História Além do Tempo - Inquietações

POV ROBIN 

Retornando para casa… 

Passamos os melhores dias juntos, o que me faz pensar mais no amor que eu estava nutrindo pelo Law. 

Estava com saudades das crianças. Acabei de receber uma ligação de vídeo delas dizendo que estão amando passar um tempo com a minha mãe, Dragon e Luffy. Eles iriam para a casa dos meus sogros para passar um tempinho lá também. De certa forma isso nos ajuda a procurar resolver o mistério da viagem do tempo. 

Chegamos no hospital pois Law estava preocupado por conta do último desmaio. Para dizer a verdade, eu estava me sentindo estranha, não consegui comer nada enquanto estávamos no avião. Não sei se é por que nunca fiz uma viagem assim, apesar que ficar no Sunny é muito mais agitado. 

Law quis fazer todos os exames comigo, até tirou tubinhos de sangue de mim, e eu sentia a forma carinhosa que ele me tratava. Eu me sentia uma criança de tão mimada que eu estava sendo. Ver o lado humano daquele homem que só fazia cara feia durante toda a nossa aliança me fazia me derreter mais ainda por ele. 

Tê-lo ao meu lado foi uma das melhores coisas que poderia acontecer na minha vida, e pensar na possibilidade de terminarmos separados, de eu acabar morrendo e não concluir meus sonhos, me fazia ficar muito triste. 

Foi o motivo do meu choro da última noite, tive que ir ao banheiro para esconder o desespero que eu sinto de tudo isso acabar. 

— Pronto, vou levar para a análise. Podemos ir para casa agora. Você precisa descansar. — Ele disse, colocando os frascos na fileira em uma caixa branca. 

— Tudo bem, meu doutor… — Ele virou pra mim com sorriso perverso, me causando risadas.

— Vou levar para o laboratório. Você espera no carro? 

— Sim, eu vou indo… — Me levantei da poltrona, um pouco tonta pois não havia comido nada. 

Entrei no carro e aguardei meu marido. O mesmo veio com passos apressados em direção ao automóvel, com um sorriso que eu me derretia. 

— Corazón me ligou, nos chamou pra ir na casa dele hoje a noite. Que tal irmos? — Ele disse após entrar no carro. O mesmo colocou o cinto enquanto olhava para mim.

— Queria muito vê-lo! Vamos! — Balancei a cabeça em sinal positivo. 

— Então manda mensagem pra ele por mim? — Ele deu o aparelho, com o aplicativo de mensagens aberto. Enquanto ele saia com o carro, eu digitava a mensagem, mas minhas mãos estavam trêmulas. 

— Estou morrendo de fome… — Eu disse, sentindo a minha cabeça formigar de tamanha fraqueza que eu sentia. 

— Podemos ir a um restaurante para almoçarmos… Também estou, só que você comeu nada… Não sei como consegue ficar em pé comendo tão pouco… — Respondeu, enquanto pousava suas mãos em minha perna, como se amenizasse o tom de bronca que havia de dado. 

— Só como o necessário. — Respondi, elevando meus ombros enquanto o encarava. 

Paramos em frente a um restaurante que parecia ser muito bom. Senti o cheiro da comida que me faz salivar. Faz um bom tempo que eu não sentia isso. Saímos do carro e entramos no estabelecimento. 

Havia algumas pessoas, a maioria delas rindo pela apresentação de Stand Up que estava acontecendo. A voz me parecia bem familiar, o que me fez querer avistar de onde estava vindo. Arregalei os olhos ao ver que Usopp estava em um pequeno palco segurando o microfone. 

— Olha, Torao-kun… — Apontei discretamente para o Usopp.

— God? — Ficou incrédulo ao vê-lo. 

— Pois é… — Eu ri, fazendo com que Law também risse. 

— Esta viagem está ficando engraçada. — Disse enquanto fomos recepcionados por um garçom. Law olhou fixamente para o homem, o que me fez ficar também pensativa… Ele parecia ser… Penguin! Um dos tripulantes do bando do Torao-kun. 

— Aqui está o cardápio. Fiquem à vontade. — o moreno disse antes de se retirar. 

— Penguin… — Meu marido murmurou, olhando para mim. 

— É tão esquisito as pessoas que conhecermos não fazerem ideia de quem nós somos… — Comentei, pensando em todas as pessoas que encontramos aqui. 

— É verdade… Às vezes eu penso que estou em um Deja Vu… — Ele disse ao abrir o cardápio. Eu fiz o mesmo e a minha fome era tanta que qualquer coisa estava ótimo para mim. O moreno fez o sinal para o garçom. 

— Vou pedir peixe grelhado… E você, meu amor? — Ele fechou o cardápio enquanto eu fiz o mesmo, decidindo o que pediria. 

— Eu vou pedir o mesmo… — Coloquei o cardápio na mesa sobre o outro. Por um momento senti uma pontada de dor na cabeça, bem aguda. Coloquei minha mão sobre a testa, respirando fundo. 

— O que foi? Você está bem? — Law arqueou-se em minha direção, pegando na minha mão que estava sobre a mesa. 

— Nada… Acho que é a fome… — Eu me sentia melhor de repente, da mesma forma que me sentia mal. Meu corpo não estava mais o mesmo, como se a minha vitalidade se fosse. 

— Vou mandar fazerem o prato de vocês primeiro. — Avistei o garçom, que sorriu para nós dois.

— Obrigada. — Agradeci. 

— Agradeço. A minha mulher fez exames de rotina e não comeu nada… Se puder trazer antes eu vou agradecer muito. — O moreno de tatuagens olhava para mim de um jeito terno, cuidadoso. Penguin disse que ficará pronto em minutos e saiu imediatamente, indo em direção à cozinha. 

— Ele é um fofo igual o Penguin que conhecemos. — Sorri, escondendo a tensão que sentia em meu corpo. 

— Você está nada legal, Robin-san… — Law levantou-se, indo sentar ao meu lado. Ele me envolveu em seus braços, fazendo encostar minha cabeça em seu ombro. 

Ele fazia de tudo para que eu ficasse o mais confortável possível. Me sentia a mulher mais sortuda do mundo por tê-lo ao meu lado. Encostei meu nariz em seu pescoço, sentindo o seu cheiro cítrico fresco. Por um momento fechei os olhos, a fim de repulsar o meu cansaço. 

— Eu estou melhor agora… — Beijei seus lábios ao passar as mãos em seu rosto. 

— Te ver assim me preocupa. Depois daquela conversa você ficou desse jeito. Você está nervosa sobre aquilo? — Ele se referia sobre o que o Barba Negra disse a meu respeito. 

— Não… — Olhei para ele com olhos arregalados… Não conseguia esconder o que eu sentia. Respirei fundo, olhando para seus olhos acinzentados. 

— Está… Você não confia nos seus companheiros e muito menos em mim? — Nossa troca de olhares se tornava ainda mais profunda. 

— Eu confio. O que agora me preocupa é sobre esta viagem, as pistas que temos, o fato de eu estar me sentindo diferente… Eu não sei dizer o que eu realmente sinto… O meu corpo não parece ser o mesmo… — Respondi. — É tão ruim assim para mulher chegar aos 30 anos? Por que me sinto como se estivesse com 60. — Desviei o meu olhar, me distanciando um pouco dos toques do moreno. 

— Como um médico, realmente quando a mulher chega aos 30 anos muita coisa muda, mas as mudanças são bem sutis. Só que você ficou bem mais linda do que 2 anos atrás quando te vi em Sabaody… — Ele procurava me olhar diretamente em meus olhos enquanto passava a mão em meus cabelos. Respondi com um sorriso, até que o garçom chegou até nós, acompanhado de um cheiro maravilhoso de comida que estava na bandeja de prata. 

Sentia o aroma antes de degustá-la, em ritmo lento, tendo prazer em meu paladar. Me sentia revigorada ao sentir os temperos. Recordei da comida de Sanji, que fazia com tanto amor e carinho para nosso bando, ou das comidas de Penguin, que eram muito saborosas também. 

Ficamos em silêncio, apenas usando nosso contato através de nossos olhares e trocas de sorrisos. Prestava atenção nas piadas de Usopp e das gargalhadas das pessoas, às vezes fitava para Penguin e observava o seu trabalho que era exemplar.  

Assim que acabamos a refeição que durou muitos minutos, senti uma moleza em meu corpo, como reação bocejei. A viagem me cansou bastante, fora as noites mal dormidas de tanta ansiedade do que mais poderia acontecer. 

Por falar em ansiedade, estava sentindo inquietação ao pensar que finalmente poderei conhecer o homem que deu a vida ao meu marido: Rosinante, vulgo Cora-san. 

Mal podia esperar para esta noite.