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História Além da Esperança - VIII - Mente Conturbada.


Escrita por: Vexus

Notas do Autor


Voltei com um presentinho adiantado de natal! (ou não)

Desculpe se eu demorei, mas é final de ano então vocês sabem como é correria. Não sei se o próximo capitulo virá ainda esse ano (olha piadinha), mas prometo trazê-lo o mais rápido possível.

Espero que gostem!
Boa leitura!

P.S.: Se encontrarem algum erro, por favor, me avisem.

Capítulo 9 - VIII - Mente Conturbada.


Um estalido.

Kibum piscou algumas vezes, tentando acostumar sua visão à escuridão, e bocejou. A televisão estava ligada, iluminando o quarto com cores fortes, e a cama ao seu redor estava bagunçada. Tateando a superfície coberta ele pegou o controle e desligou o aparelho, deixando o cômodo mergulhado na escuridão da noite. Levantou e caminhou em direção à cozinha, abriu a geladeira e retirou uma jarra d’água. Não costumava acordar no meio da noite, mas sempre que o fazia era porque algo o estava preocupando. Bebeu o conteúdo direto do recipiente – sem se preocupar em pegar um copo – e enxugou os cantos da boca. O relógio marcava meia noite e meia, a cidade estava silenciosa e os postes iluminavam as calçadas.

Uma batida e o som de madeira rangendo.

Ergueu o olhar e encarou o teto com o cenho franzido, pequenas partículas de poeira caíam como chuva. Morava no quarto andar do pequeno edifício e os cômodos de cima estavam completamente vazios, os residentes dos três apartamentos foram retirados contra a vontade e suas residências se encontravam lacradas pelo governo até segunda ordem. Se havia movimento no andar de cima, então significava que um invasor arrombara as portas.

Caminhou até a cama e puxou um pequeno baú velho e trancado por um cadeado que mantinha escondido embaixo do móvel.

Não costumava usar o objeto que era mantido em seu interior, mas o medo de ter sido descoberto foi maior. Ele destrancou a trava – o cadeado caiu no chão com o baque abafado – e abriu a tampa. Instantaneamente o cheiro de mofo subiu e ele tapou o nariz enquanto revirava o interior. Escondida no canto esquerdo, enrolada em um pano cinza, encontrava-se uma pistola calibre 40 de um modelo velho, mas que ainda funcionava.

No andar de cima houve um rangido seguido de arranhões. Alguém estava mexendo nos móveis.

Kibum fechou o baú e o empurrou de volta para debaixo da cama. A energia do andar de cima fora cortada para prevenir gastos desnecessários então ele abriu o guarda roupa e retirou uma lanterna. Estava equipado e pronto – se uma calça de moletom e uma blusa de flanela podiam ser consideradas equipamento. Ele saiu para a entrada e caminhou com cautela até as escadas, mantendo abaixado o braço que segurava a arma. Subiu os degraus cautelosamente, sentindo o frio da madeira sob as solas dos pés descalços, e avançou até a porta do primeiro quarto do último andar do sobrado.

Ele empurrou a porta entreaberta com cuidado e observou o espaço interno. No apartamento de um só cômodo, reinava uma completa bagunça, a janela quebrada denunciava que a invasão tinha se dado por ali. Prateleiras estavam ao chão, espalhando dezenas de objetos pelo piso de madeira.  Uma mesa pesada de mogno fora virada de pernas para cima e empurrada até o outro lado da sala, juntamente com estilhaços de vidro. Um armário fora arrombado e peças de roupas encontravam-se jogadas ao chão. Por mais que os apartamentos estivessem selados, o seus interiores eram mantidos intocados em respeito aos seus residentes.

O que não era o caso daquele.

Olhando a fechadura, Kibum percebeu que a trava de metal mantinha-se no mesmo lugar enquanto uma parte da porta, na região da maçaneta, fora arrancada. O invasor entrou por aquele quarto e arrombou a porta para chegar ao corredor. Ele levantou a lanterna em direção ao corredor e iluminou a porta dos outros apartamentos. O segundo estava intacto já o terceiro estava com a porta completamente aberta. Seguiu com cautela e colou suas costas a parede, inclinou sua cabeça para dentro e tentou analisar o interior. A geladeira fora aberta e as cômodas escancaradas, Kibum respirou fundo e decidiu entrar, mantendo estendido o braço que segurava a arma.

A sala estava bagunçada, assim como a cozinha. Ele seguiu em direção ao quarto e parou de repente ao ver um pequeno facho de luz. Colou suas costas na parede e desligou a lanterna – mergulhando na penumbra – deslizou de lado, sentindo o suor molhar suas costas. Não havia como retornar, teria que enfrentar aquela situação de peito aberto.

 – Merda... – era um homem. – Não tem uma roupa nessa casa... Nada.

Um baque seco e uma gaveta foi jogada ao chão.

Kibum soltou o ar que prendia nos pulmões e avançou até ficar há alguns centímetros de distância. Puxou a trava da pistola e a pontou em direção da cabeça do homem agachado no chão.

– O que está fazendo aqui? – Kibum sentiu a garganta seca ao falar aquilo. Sua mão suava e a coronha da arma parecia deslizar em seus dedos.

O homem ergueu os braços em sinal de desistência e levantou, era da mesma altura que Kibum, porém mais forte e com ombros largos. Vestia um casaco preto com mangas compridas e luvas – prevenido em não deixar digitais para trás.

– Não está me ouvindo? – Kibum repetiu tentando manter a voz firme. – Perguntei o que está fazendo aqui.

– Eu ouvi. – o homem respondeu de maneira calma. – Mas decidi não responder.

– Não está em situação de fazer escolhas.

– Muito pelo contrário. – ele falou. – Eu fiz uma escolha, e dentre nós dois, apenas eu vim preparado.

O movimento foi rápido.

O invasor abaixou o braço direito em direção ao cinto e sacou uma faca, girou nos calcanhares e tentou atingir o cientista. Kibum ergueu o braço esquerdo e faca o atingiu, abrindo um corte que iniciava no pulso e terminava na metade do antebraço. A lanterna caiu ruidosamente no chão – acionando o botão que a ligava – lançando um facho de luz branca em direção à parede.

Kibum foi erguido pelo colarinho e depois empurrado em direção à parede oposta. O impacto arrancou todo o ar de seus pulmões e o inimigo aproveitou para prender seu pescoço com o antebraço. Fora pego de surpresa, não imaginava que o invasor estava armado. Tentou erguer a pistola, mas o ângulo não permitia que um disparo fosse feito, e usou a coronha para golpeá-lo na cabeça. A atitude pareceu surtir efeito já que o invasor se afastou com a mão na testa. O cientista esticou o braço e disparou, o homem saiu do quarto e sumiu por dentro do apartamento.

Kibum levantou, sentindo o ferimento no antebraço arder enquanto o sangue escorria até o chão, e o seguiu.

– Cadê você?! – gritou apontando a arma ao nada.

– Não consegue me achar? – havia deboche na voz do invasor. – Mas que pena...

Kibum virou em direção a cozinha e disparou as cegas, a bala viajou em alta velocidade e atingiu o armário. A portinhola de vidro explodiu e derramou estilhaços no chão. Um rangido veio de trás e ele rodou nos calcanhares, apertou o gatilho, mas o ferrolho travou denunciando que o pente estava vazio.

Merda. Pensou.

– Parece que ficou sem balas, não é mesmo?

Pela luz do poste que entrava pela janela, Kibum foi capaz de ver o invasor saltar sobre si e o empurrar em direção ao chão, com as duas mãos em seu pescoço. O cientista franziu o cenho quando a dor atingiu suas costas e o peso pressionou seu tórax. Algo pingou em sua bochecha, era quente e líquido. Sangue. Conseguira atingir o invasor no ombro e o buraco da bala era visível mesmo na baixa luz.

Kibum tentou impedir o estrangulamento, mas o aperto exercido sobre seu pescoço era grande demais.

– Não tenho tempo para isso. – ele ouviu o invasor dizer.

Algo reluziu e o cientista entendeu do que se tratava, era a faca. Kibum ergueu os braços e tentou impedir que a lâmina atingisse seu rosto. O inimigo soltou o pescoço de Kibum e usou a mão livre para apertar o braço cortado e – subitamente um grito rasgou a garganta do rapaz caído no chão.

– Deveria ter ficado na cama! – o invasor falou empurrando a faca com mais força.

Kibum trincou os dentes percebendo que seu braço esquerdo estava perdendo a força. Não aguentaria mais. Teria o seu rosto esfaqueado e ninguém poderia salvá-lo.

– Para com isso! – Era uma voz feminina.

De súbito o invasor foi tirado de cima do cientista, como se alguém o tivesse puxado a força. Kibum procurou sentar, enquanto seus pulmões clamavam pelo gás precioso. Ergueu o olhar e viu uma mulher segurando o invasor contra a parede. Ela usava uma blusa cinza de manga comprida e luvas, a calça jeans tinha lavagem escura e os tênis pareciam velhos.

– Ele apontou uma arma contra a minha cabeça! – o homem justificou. – Eu apenas me defendi!

– Nós viemos aqui para buscar roupas e alimento e não para matar pessoas! – a mulher respondeu, gritando. – Não somos assassinos Andrew!

Kibum respirava com dificuldade, sua garganta ardia, arrastou-se para trás e esbarrou em algo. Ao levantar a cabeça, ele viu que se tratava da bancada da cozinha. Estava ferido, desarmado e vulnerável, precisava de algo para se proteger. Tateando o espaço ao seu redor, seus dedos encostaram na faca largada no chão.

– O que querem aqui? – falou erguendo-a, sua mão tremia. – Quem são vocês?!

A atenção da dupla se desviou por alguns instantes.

– O desgraçado pegou minha faca! – o homem fez menção de avançar, mas foi interrompido pela mulher.

– Cala a boca! – Ela virou de costas, esquecendo por alguns segundos a pessoa parada logo atrás. – Nós invadimos esse prédio a procura de roupas e alimentos. Estamos mantendo um grupo de pessoas há alguns quarteirões daqui e nosso estoque está acabando. Desculpe pelo transtorno, não sabíamos que ainda havia residentes aqui.

– Sou o único que mora aqui. – falou sentindo o cabo da faca deslizar em sua mão suada. – Como vou saber se essa historia não é uma mentira?

A mulher retirou a mochila dos ombros e a jogou com o zíper aberto, o conteúdo rapidamente se espalhou pelo chão. Comidas enlatadas se misturavam a embalagens de remédios e peças de roupas.

– Peço desculpas pela criatura parada atrás de mim. – ela falou de maneira suave. – Ele age sem pensar.

O corte no braço esquerdo voltou a doer e Kibum gemeu, soltando a faca, que caiu com um leve tilintar no chão.

– Merda. – grunhiu ele.

– Me deixa cuidar desse ferimento. – a mulher avançou e agachou ao seu lado. Kibum afastou o braço, recusando a ajuda da estranha. – Sério mesmo? Eu estou tentando te ajudar.

Ele ponderou por alguns segundos, analisando a situação em que se encontrava.

– Tudo bem. – murmurou deixando que a mulher começasse o procedimento. – Seu amigo deu sorte que as balas acabaram.

– Não somos amigos. – Andrew respondeu em tom agressivo.

– Ele se chama Andrew e é meu irmão. – a mulher respondeu enquanto pegava bandagens da bolsa. – É calmo e tranquilo, até ser provocado.

– Entendo... – Kibum respondeu, olhando de um para o outro. – E qual é o seu nome?

– Pode me chamar de Tiffany.

 

Era frio e escuro. Ryeowook olhou ao redor, tentando entender sua atual localização, mas a baixa luminosidade não ajudava em nada. Estendeu o braço e tateou o ar até encontrar algo frio e redondo. Uma maçaneta. Girou-a e franziu o cenho quando a luz atingiu seu rosto.

Estava em uma rua movimentada no centro da Zona Comercial. Sabia disso, pois passava por ali todos os dias quando ia para a faculdade. Era estranho que as calçadas estivessem tão lotadas, esse fato pertencia às ruas que ostentavam quilômetros e mais quilômetros de congestionamento. Ele seguiu transitando pelo mar de pessoas até a esquina onde virou à esquerda. Não sabia para onde estava indo, apenas se deixava levar pelos empurrões que sofria. Em um dos impactos acabou caindo no chão.

– Merda. – sussurrou enquanto tentava se levantar.

De súbito algo segurou seu ombro e o puxou de volta para cima. Ao virar-se, Ryeowook percebeu que se tratava de Bora.

– Finalmente! – ela falou. – Faz tempo que eu estou te procurando.

– Tempo? – Ryeowook franziu o cenho. – Onde nós estamos?

– Vem comigo.

Bora o puxou pelo braço até a outra calçada que, para a surpresa de Ryeowook, estava completamente vazia. O sol incidia sobre aquela região como uma enorme bola de fogo amarela, deixando a impressão que se passava do meio dia. A noção de hora e clima não existia por ali.

– Estamos em um ambiente criado pelo subconsciente dele. – Bora explicou. – Cada construção, pessoa, clima ou ocasião que veremos será obra da mente de Sungmin.

– Como isso é possível? – Ryeowook perguntou.

– As profundezas da nossa mente são um mistério. – ela respondeu. – Não cabe a nós tentar entender.

– Como vamos encontrar as memórias?

– Para isso precisamos encontrar o Sungmin que vive aqui. – Bora falou. – Tem alguma ideia de como podemos fazer isso?

– Se não estou enganado, Kyuhyun falou que Heechul possuía uma guarda pessoal que ficava vinte e quatro horas por dia transitando em seu escritório. – ele falou enquanto encarava o caminho que se estendia a sua frente. – E um desses guardas era Sungmin.

– Mas não sabemos de que época essa memória é.

– É a melhor ideia que eu tenho. – Ryeowook justificou. – E a única informação útil que possuo.

– Não temos escolha, então vamos até lá.

Ryeowook assentiu e eles seguiram pela calçada deserta até a avenida principal onde pegaram o norte em direção a Sede do Governo. O trajeto foi mais rápido do que o esperado, era como se um pedaço da cidade nunca tivesse existido ali. Parte das lojas desapareceu e alguns arranha-céus se transformaram em casas e parques para passeio público. Ryeowook e Bora entraram no hall principal e tomaram o elevador até os últimos andares onde ficava o escritório de Heechul.

Como era de se esperar, o andar estava movimentado com funcionários andando de lá para cá. Ryeowook estranhou o fato de eles não estarem sendo notados e fez menção para tocar em uma mulher, mas foi impedido por Bora que segurou seu braço.

– Não podemos fazer isso. – ela falou. – Se tocarmos em alguém, corremos o risco de despertar o que há de pior no subconsciente.

Ryeowook recuou com o braço e eles voltaram a andar. Avançaram pelos corredores, atravessaram portas e subiram escadas até enfim encontrar o escritório de Heechul. Ele ficava no penúltimo andar, no fim de um extenso corredor.

O interior era luxuosamente mobiliado e iluminado apenas pelos raios solares que adentravam pelas enormes janelas. Sentado atrás da mesa, encontrava-se Heechul – vestido em um terno cinza e com o cabelo penteado para trás. Vê-lo ali, parado daquela forma, fez com que a raiva subisse a cabeça de Ryeowook. Queria espanca-lo até que perdesse a consciência, queria fazê-lo sofrer o mesmo que os inumanos sofriam naquele momento.

Mas ele respirou fundo e fechou os olhos. Era apenas a projeção da cabeça de alguém, de nada adiantaria ataca-lo.

– Ele não está aqui. – Bora observou enquanto olhava ao redor.

– Vamos esperar, mais cedo ou mais tarde ele aparece. – Ryeowook respondeu, sentando em um divã no canto da sala.

Eles permaneceram naquela sala, assistindo em silêncio enquanto a rotina do presidente corria diante de seus olhos. Era extremamente entediante e irritante esperar ali sem poder fazer nada para matar o tempo. Quando o sol era uma faixa laranja no horizonte, alguém entrou na sala. Ele vestia uma farda militar com detalhes azuis e uma boina descansava no alto da cabeça – escondendo o cabelo escuro e liso.

Ryeowook levantou de súbito. Não podia ser Sungmin, não parecia com ele. O homem que entrou naquela sala não tinha o olhar assassino e muito menos os membros mecânicos que o tornavam tão imbatível. Parecia uma pessoa comum, simples e a mercê das crueldades do mundo a sua volta. Ele se aproximou da mesa e aprumou a postura em sinal de respeito, no lado esquerdo da farda – na altura do peito – estava escrito seu nome, a patente e o tipo sanguíneo.

– Devo dizer que é uma honra estar diante de você, presidente. – ele falou, rompendo o breve momento de silêncio. – Peço desculpas pelo atraso.

– Não precisa falar dessa forma comigo. – Heechul falou erguendo o olhar. – Não estamos em uma ocasião formal, muito menos em uma reunião. Poupe-me os pronomes de tratamento.

O militar relaxou a postura, mas manteve a coluna ereta.

– O assunto que vou tratar é de extremo interesse para você. – o presidente falou de súbito.

– Perdão?

– Sei que as oportunidades de emprego estão baixas e que por isso você entrou no exército. – Era incrível, mas havia compaixão na fala de Heechul. – O salário dado é bem alto, mas sei que não é o suficiente. Tomei liberdade e fiquei sabendo a respeito de sua irmã.

– O que Sunny tem a ver? – havia preocupação no semblante do rapaz.

– Estou oferecendo-lhe uma oportunidade de aumento. – ele respondeu recostando-se na cadeira. – Porém, você deixará o treinamento da guarda especial e se juntará a equipe de cientistas.

– Não quero parecer rude, mas como isso me ajudaria? Tornar-me parte da guarda especial é a melhor oportunidade para enfim conseguir ajudar minha irmã.

– Nosso laboratório está projetando membros robóticos que poderão ser usadas como armas futuras. Seu porte físico se encaixa perfeitamente nos requisitos para teste e eu achei que seria interessante ter um de meus homens com experiência caso o projeto se concretize. – Heechul levantou e contornou a mesa. – Seu salário será mantido, mas haverá um acréscimo de cinquenta por cento. Cabe a você decidir.

O rosto do rapaz se iluminou com um sorriso e ele caiu de joelhos no chão, aquela quantia era superior ao salário dos agentes da guarda especial.

– Muitíssimo obrigado senhor.

– Não precisa me agradecer, eu apenas fiz o que é certo. – o outro respondeu enquanto afagava a cabeça do militar. – Agora vá. Tenho muito trabalho para terminar.

Sungmin levantou, fez uma reverência e saiu da sala. Ryeowook e Bora ficaram parados por alguns instantes, processando a cena que acabara de ver. A telepata foi a primeira a se mover, ela atravessou a extensão do cômodo a passos rápidos e seguiu pelo corredor.

– O que está fazendo? – Ryeowook perguntou enquanto tentava acompanha-la.

– Precisamos tocá-lo!

– Mas você falou que isso era perigoso.

– Eu sei, mas é a única forma que eu conheço para despertar uma consciência adormecida. Assim chegaremos a outra memória.

Virando à esquerda no fim do corredor, Bora seguiu por alguns metros até encontrar Sungmin. Ele estava no refeitório do andar, sentado em uma cadeira enquanto esvaziava uma latinha de cerveja. Parecia errado violar aquele momento de felicidade, mas se ela não fizesse, a única chance de recobrar as memórias estaria perdida.

Bora respirou fundo e se aproximou, amaldiçoando mentalmente a si própria. Ergueu a mão direita e tocou de leve a bochecha do rapaz.

 

Nas casas abandonadas da Zona Industrial, o vento levantou nuvens de poeira. A temperatura caiu com o cair da noite, e quando isso acontecia era o sinal da chegada de uma tempestade. As chuvas não eram incomuns naquela época do ano, principalmente as mais fracas. Na maioria das vezes, o sistema de escoamento d’água impedia que as ruas ficassem alagadas, mas não raro algumas poças se formavam no asfalto deixando a direção perigosa.

No horizonte, as estrelas brilhavam. Uma guarnição composta de cinco mil soldados, liderada pelo experiente comandante Noah, patrulhava a entrada principal da cidade. A tropa estava espalhada no lado interno da muralha, formando um anel defensivo em frente aos portões. Parte dos militares circulava o perímetro, dirigindo os jipes e motos de guerra.

Logo na frente deles, os negros muros se levantavam, encimados por milhares de guardas, sempre atentos no passadiço. Das guaritas e torres, os capitães organizavam os atiradores de elite, separando-os em posição uniforme.  Logo abaixo, já no interior da Zona Industrial, alguns militares carregavam a munição dos enormes canhões antiaéreos que se encontravam presos na muralha.

As nuvens carregadas aumentavam, deixando o céu sobre a cidade acinzentado. Em pé em frente a uma janela da guarita, um soldado reparou numa figura que surgia avançando em direção ao portão. Parecia um caminhão com a caçamba coberta por uma lona – a distância era grande demais para distinguir o que realmente era. De súbito, algo cortou o céu e atingiu a barreira, vinte metros acima. O impacto ecoou, arrastando uma onda de choque que reverberou sobre a superfície transparente.

Um grito ecoou no topo da muralha.

– As sirenes! Toquem as sirenes! Preparem as armas. Protejam os portões!

O ataque havia começado.


Notas Finais


E ai? O que acharam?

Comentem!


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