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História Além das Quadras - Complicado


Escrita por: MarcelineA

Notas do Autor


Olá, amores e amoras! Como vcs tão?
Eu sei que demorei muito para atualizar a história, mas ando passando por alguns problemas pessoais e entre outras coisas que estão me atrapalhando a escrever.
Mas consegui terminar esse capítulo e espero que vocês gostem.
Me perdoem por tudo. Pela demora, por não ter dado notícias e por não ter respondido os comentários. Eu to me sentindo bem péssima com isso tudo, mas estou tentando dar o meu melhor.
Espero que gostem do capítulo
Boa leitura
Ghost kisses
~Marceline

Capítulo 24 - Complicado


Capítulo 24: Complicado

Erick queria dizer que esquecera o que tinha acontecido na noite anterior, mas a verdade era que ele se lembrava de todos os detalhes possíveis.

Quando acordou, demorou um pouquinho para se localizar, percebendo com um certo alarde que estava no quarto de Henry. O cômodo não tinha mudado muito desde a última vez que ele o visitara anos atrás. Algumas coisas foram colocadas, como um violino na parede oposta à porta, alguns quadros decorativos com temas felinos e sua estante com coisas de Alice no País das Maravilhas parecia mais cheia.

Ele rolou na cama, tomando um susto quando sentiu algo peludo em suas pernas. Seu coração acelerou, mas logo se acalmou ao ver Cheshire enroscado nas cobertas, num sono profundo. Erick levantou o tronco, suspirando ao perceber que estava sozinho no quarto escuro. Acariciou a cabeça de Cheshire delicadamente e levantou-se, tropeçando em seus sapatos jogados ali.

Erick dificilmente tinha ressaca. Até mesmo na vez em que parara no hospital por conta da bebida, ele tinha ficado bem no dia seguinte. Então ele associou a queimação no estômago com o nervosismo. Será que Marge ainda estava lá? Será que Henry tinha dormido em outro lugar durante a noite? Apagara de tal maneira que não lembrava se Henry saiu no meio da noite ou não.

O receio tomou conta de si. Ele podia não se lembrar disso, mas lembrava perfeitamente do que tinha dito para Henry. O beijo veio vivo em sua mente e Erick sentiu suas bochechas corarem. Ele nunca tinha se sentido de tal forma. Era algo completamente novo e ele com certeza tinha gostado muito. Queria repetir a dose, mas o que Henry pensaria se pedisse outro beijo?

O que Erick temia estava acontecendo. Ele estava em contato com Henry. Um contato mais íntimo que ele imaginava e em uma situação completamente aleatória. Em todas as vezes que se imaginara beijando Henry, ambos estavam completamente sóbrios e conscientes do que estava acontecendo. O álcool no sangue de Erick apenas o deu coragem de fazer o que desejava há muito tempo.

Estava cansado de mentir para si mesmo. Gostava de Henry. Não, melhor. Estava apaixonado pelo outro de tal forma que não conseguia nem explicar em palavras.

Ele caminhou até a porta e a abriu, a claridade queimando seus olhos por alguns segundos. Piscou rapidamente, acostumando-se com a luz do dia e continuou seu caminho até o corredor, onde pode ouvir as vozes de Henry e Marge na sala.

– Eu ainda não acredito que você fez isso – disse Henry, seu tom de voz era irritado. – Eu sou seu melhor amigo! Você tinha que me contar!

– Eu já falei que não quero falar sobre isso – Marge resmungou, a voz ainda sonolenta.

– Foi por isso que você me perguntou aquilo no Carnaval, não foi? – insistiu Henry. – Você sabia que a gente ia se encontrar uma hora ou outra e nem me preveniu disso! Você sabe muito bem o quanto ele me machucou, Marjorie.

Aquilo fez o coração de Erick se apertar. Ele sabia que estavam discutindo por sua causa. Não precisava ser extremamente inteligente para saber que machucara Henry (e muito). Sabia que era feio ficar ouvindo a conversa dos outros daquela maneira, mas não conseguiu se conter.

– Henry… – disse Marge em tom de aviso, mas ele a ignorou.

– Você sabe o que eu senti naquele maldito jogo? – perguntou Henry. Erick nunca tinha o visto daquele jeito. – Eu tive sorte de ter tomado remédio antes do jogo, senão eu teria uma crise e você sabe muito bem disso.

Marge ficou calada. Erick não estava vendo os dois, então não fazia ideia se a amiga estava procurando palavras para dizer a Henry.

– Que tipo de melhor amiga é você? Pensei que eu fosse importante pra você, mas… – Henry foi bruscamente interrompido pela voz alta de Marge.

– O tipo fiel que guarda segredos quando me pedem. – seu tom de voz também era irritado. – Você não o viu, Henry. Não viu o quanto ele tá quebrado. Erick me implorou para não contar nada a você e foi isso que eu fiz. Você só pensa em você mesmo. Não consegue perceber o quanto ele tá quebrado, tentando se recuperar.

Foi a vez de Henry ficar calado. Erick sentia-se mal naquele momento. Não queria ter sido motivo para uma briga entre os dois. Sabia que eles tinham uma relação muito forte e ter causado tamanho conflito era devastador para ele.

Então colocou sua melhor cara de sono e avançou, aparecendo na porta da sala esfregando os olhos. Eles estavam em pé, um de frente para o outro com Henry de costas para si. Marge o viu primeiro, colocando um sorriso de quem não estava irritada no rosto e falou:

– Finalmente a bela adormecida resolveu acordar.

Henry virou-se imediatamente para Erick, que fez o possível para colocar sua máscara inexpressiva na cara. Não precisou olhar por muito tempo para o outro pra saber que ele estava à beira do choro. Mas Henry nunca gostava de chorar, Erick sabia. Justamente por isso, engoliu o choro e perguntou:

– Tá bem? – seu tom de voz tentava ficar neutro, apesar de ter um quê de raiva e tristeza nele.

Erick apenas assentiu com a cabeça, tomando uma decisão por impulso.

– O que aconteceu? – perguntou tentando colocar uma expressão confusa no rosto. Esperava ter conseguido. – Não lembro de nada.

Ele viu Henry o encarando de uma maneira um tanto incrédula. Não sabia por que queria fingir que não se lembrava da noite anterior quando ela estava bem viva em suas memórias. Talvez um medo de Henry querer se aproximar? Querer ter um contato maior? Querer se afastar mais ainda? Erick não sabia, mas se fingisse que nada tinha acontecido, talvez o clima entre eles não ficasse tão estranho.

– Você, meu anjo, se divertiu pra um caralho – Marge disse abrindo um sorriso para ele e caminhando em sua direção. – E vamos repetir a dose com certeza qualquer dia desses.

Por algum motivo, Erick lançou um olhar rápido para Henry, que tinha os braços cruzados sobre o peito e uma cara de poucos amigos. Não sabia o que aquilo significava, mas era possível que ele o estivesse culpando pela briga com Marge.

– E vamos, eu vou te levar em casa – disse Marge arrastando Erick para a porta da frente.

– Vocês não querem tomar café? – perguntou Henry, ainda com uma carranca no rosto.

– Não, estamos bem – respondeu Marge, Erick ficando calado. Ele não queria ir embora, na verdade.

Henry assentiu com a cabeça, indo até a porta para poder abri-la. Ele não disse nada enquanto os dois passavam pela porta, fechando-a logo em seguida. Parecia estar muito chateado e Erick ficou triste por conta daquilo.

– Henry às vezes me tira do sério – resmungou Marge enquanto andavam para o elevador. – Ele acha que tudo gira em torno dele.

– Eu beijei ele – Erick soltou assim que entraram no elevador.

Marge parecia um tanto surpresa, a sobrancelha loira arqueada.

– Você disse que não se lembrava do que aconteceu – ela comentou – Você mentiu pra fingir que nada tinha acontecido.

Não era uma pergunta. Erick soltou um suspiro, se apoiando na parede prateada do elevador.

– É.

– Isso explica porque ele estava tão estressado quando veio falar comigo – Marge disse pensativa. – Faz muito sentido.

– Eu não deveria ter feito aquilo.

Marge o encarou com tédio.

– Aaaah, eu desisto de vocês.

– Você não entende, Marge.

– Ah, eu entendo sim. Perfeitamente. Você já me explicou tudo. Eu sei que você tem medo, mas você não pode deixar isso atrapalhar sua vida para sempre. Eu sei que é difícil, mas você tem que superar. Eu to aqui para te ajudar, você sabe muito bem. E o Henry com certeza estaria também se ele não tivesse no escuro.

Erick ficou calado. Ele sabia. Sabia de tudo aquilo. Mas era tão difícil, como se tivesse um muro entre os dois. Um muro tão grande que era impossível para Erick escalar. Um muro tão forte que era difícil de Erick quebrar.

– Eu vou tentar – disse ele depois de um tempo.

Marge sorriu sem mostrar os dentes, afagando seu ombro com delicadeza antes de saírem do elevador.

Esperava muito conseguir ultrapassar esse muro.

[…]

Henry não sabia se ficava mais puto com Marge por não ter falado que Erick tinha voltado para BH ou com o próprio Erick por ter lhe dado um beijo e não se lembrar de que tinha feito aquilo.

Aquela cena lhe vinha a mente com tanta frequência que o deixava mal humorado. Tinha amado o beijo, não podia negar algo assim. Mas do que adiantava ele ter gostado se Erick ao menos se lembrava de ter feito tal coisa.

Não conversava com Marge fazia um mês por conta da briga. Eles quase não brigavam, mas quando o faziam, ficavam muito tempo sem se falar, o orgulho de ambos sempre falando mais alto do que a razão.

A faculdade parecia que estava sugando todas as suas forças, Bruno sempre tentando acalmá-lo quando tinham algum trabalho em grupo e o restante dos integrantes não fazia nada. Bruno havia virado aquele amigo a que Henry podia confiar a vida. Em tão pouco tempo o garoto fizera tanto por ele que nem sabia como agradecer.

Henry continuava se abstendo de comentar com Chris qualquer coisa sobre Erick, mas do modo que ele estava, o outro não o estava deixando em paz, sempre perguntando o que havia de errado, por que Henry estava tão estressado e irritado ultimamente. Ele se limitava a dizer que era por causa da faculdade e dos treinos puxados no Arsenal.

– O que houve entre você e a Marge? – perguntou Bruno de repente.

Estavam na casa de Bruno estudando para a prova de anatomia da semana seguinte. Não exatamente na casa de Bruno, pois este apenas dividia o apartamento com um cara mais velho e o sobrinho. Como Henry tinha que ficar com os gêmeos e necessitava estudar, ele os levou para lá, já que Bruno cuidava constantemente do sobrinho do dono do apartamento. Era bom, pois Jules e Rach se deram muito bem com Otávio e viviam pedindo para ir lá brincar com ele.

Bruno não precisou falar muita coisa para que Henry contasse o que tinha acontecido. Já havia explicado a situação com Erick em outra ocasião, então não precisou ficar repetindo tudo desde o início. Bruno era um excelente ouvinte, nunca falava nada até que a outra pessoa acabasse de desabafar.

– Entendi – disse ele depois que Henry terminou – Se eu fosse você, tentaria fazer as pazes logo… Ela anda bem triste por causa da briga de vocês. E você também não me parece muito bem desde que isso aconteceu.

Henry franziu o cenho, mas não precisou perguntar, pois Bruno tinha sacado o que aquela expressão significava.

– Ela e Dani andam bem próximas – continuou – E a Dani me disse que tava chateada por ela estar chateada e bem… Você também tá chateado.

Henry soltou um suspiro. Não sabia que Marge sequer ficava mal por causa das brigas deles.

– Meu orgulho não me permite.

– E é ele que pode te fazer perder alguém – Bruno deu de ombros, voltando a olhar para a folha à frente. – Será que vai cair todos esse malditos acidentes? Muita coisa pra decorar…

Outra coisa que Henry gostava de Bruno era que ele percebia quando o assunto não estava sendo agradável para a outra pessoa, mudando-o rapidamente e de forma tão natural que era quase imperceptível.

Depois daquilo, ele ficou pensativo a respeito. De todas as duas brigas que tiveram, cada um assumiu que estava errado e pediu desculpas para o outro. E levando em consideração que Marge estava apenas cumprindo a promessa que fizera a Erick, Henry estava errado. Soltou um suspiro com o pensamento. Falaria com Marge, mas só o faria quando tivesse vontade, o que não estava nem um pouco naquele momento.

Depois da conversa com Bruno, uma semana se passou. Henry estava saindo do treino no Arsenal quando Marge apareceu do lado de fora do ginásio. Eles não falaram nada a princípio, apenas se encararam por alguns segundos.

– Eu sei que estamos brigados – ela começou – E eu não vou pedir desculpas porque acho que você está errado.

Henry apenas ficou encarando-a. Seu orgulho ainda o mataria.

– Mas como meu aniversário é daqui a dois dias e vai cair no meio da semana, eu vou fazer uma festa dia 16 às 19h lá em casa e quero que você vá – ela disse solene. – Só saiba que convidei o Erick também, antes que dê outro piti desnecessário.

Quando ela terminou, eles ficaram se olhando por alguns segundos. Percebendo que Henry não falaria nada, Marge apenas comprimiu os lábios e virou-se, andando em direção à saída.

– Desculpa – disse Henry alto antes que ela pudesse se afastar mais. Marge apenas parou no lugar.

Henry foi até ela, ficando a sua frente e captando os olhos verdes escuros.

– Eu exagerei. Você só tava cumprindo uma promessa. Blá blá blá... – ele disse. Nunca sabia muito bem como pedir desculpas para as pessoas. – Desculpa mesmo.

Ele viu um sorrisinho se formando nos lábios de Marge e depois recebeu um abraço apertado da amiga. Ela lhe deu um beijo na bochecha e virou-se para a saída novamente, mas sem antes complementar:

– Se você não for à festa, eu vou te matar. E nada de levar o embuste.

Ele soltou um suspiro.

É, não teria como escapar daquilo mesmo.

[…]

Quando o relógio virou meia noite do dia 14 de junho, Henry já estava escrevendo textão para Marge pelo Whatsapp. Ela estava fazendo 21 anos e simplesmente estava surtando por estar ficando velha.

Como seu aniversário tinha caído numa quarta, eles almoçaram juntos na faculdade para comemorar rapidamente. Henry deu a ela um caderno estilizado para desenhos que ela simplesmente amou. Mas ela tinha ficado mais feliz ainda quando recebeu um par de baquetas novas de Dani.

O dia da festa chegou rapidamente, Henry sendo responsável por ajudá-la a arrumar a casa para receber os convidados. Seu pai tinha viajado a trabalho no dia anterior, dando brecha para que ela fizesse a festa. A principio não faria nada, mas, quando soube que estaria sozinha, não podia desperdiçar a oportunidade.

Henry tinha passado o dia lá, depois que chegaram da faculdade. Almoçaram e foram para a casa dela. Fizeram uma faxina rápida e colocaram a decoração preta e branca que ela tinha comprado. Tinha inventado de fazer uma festa temática e, depois de muito insistir, Henry conseguiu convencê-la a desistir do tema de unicórnio.

Tinham terminado tudo às 19 horas exatamente, Marge indo tomar banho para se aprontar. Henry ficou na sala, sem camisa por conta do calor, esperando que ela terminasse o banho para poder se arrumar também. Estava distraído no celular quando a campainha tocou. Ele franziu o cenho. Tinham combinado às 19h, mas, sempre que marcavam um horário, os convidados chegavam uma hora depois. Usavam a estratégia de marcar uma hora antes para que todos chegassem no horário que eles queriam.

Achando que podia ser apenas um vizinho ou o porteiro, Henry foi até a porta, abrindo-a rapidamente e estagnando no lugar.

Erick estava lindo, como sempre. Usava uma blusa preta de gola V com uma calça branca dando um contraste legal e tênis All Star pretos também. Seus cachos loiros estavam bagunçados em sua cabeça, dando um charme a mais.

Sua vontade era socá-lo.

Porém, não ficaram muito tempo se encarando, pois logo Henry foi esmagado com um abraço.

– Eu estava com tanta saudades de você, Chuchu! – exclamou Nathália, lhe apertando no pescoço.

Ela era alta sem saltos altos, então, quando os calçava, ficava ainda mais. Henry já não se importava mais muito com sua altura. Já tinha aceitado que era o pigmeu no meio dos gigantes.

Ele abraçou Nathy pela cintura, ignorando Erick para focar na irmã do outro.

– Eu também estava com saudades, Nathy – ele disse sorrindo para ela. – Você não disse que tinha se mudado.

No fundo, estava sentindo-se aliviado por Nathy ter vindo junto. Henry com certeza morreria se tivesse que ficar quase uma hora sozinho com Erick naquela sala.

– Ah, andei muito ocupada desde que voltei – ela disse abanando a mão – Desculpe por isso.

– O que importa é que voltou – ele sorriu e deu passagem para eles.

– Fomos os primeiros a chegar? – Erick perguntou, analisando o apartamento vazio.

– É… – Henry respondeu dando de ombros – Marge gosta de marcar uma hora antes pros convidados chegarem na hora que ela quer. Sabe, a galera sempre se atrasa.

– Ah… Entendi…

Henry percebeu que Erick estava evitando olhá-lo. Desde o beijo que tiveram, não se falaram e não se viram mais. Henry ficou levemente aliviado com aquilo, mas sabia que não estava isento de encontrar com o outro, mesmo que tivessem ficado mais de um mês sem se ver.

– A Marge tá se arrumando – Henry disse sentando-se no sofá, dando espaço para os dois sentarem. – Daqui a pouco ela tá saindo.

Eles se sentaram, Nathy do seu lado e Erick do lado dela. Então ela começou a conversar com Henry, botando as novidades em dia. Mas, mesmo assim, ele não conseguia ignorar a presença daquele garoto que tanto lhe tirava do sério, que, naquela situação, apenas escutava a conversa dos dois. Se Nathy percebeu que eles estavam estranhos um com o outro, não disse nada. Henry sentiu que Erick o observava, mas, nas vezes em que tentou encará-lo de volta, ele desviou o olhar.

– Henry, tem cerveja? – perguntou de repente, interrompendo a conversa dos dois.

– No freezer na área. Pode pegar – respondeu, encarando-o.

Erick apenas assentiu e se retirou da sala. Henry conteve o suspiro.

– Tenha paciência com ele, Chu – Nathy disse após o irmão sair – As coisas em casa não estavam muito boas e…

– E… – Henry incentivou, querendo saber mais a respeito.

Ela o encarou com os olhos esverdeados, cheios de pesar e tristeza.

– Nossos pais estão se separando – ela comentou baixinho – Nosso pai ficou um pouco agressivo demais e bem… Eu fugi pra cá, mas Erick ficou com a nossa mãe e…

Henry viu que aquilo era um assunto difícil de ser tratado para Nathy. Ele se surpreendeu por ela ter começado a contar sem que ele ao menos tivesse perguntado. Suas suspeitas de que Erick havia apanhado do pai ficaram ainda mais confirmadas com a declaração dela.

– Só tenha paciência com ele. – ela finalizou, não comentando mais nada a respeito. – Ele precisa de alguém e, mesmo que pareça que não, você é a melhor pessoa pra ajudá-lo a se reerguer.

Naquele momento, Erick tinha voltado com uma lata de cerveja na mão e Marge tinha aparecido já arrumada. Nathy rapidamente colocou um sorriso no rosto, levantando-se para cumprimentar a amiga. Henry olhou para o melhor amigo rapidamente enquanto passava para ir tomar banho, vendo que o outro estava concentrado demais na cerveja para olhá-lo de volta.

– Vou me arrumar – ele disse enquanto passava por Marge e Nathy.

Pegou suas coisas no quarto da amiga e foi para o banheiro, pensando a respeito do que Nathy tinha acabado de lhe dizer. Henry não sabia que os pais deles estavam se separando. Por causa das fotos, achou que Anderson havia batido apenas em Erick, mas pelo o que ela declarara, a coisa era mais complicada do que ele imaginava.

Henry estava entre querer abraçá-lo e consolá-lo ou enchê-lo de tapas e xingamentos.

Porém, ele não tinha como arrumar a situação, não sozinho. Precisava que Erick falasse, que conversasse com ele, que se abrisse. Se ele não queria fazer isso, Henry não ia conseguir ajudá-lo. Tudo dependia do outro chegar e conversar, já que Henry havia tentado várias e várias vezes. Estava cansado disso, de correr atrás sempre. Mas no fundo ele sabia que não iria desistir do melhor amigo.

Tomou seu banho rapidamente, ouvindo a campainha tocar duas vezes enquanto fazia isso. Ficou pensando sobre o que poderia fazer por Erick. Queria fingir que nada tinha acontecido, mas não conseguia mentir de tal forma.

Depois de alguns minutos, ele saiu, se enxugando e vestindo uma blusa branca com um desenho de raposa na frente, os shorts jeans escuros e os tênis da Adidas pretos. Amarrou a blusa xadrez preta e branca na cintura e colocou uma touca também preta sobre os cabelos úmidos. Pôs os óculos no rosto e saiu do banheiro, deixando sua mochila no quarto de Marge e indo para a sala novamente.

– Cap! – exclamou Leo animadamente com um copo na mão, indo lhe abraçar.

– Hey, Leo – Henry abriu um sorriu, retribuindo o abraço. – Achei que você fizesse a linha o atrasado pro rolê sempre.

– Você me respeita que eu sou muito pontual – ele riu balançando o dedo no rosto de Henry. – Bora que hoje meu objetivo de vida é te ver bêbado.

Henry soltou uma risada, concordando com a cabeça. Com medo de dar algum problema, Henry achou melhor não tomar seus remédios para a ansiedade naquele dia. Marge tinha brigado com ele por causa disso, mas não se importou muito. Talvez fosse imprudência sua, mas precisava daquele momento de folga.

– Deixa eu cumprimentar o resto do povo, ai a gente bebe – Henry respondeu. Leo assentiu com a cabeça.

Cumprimentou rapidamente as duas meninas do Arsenal que tinham chegado e voltou para onde seu ponteiro estava, passando por Erick no sofá. Ele estava sozinho, bebendo o que Henry julgou ser a segunda lata de cerveja e mexendo no celular. Ele conteve a vontade de ir lá e chamá-lo para beber com eles também.

Junto com Leo, Henry foi para a cozinha ver o que podiam beber. Ele pegou algumas coisas com as quais podiam fazer batidas e o liquidificador, dando tudo para o outro, que disse que faria a bebida mais gostosa que já provara. Ele fez uma mistura louca de nesquik com vodka, morango e leite condensado, dando um copo para Henry e lhe encarando com expectativa.

– Caralho, é muito bom – disse realmente gostando da mistura. Leo deu um sorriso satisfatório.

– Eu sei que sou o melhor – ele disse convencido – Cola comigo que vou te fazer ir nas alturas.

Henry riu com a declaração, ainda mais pelo duplo sentido que ela tinha. Ele sabia que Leo era tão rodado quanto ele, mas o outro era do tipo que flertava sem ao menos perceber que o estava fazendo. Ficaram bebendo e conversando, alheios ao que estava acontecendo na festa do lado de fora da cozinha, com algumas pessoas indo lá para pegar mais bebida, principalmente Erick. Vez ou outra, Henry escutava a campainha tocando, mas só teve uma vez que Marge pediu para que ele abrisse.

Deixou o copo no balcão e foi até a porta, abrindo-a rapidamente e estampando um sorriso para as pessoas do outro lado da porta.

– Henry! – exclamou Bruno animado, sorrindo para o outro. – Por um momento achei que você não viria.

– Me desculpei com ela – Henry deu de ombros – Você tinha razão, afinal. – ele olhou para além de Bruno – Dani, Luiz.

Os dois o cumprimentaram com um abraço.

– Fico feliz em saber disso – ele disse sincero.

– Alex não vem não? – perguntou Henry franzindo o cenho.

– Cuidando de Otávio, é uma pena que ele não pode vir.

Henry assentiu e deu passagem para Bruno, Dani e Luiz Fernando passarem, o último sendo melhor amigo dos dois primeiros. Quando Henry ia fechar a porta, ele viu Rayssa, Cass e Pam, a tatuadora deles dois, saindo do elevador.

– Oi, gente! – ele exclamou animado acenando para eles.

Cumprimentou os recém-chegados, dando passagem para eles e finalmente podendo fechar a porta. O apartamento de Marge era grande, abrigando perfeitamente os quase 30 convidados. O time masculino e feminino do Arsenal estava quase todo lá, algumas pessoas da faculdade, tanto do curso de Marge quanto do time de vôlei. Todos estavam bebendo, comendo e se divertindo, menos Erick.

Henry passou uma parte da festa de olho no garoto, vendo que o outro parecia meio deslocado.

Henry estava conversando com Dani, Bruno, Luiz e Leo quando um impulso lhe tomou conta e ele foi até Erick. Talvez tenha sido a bebida, que já estava tomando conta das suas faculdades. Talvez tenha sido apenas a vontade mesmo. Mas, mesmo assim, ele caminhou até Erick.

– Ei, vai ficar ai sozinho mesmo? – perguntou, o álcool definitivamente lhe dando coragem para falar com o outro.

– Eu to bem aqui – respondeu Erick, a voz já lenta. – Bebida me ajuda.

– Não é legal ficar sozinho, vem comigo – Henry rebateu, pegando a mão de Erick e tirando-o do sofá. Chegaram perto do grupinho. – Pessoal, esse é o Erick. Erick, pessoal.

Os outros o cumprimentaram, todos já estando um pouquinho alterados. Começaram a conversar novamente, Henry sempre mantendo o copo de todos bem cheios. Ele lançava olhares para Erick, que tinha ficado calado apenas observando todos conversarem. Ele nunca imaginou que os papéis seriam invertidos algum dia. Ele que era o tímido antissocial que não falava com ninguém, não Erick.

Alguma coisa havia mesmo mudado.

Com o tempo, e talvez por causa do álcool, Erick foi ficando mais solto, engatando numa conversa sobre vôlei com Leo. Henry percebeu que, de início, ele parecia não ter gostado muito do ponteiro, mas era quase impossível não gostar do outro. Então ficou feliz que Erick estivesse conversando e rindo.

Em algum momento da festa, Marge se aproximou deles, entrando na conversa completamente bêbada e agarrando Danielle pela cintura.

– Vão para um quarto – riu Bruno, que já estava mais pra lá do que pra cá.

– Não é que ele deu uma boa ideia? – Marge disse sugestiva, olhando para Dani.

Danielle a olhou provocativa, fazendo Marge dar um sorrisinho de lado.

– Seu segundo presente de aniversário. – disse Dani e puxou Marge para fora da rodinha, fazendo com que todos gritassem um “aeeeeee”.

Henry riu quando Marge socou o ar com um sorriso de vitória e sumiu no corredor com Dani. Logo voltaram a conversar e Felipe, um dos caras do seu time, os chamou para jogar “Eu nunca”. Algumas pessoas não se animaram, mas outras ficaram agitadas quando falaram que teria bebida. Pediram para Henry trazer uma vodka e refrigerante, para poderem tomar as doses.

– Vocês querem brincar? – perguntou pra Erick, Luiz, Bruno e Leo, os três últimos animaram rapidamente. Viu Erick ficando meio receoso, então o encarou – Vamos, você não vai morrer.

Henry viu nos olhos dele que ele queria, mas alguma coisa o impedia de aceitar. Porém, ele assentiu com a cabeça depois de alguns segundos, seguindo Henry para a rodinha que se formou na sala.

– Muito bem – disse Felipe com um sorriso malicioso no rosto – Vamos fazer assim, a cada 5 “eu já”, toma uma dose. Então contem nos dedos para não se perderem. Eu começo: “eu nunca beijei mais de três pessoas numa noite.”

Henry viu várias pessoas levantando um dedo, inclusive Leo e Luiz. Olhou para Erick rapidamente, vendo que ele e Bruno não tinha levantado o dedo. A próxima pergunta foi de uma das meninas do time de Marge.

– Eu nunca fiquei com alguém do mesmo sexo.

Dessa vez, poucas pessoas levantaram o dedo, Henry não se surpreendendo quando Erick levantou o dedo sem nem pensar muito.

– Eu nunca fiz um lap dance em alguém – disse outra menina.

Henry foi um dos poucos que levantou outro dedo, recebendo olhares maliciosos de brincadeira de algumas pessoas. Ele revirou os olhos.

– Eu nunca mandei mensagem para ex e me arrependi.

– Ex-namorado ou ex-ficante? – perguntou Henry sorrindo amarelo.

– Os dois – respondeu a menina.

Henry levantou seu quarto dedo, a contra gosto. Ele era o único que tinha quatro dedos levantados.

– Eu nunca transei com alguém que acabei de conhecer – disse Luiz.

– Vocês querem me foder né? Puta que pariu – resmungou Henry levantando seu quinto dedo. Todos riram e Felipe entregou uma dose pra ele.

As perguntas continuaram, a maioria Henry tendo que levantar um dedo. Finalmente chegou nele e ele não sabia muito bem o que perguntar. Até que veio uma afirmação em mente.

– Eu nunca namorei – ele disse, vendo a maioria levantando o dedo.

Leo, Bruno e Erick também ficaram com os dedos abaixados. Logo foi a vez de Bruno, que estava do seu lado.

– Eu nunca beijei de língua. – ele disse dando de ombros e Henry o encarou surpreso.

– Isso é sério? – ele perguntou, totalmente desacreditado. Um homão da porra igual a ele nunca tinha beijado de língua? Henry teve uma súbita vontade de mudar aquilo.

– Sim.

Todos também o encararam surpresos, mas logo seguiram a brincadeira, passando para Erick.

– Eu nunca fiquei com um bom amigo ou amiga – ele disse.

Henry segurou para não gritar aos sete ventos que ele já tinha sim beijado “um bom amigo”. Relutante, ele levantou um dedo, como várias outras pessoas.

– O jogo tá parado – disse Felipe quando foi a vez de Leo. – Vamos mudar isso. Agora, se você já fez, vai beber.

– Eita porra – disse uma das meninas, rindo – Agora vai ficar legal.

Então o jogo foi prosseguindo, Henry tomando mais doses do que poderia contar.

– Caralho, vocês querem me foder mesmo – ele resmungou de novo quando teve que beber uma dose por já ter transado com alguém da faculdade.

Ele já sentia os efeitos do álcool em seu organismo. Seu nariz começou a pinicar, ficar gelado e, possivelmente, vermelho. Sua visão estava levemente turva e ele já ria com mais facilidade e exagero.

Em algum momento que Henry não percebeu, eles tinham mudado de jogo, fazendo uma rodinha novamente, mas com caras novas. Ele arrumou um papel e uma caneta para Felipe, que começou a explicar o jogo.

– Cada um vai escrever uma ação num pedaço de papel e vamos colocar… – ele olhou em volta, pegando a touca da cabeça de Henry, que exclamou um “ei!” indignado, mas não fez nada. – Vamos colocar na touca do Henry e cada um vai tirar um papelzinho pra fazer o que tá pedindo. As ações podem ser individuais ou com outras pessoas. Quem não quiser fazer, toma dois shots. Quem fizer, toma um. Vamos lá.

De maneira impressionante, Felipe cortou o papel em dez pedacinhos, dando um para cada pessoa da roda e escreveu e seu papel, dobrando-o quando terminou e jogando dentro da touca. A caneta foi passando por todos e depois que todos escreveram e colocaram os papeizinhos dentro da touca, o jogo começou. Felipe balançou o tecido e parou na frente de Bruno, falando para o outro sortear uma ação.

Sem hesitar muito, Bruno enfiou a mão na touca, tirando um papelzinho, abrindo-o e tentando ler. Aparentemente a bebida já tinha afetado sua capacidade de ler claramente.

– Lam… – ele estreitou os olhos – Lamber vodka? É, lamber vodka na barriga de alguém.

Uma das meninas soltou uma risada, falando logo em seguida:

– Sinta-se a vontade para escolher a pessoa.

Bruno não hesitou também em falar logo de cara.

– Henry.

Todos olharam para Henry, que não pensou duas vezes antes de confirmar que iria. Os dois tomaram a dose e mandaram Henry sentar inclinado numa cadeira. Ele tirou a blusa como haviam mandado e encarou Bruno a sua frente, que tinha um olhar divertido e sexy no semblante.

“Como ele consegue ser sexy sem nem querer? Meu Deus”, pensou Henry olhando para os olhos castanhos do outro.

Bruno ajoelhou entre as pernas de Henry e uma das meninas derramou o líquido alcóolico sobre a barriga de Henry, que sentiu uma pressão nas partes baixas quando Bruno se inclinou sobre si, lambendo a vodka lentamente. Sem tirar os olhos dos de Henry, Bruno foi subindo com a língua, fazendo o outro se contorcer pelas cócegas e pela área sensível que Bruno estava tocando.

Quando terminou, Henry teve um pouco de dificuldade de tirar os olhos de Bruno. Queria muito atacá-lo e despi-lo ali mesmo. Mas se controlou, a pouca consciência que ainda lhe restava o controlando para o seu bem.

O jogo prosseguiu. Eles riam de alguns micos que as pessoas estavam pagando, como simular um boquete em um dos garotos, ou ir no quarto da Marge e atrapalhar o coito dela com a Dani (vale lembrar que Leo quase saiu com um olho roxo de lá). Então foi a vez de Henry, que tirou um papelzinho da touca e leu de forma lenta.

– Fazer um lap dance em alguém que você queira muito.

Com sua cabeça tomada pelos efeitos do álcool, não pensou duas vezes antes de puxar Erick pela mão e fazê-lo sentar na cadeira. As pessoas que estavam jogando, e algumas que estavam apenas observando, fizeram um coro de incentivo, que Henry ignorou rapidamente. Ele foi até o notebook que estava conectado na caixa de som e escolheu a música perfeita para aquele momento, pedindo para uma garota que estava lá perto dar play quando ele pedisse.

Henry posicionou-se de frente para Erick a uma distância. Ele assentiu com a cabeça, fazendo a menina soltar a música. Um ritmo lento e levemente sexy começou a tocar, Henry caminhando em direção do outro sem desviar o olhar. Quando ele chegou mais próximo, a voz de Rihanna cantando “Skin” começou e ele iniciou seu show.

Sem tirar os olhos de Erick, que mantinha uma expressão ligeiramente surpresa, Henry começou a rebolar lentamente no ritmo da música, aproximando o corpo do outro hora ou outra. Ele passava a mão pelo próprio corpo de maneira sensual e provocante. Quando o ritmo ficou um pouco mais intenso, ele sentou no colo de Erick, rebolando e puxando os cabelos loiros do outro com uma das mãos.

Sua expressão se mantinha provocante, abrindo sorrisos quando a expressão de sua “presa” se tornava completamente impressionada. De vez em quando, Erick tentava desviar o olhar, mas Henry não deixava, puxando seus cabelos para que sua atenção se voltasse para si novamente.

Não teve como Henry não ficar duro com aquilo, mas o que lhe deixou mais surpreso foi quando percebeu que o outro estava igualmente duro com aquela situação toda. A música chegou no refrão, fazendo com que ele intensificasse os movimentos de seus quadris. Não conseguia tirar os olhos de Erick, ao passo que o outro desistira de desviar o olhar. Henry sentiu como se borboletas estivessem dentro de seu estômago, era uma sensação estranha e boa ao mesmo tempo, porém ele atribuiu aquele sentimento por estar bêbado.

Todas aquelas sensações, os olhares de Erick direcionados somente para ele, a música, a embriaguez… Tudo fez com que Henry simplesmente saísse do colo de Erick e puxá-lo pela mão para o corredor da casa. Se as pessoas insinuaram alguma coisa como fizeram com Marge e Dani, ele simplesmente não ouviu. Precisava ter seus lábios, seu corpo, sua alma tomada por Erick naquele momento.

– Onde estamos indo? – perguntou Erick depois de alguns segundos, mas Henry simplesmente não respondeu.

Conhecia a casa de Marge com a palma da sua mão, então sabia exatamente onde era o quarto de hóspedes. Arrasou Erick para aquele cômodo, expulsando o casal que estava se pegando ali rapidamente. Eles não demoraram muito para sair, fazendo com que Henry entrasse com Erick e trancasse a porta para não ser incomodado por ninguém.

– O que você tá fazendo? – indagou o outro com um tom de voz meio lerdo.

– Cala a boca e me beija – respondeu, não permitindo que Erick falasse mais nada.

Henry foi para cima de Erick, passando os braços pelos ombros do outro e puxando-o para si. A diferença de altura atrapalhou um pouco, mas ele já estava acostumado. Os lábios de ambos se encontraram, deixando uma sensação de formigamento nos lábios de Henry. Seu coração estava acelerado, sua cabeça estava latejando levemente e ao fechar os olhos sentiu uma leve tontura por conta da bebida.

Mas nada disso importava quando estava beijando Erick. Aquela sensação inexplicavelmente maravilhosa atingiu seu corpo com força. O beijo ficou mais intenso, Henry utilizando a língua para sentir a dele como sentira naquela noite. Queria muito mais de Erick. Queria senti-lo mais, pele na pele. Henry precisava de mais contado. Precisava de Erick dentro de si.

Ele tentou se segurar, mas estava tão duro, seu corpo estava implorando por mais e a embriaguez falando mais alto, como um capetinha lhe incentivando a fazer coisas erradas. Sua mente não pensava nas consequências de seus atos, apenas queria fazer aquilo e foda-se o resto do mundo.

Então desvencilhou-se rapidamente para tirar a sua própria blusa e depois a de Erick, mas quando foi tirar a do outro, este arregalou os olhos, colocando a mão grande no punho de Henry, impedindo que ele continuasse. Henry tirou os olhos de suas mãos, levantando a cabeça e olhando para os olhos de Erick, que não tinham uma expressão clara o suficiente para que ele pudesse interpretá-la.

– O que você tá fazendo? – perguntou novamente, a voz baixa e calma.

Henry abriu um sorriso pervertido.

– Eu quero transar, uai. Então nós vamos transar – ele disse simplesmente – O que mais poderia ser?

Erick pareceu horrorizado com aquilo. Tanto que rapidamente se desvencilhou de Henry e foi para o outro lado do quarto passando a mão nos cachos loiros.

– Eu não vou fazer isso com você – disse ele finalmente.

– Como assim? – perguntou Henry franzindo o cenho. – Você tá me rejeitando?

Erick puxou o ar profundamente, soltando-o logo em seguida, como se tentasse tomar coragem para dizer alguma coisa.

– Olha, Henry… – começou, coçando a nuca – É complicado, não leve isso como uma rejeição, mas eu não vou transar com você.

Aquelas palavras atingiram Henry em cheio. Se ele pensava que não tinha como ficar mais tonto do que já estava se sentindo, estava realmente enganado. As palavras de Erick eram um emaranhado em sua mente, e Henry estava tentando decodificá-las para que ficassem realmente claras. Ele ficou parado, por alguns segundos, olhando para o nada.

– Henry? – disse Erick aproximando-se de si. – Tá tudo bem?

Henry virou o rosto lentamente para ele e soltou uma gargalhada debochada.

– Se tá tudo bem? – perguntou indignado, a raiva subindo por seu ser como se não houvesse amanhã – Não está nada bem! Você é um desgraçado! Eu não sou rejeitado, entendeu bem? Eu NUNCA fui rejeitado e não vai ser por um cara enrustido que eu vou ser.

– Enrustido? – Erick parecia confuso e apreensivo, mas aquilo não importava.

Parecia que a bebida, assim como aumentava seu tesão, aumentava sua raiva em 1000%. O aperto no coração junto com as palavras que Henry queria gritar completava o sentimento de raiva e agonia. E ele sabia que, quando estava com raiva, falava as coisas para machucar.

– Sim, enrustido – debochou – Acha que eu não sei sobre o seu envolvimento com o tal de “Emerson” – Henry fez aspas com a mão. – Sei sobre as fotos que tiraram e espalharam para toda a escola. Isso é que dá não querer sair do armário. Achei foi pouco.

O rosto de Erick tinha ficado tão branco que parecia um fantasma. Seus olhos estavam arregalados e ele parecia imóvel, mas Henry não ligou para aquilo. Queria que Erick sentisse mal por tê-lo rejeitado. Queria machucá-lo.

– E também você me beijou. – continuou – Me beijou quando estava bêbado e teve a pachorra de dizer que me considerava um irmão que nunca teve. Vai pro inferno com essa história de irmão! Eu sou apaixonado por você desde aquela merda de acidente! Eu nunca deixei de te amar, ninguém foi capaz de fazer eu me sentir como você faz! Mas você tem essa mania de estragar a porra toda!

Erick ficou calado, ainda incrédulo com o que estava ouvindo. Mas Henry não conseguia decifrar a expressão de Erick. Sabia que ele estava totalmente pasmo com o que acabara de contar, mas não sabia até que ponto suas palavras e declaração tinham-no atingido.

– Como você descobriu isso? – perguntou o outro após alguns segundos calado.

– Sobre estar apaixonado por você? – indagou Henry com um pouco de esperança.

– Não, sobre Emerson… As fotos…

– É só isso que você se importa? – gritou Henry com raiva – Eu acabei de me declarar para você e você preocupado com essa merda?

Erick ficou calado, os olhos voltados para baixo como se não quisesse encarar Henry.

– É complicado, Henry… – murmurou Erick.

– Você não explica a porra que tá acontecendo com você e espera que eu entenda? – soltou Henry. – Pode ser extremamente complicado, mas se você não falar porra nenhuma eu não vou poder te ajudar.

Henry viu Erick franzir os lábios com força, parecia que estava segurando o choro. Mas ele não fez nada. Não foi até o outro, não quis saber como ele estava e se realmente estava prestes a chorar. Apenas ficou olhando Erick enquanto ele ficava calado.

– Então vai ser assim? – perguntou Henry enquanto aquele silêncio lentamente o sufocava. – Não vai falar nada sobre o beijo?

Erick ficou calado, o que fez Henry estranhar um pouco. Se ele não se lembrava de ter o beijado, então ele deveria parecer espantado, certo? Mas Erick só transparecia culpa e receio.

– Você se lembra de ter me beijado? – perguntou Henry, com um pouco de receio da resposta, que veio com apenas um balançar afirmativo de cabeça.

Aquilo fez com que uma raiva ainda maior subisse pelo ser de Henry. Primeiro ele ficou alguns segundos sem falar nada. Depois olhou fixamente para Erick e começou a gritar.

– Você me deixou mais de um mês pensando nessa merda de beijo e você se lembra de ter feito isso?! Se lembra de ter falado o que você me falou?! Não estou acreditando.

Henry parecia transtornado. Começou a andar desajeitadamente de um lado para o outro, passando a mão no cabelo e pelo rosto, a tontura não ajudando muito nessa missão.

– Você sabe o quanto eu fiquei pensando sobre isso? Quantas noites eu fiquei sem dormir? Quantas crises eu poderia ter, mas não tive porque estava sobre efeito de calmantes e remédios?! Você tem noção disso? Você não vai explicar nada? Porque mentiu? Porque não conversa comigo? Porque me evita?

Ele esperava que Erick falasse alguma coisa. Que explicasse as coisas. Mas pelo visto não teria respostas naquele momento. Esperou alguns segundos e, quando percebeu que ele não falaria nada, Henry puxou o ar pros pulmões e exalou com raiva, olhando para Erick com um olhar perfurante.

– Então tá bom. – disse finalmente.

Pegou sua blusa, vestindo-a rapidamente, fazendo com que se embolasse um pouco, já que seu cérebro não estava em total poder sobre seus movimentos. Foi para a porta cambaleante na intenção de sair, mas esperou alguns segundos, com a esperança de Erick falar alguma coisa. Mas este não falou nada.

Então Henry saiu do quarto com lágrimas nos olhos, deixando Erick sozinho.

Mal ele sabia que Erick também tinha lágrimas escorrendo pelo rosto.


Notas Finais


É isso, minha gente. Mandem comentários sobre o que estão achando da história pra eu ter um feedback e tal.
Não tenho data de previsão para o próximo capítulo, mas já comecei a escrevê-lo e vou tentar postá-lo em breve.
Quem quiser entrar no grupo de whatsapp de AdQ, pode me passa o número com DDD por mensagem privada.
Obrigada a todos que leram e que tiveram paciência comigo. Isso significa muito para mim.
Até a próxima
Ghost Kisses
~Marceline


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