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História Al Limite Del Proibito - Capítulo 2


Escrita por: Helly_Nivoeh

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 2 - Capítulo 2


Não sei quando esse sentimento que tenho por Nico começou, quando meu coração começou a se apegar tanto à sua presença que deixei de lado os valores da caçada e me entreguei a este amor platônico.

Mas, consigo me lembrar dos momentos em que realmente nos conhecemos, os momentos em que tudo se reduzia a nós dois.

O antecessor de tudo foi no primeiro 18 de agosto após as guerras com Cronos e Gaia.

O aniversário de dezoito anos de Percy Jackson — sim, eu recebi um convite todo azul a qual ignorei — e de dois anos de morte de tantos meio-sangues. Inclusive, de quem eu mais amei na minha vida, quem mais me protegera até ali: Luke Castellan.

Não era desespero que me envolvia, tampouco, havia lágrimas nos meus olhos. Lady Artemis havia me dispensado sem que eu dissesse nada, era um dia que eu poderia passar a sós com meus pensamentos e sentimentos, sem ter que me preocupar em ser a primeira tenente sempre forte.

Eu me distanciei das minhas irmãs de caçada perto do pôr do sol, sentei-me embaixo de uma árvore, ao lado de um riacho, e tentei chorar.

Contudo, as lágrimas não vinham, ou soluços ou qualquer demonstração similar. Havia apenas uma sensação de irritação, de melancolia, algo pesado no meu peito e enevoando minha mente, impedindo que eu fosse natural, que processasse meus sentimentos.

Eu estava irritada sem motivo algum, queria gritar para os pássaros calarem os cânticos, atirar flechas para espantar os pequenos animais que passavam pela floresta e até secar o rio, apenas para não ouvir o barulho da água ou o riso das naiades. Não era tristeza, era melancólica e irritação.

Respirei fundo. Um… Dois… Três... Contava mentalmente, mas não passava. Deixei que meu rosto desabasse sobre minha mão à espera de lágrimas… mas não houve nada. Seca, nem uma única lágrima derramei por Luke. Isso me tornava uma péssima amiga? Uma psicopata sem empatia? Mas, ao mesmo tempo, só conseguia pensar em como não havia sentido em chorar… Isto não o traria de volta e, tampouco, eu queria que ele voltasse.

Lembro-me de ranger os dentes e gritar com toda a força, tentando libertar foda a frustração. Foi quando o chão se abriu e eu caí. Novamente gritei, mas era de surpresa, de medo. Não havia nada, apenas sussurros e resmungos de assombrações, a escuridão me entorpecendo. Estaria eu presa dentro da minha própria mente tão sombria? Ou estaria caindo no abismo infinito do tártaro? Em retrospecto, talvez a segunda opção fosse a menos pior.

Mas não era nada disso, constatei assim que o chão se tornou firme sob meus pés. Não estava mais na floresta, mas em uma caverna fechada e escura, sobre uma plataforma natural de pedras cercada por água. A única luz vinha de brechas no teto, uma luz azulada que parecia deixar a gruta mais fria e solitária, uma luz insuficiente para exibir qualquer saída, mostrava-me apenas um garoto, vagamente familiar.

Seus cabelos negros displicentes, seus olhos do mesmo tom intensificados na pele cor de oliva parecia-me um déjà vu, a sensação de alguém que você já viu em um sonho há muito distante.

— Pare de gritar. — O garoto resmungou, cruzando os braços sobre a camisa social preta. Ele estava todo de preto, como um anjo da morte. Anjo…

A palavra ecoou em minha mente, repuxando a reflexão, uma memória conforme meu grito sumia.

— Você quase me deixou surdo. — Ele continuou a reclamar e sua voz era rouca, profunda, lembrava-me névoa, como se ele escondesse algo, um segredo.

Combinava com sua presença. Combinava com a sensação de melancolia que emanava dele, a raiva reprimida e acumulada, a tristeza que me atingia conforme seus olhos passavam por mim. Era poderoso, eu podia sentir, sempre fui boa nisso. Um poder macabro, frio e aterrorizante, que florescia aos poucos. Já havia testemunhado um pouco dessa aura antes, há muitos anos…

— Você é um filho de Hades. — Constatei, recordando meu encontro com o Senhor dos Mortos.

— Não me reconhece, filha de Zeus?

Retrucou com um sorriso amargo, fazendo com que um arrepio passasse por minha coluna. Sim, eu conhecia o dono de tamanho ressentimento, por mais vaga que fosse minha lembrança, eu conseguia me lembrar da trágica história daquela criança que, como todos os semideuses, teve sua cota de infelicidades.

— Infelizmente sim, Nico. — Retruquei, depositando minha mão sobre o spray preso no meu cinto. Bastava um toque e logo teria uma lança na mão. — O que quer? Outro favor para sua madrasta? Ou dessa vez é pelo seu pai? Mais um caçador gigante te perseguindo?

Impliquei. Minha irritação aumentava, parecia que havia um nó na minha garganta e eu queria mandá-lo de volta aos caminhos do pai. Já não me sentia bem, a presença sombria do filho de Hades só prejudicava. Éramos inimigos naturais: a filha do Senhor dos Céus e o filho do Senhor dos Mortos; Não era necessário assistir Hércules na Disney pra saber que Zeus e Hades se odiavam. A inimizade natural era nossa maior herança.

— Eu deveria arrancar sua alma e mandar pro Tártaro, garota.

— Tudo porque foi amarrado por uma garota, Di Angelo? Achei que era um melhor perdedor. Ou curtisse sadomasoquismo.

Retorqui, a raiva acumulada florescendo o sarcasmo, minha arma favorita. Recordei-me de Porto Rico, do momento em que minhas caçadoras obedeceram fielmente minhas ordens de prender Nico e um sátiro, além de sequestrar a pretora romana para servir de armadilha para Órion. Quando Nico conseguiu nos alcançar para salvar a pretora, o ódio exposto em seu olhar havia marcado minha memória. Ódio pelas caçadoras, por mim.

— Vá se fuder, Grace. — Nico retrucou, suas mãos cerradas em punho, dando um passo para frente.

— Sou uma caçadora, querido. Foder esta fora do meus votos. Sinto muito.

— Pois seja uma caçadora bem longe de Reyna. — Ele vociferou, seus poderes parecendo ecoar pela caverna, desestabilizando o teto. Sim, ele era muito poderoso.

— Reyna? — retruquei, sem me deixar abalar. Ele podia ser um filho de Hades, mas sabemos que o senhor do Olimpo é Zeus, meu pai. — Por ela que está aqui?

— Fique longe dela, Thalia. — Nico ordenou, e era tão claro em seu tom o quão instável ele era.

— Então está apaixonado pela pretora, Di Angelo? — cantarolei, dando passos suaves em sua direção, gozando de sua irritação. — Ela não é um pouco velha pra você? Quantos anos você tem, afinal? Onze? Doze?

— Catorze. — resmungou. — Mas nasci bem antes de você.

— Não fale como se ser atemporal fosse bom, garoto. Se tivesse vivido os suficiente saberia que é uma merda.

— A própria tenente falando mal dos benefícios da caçada? — Foi a vez de Nico fazer chacota, seu sorriso debochado fantasmagórico sob a luz azulada. — Parece que Ártemis não consegue alienar como antigamente.

— Diga logo a porra que você quer, Di Angelo. — retorqui, perdendo o que restava de autocontrole e paciência. — Ou vá você se fuder!

— Eu já disse: fique longe de Reyna.

— Não se preocupe, Di Angelo. — cuspi as palavras, não mais do que um metro distante do rapaz, espaço suficiente para encará-lo de queixo erguido e ver a forma ele como estreitava os olhos, desconfiado. — Sua amada pretora não seria aceita na caçada, temos um limite de idade. Por outro lado, tome cuidado com Hylla, Reyna tem a aptidão e garra para ser Amazona. Se bem que acho que você jamais se importaria de ser seu escravo, não é?

Sorri provocante e passei as unhas pela lateral do seu rosto, cortando seu queixo de propósito.

— Você se importaria, Di Angelo? — Impliquei, me aproximando e sussurrando em seu ouvido. — De fuder todas aquela amazonas quando elas quisessem e a dividir com quantos escravo Reyna quiser?

Mas Nico parecia não me ouvir ao suspirar. Seus ombros relaxaram e ele fechou os olhos, com um leve sorriso. Foi a minha vez de estreitar os olhos, surpresa com a reação de Nico.

— Reyna entrar pra caçada é tão pior que pras amazonas?

Nico sorriu, como se me escondesse um segredo.

— Obrigado pelas informações, Grace. Agora posso levá-la de volta.

— Você não é apaixonado por ela, é? — questionei, erguendo a sobrancelha. — É outra coisa.

Tentei me lembrar se Reyna havia falado sobre Nico. Após a guerra, eu — primeira tenente caçadora de Ártemis —, Reyna — a pretora do Acampamento Júpiter — e Hylla — rainha das Amazonas —, nos reunimos periodicamente para discutir ações que nos ajudariam a salvar mais semideuses. No entanto, nós três éramos profissionais, informações pessoais eram raras, ainda mais aquelas que envolviam sentimentos fúteis.

— Reyna é como uma irmã. — Nico explicou, puxando-me de meus pensamentos. —  Uma irmã que quero manter a salvo de Ártemis.

— Você é tão centrado na própria dor, Di Angelo, que não consegue ver que todos perdemos.  A diferença é que não somos fracos como você, nós aceitamos nossa dor, não ficamos culpando os deuses e nossos amigos pelos erros, pelas maldições dos outros.

— O que você entende de dor? — Nico retrucou, dando um passo em minha direção com os olhos faiscando. Eu podia sentir seu poder emanando, meu corpo me alertava do perigo, mas me mantive de queixo erguido, olhando-o nos olhos.— O que você perdeu?

— O simples fato de me perguntar isso já mostra quão egoísta você é. — murmurei entre dentes, apertando os punhos para não socá-lo. — Por acaso já sentiu a dor de qualquer outra pessoa que não fosse a sua?

— Você não faz ideia de quem eu sou. — O filho de Hades vociferou e toda a caverna tremeu, instável com nossos poderes. — Não faz ideia do que eu passei.

— Pois, pra mim, você não passa de uma criança. — cuspi as palavras e o empurrei com a mão.

Não foi um empurrão com força, não que eu me lembre, contudo, foi o suficiente para acabar com o equilíbrio de Nico. O estrondo das pedras rachando me ensurdeceu e, antes que eu pudesse me esquivar, o  teto da caverna desabou sobre minha cabeça.

Senti um impacto contra meu corpo, jogando-me no chão. Meus sentidos foram suprimidos pelo eco dos mortos e a escuridão e o frio me envolviam, entretanto, eu não estava morta. Ao abrir os olhos, não havia muito mais do que sombras, mas conseguia sentir e definir um corpo que me segurava, que me abraçava, e nós dois caíamos na escuridão. Antes que eu pudesse assimilar o que acontecia, nós atingimos o chão.

A dor do impacto me deixou atordoada, mas não o suficiente para me impedir de chutar quem quer que estivesse sobre mim. Houve xingamentos, corpos rolando e reflexos rápidos: Eu fiquei de pé, com a lança na mão e a ponta dela no pescoço de Nico di Angelo.

— Você vai me matar? — Ele perguntou incrédulo. Apertei os olhos e a lança em sua garganta, tirando-lhe um filete de sangue. — Mas eu salvei sua vida!

— Não. — retruquei, notando como Nico prendia a respiração e comprimia a garganta, tentando eliminar o contato com a lâmina afiada. Apertei mais, sem dó ou piedade, a raiva queimando em meu peito, liberando tudo o que eu guardava dentro de mim. — Você quase me matou. Isso é completamente diferente.

— Não somos inimigos, Thalia. — Nico tentou argumentar, seu rosto pálido e o sangue ensopando sua garganta.

— Não? — questionei sarcástica, sorrindo de canto. — Não tenho certeza quanto à isso, Di Angelo.

Dei mais um passo em sua direção. Se eu o mataria? Eu não sei dizer. Provavelmente sim. Eu estava cega. Cega de ódio, atolada em sentimentos que não podia sentir, sentimentos que ninguém compreenderia. Cega o suficiente para dar um passo na direção de Nico e projetar minha sombra sobre ele, dando-lhe a forma perfeita de escapar. Em menos de um segundo, o filho de Hades se juntava as sombras, deixando-me apenas com seu sangue na minha lança.

Em retrospecto, talvez eu o tenha deixado escapar.

Mas, não posso dizer isso com certeza.

Eu só queria, naquele momento, nunca mais encontrar com Nico di Angelo. E acredito que as parcas tenham rido dessa ironia. 

 


Notas Finais


Até parece que foi combinado com a tag dateRuim, mas isso foi escrito há meses, rsrs'
Espero que tenham gostado e adoraria saber a opinião de vocês!
Obrigada pela atenção, beijos!


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