Escrita por: Bonnie-ssi
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Há muito, muito tempo atrás havia um colar enrolado no pescoço de uma jovem dama.
Um colar especial para ela, mas que nem sempre parecia refletir a mesma cor que ela parecia enxergar ver, sempre que olhava para ele.
"Eu quero pessoas, eu quero pessoas!" —Berrava o colar amaldiçoado.
O colar não aguentava cair ao esquecimento, mas sempre ignorava a única pessoa que o amava.
"Não se zangue, não me abandone, não vá a nenhum lugar... ei!?" —O colar esbravejava, querendo que a jovem dama não o tirasse de seu pescoço.
"Estrangule bem forte, estrangule até vomitar, até nenhuma pessoa mais sobrar" —Entretanto, forçava sua corrente contra a pele da jovem dama, a dando um trato. Afinal, "foi ela quem pensou em o abandonar, por isso ela merecia ser apertada até vomitar".
A jovem dama buscava pela aprovação das pessoas, sempre que usava o colar se sentia mais linda, forte e adorável.
"O que acha?! Não pareço uma jovem boa?"
"Não sou uma jovem fofa?" —Ela se olhava em frente ao espelho, mas só sentia o quanto aquele colar a apertava.
"Me ame, até enlouquecer" —O colar prendeu-se no pescoço da mesma. A pele vermelha e irritada parecia entrar em combustão, pelo aperto do colar.
"Isso dói... essa maldição... acabe, acabe! Ei!" —Era desespero atrás de desespero. Quanto mais ela tentava puxar o colar contra seu pescoço, mas ele a apertava e ardia, fora as unhas longas da jovem moça... que quase sempre rasparam em sua carne, ao que ela se arranhava e sangrava.
"Ah!" —Mas o colar não tinha como a matar. Pois ele dependia dela para poder aparecer.
Vestia seu pescoço para sair às ruas e ver mais do mundo fora do porta-joias da jovem.
O corpo cresceu mas o colar continuava pequeno em seu pescoço. Com o tempo as pessoas começaram o a ridicularizar... Ele se sentia na obrigação de apertar mais e mais a jovem dama.
"É doloroso, não é mais suficiente
Pessoas, pessoas, preciso de mais!" —O colar disse a ela.
"Nesta vida não vou perder pra ninguém, não sou um colar importante para você?" —Havia uma chance da moça o jogar fora, mas ela gostava de usar aquele colar. Ela achava que dependia dele para ser mais bonita. As pessoas precisavam ver eles dois juntos, afinal, "eles ficavam lindos juntos".
Mais que aquela jovem, mais do que todos, o colar se estufava. Sempre se achando melhor do que os outros. Ele não se ouvia mais.
"Ele, ela e vocês, todos olhem para mim!"
Ele achava lindo o jeito que apertava o pescocinho de sua jovem dama.
"É você, quem eu, amo. Você que é tão imundo!" —Pobrezinha... sempre perdida em uma ilusão, a dama que vivia em contra-mão. Devotando tudo à aquele colar que parecia valer todo o dinheiro do mundo.
"Me ame, Me ame, Me ame! Mais e mais! Ame-me, ame-me, ame-me! Até enlouquecer, meu bem." —Foi quando ele a deixou vermelha, vendo seu pescoço sangrar e sangrar.
"Isso dói... Me perdoe!" —A dama destacou, já perdendo o ar. Não podendo nem mesmo enfiar suas mãos abaixo da corrente para poder a afastar de sua pele.
"Mais e mais! Quero vê-la enlouquecer!" —O colar estava fora de sí.
A dama estava quase roxa, quando por fim destrinchou o fecho da corrente, se livrando do colar de uma vez, antes que perdesse o último resquício de sua vida.
"É doloroso..." —Ela sussurrou.
"Sem você... eu não serei linda. Mas se eu te colocar em meu pescoço novamente... temo que eu não consiga te tirar mais" —Ela começou a chorar, temendo por sua vida, mas triste por ter que se separar do colar que ela mais gostava.
Foram anos junto a ele. Carregando ele em seu pescoço.
Foram tantos elogios que ela gostou de ouvir, mas não lhe cabia mais usar-lo. Ele queria matar-la para se sentir inteiro, enquanto ela queria viver com ele.
"É doloroso..." —A moça chorou, abraçando seu corpo enquanto se levantou para ir buscar um martelo de amaciar bife, este que estava em uma bancada na cozinha.
"Mais, mais! Até enlouquecer!" —O colar ainda dizia aos berros, esperando a volta da jovem dama... Ele esperava vestir o pescoço dela com suas correntes, e apertar-la com tudo de uma vez por todas.
"Isto é felicidade!"
"Isto é felicidade!"
"ISTO É FELICIDADE!"
E essa foi a última vez em que aquele colar viu a bela dama, e pode falar com ela.
Pois assim que ela voltou, o martelo desceu com tudo sobre sí. A jovem estava livre, e o colar em pedaços.
Isso sim é felicidade.
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