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História Akumanomachi - Capítulo oito: diário


Escrita por: MidoriShinji

Capítulo 8 - Capítulo oito: diário


Eles já haviam andado perdidos por quase dez minutos dentro do túnel. Até o momento, não havia nenhuma bifurcação, sempre andaram em linha reta, mas isso não os deixava confiantes de que iriam sair em algum lugar, que dirá o que encontrariam ao sair. Em determinado ponto, foi preciso ligar as lanternas, pois estava escuro demais para enxergarem qualquer coisa, mas não ligaram todas, apenas algumas: caso a bateria acabasse, ainda teriam as reservas para usar. No entanto, torciam para que essa medida de precaução jamais precisasse ser usada ali.

Aquele lugar era, sem dúvidas, uma das minas desativadas: em certo ponto do trajeto, encontraram trilhos, e carrinhos para transportar o minério. Estavam abandonados, enferrujados e sujos por conta da ação do tempo, mas aqui e ali ainda se via uma pedra dentro dos carrinhos, brilhando com certa intensidade. As paredes também não estavam cem por cento esgotadas, e era provável que, depois dessa camada superficial de pedras, houvesse magnetita. A teoria do esgotamento estava frustrada, disso tinham certeza, então por que as pessoas simplesmente pararam de andar ali embaixo?

Foi quando finalmente chegaram a uma bifurcação. Tinham agora uma escolha a fazer, e por mero acaso, escolheram ir pelo túnel do lado esquerdo. Em todo caso, sempre poderiam voltar por onde vieram. Mas, na parede que separava os dois caminhos, descobriram um objeto caído no chão.

— Olhem só, é um caderno aqui. Não é nosso, é? — Hinata questionou.

— Não, mas pode ser uma pista. Acho que quem deixou isso aqui não vai sentir falta. — Itachi concordou, pegando o objeto.

(...)

Por mais de meia hora, rodaram perdidos dentro dos túneis, tendo que prosseguir e voltar em diversos pontos, quando se encontravam encurralados por becos sem saída, mas conseguiram enfim chegar a uma saída, ou quase isso: ao fim do túnel que escolheram ainda na primeira bifurcação que encontraram, ele estava selado por tábuas de madeira, mas, pela ação do tempo, elas já estavam bem podres e puderam ser retiradas com facilidade. Finalmente, estavam de volta à superfície, embora longes do acampamento por quase um quilômetro.

Enquanto andavam, o livro encontrado estava sendo lido por Konan. Ele estava escrito em uma forma mais antiga de japonês, e vez ou outra, ela se deparava com algum kanji que não era mais usado há muito tempo, mas ainda sim, era possível compreender o que estava sendo dito ali, pelo menos em essência. A cada página que lia do pequeno caderno empoeirado, seu rosto ficava cada vez mais sério. Aquele diário retratava coisas muito sérias, que poderiam definitivamente mudar a visão das pessoas sobre Akumanomachi.

Assim que chegaram ao acampamento e estavam todos mais calmos, a garota finalizou a leitura, e simplesmente disse: — Nós não estamos lidando com brincadeiras aqui. Estamos lidando com algo muito sério.

— Como assim? Sério de que nível, tipo, sério pra caralho? — Hidan indagou.

Ela assentiu. — Não sei exatamente quem escreveu isso, mas é uma mulher que assina como Shizune. As primeiras páginas retratam apenas uma rotina comum de uma dona de casa, mas... Ela diz aqui, no dia quinze de setembro de 1902, que o marido dela acordou gritando, dizendo que teve um sonho, e que nesse sonho, uma criatura com a cabeça de um bode negro, pernas de bode e um tronco humano disse-lhe que sua função era espalhar a mensagem dos quatro reis para o mundo. Ela menciona que ele estava lendo algumas coisas da Europa, mas que isso nunca o afetara antes, mas que depois daquele sonho, ele quebrou a estatueta de Izanagi que tinham em casa, e largou tudo afim de se tornar um sacerdote dessa nova religião. "Apesar de as pessoas não acreditarem no começo, por alguma estranha razão começaram a construir um templo, e a estátua do grande bode, e a obedecer meu marido. Até mesmo eu acreditei, mas havia algo que me deixava com medo nesse culto", ela fala em novembro de 1902, sem dia escrito.

— Quatro reis? Isso não pode ter a ver com Satanismo LaVey, que é muito mais moderno. — Itachi concluiu.

— Mas pode ter a ver com o Ars Goetia, e os setenta e dois demônios de Salomão. É do século XVII, e há quatro reis que comandam os pontos cardeais, os mais poderosos demônios. — Konan disse.

— Amaimon, Corson, Ziminiar e Gaap, leste, oeste, norte e sul. — o ruivo complementou.

— Isso. As pessoas foram ficando cada vez mais fissuradas por esse culto, a ponto de fazerem tudo por ele, incluindo impedir que qualquer um de fora da cidade entrasse em Akumanomachi, seja por quaisquer meios. Também diz aqui algo mais sinistro: que eles sacrificavam animais uma vez por mês. A dona do diário diz que enquanto eram sacrifícios de animais, tudo estava bem... Mas em 1906, aconteceu um acidente nas minas, em que uma delas desabou sobre um grupo de cem trabalhadores, impedindo que eles saíssem de um dos túneis. Eles morreram de fome ali, antes mesmo que pudessem ser resgatados. Jamais retiraram os corpos. Seria só um acidente normal se não fosse por esse porém: em fevereiro de 1906, um mês após a tragédia, ela ouviu o marido conversando com a estátua do bode, falando que o sacrifício havia sido feito, como ele pedira, as cem pessoas. E disse que o bode falou de volta, e que pôde escutá-lo como se a voz estivesse em sua própria cabeça que precisava de mais um sacrifício. Sua esposa, ela mesma.



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