entrou fechando a porta atrás de si.
- Que ótimo show Bieber! Tenho que dizer que me surpreendeu! – Ela disse sorrindo encostando-se à porta.
- “Faça o que você ama e ame o que você faz.” – A respondi citando uma das minhas frases favoritas.
Percebi que o silencio se instalou ali e me levantei da poltrona, tirando o roupão que tinha colocado assim que sai do palco. Percebi os olhos dela repousarem sobre meu abdômen nu e sorri de canto enquanto colocava uma blusa que tinha deixado separada.
- Obrigada. – Falei.
- O que? Huh? – Ela me perguntou balançando a cabeça negativamente.
- Pelos elogios. Obrigada. – Repeti a fim de que ela entendesse.
- Ah sim, sem... problemas. - Ela gaguejou meio desconcertada me fazendo rir.
- Okay, vamos, tenho que tomar um banho o mais rápido possível. – Passei por ela agarrando a sua mão e a levando para fora dali.
Consegui fazer com que Maitê voltasse de carro comigo, o que me deixou bem animado. Já poderia começar com o meu plano de mostrá-la o meu verdadeiro eu. Fomos conversando no carro, e ela me contou sobre sua experiência em dar ingressos para as garotas, sorri ao vê-la tão feliz com aquilo e por um segundo a imagem de Emily se negando a ir lá fora com Scooter veio a minha cabeça. Preferi deixar aquilo de lado e voltar a minha atenção a Maitê. O resto do caminho até o hotel foi bem tranquilo, diferente de quando estávamos indo para o restaurante mais cedo.
Quando chegamos ao hotel, eu senti uma vontade absurda de não deixá-la ir para o quarto. Eu queria Maitê um pouco mais ao meu lado, queria descobrir mais coisas sobre ela da forma mais rápida possível.
- Ei, está com fome? - Perguntei, torcendo para que a resposta fosse positiva.
- Sim, muita! - Ela sorriu.
- Não quer ir para o meu quarto? Nós podemos pedir hambúrgueres e fritas, o que você acha? - Maitê me olhou de relance.
- Para o seu quarto? – Me indagou confusa.
- Sim, algum problema? Vamos apenas comer e conversar, não vejo problema nisso. - Disse apertando o botão do elevador para subirmos.
- Hum...ok, pode ser, não tem como recusar hambúrguer e fritas. - Ela riu e eu a acompanhei.
Chegando ao meu quarto, sentei-me na cama, tirando os sapatos e Maitê sentou-se no sofá da pequena sala de estar que havia ali.
- Vou ligar lá embaixo para pedir. Coca-cola?
- Sim, gostaria que fosse Guaraná, mas fazer o que não é? - Ela sorriu.
- Realmente, Guaraná era sensacional, eu fiquei completamente viciado quando fui ao Brasil. Inclusive, você já viajou para lá? – A perguntei um pouco confuso com o fato de ela conhecer Guaraná.
- Bem, eu sou de lá. – Senti meus olhos saltarem para fora de minhas orbitas quando ela disse isso, e ela me encarou rindo. – Sim, eu sei que não pareço ser de lá, mas sou. Vim morar aqui quando tinha 16 anos, por conta de alguns problemas familiares, mas isso não vem ao caso.
- Entendi. – A respondi ainda meio perplexo.
Agora tudo fazia sentido, aquele corpo inclusive.
Deixei meus pensamentos de lado pegando o telefone e fazendo o pedido. Assim que estava tudo certo me levantei avisando a Maitê que iria tomar um banho e ela assentiu ligando a TV. Peguei uma bermuda e uma blusa e fui para o banheiro, onde finalmente tirei todo aquele suor de mim. Assim que terminei meu banho me retirei dali, já vestido, vendo que o lanche já havia chegado.
[...]
- Nossa, que fome que eu estava! - Maitê disse encostando-se nas costas do sofá.
- Nem me fale, eu gasto energia para caramba com as performances. Quando acabo tenho vontade de comer tudo que vem pela minha frente, até pedra - nós rimos e logo depois, um silêncio repentino instalou-se na sala. Encaramos-nos e ela suspirou.
- Bom Justin, o hambúrguer estava ótimo, e a conversa também, mas eu tenho que ir, estou cansada e você deve estar muito mais. - Ela levantou.
- Não! É... Quer dizer, eu não estou cansado, nem com sono... Podemos ver um filme, sei lá, eu só... Só não quero dormir agora - cocei a nuca. Eu estava nervoso pra cacete, que porra estava acontecendo comigo?
- Justin, já são quase meia-noite! – Maitê me olhou perplexa.
- Eu sei, mas, por favor, fica mais um pouco, às vezes eu me sinto sozinho, precisando de alguém pra conversar, ou sei lá, simplesmente pra ficar comigo sem dizer nada - abaixei a cabeça. Senti o olhar de Maitê sob mim, e logo depois o espaço ao meu lado sendo ocupado por ela.
- Tudo bem, eu fico um pouco, assisto um filme com você, mas logo depois eu vou ok? - a olhei e assenti sorrindo.
Escolhemos um filme aleatório de comédia, o qual era bem engraçado, e eu estava adorando ver Maitê rir. Sua risada era incrível. Mas eu mal conseguia prestar atenção, pois eu estava cansado demais, e meus olhos já fechavam automaticamente. Eu menti quando disse que não estava cansado e nem com sono, eu só queria ficar um pouco mais com ela.
- Maitê...
- Oi - ela respondeu sem tirar os olhos da TV e rindo.
- Será que eu... Poderia deitar minha cabeça no seu colo? - realmente, o sono estava bem forte, já que essa frase saiu quando eu menos esperava. Ela me olhou, e um sorriso no canto de seus lábios surgiu.
- Pode sim, você está quase caindo ai, e esse filme é tão bom que eu só ouso sair daqui quando acabar! – ela riu e eu acompanhei.
Maitê pegou uma almofada, colocando-a em seu colo, e eu logo me deitei ali. Fechei meus olhos e só conseguia pensar a quanto tempo eu não sabia o que era deitar no colo de uma mulher, apenas por deitar e relaxar. Era tão aconchegante.
Uns minutos depois, ainda lutando com o sono para poder sentir um pouco a mais da sensação de estar no colo dela, senti suas pequenas mãos emaranhando-se em meu cabelo e fazendo alguns movimentos. O ato fez meu coração disparar e um sorriso involuntário brotou em meus lábios, e então, eu adormeci, esperando acordar e ver que aquele momento não havia sido apenas um sonho.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.