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História Além do Desconhecido - BakuDeku (ABO) - Fraquezas


Escrita por: GowtherLust

Capítulo 8 - Fraquezas


Fanfic / Fanfiction Além do Desconhecido - BakuDeku (ABO) - Fraquezas

Jiro sempre teve medo das pessoas a enganarem e a usarem como brinquedo. Não se achava bonita ao ponto de conquistar alguém e nem interessante para se manter algo além de uma amizade. Por mais que entenda o que as pessoas falam, não é a mesma coisa de ouvir a voz delas. Nunca escutaria um verdadeiro "Eu te amo". Estava presa em um mundo silencioso, melhorando ao máximo seus outros sentidos para não ser um incômodo para ninguém. Não entendia também o motivo de Denki gostar de si, mesmo sabendo que tudo o que ele falava para si era verdadeiro. Tinha lembrado recentemente que desde a investigação da história de Todoroki que não viu mais Asui, caminhando em direção a tenda dela.

- Asui? – Chamou por ela do lado de fora, não vendo nenhum sinal de movimentação. – Asui está em casa? – Olhava ao redor, vendo cinzas já antigas de uma fogueira perto da tenda dela. – Será que ela saiu para algum canto?! – Sentiu alguém tocando no seu ombro.

- Posso ajudá-la? – Perguntou a mãe de Asui.

- A senhora sabe onde a Asui foi? Já faz um tempo que não nos vemos. – Observava as expressões da mãe dela muito triste e não entendia o que aquilo significava.

- A quanto… tempo?

- Bem… vejamos… acho que já faz quase duas semanas que não nos vemos. 

- Isso explica você não saber. - Suspirou cansada, procurando as palavras certas. - Jiro... minha filha não se encontra aí e nem em lugar nenhum da tribo… ela… ela… ela está desaparecida a quase duas semanas. - Terminou de falar segurando o bolo na garganta.

- O-o qu-que? – Sentia um medo preenchendo seu corpo. – Poderia me dar mais detalhes?

- Não tenho muito o que falar... minha filha sempre que saía para suas funções me avisava e quando retornava para casa também. Mas uma certa noite... ela apenas não retornou e vim aqui vê-la, mas ela não estava. Pensei que ela poderia ter dormido na casa de alguém, mas no dia seguinte ela não retornou, quando decidi ir procurar por ajuda.

- Eu não tinha noção dessa situação... – Apertou os punhos, aflita. – Senhora, farei o possível para encontrá-la! 

- Agradeço Jiro! – Sorriu levemente, indo embora.

    Caminhava apressadamente pela tribo, coletando informações com as pessoas que achava no percurso. Horas já tinham se passado até que chegou no riacho, onde uma das pessoas que perguntou disse ter visto Asui pela última vez. Não encontrou nada ali que pudesse ser uma pista do paradeiro dela. Decidiu ir até a tenda do beta que ela se relacionava, já que sabia o local onde ele morava.

– Olá, alguém em casa? – Chamou sem sucesso. – Alguém em casa? – Gritou mais alto, notando um senhor que passava por ali.

- Moça ele não se encontra no momento!

- Poxa... sabe quando ele volta ou aonde foi?

- Não sei, mas o Riam não costuma passar tanto tempo fora assim.

- A quanto tempo ele não retorna?

- Se não me falha a memória já fazem uns três dias, porém esses jovens de hoje em dia não param em casa! – Gargalhou um pouco.

- Três dias... – Sussurrou baixinho para si.

- Se me der licença tenho assuntos a resolver. - Deu um breve aceno indo embora.

    Jiro sentia que tinha algo grande acontecendo porque não parava de coçar sua nuca em sinal de ansiedade. Andava em círculos pensando no que faria agora e uma luz se acendeu na sua cabeça. Uraraka tinha se tornado ômega recentemente, então tinha chances de ela ter visto Asui em algum momento nas funções que faziam. Mais uma vez caminhava apressadamente em direção a tenda dela.

- Uraraka? – Chamou por ela, ofegante por ter caminhado bastante.

- Oi Jiro, que surpresa você aqui! 

- Podemos conversar?

- Claro, entra! – Abriu caminho a vendo bem cansada. – Está tudo bem? Você parece exausta!

- Caminhei bastante... bom... o assunto que quero tratar é sobre o sumiço de Asui! – Foi direto ao ponto, vendo a expressão dela mudar rapidamente. – Já fazem duas semanas mais ou menos que não a vejo. A mãe dela disse que ela está sumida durante esse mesmo tempo. Já procurei por toda a tribo e perguntei para muitas pessoas, mas nenhuma a viu. Fui na tenda do beta que ela estava desenvolvendo algo, mas ele também não estava em casa e de acordo com o que me falaram também está sumido. Você por acaso a viu nesse tempo?

- Minha nossa, não acredito que esquecemos a Asui dessa maneira. – Sentou-se na cama com as mãos no cabelo. – Desde que me tornei ômega eu não a vi em momento algum. Mas o tempo que me tornei ômega e comecei as minhas funções também é de quase duas semanas. O único que deve ter visto ela foi o Midoriya, já que quando eu fui visitar ele, havia uma peça feita pela Asui.

- Acha que devemos perguntar a ele sobre ela?

- Hoje não dá, já que ele a essa hora deve estar no jantar com a família do Katsuki... 

- Vamos na área onde ela desapareceu, quero dar uma olhada eu mesma. Não acredito que nenhum alfa que patrulhava por ali viu ela.

- Espera só eu me molhar, serei breve. 

Enquanto Uraraka tomava banho, a cabeça de Jiro latejava de tanta dor devido a forma como ela pensava em mil lugares que Asui poderia ter ido. Quando Uraraka terminou seu banho, as duas saíram em direção a área onde, de acordo com alguns guardas, Asui tinha sido vista pela última vez. O lugar se tratava de um pequeno canto onde nasciam flores vermelhas. Não se tratava de um campo como os outros, mas ainda assim tinha muitas delas por ali. Olhavam ao redor atrás de alguma coisa que indicasse para onde ela foi e se esteve ali mesmo, chegando a ir mais longe do local onde nasciam as flores vermelhas.

- Uma das presilhas de cabelo da Asui! – Disse Jiro pegando o objeto em mãos. – Então ela esteve por aqui!

- Sim, mas... olhe mais adiante. O que você acha que pode ter feito isso? – Uraraka apontou para o local onde tinha achado o objeto. No lugar mais a frente tinha duas pegadas gigantes que não eram de uma pessoa. Os galhos das árvores a diante estavam retorcidos, como se alguma coisa bem grande tivesse passado por aquele caminho.

- Não sei o que pode ter feito isso Uraraka, mas com certeza não foi obra de uma pessoa! – Analisava o percurso que estava bem destruído. – Não dá para seguir essas pegadas, elas somem mais adiante. Sem contar que tem algumas plantas nascendo entre elas, o que indica que devem ser de mais ou menos duas semanas atrás...

- O mesmo tempo que Asui sumiu... – Uraraka já sentia um bolo se formando em sua garganta. - E agora Jiro? O que fazemos? - Perguntou nervosa.

- Por hora devemos voltar, já estamos bem à frente da área das flores e se continuarmos vamos entrar na floresta densa. Mesmo que consigamos enxergar a noite não é a mesma coisa que de dia. Amanhã bem cedo voltamos para cá e chamamos algum alfa para nos ajudar a farejar a Asui. Infelizmente por hoje isso é tudo o que podemos fazer... - Suspirou derrotada.

- Tem razão! - Concordou cabisbaixa.

Jiro olhou de relance para a área que estava atrás de si para ter certeza de que nada passou despercebido enquanto Uraraka ia um pouco mais a frente. Uma forte brisa noturna soprou, espalhando várias pétalas e folhas ao redor de Jiro. De repente foi como se ela tivesse sido congelada, porque não conseguia mais andar e respirar estava sendo difícil. Suas pernas pareciam que pisavam em agulhas a cada mínimo movimento que fazia. Graças a sua grande percepção, notou que tinha algo a observando pelas costas, mas não sabia dizer de onde exatamente. Era preenchida por um sofrimento que estava a sufocando, quase como se fortes mãos apertassem seu pescoço. Não conseguia se mexer e nem gritar, não tendo coragem para olhar para trás. Pela primeira vez em toda sua vida, Jiro parecia escutar um sussurro em seu ouvido de frases desconexas na qual ela não entendia uma única palavra.

- JIROOO!!! - Gritou de frente para a amiga vendo a estática.

- Ura-Uraraka? - Tremia bastante.

- O que houve? Por que está chorando? 

- Na-não sei ao ce-certo! – Uma de suas mãos tocou em seus olhos, percebendo agora que chorava. - Va-vamos embora logo de-desse lugar. 

- Vamos voltar e comer algo, eu preparo! - Segurou em seu braço a guiando. - Você deve estar cansada dessa situação toda! 

- N-não sentiu n-nada?

- Hum? Do que está falando?

- N-nada! – Tentava controlar suas mãos que ainda tremiam.

 

///// Dia seguinte – Local dos visitantes ///// 

 

- Você pensando me assusta! – Disse Tamaki ao entrar na tenda.

- Nossa amor, assim você me ofende. - Fez uma carinha triste.

- Desculpe! - Selou levemente seus lábios com os dele.

- Desculpado meu lindinho.

- Bem amor, o líder daqui veio falar comigo sobre alguns fatos estranhos que vem acontecendo. - Assumiu uma postura mais rígida.

- Fatos estranhos?! 

- Foram encontrados três corpos ontem no local que chamam de floresta densa. Um beta e um alfa tiveram a cabeça arrancada e o outro estava com o pescoço quebrado a poucos metros dos outros dois. Pelo que soube, eles não relataram ao senhor Nighteye sobre as vistorias a dias e ele foi na procura dessa equipe, não os encontrando em lugar nenhum na tribo. Ontem uma equipe de busca os encontrou.

- Que coisa terrível! - Passou as mãos no cabelo, nervoso.

- Um beta chamado Aizawa examinou o corpo deles e de acordo com o que obteve, chegou à conclusão de que os três foram mortos somente com força bruta, com exceção de um dos alfas que tinha uma perfuração no peito, mesmo essa não sendo a causa da sua morte. O que os matou possivelmente seria um alfa ou vários, não se sabe ainda... - Parou de falar respirando fundo.

- Tudo bem Tamaki? - Estranhou o comportamento dele. – O que lhe abala meu amor?

- O líder daqui me disse que um dos campos de flores que cercam essa tribo todas elas morreram da noite pro dia, apodreceram para ser mais exato. Foi no mesmo lugar onde conhecemos a ômega chamada Asui… que aliás… soube estar desaparecida a quase duas semanas. – Sentiu Mirio o abraçando suavemente, o confortando. - Você acha que pode ser o… predador?

- Não sei dizer, ele não foi tão sorrateiro quando apareceu na nossa tribo. A criatura é forte, poderia muito bem aparecer e destruir tudo, já que é isso que os predadores fazem, mas sequestrar uma garota e matar três lobos?! Isso parece obra de uma pessoa para falar a verdade. Se tivesse sido o predador eles teriam sido devorados ou estariam em fatias. - Dispensou aquela suspeita.

- Acha que devemos nos meter?

- Sendo bem sincero, não! Viemos aqui para alertá-los sobre a criatura e esperar para ela aparecer, mas ela não deu nem as caras.

- Não sente medo da criatura ter voltado para nossa tribo? Já que foi você quem lutou boa parte do tempo com ela.

- Acho que não, ela não voltaria para um lugar sabendo que quase morreu ali.

- Sabe Mirio… vez ou outra ainda tenho pesadelos com ela e saber que uma coisa daquelas está à espreita por aí me assusta. – Suas mãos tremiam levemente, sendo segurado pelas mãos de Mirio.

- Eu também amor... eu também...

- O sofrimento que aquela coisa emanava era algo surreal, como nunca vi na minha vida. Era como se ela trouxesse a morte, medo e tristeza consigo. – Refletia Tamaki, sendo levado novamente pelas lembranças até a noite que lutou com aquela criatura. - Como reagiu e se livrou do controle dela?

- Eu foquei todos os meus pensamentos em proteger minha casa! Minha família! Meu amor! - Sorriu terno para ele.

- Você é mesmo incrível! Eu só fiquei me tremendo diante da presença daquela coisa e preso em suas ilusões. - Sorriu tímido para ele.

- Que tal mudarmos de assunto? - Beijou a bochecha dele, o ouvindo rindo.

- Claro, sobre o que quer conversar?

- Que tal sobre algo mais… picante! - Sorriu de ladinho.

- Não começa, já fizemos isso que você quer ontem. - Revirou os olhos.

- Pois é, mas não poderíamos repetir?

Tamaki tentou sair do colo dele, entretanto Mirio foi mais rápido e o segurou com força, o puxando de volta, encostando no membro de Mirio que já ficava animado. Uma das coisas boas de se relacionarem era que não precisavam ficar medindo o uso da força por serem dois alfas. Mirio arrastou Tamaki até o centro da cama e se colocou entre as pernas dele, segurando seus dois braços e os colocando por cima de sua cabeça antes que ele pudesse reagir de novo. Antes que Tamaki fosse abrir a boca para xingar, foi beijado com desejo, se rendendo gradativamente à pegada de Mirio.

- Você sabe que eu amo quando te rendo assim, não é?! – Disse Mirio ondulando seu corpo sobre o do alfa abaixo de si.

- É claro que eu sei, afinal seu lado dominador só aparece na cama! – Mordeu levemente os lábios, sentindo o aperto de suas mãos afrouxando. – Mas minha resposta ainda é não para o sexo! – Piscou para ele o empurrando, sorrindo ao ouvir ele caindo com força no chão.

- Aaaaah Tamakiiiii, volta aqui!!! - Suspirou frustrado ao vê-lo correndo indo embora.

  

///// Área desconhecida ///// 

 

    As dificuldades do mundo fora das tribos eram imensas e aqueles dois que vagavam sem rumo sentiam isso a cada dia. Já não tinham noção do quanto tempo se passou e nem a localização que estavam, estando bem distantes da tribo que pertenceram um dia. Quando foram expulsos, Todoroki podia sentir a raiva de Camie para consigo, mas não a julgava, afinal a culpa de ter estragado tudo foi realmente sua. Por ela ser ômega, não tinha um bom condicionamento físico para caminhar por muito tempo, porém isso foi melhorando com o tempo. A língua dela tinha crescido novamente, entretanto, os dois mal trocavam meia dúzia de palavras. Todoroki eram quem ficava acordado à noite, os protegendo dos perigos noturnos e dormia de dia, caçando apenas pela tarde, algo que também teve que ensinar a Camie. Já tinham perdido as contas de quantas vezes quase morreram para ataques de predadores, das mais variadas formas. Também passaram por diversos lugares, alguns com uma beleza descomunal e outros extremamente mortais e tenebrosos.

- Achei algumas frutas aqui perto. – Colocou elas perto dele. 

- Teve algum problema enquanto eu dormia?

- Não... Sabe em que área estamos? 

- Não ao certo, mas devemos estar perto do mar.

- Acha que vamos ficar vagando sem rumo para sempre?

- Não sei. - Suspirou pesado. - A tribo mais perto da nossa era a Lazuli, mas o líder de lá está na nossa antiga tribo e duvido que nós aceitaria.

- Tem razão... – Ficaram em silêncio, até que se pronunciou novamente. – É verdade que você tinha um irmão?

- Sim... – Pensava se deveria contar aquela história, decidindo continuar. – Ele se chamava Natsu, foi o primogênito, sendo filho de outra mãe. Meu pai sempre teve uma baixa fertilidade, mas até perceber isso, achava que o problema estava nas ômegas que transava. Quando finalmente conseguiu engravidar uma, teve um menino e no futuro ele se tornou alfa. 

- Wow, é bem raro um alfa com baixa fertilidade.

- Sim e essa sempre foi a grande vergonha de meu pai, depois de não conseguir ser líder é claro. Quando eu nasci, Natsu já tinha dezessete anos. Me lembro vagamente da imagem dele, já que... já que... ele morreu quando tinha dezenove anos, no ataque que aconteceu na tribo pelo predador de nível difícil. Pelo que soube, ele foi um alfa poderoso, talvez até mais do que eu e possuía uma beleza que era invejada até pelos próprios alfas.

- Nossa, ele deve ter sido alguém incrível! – Esfregava as mãos em claro nervosismo.  – Todoroki... queria... queria te pedir desculpas por ter te culpado por tudo o que aconteceu. Estava triste e querendo alguém para pôr minhas falhas. 

- Tudo bem, fico feliz que tenha pedido desculpas. Isso torna nossa interação mais harmoniosa! 

- Se arrepende de algo?

- Para ser sincero, não! Midoriya foi a primeira pessoa que me apaixonei e me fez sentir sentimentos novamente. Eu tinha que fazer de tudo para conseguir seu amor. No fundo eu sabia que isso daria errado, mas quis ir por esse caminho mesmo assim. - Sorriu triste.

- Eu entendo... sempre achei o Bakugo um homem imponente e forte que eu gostaria de ter ao meu lado. Contudo, nunca senti de fato ele se entregar totalmente a mim. No início achava que era porque ele não queria se apegar, mas a verdade é que alguém já ocupava o coração dele. Pelo menos temos algo em comum, nós dois falhamos no amor. - Riram juntos.

- De fato! – Levantou-se de onde estava sentado. - Vamos procurar algum lugar para se abrigar e acender uma fogueira!

- Essas terras que estamos são muito estranhas! – Comentou Camie, vendo adiante de si apenas uma terra seca e com grandes rachaduras no chão que davam em um curso de água lá embaixo.

- Não sei dizer se estamos muito alto ou se essas rachaduras que são muito profundas. Tome cuidado para não cair dentro de uma, devem estar cheias de predadores! – Coletava algumas madeiras e mato seco que encontrava pelo caminho. – Aqui parece ser um bom lugar para ficarmos! – Quebrou o silêncio depois de alguns minutos. – Irei verificar nossos arredores, não sai daqui!

    Camie ficou sozinha enquanto Todoroki foi analisar a área que os cercava, aproveitando para preparar a fogueira e assar os últimos pedaços de carne que tinha. Alguns minutos se passaram e Todoroki havia retornado, sentando mais a frente da fogueira. Já havia anoitecido e tudo o que os dividia da escuridão da noite era aquela pequena fogueira que não duraria a noite toda. Camie antes de dormir sempre ficava olhando para as estrelas, já que isso a acalmava. Sempre teve medo do escuro e os primeiros dias na selva a deixaram sem dormir perfeitamente até que se acostumasse e vencesse seu medo. Às vezes o frio da noite era tão intenso que mesmo Todoroki sendo um alfa conseguia sentir seu corpo esfriando, passando a usar roupas mais fechadas e grossas com mais frequência. A noite foi se passando tranquila depois de Camie dormir, com apenas as pequenas brasas da fogueira ainda acesas. Os olhos de Todoroki pesavam devido ao sono tentando lhe afligir, contudo, o silêncio da noite foi cortado por vários gritos que vinham de diversas direções.

- O que foi isso? – Camie acordou de súbito. – Isso são gritos de pessoas?

- Não vi nada que indicasse alguma tribo ou civilização, estamos literalmente no meio do nada, então com certeza esse grito não veio de uma pessoa. - Amplificou os sentidos buscando descobrir algo.

- Não consigo determinar a fonte dos gritos! – Disse Camie já transformada e atenta ao seu redor. – Ué, os sons pararam... – Disse estranhando aquele silêncio súbito, porém ele não durou muito já que os gritos voltaram com duas vezes mais potência.

- Aaaaaghhh, meus ouvidos! – Todoroki por ter a audição muito melhor que Camie sentiu com mais força o impacto, caindo no chão com as mãos nos ouvidos.

- Todoroki… desliga… sua super audição!

- Vamos sair daqui! – Segurou nas mãos dela, a puxando rapidamente.

Enquanto corriam escutavam respirações atrás de si assim como passos rápidos. Pela forma dos sons chegaram à conclusão de que eram predadores, mas não sabiam dizer quantos. No caminho a frente vários brilhos de olhos surgiram, os forçando a parar de correr. Tentaram ir por outra direção, mas mais olhos surgiram ali, estando cercados. As criaturas se aproximavam de si e finalmente puderam vê-las. Seus corpos tinham escamas que lembravam as de um peixe. Tinham duas espécies de antenas na cabeça, sendo a vibração delas que produzia o som dos falsos gritos. Eram um pouco maiores do que eles e tinham três pernas, duas na frente e uma atrás. As criaturas tinham uma cauda comprida e no final dela tinha um formato globoso cheio de buraquinhos que saíam alguns espinhos.

- Camie, preste atenção! Vou abrir caminho e você corre!

- O que? E você?

- Tentarei matar o máximo que conseguir e com sorte te alcançarei. - Forçou um sorriso.

- Mas... mas... – Não teve tempo de falar ao notar as criaturas ao redor levantando suas caudas e disparando vários espinhos em sua direção, conseguindo desviar de todos graças ao melhoramento de seus reflexos pelas caçadas.

Todoroki buscava qual seria a melhor rota e avançou rapidamente sobre os predadores que estavam no caminho. Surgiu rapidamente no meio de dois, desferindo um forte soco em cada um que os lançou para longe. Um dos que estavam próximos tentou o acertar com a cauda, mas se abaixou e segurou nela, jogando a criatura em outra que vinha rapidamente em sua direção. Desviou de mais alguns espinhos que foram lançados, matando em seguida mais três predadores. Quando finalmente o caminho estava livre, Camie correu rapidamente por ele, sumindo na escuridão noturna mais a sua frente. Minutos que pareciam uma eternidade tinham se passado desde que Todoroki tinha começado a lutar, já tendo matado vários, porém já contava com sérios danos e em algum momento foi atingido por um espinho em sua perna, não conseguindo mexer ela devido a algum tipo de veneno paralisante que tinha ali. Seus reflexos falharam, sendo atingido pela cauda de um dos predadores que o lançou bem longe contra uma rocha. Antes de processar a dor, outro predador lhe deu uma grande cabeçada que com o impacto o pressiona contra a rocha, a destruindo. Todoroki levantou com dificuldade já cuspindo muito sangue, olhando ao seu redor e vendo que as criaturas se preparavam para mais uma chuva de espinhos e dessa vez ele não conseguiria desviar.

- Bem, pelo menos salvei alguém dessa vez. - Sorriu triste, fechando os olhos. – Adeus mãe... adeus... Midoriya. A punição por tudo o que fiz... será morrer aqui sozinho e as pessoas que amo nunca saberão de minha morte. – Uma pequena lágrima escorria do canto de seu olho.

    Todoroki não sabia ao certo qual era a sensação da morte, sentindo de repente que estava sendo levantado do chão, quase como se voasse carregado por alguém ou alguma coisa. Abriu os olhos receoso pelo que veria, ficando assustado ao constatar que realmente estava voando.

- Eae carinha, beleza? - Sorriu enquanto o segurava.

- Eu morri? Você é um anjo? - Estava perplexo com a pessoa que via.

- Obrigado pelo elogio, sei que sou bonito, mas não sou um anjo. Me chamo Hawks! - Piscou para ele.       

 

"Finalmente Hawks deu as caras e salvou o pobre lobinho em perigo. Sabia que ele sairia da toca para bancar o bom moço. Que piada sem graça. Com isso, acabo de localizar o último especial que faltava. Quanta felicidade. Midoriya Izuku, Nejire Hado e Hawks, vocês me ajudarão a me tornar um ser perfeito!" – Dizia uma voz estranha, vendo Todoroki ser carregado já sumindo no céu.

 

///// Em outro momento /////

 

    Bakugo não acreditava que Midoriya entrou em seu período fértil no meio do jantar. Seu pai o tinha alertado momentos antes que algo daquilo poderia estar prestes a acontecer devido às mudanças bruscas no cheiro de Midoriya que ele estava sentindo. No momento carregava ele em seus braços até sua tenda, não disfarçando a felicidade que seria de transar novamente com o pequeno ômega. Entretanto, estava um pouco decepcionado, já que na primeira vez que transaram, ele estava envenenado e agora transaria por causa dos desejos desenfreados do período fértil de Midoriya, sempre havendo fatores externos interferindo além somente do desejo.

- Bakugo, está doendo!

- Eu vou te ajudar bebê, vai passar. – O deitou na cama, se colocando entre as pernas dele. - Mas sendo sincero Deku, não sei se vou ser tão carinhoso quanto da última vez.

- E quem disse que eu quero? - Sorriu de ladinho.

Bakugo atacava com fome os seus lábios em um beijo afoito, com suas línguas ávidas por aquele contato, colando mais seu corpo ao dele. Ainda achava estranho se relacionar com um homem, mas não era algo que o desagradava. Bakugo sentia o ômega agitado, com suas pernas enroladas em sua cintura, o puxando para mais perto enquanto suas mãos tateavam seu corpo na procura por seu membro.

-  Bakugo... entra logo em mim. - Fazia um biquinho.

- Mas ainda temos que fazer as preliminares! - Sorriu perto dos lábios dele.

- Não precisa, eu já estou bem lubrificado. - Tentou convencê-lo.

- Eu ainda insisto, afinal, quem é que manda aqui? - Segurou na face dele.

- Vo-você!

- Isso mesmo, mas por que eu mando? 

- Porque você é… meu… meu alfa. - Ouvi ele rosnando satisfeito com a resposta.

Midoriya teve seu pescoço marcado por fortes chupadas, gemendo sem pudor nenhum devido as sensações que estavam mais intensas devido ao seu período fértil. Bakugo se embriagava no cheiro do ômega, ficando ainda mais excitado ao sentir ele se esfregando, encostando suas ereções. Suas presas já estavam bem grandes e formigavam para morder e fazer Midoriya seu para sempre, porém não podia fazer isso com ele nesse estado frágil e sem seu consentimento, se restringindo a raspar elas no seu pescoço.

- Bakugo, por favor, eu preciso de você dentro de mim. - Choramingava.

- Mas que ômega mal educado. Não havia dito para ter paciência? - Deu um leve tapa na coxa dele.

- M-me descul… - Um dedo foi pressionado contra seus lábios.

- Shhhhh, de agora em diante você só fala quando eu mandar! Só pode gemer e nada mais. - Ordenou perto do ouvido dele com a voz bem mais grave.

Sentia seu ego inflado devido ao estado tão submisso do ômega. Retirou sua blusa e a dele, se deleitando com a visão que teve. Midoriya estava todo corado com o pescoço cheio de marcas bem avermelhadas. Bakugo notava o corpo de Midoriya bem quente, quase como febril. Avançou nos mamilos do outro que gemia em deleite, logo depois lambendo todo o seu corpo e mordendo levemente em algumas áreas, parando quando chegou nas partes íntimas do ômega.

- Posso tirar? - Sorriu ao vê-lo acenando freneticamente.

A peça íntima dele estava encharcada e o cheiro de morangos que Midoriya tinha se espalhou com mais força pelo ambiente, quase fazendo Bakugo perder as rédeas da brincadeira. Abocanhou seu pênis, sentido uma mistura de doce com um leve toque mais forte no membro de Midoriya. Sorria satisfeito ao saber que Midoriya estava gostando mesmo ainda sendo inexperiente naquilo. Dois dedos invadiram a entrada do ômega sem a menor dificuldade. Aquela avalanche de sensações foi o suficiente para que Midoriya não conseguisse se segurar, gozando com força enquanto era chupado. O alfa não deixou perder uma gota do prazer de seu ômega, se deliciando do sabor adocicado que aquilo tinha.

- Você tem um ótimo gosto, sabia?! - Lambeu os lábios.

- Você… é ótimo Bakugo. - Arfava devido as sensações que sentia.

- Que bom que gostou ômega, agora vira de costas para mim!

- Assim está bom Katchan?!

- Está maravilhoso. – Ficou surpreso ao perceber que ele lhe chamou pelo apelido.

Esse simples apelido tinha desarmado Bakugo que decidiu então dar o que ele estava pedindo. Começou a dar leves mordidas em sua nuca enquanto posicionava seu pênis perto da entrada dele, começando ao preencher. Seu membro deslizava para dentro sem dificuldade devido a quantidade de lubrificante que ele estava produzindo. Revirava os olhos devido as sensações estarem mais intensas do que lembrava desde a última vez que fez aquilo.

- Caralho... - Gemeu arrastado rente ao ouvido dele o sentido aperta seus braços que estavam do lado de seu corpo. - Está bom assim para você? - Perguntou lambendo seu rosto.

- Sim, continua por favor! - Balançava a cintura em busca de mais contato.

- Pode deixar meu ômega, vou foder você até não ter mais forças!

Quando o pequeno ômega começou a mover sua cintura, Bakugo percebeu que ele já estava adaptado a todo o seu volume dentro de si. Saiu todo de dentro dele, sentindo seu membro deslizar pelas paredes do corpo alheio, e com uma forte estocada voltou para dentro. Ambos gemeram bem alto devido a sensação intensa de prazer que sentiram, mesmo que o movimento tenha sido de certa forma agressivo. Bakugo já havia perdido o controle no instante que escutou ser chamado pelo seu apelido, após a primeira estocada, várias outras com a mesma intensidade se seguiram. Mesmo dominado pelos instintos, Bakugo ainda tinha noção de medir sua força bruta para não machucar demais o pequeno ômega, contudo, não se conteve em dar fortes tapas na sua bunda. Na tenda só eram escutados o som das fortes estocadas e o gemido prazeroso de ambos que preenchia o ambiente.

- Deku, você está tão molhadinho e quentinho por dentro, vou gozar rapidinho assim. Quer receber minha semente? - Perguntou sem cessar os movimentos.

- S-sim, aaaah. Quero muito… seu prazer meu alfa. 

- Eu te amo Izuku! 

- Eu também te amo!

Após mais alguns movimentos rápidos e precisos, sentia ele se contorcer por debaixo de si, indicando que havia acertado seu ponto sensível. As garras de Midoriya se aprofundaram no braço de Bakugo, mas a dor era pequena comparada ao prazer que sentia, continuando acertando naquele ponto de prazer de seu ômega. Estava no limite e acabou vindo em uma última estocada, liberando fortes jatos do seu prazer.

- Deku você é… incrível. - Tentava recuperar o fôlego. - Se sente… melhor? 

- Sim, mas estou... bem cansado. 

Distribuía beijos pelas suas costas, rosto e pescoço antes de se retirar dele com cuidado, o escutando gemer frustrado. Estava feliz por ter sido chamado de Katchan, torcendo para que quando tudo acabasse ele não se arrependa e diga que foi apenas porque estava sendo influenciado pelos instintos. Caiu cansado ao lado dele na cama e não demorou para que o ômega se enroscasse em si. Os dois estavam bem cansados depois daquele ato, não demorando para dormirem juntinhos na longa semana que passariam trancados um ao lado do outro.

 

///// Dias atuais ///// 

 

Um clima de tensão pairava sobre a tribo desde que houve o desaparecimento de Asui e a morte dos três lobos. Nighteye tinha alertado para os envolvidos nas investigações que não espalhassem pela tribo tais notícias para evitar pânico, entretanto, devido ao grande número de fatos estranhos acontecendo isso se tornou impossível. As pessoas com medo tendem a fazer coisas tolas e boatos se espalham como fogo. Dentre os muitos boatos que corriam pela tribo, o mais perigoso que rodava e ganhava cada dia mais força era de que os fatos estranhos que vinham acontecendo eram culpa dos visitantes. Nighteye tinha noção de que se precisassem lutar contra algo ou alguém, o poder de combate da tribo tinha diminuído, afinal Todoroki era o alfa jovem mais forte e promissor da tribo.

- Aizawa está pronto? - Nighteye perguntou do lado de fora da tenda.

- Sim, já estou indo!

- Não acredito que fui arrastado para isso... - Suspirou pesado.

- Denki tenha postura! - Lida o repreendeu.

- Vamos logo Aizawa, não tenho todo o tempo do mundo! - Resmungou Enji.

- Tá, tá, já estou aqui… - Saiu de sua tenda se deparando com Lida e Denki. - Por que trouxeram um alfa e um beta tão jovens?

- Eles eram os únicos disponíveis, além do mais essa é uma ótima oportunidade para ambos ganharem experiência. De qualquer forma o Enji será nossa principal linha de defesa no caso de encontrarmos algo hostil. – Explicava para Aizawa, fazendo uma pequena pausa e logo continuando. - Repassando as informações que temos até o momento. Jiro disse que foi ver o último local onde a garota Asui desapareceu e lá sentiu que havia sido observada por alguém ou algo. Mesmo que já tenham averiguado aquele local anteriormente, sugiro darmos mais uma olhada e de lá seguimos caminho para a floresta densa onde os três lobos morreram. Ressalto que nossa equipe é somente investigativa, em caso de encontrarmos algo, devemos bater em retirada e reportar ao líder. Não sabemos com o que estamos lidando e o que está acontecendo ao nosso redor, todo cuidado é pouco.

- Quais as chances de a Asui estar bem? – Perguntou Lida.

- Nenhuma, a essa altura ela já deve estar morta! – Disse Enji sem poupar palavras. – O que vamos fazer é apenas descobrir o que ou quem a matou.

    O clima ficou pesado depois daquela resposta, mas Nighteye e Aizawa concordavam com o que foi dito, mesmo que de forma fria. Seguiram caminho até a área onde Asui tinha sumido, porém Nighteye não chamou Jiro para os acompanhar, já que ele percebeu ela bem abalada com tudo aquilo.

- Essas são as flores que a menina Asui tinha achado? – Perguntou Nighteye, analisando algumas.

- Sim, ela veio me procurar meses atrás para saber sobre essa flor. Pelo que ela me disse, essas flores tinham funções medicinais! – Respondeu Aizawa.

- O que a fez ir tão adiante dessa área que coletava flores?! – Nighteye questionava para si mesmo enquanto caminhava até o ponto onde Jiro e Uraraka tinham achado as pegadas. – Isso já estava aqui antes Aizawa?

- Sim, na semana que fui incumbido dessa investigação, já tinha notado essas pegadas e algumas mais adiante que já sumiram atualmente. Com certeza não são pegadas de uma pessoa, mas se a garota Asui foi devorada, aqui deveria ter estado manchado de sangue, coisa que não encontrei quando vim para essa cena dias após o sumiço dela.

- Quando você veio, os alfas sentiram algum cheiro estranho?

- Não e isso foi o mais estranho. De acordo com os farejadores, o cheiro dela simplesmente desaparecia aqui, nesse ponto antes desse caminho destruído mais a frente. Não havia cheiro nenhum de sangue aqui também e muito menos cheiros externos de outro lobo.

- Tudo isso é muito esquisito, até para meus padrões! – Suspirou Nighteye. – Gostaria de ter consigo vir quando tudo estava mais fresco, mas tenho esperança que vamos conseguir achar algo, afinal Jiro sentiu alguém a observando aqui. Se foi uma pessoa que fez isso de alguma forma, deve ter voltado para a cena do crime. Vamos nos separar!

    Enji foi o único ali que ficou sozinho averiguando a área, já que era o mais forte. Aizawa era acompanhado por Denki e Nighteye por Lida. Minutos iam se passando e ninguém encontrava qualquer cheiro, rastro ou pista que pudesse ajudá-los a entender o que tinha acontecido. A cabeça de Aizawa martelava conforme ele pensava em todos os acontecimentos que os rondavam. Primeiro: O lugar que estavam ficava bem perto da floresta densa e Aizawa percebeu que se fossem em linha reta chegariam no exato ponto onde os três lobos morreram. Segundo: O campo de flores que ficava mais perto dessa área foi onde todas as flores murcharam. A ordem cronológica de todos aqueles fatos começava com o desaparecimento de Asui. Aizawa sentia que estava deixando algo sutil passar, assobiando bem alto para reunir todos.

- Descobriu algo Aizawa? - Questionou Nighteye.

- Pra falar a verdade não. Apenas surgiram mais questionamentos.

- Esperava mais certeza dessa vez, estou cansado de vir para esse lugar e voltar sem nada. - Enji seguia irritado com toda a situação.

- Nighteye me tire uma dúvida. Quais os tipos de flores que nascem no campo próximo desse local onde estamos? - Ignorava a cara de irritado de Enji.

- São as flores de Calcita, aquele local é bem acidentado onde elas nascem devido à grande quantidade de rochas brancas que contém cálcio. Por que a pergunta?

- Pensei em darmos uma olhada lá.

- Sabe que o campo fica na direção oposta de onde os alfas morreram, não é?! Caso decidamos ir para lá não dará tempo de irmos para a floresta densa.

 

"Enji Todoroki, seu filho é sua cara de fato, que fofo!"

 

- O QUE? - Virou-se bruscamente ao ouvir uma voz, não vendo ninguém.

- Algum problema Enji? – Nighteye assim como todos ali olhavam confuso pra ele.

- Não… nenhum, só pensei ter escutado algo. – Olhava ao redor ainda confuso.

- Bom, a opção mais lógica seria irmos para o local onde os lobos morreram, mas se você sente que devemos ir para aquele campo de flores eu irei confiar nos seus instintos Aizawa. – Disse o vendo sorrir levemente.

- Obrigado velho amigo!

Andaram por alguns minutos até que finalmente chegaram no extenso campo de flores, que agora a grande maioria se encontrava murcha ou a planta nem tinha mais flores. Aizawa olhava para o solo e as rochas que estavam lá, notando a coloração delas mais amarelada ao invés de branca. Era como se o cálcio do solo tivesse sumido, o que ocasionou a morte ou deixou as flores debilitadas. Aizawa cogitava ser algum tipo de evento natural ou alguma doença. Foi afligido por um arrepio na espinha e um frio descomunal passou levemente pelo seu corpo, mesmo o dia estando completamente ensolarado.

- Lida, o que esse campo de flores tem de especial? – Denki sussurrou perto dele.

- São elas que usamos para fazer o remédio que acelera nossa regeneração natural. Sem elas, nosso estoque vai ficar comprometido. - Respondeu à pergunta de seu amigo.

- Então Aizawa, achou o que buscava?

- De certa forma, mas não sei o que isso pode significar! - Deixou Nighteye curioso.

- Como assim? Sugiro que seja ma… -  Enji parou de falar escutando mais uma vez a voz estranha.

 

"Pobre Enji, como se sente tendo perdido o seu último filho?"

 

- QUEM ESTÁ AÍ? - Perdeu a paciência olhando tudo ao redor em busca da fonte daquela voz.

- Aí não, outro alfa surtado, eu mereço! – Denki escondeu-se atrás de Lida.

- Enji, o que está fazendo? - Aizawa chamou sem sucesso.

 

"Não sente vergonha? Que péssimo pai você é, não conseguiu nem salvar seu filho a dezessete anos atrás e agora não conseguiu salvar outro. Sabia que ele foi estraçalhado na floresta recentemente?"

 

- CALA A BOCA!!! - Colocou as mãos na cabeça na tentativa de não escutar mais aquilo.

    Todos ali estavam confusos com o que estava acontecendo com Enji, não escutando ou sentindo ninguém ali pelas proximidades que pudesse estar falando com ele. Nighteye analisa a situação com olhos de falcão, preparado para o que estivesse por vir. Aizawa se aproximava dele preocupado, porém parou no meio do percurso quando Enji retirou as mãos da cabeça e assumiu uma postura mais ereta, olhando para algum lugar de maneira aleatória. Enji virou sua cabeça lentamente na direção de Aizawa, com seus olhos baixos, como se estivesse em um transe. Em um movimento rápido, Aizawa quase foi partido ao meio pelas poderosas garras de Enji se Nighteye não tivesse agido rápido e o salvado do golpe fatal.

- O que está fazendo Enji? 

- Não adianta falar Aizawa, olha bem pra ele. Certeza de que ele perdeu a consciência. Não previ que trazer o segundo alfa mais forte da tribo fosse se tornar nosso perigo.

- Li-Lida, o que está acontecendo? 

- Não faço a mínima ideia... talvez seja uma alucinação como a que aconteceu com Bakugo... 

- Droga. Teremos que nos quatro conter ele aqui e agora. - Aizawa falou sério.

- Eu… serei… um… ótimo… líder. - Proferiu pausadamente.

 

"Isso mesmo Enji, você só será um ótimo líder se matar Togata Mirio e trazer para mim Nejire Hado e Izuku Midoriya." 

 

Enji era o segundo alfa mais forte da tribo, perdendo somente para Toshinori, porém no quesito velocidade ele era muito superior. Suas garras eram também as mais poderosas da tribo, capazes de cortar você somente por passarem perto de si, como Aizawa pode notar do pequeno filete de sangue que escorria de sua barriga que foi cortada mesmo ele tendo desviado do ataque principal.

- Pensando bem, essa reação dele é a mesma relatada por Mirio quando sua equipe foi afetada pelo predador! – Concluiu Aizawa.

- Mas isso não faz sentido, predadores de nível difícil apenas saem durante a noite. – Falou Nighteye. – Talvez ele tenha inalado algo ou foi picado por algo venenoso. – Observava Enji se movendo novamente. - Atenção, não abaixem a guarda, um soco dele pode nos matar com facilidade, mesmo a especialidade dele sendo a velocidade. Vamos tentar controlar seus movimentos. Aizawa você trouxe os calmantes?

- Sim, estão aqui! - Tirou alguns paninhos que havia trazido.

- Distribua para todos. - Comandava toda a situação com nervos de aço. - Denki, você sendo alfa é o único aqui que consegue resistir a uma investida dele, fique na linha de frente.

- O QUE? Vou morrer isso sim se ficar na linha de frente. 

- Denki não temos tempo para isso, vá logo e se prepare! - Lida revirou os olhos.

Não demorou para serem atacados de novo, com todos conseguindo se desviar a muito custo. Entre um movimento e outro acertavam alguns golpes nele, mas por a grande maioria ser beta os golpes não surtiam muito efeito. Denki tentou acertar alguns socos, mas a diferença de nível era tremenda. Acabou vacilando e em um instante foi acertado com força no rosto e lançado bem longe. Aizawa e Nighteye conseguiram segurar Enji, cada um segurando um braço dele. Lida se aproximou e iria colocar o pano no rosto dele, contudo, Enji conseguiu sair do aperto e segurou Lida pelo pescoço, o jogando contra uma árvore. O impacto foi tão forte que ele acabou desmaiando.

 

“Hahahaha, isso mesmo Enji, é assim que um verdadeiro líder faz. Agora deixe esses inúteis de lado e vá atrás dos que realmente importam.”

 

- Não… me… atrapalhem. - Correu para longe de todos.

- Por que ele não nos matou?! - Nighteye ficou pensativo com aquilo.

- Droga, temos que voltar e avisar aos outros!

- Vá na frente Aizawa, vou dar os primeiros socorros a esses dois. - Levantou-se com certa dificuldade.

Nighteye se aproximou do corpo desmaiado de Lida que sangrava pela cabeça e tratou de pegar algumas coisas que Aizawa havia deixado para ele poder tratar os feridos. Denki se aproximou dos dois e Nighteye pode ver que do rosto dele saia um filete de sangue, estando também bem arranhado devido ao impacto de ter sido jogado longe. A força de Enji ainda era demais até para um alfa comum. Enquanto Denki observava seu amigo desmaiado, ele ficava pensando no quão fraco era. Havia apanhado da mesma forma para Todoroki e isso quase custou a vida de Jiro e Bakugo. Agora havia apanhado para outro alfa, sendo ele o pai do mesmo que tinha apanhado antes. Uma raiva crescia no peito dele e isso deu uma brecha para aquela voz entrar em sua cabeça.

 

“Tadinho de você Denki, um alfa que apanha tanto para outros alfas. Que tem medo até da própria sombra. Como consegue viver assim?! Jiro nunca vai te levar a sério dessa forma.”

 

- Não… ela… ela… eu… eu sou forte… apenas... - Não conseguia pensar com clareza.

- Denki? - Nighteye estranhou as reações repentinas dele.

 

“Ela vê você como uma piada de alfa. Todos te veem assim. Bakugo, Kirishima, Lida e agora Nighteye. Sabe o que você pode fazer para resolver isso?”

 

- O que faço para resolver isso? - Perguntou com a voz embargada.

 

“Não acha que o mundo seria melhor sem você? Tire sua vida inútil de alfa. Porém, sendo sincero, acho que você não consegue, já que é um covarde e isso somente os fortes conseguem.”

 

- Eu… consigo… sim… porquê… porquê… EU SOU FORTE!!!

Nighteye estava tratando Lida quando começou a ouvir o falatório de Denki e reparou que ela falava sozinho. Notou Denki olhando para as próprias mãos enquanto uma lágrima solitária caiu de seu rosto. As garras dele cresceram e foram rapidamente em direção ao seu pescoço, contudo, antes de atingirem aquele local Nighteye havia corrido o mais rápido que podia e segurado suas mãos a tempo de evitar uma tragédia. Denki ficou com raiva por ter sido atrapalhado e tentou expulsar Nighteye, tentando atingi-lo com suas garras. Acabou sendo derrubado no chão e teve seus dois braços segurados por trás das costas.

- Denki se acalma! - O segurava com dificuldade.

- ME SOLTA, DEIXA EU ME TORNAR FORTE!!! - Rugia estando fora de si.

- Me perdoe por isso. - Bateu o rosto dele no chão o fazendo desmaiar.

 

“É incrível como nossos demônios internos são a causa de nossa depreciação.”

 

- Então é você que armou esse show todo.

 

“Hahahaha, o show ainda está tão longe de acabar. Isso é para vocês verem o quão frágil são. Alfas. Betas. Ômegas. Todos não passam de seres defeituosos que precisam de conserto. Alfas são a doença do mundo. Não merecem misericórdia.”

 

- Quem é você? Ou melhor, o que é você? - Notou algo em cima de uma árvore.

 

“Tsc, tsc, tsc. Sua mente é forte, por isso odeio invadir a mente de betas. Alfas são tão esquentadinhos que só precisam de uma fagulha de dúvida para serem manipulados e serem levados pelos instintos nojentos.”

 

Nighteye percebeu uma movimentação estranha em uma árvore a poucos metros de onde estava, correndo rapidamente até ela, notando que a voz que invadia sua mente cessou na hora e alguém saiu correndo de lá. Pelo formato corporal que ele conseguia ver de longe era uma pessoa, mas ele não conseguia distinguir quem seria. Ele seguia essa pessoa que corria a uma grande velocidade pelas árvores, tomando distância do campo de flores. A pessoa estranha sabendo que logo seria alcançada, deu um forte chute em uma árvore, a rachando por inteira e derrubando ela, que caiu arrastando vários galhos. Nighteye teve que parar ao ver a grande árvore despencando, perdendo a pessoa que perseguia de vista. Ele ainda pensou em tentar persegui-la, mas lembrou que havia deixado os dois jovens sozinhos e resolveu voltar. A voz que falava consigo havia sumido.

Enquanto isso, Aizawa corria atrás de Enji, mesmo já tendo perdido ele de vista a tempos e por não ser alfa ou ômega, seu olfato não era capaz de seguir cheiros. Pensou nos lugares que ele poderia ter ido, não sabendo ao certo o que o controlava estava mandando ele fazer. Enquanto corria pelas grandes árvores, escutou um forte estrondo do que parecia ser uma árvore caindo a poucos metros de onde estava. Logo depois uma pessoa passou por si tão rápido que parecia quase um vulto. Ele não conseguiu ver o rosto com clareza, mas pode jurar ter visto um sorriso na face dessa pessoa quando passou por si, e quando ia segui-la, escutou som de vozes do que parecia ser uma discussão. Aizawa teve que decidir para onde ia e acabou indo na direção oposta à da pessoa que havia passado por si. Chegando no local ele pode ver do que se tratava.

- Achei… - Desferiu um forte soco.

- Você está pirado cara! - Mirio saltou para trás, desviando do soco.

- Não ouse encostar um dedo nele! - Rosnou se transformando.

- Esperem um momento! - Pediu ao se aproximar de Mirio e Tamaki.

- Senhor Aizawa, o que está acontecendo? - Questionou Mirio.

- Não sei ao certo, estávamos investigando uma área aqui por perto, quando ele perdeu a consciência e nos atacou.

Enji continuava falando coisas desconexas e não tardou em atacar novamente, mirando no líder da tribo vizinha. O soco de Enji veio com toda sua força na direção de Mirio, o atingindo. A força do impacto produziu uma forte rajada de vento que jogou Aizawa e Tamaki a alguns metros de distância daqueles dois. Aizawa levantou-se rapidamente do chão, preocupado com o líder vizinho ter ficado gravemente ferido, porém ficou surpreso ao observar que o soco de Enji foi freado. Mirio não só conseguia acompanhar a velocidade do seu oponente como teve força para parar seu soco.

- Me desculpe pela falta de educação senhor. - Disse Mirio.

Deu um forte soco no queixo de Enji e quando ele estava desestabilizado tentou acertar um chute em seu rosto, mas foi parado antes de conseguir. Enji segurou na perna dele e o lançou contra o chão com toda a força, causando um forte impacto. Iria perfurar a barriga de Mirio com as garras, mas sentiu fortes braços o enforcando por trás, errando o golpe. Tamaki o segurava com toda a força que tinha, enquanto Mirio desferiu um chute sobre a perna do Enji que deslocou seu calcanhar, o fazendo cair de joelhos. Enji iria arranhar o rosto de Tamaki, mas teve suas duas mãos seguras pelo líder jovem. Aizawa vendo que os dois conseguiram conter ele, correu em direção a eles, conseguindo colocar o pano no rosto de Enji, notando sua transformação cessar e ele desmaiar sendo segurado pelo líder mais novo.

- Ufa, que momento tenso. Espero que ele não fique chateado comigo. - Observou Tamaki se aproximando e analisando cada parte sua. - Estou inteiro amor!

- Me desculpem pelo transtorno! - Aizawa fez uma leve reverência.

- Não tem problema, mas… - Olhou para Tamaki logo completando. - Ele estava sendo controlado pelo predador!

- Eu cogitei essa possibilidade, mas estamos de dia. Sem contar que se tivéssemos cruzado com uma coisa tão grande como a que vocês me falaram com certeza teríamos percebido. 

- De fato, mas pelo que reparei nele foi a mesma coisa que aconteceu com minha equipe. Não descarto ter sido o predador. Estamos lidando com uma criatura que não entendemos a extensão de suas habilidades ou inteligência.

- Pensamento sensato jovem líder, temos que conversar com o líder Toshinori urgentemente!

    Mirio e Tamaki carregavam Enji nos braços, enquanto Aizawa retornou para onde Nighteye estava, ficando surpreso ao encontrar Denki desmaiado. Teve ciência dos ocorridos, ficando com ainda mais dúvidas sobre o que estava acontecendo, porém uma coisa tinha certeza, eles chegaram bem perto de onde o predador estava, o que explicaria os ataques mentais que sofreram. Porém algo preocupava Aizawa mais ainda. Somente chegaram naquela situação porque seguiam em busca de Asui, se perguntando agora se ela também sofreu ataques mentais e cometeu algo. A pessoa que Nighteye disse ter visto os observando era outra incógnita, mas tudo se encaminhava para a mesma resposta, o predador estava mais próximo deles do que pensavam e exibia uma inteligência maior que a relatada por Mirio e seus amigos.

- Pensar tanto assim só vai te deixar doente. – Comentou Nighteye.

- Sabe, cresci tendo a ideia de que predadores eram seres sanguinários e selvagens, porém hoje ao que parece eu pude testemunhar um brincando com vários alfas e betas. A inteligência que isso exige é de quase uma pessoa...

- Depois do que aconteceu hoje eu tenho certeza que estamos seguindo no caminho certo e que logo vamos descobrir o que está acontecendo, mas não vou mentir que estou com medo de descobrir a verdade...

- Eu também...

 


Notas Finais


E o capítulo pegou fogo de diversas maneiras! 🔥🔥

Meus amores próximo capítulo vou tentar acelerar para que ele saia logo, aproveitar que vou estar mais livre essa semana! Até o próximo e abraçoooss😘


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