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História Além do que se vê - Faz tempo


Escrita por: Kirilov

Capítulo 14 - Faz tempo


Fanfic / Fanfiction Além do que se vê - Faz tempo

— Isso é completamente diferente do que me disse na semana anterior. Não poderei permitir que vá embora, caso continue assim: instável, confundindo a realidade, bagunçando até suas próprias lembranças...

— E o que o senhor espera de alguém como eu? Um discurso coerente? Minhas ideias variam com o clima. Meus dias tem sido sequências aleatórias de sentimentos e sensações conturbadas, não são mais definidos pelos ponteiros dos relógios ou o clima, eu nunca sei exatamente quando é manhã ou tarde, tudo que o tempo significa para mim é a necessidade de me fazer superar o passado; então não me traga grandes questões, estou lhe falando o que penso e sinto, e tudo isso é realmente variável, na próxima semana não sei se lhe direi essas mesmas coisas, talvez eu mude de opinião no próximo segundo.

— Me fale de novo sobre os seus dias – pediu, altamente instigado por aquela  parte da confissão peculiar. – Por que eles não são mais definidos pelo tempo?

— Porque são preenchidos de atividades vazias, das quais não me dou conta e executo por movimentos mecânicos. Meus pensamentos nunca estão no mesmo lugar que o meu corpo, eles voam por ambientes distantes e atemporais, às vezes são desconexos; e outras vezes não são nada. Neles eu me perco, e neles eu vivo; repetindo infinitas vezes cenas quais me ferem e me fazem acreditar que o meu lugar é aqui, então não busque me assustar com a possibilidade de não me deixar sair. Eu já não tenho medo; pergunte a qualquer um, meus gritos durante a noite cessaram.

— Essa nunca foi minha intenção. Mas também nunca pensei que você pudesse aceitar e se conformar com a sua atual condição.

— Não me restam alternativas. Lá fora não há espaço para alguém como eu, Sakura Haruno não conseguiria sobreviver num mundo de valores invertidos. Por aqui circulam pessoas que a vida ou a própria natureza tornou incapaz de compreender as razões éticas e morais, eles vivem em cenários mistos de realidade e fantasia; gritam porque, assim como eu, são atormentados pelo passado, ou pelas vozes que sussurram em seus ouvidos.

— Antes me dizia que eles pretendiam machucá-la, que são maus.

— Não. Eles não são maus, uma vez que não possuem o direito de escolha ou capacidade de discernimento. Mas depois dos portões? Ah, lá estão aqueles que realmente devo temer, suas ações são cruéis; suas palavras, escondidas por pensamentos que não podem revelar. Lá fora está o egoísmo, os falsários, os corruptos e corruptores; lá fora estão os autointitulados novos homens. Não posso viver entre eles, meu lugar é aqui. Não quero ir embora, não tenho motivos para ir. Eu não sobreviveria. Eles me fariam acreditar que sou de outra espécie; ao vê-los caminhando pelas ruas, eu pararia e os observaria agindo como robôs, presos a seus aparelhos eletrônicos e evitando qualquer contato. Aliás, o senhor já notou que, em multidões, evitamos olhar nos olhos dos outros? 

— Sim.

— Isso ocorre porque não queremos sentir suas dores. Não queremos reconhecer que ali está uma vida, uma história... Desviamos o olhar e o caminho ao ver um morador de rua, não queremos que nos peça esmolas, pois diremos que não temos, mesmo sendo mentira. Eu tenho vergonha disso, tenho vergonha de fingir que não enxergo, tenho vergonha de fingir desconhecer os males que habitam esse mundo, tenho vergonha de me negar a ouvir; tenho vergonha mesmo quando não posso fazer nada, porque sempre quero ajudar. O senhor acha que alguém como eu tem chances de sobreviver?

— Talvez só precise ser um pouco mais egoísta.

— Esse meio termo é impossível. Se eu sair, só poderá ser para viver como ela, pois ela sim sobreviveria tal como um vírus indestrutível. Mas eu? Eu seria moída no primeiro instante, portanto quero fechar meus olhos e aceitar minha derrota, embora me sinta altamente constrangida com isso. Agora não pense o senhor que seria pisoteada pelos falsários, esses são apenas tolos, penso, pois serão massacrados pelos verdadeiros extraordinários.

— Os extraordinários?

— Sim. Mas quando falo extraordinário, entenda pelo sentido que Raskólnikov  emprega a palavra; veja, é isso que penso, tem muitos Raskólnikov  por aí, que se julgam novos homens e capazes de ações que transpõem o bem e o mal, novos homens que não são dignos do próprio julgamento, e por isso são menos até do que ordinários, são menos que eu.

— E ela, Sakura, a outra sobre quem me falou, ela é extraordinária?

— Após matar alguém a machadadas, ela não sucumbiria num quarto entre delírios febris... Agora, o senhor poderia me dá uma agulha? Estive pensando que bordar é um ótimo hobby.


*

É frustrante pensar em como poderia ter sido; imaginar as palavras que deveriam ter sido ditas, aquelas que foram arduamente ensaiadas diante do espelho, que deram voltas na cabeça como num círculo vicioso, mas que na hora de serem verbalizadas, sumiram num passe de mágica pela consequência da covardia em usá-las.

Conversar com o espelho, ou enquanto caminhava sozinha de um lado para o outro, sempre foi consideravelmente fácil para mim; porque nesses casos nunca vinha resposta do outro lado, não tinha uma postura imponente que poderia quebrar por completo meu poder de argumentação. Os monólogos travados sozinhos, em devaneios sobre aquilo que nunca foi, e nunca seria, eram frutificados com respostas perfeitamente condizentes, respostas que nunca quebrariam o protocolo ou me induziam a pensar em novas justificativas; esses monólogos, quando postos a mesa, numa situação real quebravam-se na primeira interação.

Durante grande parte da minha vida, raramente disse o que pensava; muito pouco me atrevi a impor minha opinião sobre qualquer coisa; menos ainda fui aquilo que ensaiava em meu quarto; mas isso porque, nunca cheguei a considerar prudente viver cada dia como se fosse o último. Não deveria ter sido assim, por mais que não valha cogitar isso a certa altura.

Mas quão mais fácil, e simples, seria se eu tivesse me importado em aguardar o senhor do eterno retorno, e assim, consequentemente, tivesse vivido sem seguir as regras comuns, importando-me mais com a minha felicidade, do que com qualquer outra coisa. Quão mais satisfatória teria sido minha vida, caso eu tivesse feito das minhas escolhas uma verdadeira fuga do destino; se tivesse, no fundo, agido com um pouco mais de egoísmo.

Exatamente naqueles instantes, enquanto a velocidade do carro me permitia ver a paisagem como a sequência animada de um filme, eu desejava que tudo estivesse ocorrendo de forma diferente; desejava que vez ou outra Sasuke tirasse a mão do volante e massageasse minha coxa brevemente, como geralmente acontecia entre casais apaixonados e normais. Pensava em qual momento as coisas haviam saído do eixo, em qual instante um coeficiente novo fora introduzido na equação. Principalmente, indagava-me sobre minha falta de coragem, culpava-me por sequer conseguir falar as coisas que precisavam ser ditas; quando muitas decisões equivocadas foram tomadas, palavras erradas foram esbravejadas, enquanto as corretas mantinham-se comigo, sem que eu pudesse voltar no tempo para consertar cada passo em falso.

Era perturbador se ver no meio de uma situação tão complicada, era agonizante sentir-se no fundo do poço, e o pior era está atraindo Sasuke para o meio de tudo. Ele tentava ser a mão que me puxaria para fora, o rosto que me esperava lá em cima com um sorriso. Porém, eu sentia que ele não tinha forças para isso, sua ajuda não seria suficiente; portanto, no final, eu o arrastaria comigo. Ele também cairia.

Também, como se nada bastasse, o clima entre nós não estava tão bom, conseguia enxergar isso claramente. Eu era um erro na vida dele, um erro que ele teria evitado se pudesse voltar no tempo. Ele se comprometera em me ajudar, ouviu-me e socorreu, quando eu achava que ninguém, além da solidão, poderia ser minha companhia. Ele jurou que me protegeria, cuidaria de mim e do nosso bebê, e estava movendo céus e terras para cumprir essa promessa.

Contudo, eu não sabia exatamente em que condição estávamos, quais novos contornos ganharam nossa história. Perdida nos meus pensamentos, vez ou outra lembrava do nosso beijo, do reencontro terno dos nossos lábios, mas aquilo havia sido tudo, nada mais íntimo ocorrera entre nós; pois desde então o dia ficara corrido: Obito fora até o apartamento para ouvir meus relatos, explicou-me sobre tudo que provavelmente aconteceria: 

Na melhor das hipóteses, Gaara seria sentenciado a pena restritiva de direitos ou pena de multa; visto que os crimes que cometera contra mim foram de menor potencial ofensivo, e uma possível pena privativa de liberdade seria de regime aberto, o que não seria satisfatório para mim. O mais desanimador foi o fato de a sequência da explicação está recheada de “poréns” e “na prática”.

Apesar de pouco satisfeita com os possíveis desfechos, tive de manter minha decisão de fazer a “notítia criminis” – termo que aprendera naquela mesma tarde –; pois Sasuke fora irredutível sobre isso, ele não cogitava me deixar desistir.

Pelo menos, Obito garantiu que registrando a ocorrência eu conseguiria uma medida protetiva de urgência contra o meu agressor, ele seria impossibilitado de se aproximar de mim. Embora para isso eu devesse ainda esperar a decisão de um Juiz, pois no final das contas, a delegada com quem conversei, tal como qualquer outro em sua posição, não possuía o poder de conceder a medida imediatamente.

Agora, o primordial: quanto tempo a reposta do juiz demoraria “na prática” – mais uma vez a tal palavrinha que me dava nos nervos –, ninguém podia garantir com certeza. Mas de alguma forma, diferente da realidade de muitas mulheres em condições um  tanto parecidas com a minha, eu sabia que não voltaria para casa e correria o risco de sofrer novamente sob o domínio das ameaças de Gaara. Como prometido, saindo da delegacia, eu e Sasuke entramos no carro, no qual já havíamos deixado as malas, e pegamos a estrada, numa viagem com o único intuito de me tranquilizar e manter distante daquela loucura.

É essa então a paisagem que observava através da janela do automóvel em movimento: um céu preenchido de estrelas do cair da tarde, sobre a serra selvagem que antecedia o encontro com o mar.

Mesmo com todos os problemas que me circundavam, no momento me perguntava futilmente, diante de todo silêncio entre nós, o que movera Sasuke a me beijar mais cedo; visto que até então ele não tentara novamente outra aproximação íntima. Talvez tivesse sentido pena de mim, ao me ver tão fragilizada; ou quem sabe até poderia ter concluído que me devia algo, que devíamos ficar juntos pelo fato de eu estar grávida.

Ele deixara tudo para trás para agora estar ali. Minutos antes de sairmos da cidade, depois de termos conversado por telefone com Mikoto sobre minhas férias adiantadas e quando paramos para abastecer, eu o vi discutindo com o pai, explicando que viajaria comigo, e muito provavelmente passaríamos muitos dias fora.

— Estou levando o laptop, posso participar das reuniões via Skype. – Escutei-o dizer, ainda que não fosse correto prestar atenção em sua conversa. O homem do outro lado da linha certamente não gostou do que ouviu, porque logo Sasuke respondeu: — Sim, estamos juntos novamente; e não tente se meter nisso. — Uma longa pausa. — Sei dos meus deveres com a empresa, Sakura não tem nada a ver com os últimos acontecimentos. — Outra pausa. Depois: — Você não entende, ela está grávida...

Não permaneci atenta a ligação, não me cabia bisbilhotar, e o instantâneo aperto no peito me fez não desejar querer saber mais. Aquela última fala mexeu muito comigo, ela me levou a conclusões infelizes; deixou mais palavras entaladas em minha garganta, coisas que imediatamente eu quis dizer, mas que por motivos covardes, provocados pelo medo das possíveis explicações, fizeram-me hesitar.

O que eu diria? Que ele não precisava me ajudar somente porque eu seria a mãe do filho dele? Isso estava completamente fora de cogitação, esse motivo era o que me movia. Aceitara a proteção dele, depois da luta travada internamente, porque não podia ignorar o fato da gravidez; não poderia, em hipótese alguma, permitir que meus problemas impossibilitassem o meu bebê de ter um pai, uma família. Sozinha não conseguiria cuidar de mim e da criaturinha na minha barriga. Precisava de Sasuke, embora reconhecer isso me deixasse com um gosto amargo na boca; e toda a situação me mantivesse intensamente inquieta e confusa, pois no fundo, bem guardadinho no meu coração, ansiava que ele também estivesse ali por ainda manter a paixão que dias antes me confessou ter. 

Essas e muitas outras questões me esgotavam mentalmente. Muitas dúvidas martelavam na minha cabeça. Simplesmente não conseguia parar de pensar nelas, não conseguia pensar em qualquer coisa que me deixasse menos deprimida e distante.

Liguei o som do carro, coloquei músicas alegres para tocar, acreditando que as canções escolhidas poderiam me ajudar a desviar o rumo dos meus pensamentos, no mínimo acabariam com o silêncio que regia a viagem.  

A ausência de diálogos piorava meu estado de espirito. Eu ensaiava algumas frases, formulava-as bem em minha cabeça; definia questões a serem imediatamente esclarecidas, entretanto, reprimia-me, aguardava que fosse ele a tentar algo. Mas dele também não vinha muito além de observações aleatórias sobre o clima, a estrada, a paisagem e “Você vai adorar a casa da praia”.

Nada que eu quisesse ouvir de verdade, então que definhasse em meus devaneios martirizantes. 

Foi o caminho inteiro nessa tortura muda. Sasuke estava ali, ao meu lado, ainda assim, eu me sentia sozinha.

Chegamos no litoral umas sete da noite. A casa ficava num condomínio de frente para o mar, e apesar dos muros altos, as varandas do segundo andar davam vista para a praia. Fiquei deslumbrada, é claro. O lugar era maravilhoso, um verdadeiro refúgio.

— O que achou? – o Uchiha logo perguntou, após deixar algumas coisas no chão do quarto, no qual eu seguia encantada com a vista. Sem dúvida aquele era o melhor cômodo, com a melhor varanda: ampla e de belas cortinas. Não me importaria nenhum pouco em dormir ali, se não acabasse de notar que apenas minha mala fora deixada por lá, as de Sasuke não.

Engoli em seco após a constatação, ela só ressaltava minha teoria. Ele não tinha pretensões de dormir comigo.

— Eu gostei – foi a minha breve resposta, seguida de um meio sorriso. – E já posso aproveitar a acomodação e tomar um banho? – completei, um banho me cairia muito bem, ajudaria a tirar o cansaço do corpo, a clarear as ideias, principalmente a fugir temporariamente da situação incômoda e disfarçar minha decepção.

Ele demorou a responder. Pensou bastante. Tentou formar uma frase, movendo a boca enquanto sorria de canto, mas por fim apenas concordou, acrescentando que pediria algo para o jantar.

A quantidade de perguntas incomodando minha garganta apenas aumentava; mas como não possuía coragem para fazê-las, passei pelo homem parado no meio do quarto, entrei no banheiro; revirei os armários a procura de uma toalha; despi-me,  já imersa numa agonia profunda  e agindo de maneira mecânica; e embaixo do chuveiro, como a tola que costuma ser, chorei baixinho.

Não questione o porquê do meu choro; às vezes eu apenas chorava sozinha. Chorar em público é humilhante; sozinha no banheiro, quando os soluços podem ser abafados pelo barulho da água chocando-se contra o chão, é libertador, tanto quanto me fazia sentir um pouco mais forte por esconder minha fraqueza. Pois dos fracos pode-se dizer que são frequentemente associados a sentimentos. 

Têm-se por fraco o sentimental, o altruísta, o amante, aquele que sente a dor ao ver mais uma notícia triste no jornal. Houve uma inversão de valores na sociedade, nunca pude compreendê-la, mas sabia que devia me acostumar a ela; portanto, que eu desse ao mundo sempre um sorriso, e guardasse para a minha solidão os momentos ruins, que eu fizesse dela um martírio sem fim, que minhas lágrimas se misturassem a água no ralo, que ninguém as ouvisse, além de eu mesma, que meus espectadores não ousassem me tomar por um serzinho fragilizado, que nunca soubessem o que me tornou assim. Deles podia-se esperar o desdém e as máscaras, mas nunca a sensível busca pelas complexidades humanas, nunca a curiosidade por aquilo que nos move, nunca a máxima de se colocar no lugar do outro.

Mas nesse meio de abutres não incluía Sasuke, ele não era assim, eu gostava de acreditar que não; desde que nos conhecemos, o Uchiha tinha mudado bastante, não era mais o homem de negócios arrogante que passava por cima de tudo e todos. Ele se importaria com as minhas lágrimas; no entanto, eu já havia chorado na frente dele uma vez, não me permitiria outra demonstração do tipo; não principalmente quando ele também fazia parte do pacote do meu desalento.

E a questão é até mais complexa. Darei mais um parecer sobre meu choro, ele tinha a ver também com o quanto me sentia sozinha: o resultado de uma infância sem afeto; da morte do meu pai, depois do meu avô; da família nova, os pais arranjados para quem me via mais como um fardo, não como uma filha... Eu sei, Sasuke estava por perto, disposto a me ajudar e permanecer ao meu lado, mas eu não me permitia chorar perto dele, portanto, ele não poderia ser meu mais sincero e completo confidente. Ninguém podia.

Era bastante solitária, via-me de fato sozinha no mundo. Amigos tinha, sim, alguns; mas o caso também vai além disso. Porque a solidão, veja bem, é como um cálice envenenado do qual se toma um gole por dia, e de repente, está tão enraizada no corpo e provocando tantos estragos, que nada pode ser feito. Não há como reverter esse mal natural das almas condenadas a caminhar sozinhas pela multidão. Aparentemente há terra firme por todos os lados, rostos sorridentes dispostos a compartilhar momentos de diversão, mas não há um cais onde ancorar, não há em quem confiar, não haverá a mão que se estende e socorrerá do naufrágio; há ilhas, apenas ilhas. 

A solidão é, então, o resultado de inúmeros pedidos de socorro não atendidos. É a sensação de já ter gritado, entre um mundaréu de surdos, e desistido no final; porque têm-se a impressão que não há som se ninguém ouve. O isolamento e a crença de que tudo deve manter-se perfeitamente guardado consigo, é o resultado da consciência de que, no fundo, poucos se importam de verdade.

Esse estado, ou sensação e sentimento de sentir-se sozinho, é realmente o pior veneno para a alma. Ele me consumia aos poucos, sem avisos, sem alardes... silencioso e deprimente. Tinha a ver com um orgulho próprio exagerado e uma desconfiança amarga sobre o mundo em sua totalidade. Não um orgulho maligno, daquele que poderia me tornar um ser prepotente e impossibilitaria as relações corriqueiras; era mais do tipo honesto, um tipo que não me permitia revelar as tribulações ou compartilhar as preocupações; um tipo que me isolava pelo sofrimento, não pela soberba. A solidão induzida se parece mais com o orgulho do pobre quando nega receber dinheiro por caridade; não com o orgulho do rico em desdenhar de ninharias. É um auto vigília, na qual se prefere definhar sozinho, ao invés de expor para o mundo os sentimentos que se tem, numa tentativa frívola de chamar atenção.

Mas eu dizia que tomava banho... e terminei-o finalmente. Sai do quarto enrolada numa toalha, recuperada do choro, e procurei na mala o que tinha para vestir e passar a noite: camisolas indecentes, visto que na casa de Sasuke deixava apenas as peças que comprava para usar exclusivamente com ele, e eram apenas elas que levara para os dias fora. Vesti-me, porém me preocupei em cobrir meu corpo seminu com uma manta que fazia parte do conjunto de cama; não queria, de forma alguma, que o Uchiha cogitasse algo como a possibilidade de tudo não passar de uma tentativa de sedução.

Uma vez bem coberta e protegida do frio da noite, atrevi-me a novamente desfrutar da bela varanda do amplo cômodo. Encostei-me no guarda-corpo metálico, apreciei a vista. O mar se estendia diante do meu campo de visão, uma imensidão azul e turbulenta. Lá no horizonte, o céu coberto por estrelas tocava o oceano numa carícia esplêndida aos olhos, esse encontro que deveria ser impossível me hipnotizou, chamou minha consciência e afastou de mim qualquer ligação com a realidade. Meus pensamentos viajaram para longe, estiverem caminhando por momentos e tempos distantes, desconexos; eles me levaram para onde meu corpo nunca poderia estar.

Ali eu fiquei, imóvel; os olhos vidrados num ponto longínquo, incapaz de enxergar qualquer coisa fora da pequena viagem irreal; perdida no mais completo silêncio.

Era apenas eu, a brisa salgada que esfriava meu rosto, meus devaneios e o barulho das ondas quebrando na praia. Nada da realidade poderia ter me trazido de volta, eu estava longe, muito longe; mas não sei onde exatamente. Não me recordo sobre o que pensava precisamente ou quais eram meus motivos para desligar-se do mundo, minhas engrenagens trabalhavam em centenas de assuntos por segundo. Naqueles minutos foi como se não existisse no mundo tangível. Quantas horas se passaram ou o que ocorria ao meu redor, também não sei dizer.

O gatilho que finalmente me despertou foi o repentino pressentindo de ser observada. 

Virei-me, Sasuke estava encostado na esquadria da porta; o corpo inclinado para um lado, contrapondo o peso na perna direita; os braços cruzados sobre o tórax; os olhos negros focados em mim. Ele vestia um pijama de frio; estava descalço, como era de seu costume; provavelmente também tomara banho. Atrás dele as cortinas balançavam singelamente pela pressão do vento.

— Faz tempo que está aí? – perguntei.

— Não muito. Vim avisar que a comida chegou, mas você parecia tão distraída que preferi esperar.

— Estava admirando a vista. Faz muito tempo que não vejo o mar.

Ele se aproximou, por alguns segundos também apreciou a vista, depois virou em minha direção, analisou-me demoradamente. E com uma feição de quem pedia permissão, moveu a mão e trouxe até minha barriga escondida pelo tecido felpudo; não neguei o contato, ainda assim minha estabilidade foi abalada pelo toque afetuoso.

— Quando começará a crescer?

— Considerando meu biótipo, provavelmente no quinto mês.

— Está com tanto frio assim? – súbito indagou, observando a manta que me cobria por completo.

Anuí, embora a confirmação fosse uma mentira. 

Ele riu, não sei o porquê. 

— Você precisa comer – disse sério, e afastou-se sem mais nem menos. Por fim, induziu-me a segui-lo. 

Enquanto o acompanhava pelo corredor, tendo como visão suas costas largas, mordi compulsivamente o interior dos lábios. A situação me deixava nervosa. Eu queria acabar com o clima estranho, mas não sabia como, não entendia muito o porquê de Sasuke está mais calado e indiferente que o normal. Bem compreendia que o tinha magoado, que certas palavras possuem mais peso do que deveriam. Sabia que não tinha direito de cobrá-lo, visto que fora eu a acabar nosso namoro. Porém, precisava ouvir da boca dele o que seria de nós, porque, de qualquer forma, havíamos nos beijado mais cedo, e ele parecera receptivo quando me permitiu dormir em seus braços, não? Sim! Claro que sim! Mas o fora por mim? Que duvidas agonizantes! 

Alcançamos a cozinha, a mesa estava perfeitamente posta, Sasuke já tinha se preocupado em arrumar tudo. A comida parecia boa e apetitosa, embora as preocupações me tirassem a fome. De qualquer forma, imediatamente nos servimos, eu tentei comer bem e prestar atenção no que fazia, só tentei... 

— Sasuke? – consegui chamá-lo, finalmente reunindo coragem. A resposta dele foi um "hm", estava de boca cheia. – É... Bem... – gaguejei, não sabia exatamente como perguntar. – Você... 

— Eu? – incitou-me a continuar, após terminar de mastigar.

— Nesse meio tempo em que ficamos separados, conheceu alguma mulher? – foi esta a hipótese que acabara de pipocar na minha cabeça, como justificativa para o que seguia ocorrendo entre nós.

— Conheci? – induziu-me a ser mais clara, talvez se divertindo com o meu desconforto.

— Saiu, ou sei lá... Namorou outra.

Ele riu, dessa vez uma risada de verdade, não um riso irônico ou somente com o canto dos lábios.

— Estou falando sério. Por que está rindo?

— Porque você continua achando que não consigo passar uma semana sem mulher; que sou sedento por sexo ou coisa do tipo.

— Você é – murmurei. Arrependi-me no mesmo instante por isso. Baixei a cabeça. Prestei atenção na refeição em meu prato, foi a forma que encontrei para fugir.

— Acha que sou? 

Meneei, mantendo o olhar baixo, fingindo prestar atenção em qualquer outra coisa. Não conseguia mais encará-lo.

— Talvez eu seja, mas isso não justifica seus julgamentos sobre mim.

— E o que isso quer dizer?

— Não, Sakura – foi direto. – Eu não saí com outra. 

Ousei olhá-lo.

— Por que não? – Ele deveria, visto a forma insensível com que dei um fim em nosso namoro.

— Você queria que eu tivesse?

Neguei.

— Então qual o motivo dessas perguntas?

— Desde que conversamos com seu primo, você ficou diferente, parece que deseja manter certa distância de mim. Quando chegamos, colocou nossas malas em quartos separados... – Respirei fundo, iria até o final. – Lembro de tudo que eu disse na noite em que terminamos, mas quero que saiba: eu aceitaria morar com você, te liguei naquela terça, disposta a responder um sim, no entanto, você não atendeu; e logo depois veio a acontecer tudo que já sabe... Tudo isso é apenas para esclarecer que ainda quero você, Sasuke; e preciso saber se ainda sente o mesmo por mim. Não quero vê-lo assim: lutando para me afastar de você, isso não é necessário, pois não cobrarei nada. Sei que tem o bebê agora e...

— Lembra de tudo que disse? – perguntou num tom novo, talvez irônico ou amargo, não consegui decifrar. – Também lembro das suas exatas palavras, lembro de como desacreditei delas e fiquei te esperando me dizer que elas não passavam de uma péssima brincadeira, mas então você me deu as costas. E nada daquilo importou ou mudou algo em mim, porque mesmo depois de ouvir suas declarações de desprezo, continuei lá, parado no meio da calçada, tive esperanças de que você não conseguiria partir sem no mínimo olhar para trás. Mas você conseguiu, em nenhum momento hesitou, em nenhum momento espiou pela janela. Eu sei disso porque fiquei parado de frente para o seu prédio por mais de uma hora, desesperado, mas confiante de que em algum momento você voltaria atrás.

— Eu sinto muito. – Foi o que consegui dizer.

— Acredito que sim. E só estou esclarecendo isso para que saiba o quanto do meu orgulho foi posto de lado desde que te conheci; então nada disso que está supondo sobre minha distância é verdade, não tem nada a ver com brio ferido.

— E com o que tem a ver? Me fale, mostre, desenhe para mim... Parece entender perfeitamente como precipitadamente interpreto tudo. Mas se tenta me evitar, só posso pensar em todas as coisas erradas que fiz para merecer isso, foram muitas; e se não estou correta em acreditar nessa ideia, então por favor, explique, caso contrário não poderei dormir tranquila, minha cabeça doí com tantas conjecturas, ela se assemelha a uma panela de pressão...

Ele levantou da cadeira, fazendo-me interromper minhas confissões aflitas. Parou diante de mim, uma expressão determinada e um sorriso enigmático, estendeu a mão em minha direção, qual segurei imediatamente. O simples toque foi capaz de me aquecer completamente.

— Irei mostrar – afirmou. Sem nada mais dizer, conduziu-me até o quarto no qual tinha se instalado. 

Não ofereci resistência, isso porque acreditei que as pretensões dele eram diferentes das que ocorreram. Ele me puxou para junto de si e avançou apressado contra meus lábios, tão logo encostou a porta atrás de nós. O que pretendia me mostrar estava além do que cheguei a cogitar. As mãos possessivas sobre mim, tal como a língua que dominou a minha em movimentos autoritários, demonstrou claramente que faríamos o que geralmente os casais fazem num quarto, além de dormir.

Ele costumava ser assim: um homem de ações. Para o Uchiha um gesto dizia mais que mil palavras; o problema estava na minha inaptidão em decifrar esses gestos. 

— Sasuke. – Afastei-o, cogitando que talvez tivesse me entendido errado, ou, muito provavelmente, estivesse louco. – Não é isso que quero. Não pretendo que fique comigo só porque é o meu desejo, ou porque estou grávida; a questão é justamente o oposto. 

As feições dele variaram da incredulidade a alegria, em ligeiros piscar de olhos.

— Às vezes eu fico pensando, Sakura Haruno, se realmente me expresso muito mal ou se é você que não consegue enxergar nada do que está diante dos seus olhos. Há pouco, quando me disse que tomaria banho, eu quis me oferecer para entrar no banheiro com você, mas não podia, então esperei que me convidasse, o que não aconteceu, porque você tem essa mania de traduzir errado meus olhares e agora desenvolveu esse costume de passar por mim como se eu não existisse, o que me impossibilita completamente.

Houve silêncio. Ele esperou algum parecer meu.

Não consegui dizer nada, as frases ainda não estavam claras em minha cabeça, tentei organizá-las para tentar entender o que acontecia.

 — O que mais me perturba – ele tornou, diante da minha falta de reação e tocando a manta que eu vestia. – É eu saber exatamente o que está usando por baixo disso. E se tenho me segurado, não é pelos motivos que você acredita. Notei o quanto estava aflita, Sakura; consigo supor quão vulnerável ficou com tudo que aquele covarde vinha fazendo com você, por isso me afastei e evitei falar sobre minhas intenções, foi apenas para lhe dar espaço, para não te coagir como ele fez. Não pretendo, de nenhuma forma, pressioná-la. É claro que quero você novamente, te desejo muito mais do que pode imaginar, mas cogitei que o melhor agora seria não impor minhas vontades. Estava esperando você esquecer os últimos acontecimentos para então me dizer o que deseja, e no final pretendia ouvir da sua boca que ainda me quer como seu homem, aquele que prometi ser, não apenas como o pai que dará proteção quando estiver vulnerável. 

— Mas eu te ouvi com seu pai no telefone.

— Precisa parar de ouvir conversas pela metade.

— Pareceu que...

— Não, não fale mais nada. – Voltou a aproximar nossos rostos, os lábios roçaram brevemente nos meus, até nossas bocas se unirem com gosto nostálgico; suas mãos despiram meus ombros, quando o breve afastamento foi necessário. Já com a voz embargada pelas segundas intenções, acrescentou: – Qualquer coisa que tenha cogitado além disso, está muito longe da verdade.

Com minhas palavras não pretendia violar a calmaria da noite, tudo estava muito quieto, apesar de as cortinas da varanda ainda dançaram com o vento num ritmo pouco compassado, provocando o som característico do movimento singular. Entretanto, diante de todos os recentes acontecimentos, sussurrei o que ele desejava ouvir:

– Eu te quero como meu homem, não apenas como o pai do meu filho.

Um riso satisfeito foi a resposta que veio dele, seguido de um beijo demorado e pretensioso que foi deixado em meu ombro.

— Você é tão macia... – ele disse, também entre murmúrios que não buscavam agitar o tempo. Dando mordidas discretas no meu pescoço, acrescentou: – ... E cheirosa.

Sem perder mais tempo, Sasuke logo girou meu corpo entre seus braços, ficando atrás de mim. Retirou de vez a manta que me cobria, o tecido caiu no chão formando uma poça marrom de pano. Então, para meu deleite, afastou meu cabelo para o lado, pondo-se de forma muito solícita a beijar meu pescoço e costas sensíveis, ao mesmo tempo que suas mãos escorregavam sobre meus seios e barriga cobertos pela camisola fina; gerando pequenos espasmos no meu corpo e me fazendo morder os lábios para tentar lidar com as sensações avassaladoras. Ele me tocava de uma forma que não me permitia ser indiferente, sob os cuidados dele eu me sentia intensamente querida e desejada, única.

— Senti sua falta – eu disse, quando a respiração já estava entrecortada e minha voz misturava-se aos suspiros desejosos.

Não me referia a saudade do meu corpo ansioso pelos toques dele. Falava do mês que passamos separados; de quão doloroso foi deixá-lo, quando secretamente ansiava tê-lo ao meu lado todos os dias. Afastar-me dele quando chegara a cogitar aceitar o nada formal pedido de casamento, fora um golpe pesado para mim. Abrir mão da minha felicidade, tinha contribuído em igual parte para o meu declínio psicológico, porque era a vida daquele homem que estava em jogo, titubeando em minhas mãos, sem que eu pudesse mantê-la ali em conivência com a minha própria. 

Pior era que, de todo modo, isso permanecia muito confuso na minha cabeça, a situação ainda me parecia muito longe de uma solução. Ainda que por ora adormecida, a culpa martelara latente no meu coração, mas junto de tantos outros sentimentos, que um bolo só de agonia havia apertado o meu peito, sem que eu pudesse exatamente compreender de onde vinha a pancada. Mas ali não deixei que essas coisas me afligissem novamente, não quando estava nos braços de Sasuke; eu as mantive dormentes no meu âmago, assim permiti-me correspondê-lo e apreciar suas carícias.  

A resposta dele não tardou a vir, tomou consistência na forma da sua mão atrevida e de dedos longos, que depois de ter subido minha camisola e apoiando-se em minha barriga, puxou-me completamente em direção ao seu quadril, fazendo-me sentir sua respiração quente e agitada contra minha nuca, e o quão duro estava por mim. Do seu jeito esquisito, de mais ações e menos palavras, provavelmente desejava me mostrar que também estava com saudades. Muitas saudades, foi o que deu para notar. Senti-lo tão excitado me fez estremecer. Um suspiro pesado rompeu dos meus lábios, eu o queria urgentemente.

A medida que seus lábios úmidos acariciavam minha pele, e a mão direita deslizava com lentidão sobre a minha calcinha, enquanto a esquerda incitava meus seios, minha carne era tomada por uma agitação crescente e um calor descomunal que ameaçava me deixar febril. 

Os gemidos surgiram sem que eu pudesse controlar, eles escapavam da minha garganta com tamanha necessidade que não me cabia tentar escondê-los. As dúvidas já não faziam parte de mim, tampouco o medo ou as sensações ruins; o que me regia agora era só o desejo por muito tempo reprimido de novamente estar nos braços de Sasuke, entregue a ele e aos seus cuidados perversos.

Estava com saudades, tanta saudade que não aguentaria esperar mais. Meu corpo implorava pelo dele, eu senti a necessidade de demonstrar isso. Agarrei sua mão, fiz com que finalmente invadisse o pequeno tecido que ainda separava seus dedos mornos da minha intimidade. Ele suspirou forte no meu ouvido, quando me tocou e sentiu quão úmida eu estava; também esbravejou um palavrão, movido principalmente pela força do hábito. 

De imediato me virou novamente, livrou-se logo das minhas roupas, intercalando beijos impacientes entre meus lábios e o maxilar. Quando me teve nua, rapidamente levou a boca até meus seios, para chupá-los com ansiedade.  Joguei a cabeça para trás, inebriada, suspirando, perdida em sua voracidade e modos lascivos; suplicando silenciosamente por muito mais.

Ele pareceu ouvir meus pensamentos e entender a forma exagerada que meu corpo procurava o seu, assim pediu-me para deitar. Tirou a própria roupa, jogando os tecidos amarrotados em um canto qualquer do quarto, sem desviar os olhos intensos dos meus que o aguardavam com ansiedade. Por fim foi até a cama, colocou-se sobre o meu corpo e entre minhas pernas, adentrou-me devagar. Eu teria gemido de pura satisfação e deleite por tê-lo novamente dentro de mim, mas seus beijos sôfregos sufocaram minha voz. A forma intensa de me amar, unida a língua exigente e os toques ávidos que vagueavam pelo meu corpo, tornou aquela noite a mais especial de todas. 

— Eu te amo – ele sussurrou no meu ouvido, a dado momento em que as investidas alucinantes me faziam arranhá-lo  as costas e minhas pernas o prendiam permanentemente numa tentativa de não o fazer parar por nada no mundo; mas não sei o quanto essa lembrança é verdadeira. Não sei se ele realmente declarou me amar no silêncio da noite e quando a união dos nossos corpos era tudo que tínhamos; ou se a confissão foi um grunhido irregular de prazer, qual preferi ouvir como bem entendia. Eu não sei, nunca saberei, apenas recordo-me de responder, em igual tom secreto, que também o amava. E nada mais foi dito, além da saudade evidente que transparecia em nossas breves trocas de olhares e ganhava forma na necessidade com que procurávamos um ao outro. 

A noite foi, então, preenchida pelos nossos gemidos e o barulho dos nossos corpos ansiosos. O céu misterioso das primeiras horas da madrugada, que nos vigiou através da porta aberta da varanda, foi testemunha do nosso amor recém confessado e de todo prazer que a intensidade da paixão, esse sentimento abrasador e desesperado, nos ofereceu.

 


Notas Finais


Raskólnikov é o personagem principal do livro crime e castigo de Dostoiévski ( Meu autor favorito *-* <3), explicando ligeiramente para quem não conhece a obra, Raskólnikov tem uma teoria sobre os extraordinários e os ordinários, para ele extraordinários conseguem, e podem, transcender as leis, e ainda serão perdoados pela história (ele usa Napoleão como exemplo), e os ordinários, de modo geral, somos nós, pobres mortais que vivem sob efeito do bem e do mal, da moral etc. Ele é bastante inteligente, e acha que é extraordinário, por isso e mais alguns motivos, inclusive para "provar" sua teoria, ele mata uma velha a machadadas. Mas o pobre Rodion não era extraordinário.

Beijosss, e até!


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