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História Além dos Portais - 2T - Do Pentágono ao Templo


Escrita por: Especttra

Notas do Autor


Era pra ter postado ontem, mas fiquei desenhando e me perdi!!!


Taí, Jow vai para o Templo... Tá triste!!!

Capítulo 35 - 2T - Do Pentágono ao Templo


Fanfic / Fanfiction Além dos Portais - 2T - Do Pentágono ao Templo

 

 

 

****POV’s Jow****


 

Parti para o Templo apreensiva, desanimada, triste.

Obrigada e vencida. Vencida pelo destino de ser o que não pedi pra ser. O que não planejei pra mim.

Leiftan me acompanhou… Com Eychi. Ela oficialmente retornava ao local onde vivera no anonimato por quase vinte anos… Agora na posição de Guardiã de Eel. Queria rever as pessoas que foram a sua família ali. Desculpar-se. Justificar sua fuga. E se despedir.

 

No barco, além de nós, havia um Kappa que era o capitão do barco. Um homem de pouca  conversa. Durante a viagem de barco, quase dois dias por mar, eles iam tentando me animar. Eycharistisi descrevia o templo, os jardins, as praias maravilhosas da Costa de Jade. Eu já tinha ouvido sobre aquilo tudo. Ezarel tinha me contado. Ezarel não estava ali. Eu não queria estar também.

 

Tinha tido apenas mais duas semanas com ele, antes de partir. Ele não pôde ir comigo. Nos despedimos no dia anterior, e nas duas semanas anteriores… Nos despedimos todos os dias e todas as noites. Passamos a maior parte do dia juntos, fizemos coisas úteis e inúteis. Ele fez todas as minhas vontades. Antes de eu partir para … Meu destino.

 

Ezarel foi para a terra em missão da Embaixada. Traria um médico, e eu tinha certeza de que seria o Marcos.

 

Então, não foi possível que ele se despedisse de mim me levando para o templo. Se ele tivesse ido, eu não teria descido do barco. Foi melhor assim.  Seria… Menos difícil.

-Pare de ficar azul, Jow - Brincava Leiftan no caminho. - Pense que é temporário.

Eu ria e voltava a olhar para o mar, para trás, para onde tinha visto a Costa de Eel se afastar até desaparecer. Não estava com vontade de conversar.

 

Fechei os olhos e de repente me lembrei de uma canção da infância, que eu inventei, quando morava na casa da praia com meus pais. Eu conversava com meus amigos imaginários, o Vento Amigo e o Mar do Norte, que me ensinavam canções. Eu cantava minha música… Ela falava de uma princesa perdida, que partiu e não conseguia encontrar o caminho de volta… Me lembro bem. Seria um presságio para minha vida?

Meus pais se divertiam com as músicas que eu inventava. Elas apenas vinham à minha mente, letra e melodia. Eu achava que meus amigos imaginários me ensinavam. Eu lembrava das músicas até hoje.

 

Pensei neles… “Cadê vocês quando eu cresço e preciso de vocês? Porque me abandonaram? Prometeram que não iam me abandonar nunca… Hoje falar com vocês seria tão importante… Mas por mais que eu chame minha mente fica vazia,... sem resposta.”

 

Eu quebrei o silêncio, somente muito tempo depois que nos afastamos da costa de Eel.

 

-Eu… Estou com medo.

 

Eles olharam para mim e vi que estavam sentindo pena. Até eu estava com pena de mim mesma! Parecia uma vaca gorda sendo levada para um matadouro…

 

-É natural, Jow - Disse Leiftan com aquela calma e tranquilidade que eram a marca dele - Está indo para um lugar desconhecido, com pessoas que não conhece, cumprir um destino que não pediu. É perfeitamente compreensível que sinta medo…

-Eu… Não sei se vou ser capaz de ser o que esperam de mim.

-Ninguém espera nada de você - Continuou ele. - Você é quem espera de você. Só está vindo para cá para sua segurança.

-E para segurança do resto do mundo. Todos me disseram que sou uma bomba ambulante prestes a explodir.

Leiftan riu.

-Não é bem assim. Não gostaria de saber lidar e controlar suas habilidades? Não está se divertindo com a Kazai?

Ele sempre dizia habilidades como se fosse uma coisa muito comum, como se fosse… tricotar!

-Gostaria sim.  Estou me divertindo com ela. Mas será diferente.

-Será diferente e mais intenso, Jow - Falou Eychi.- Vi as sacerdotisas treinando, elas são incríveis! Fazem cada coisa! Imagino você com seu potencial, vai aprender muito mais.

 

Eu sorri para ela, mas meu sorriso era triste. Voltei o rosto para o mar e deitei a cabeça na popa do barco, fechando os olhos. Ficar ali na popa do barco parecia me deixar mais perto de Eel. Precisava aguentar. Precisava aprender depressa, quanto mais depressa, mais rápido voltaria para ele.

 

-Jow… - Disse Eychi - Vamos ficar com você alguns dias, para que não se sinta sozinha. Mãe Gaia vai permitir, tenho certeza.

Eu sacudi a cabeça concordando, mas mantive o silêncio. Segurei com força o broche da Absinto que retirei do corpo de Ezarel, quando pensei que estava morto.

Valkyon tinha feito para mim, na forja, um pingente com ele, e me deu de presente num cordão.

Aquele broche tinha me salvado da Oráculo. Era um troféu. Eu nunca mais me separaria dele. Apertei o pingente de novo até suas pontas me espetarem e eu sentir dor. A dor que me acordou para a realidade.

 

Quando a noite chegou, ainda estávamos longe do nosso destino. Era lua nova, de forma que o mar estava escuro e o céu cheio de estrelas. Cardumes de peixes-libélula iluminavam as ondas. Era lindo!

Adormeci sentada no chão, apoiada na popa, enquanto olhava para a espuma que o barco fazia ao cortar a água.

Quando acordei, já era dia.

O Kappa cochilava no leme, que estava fixado e preso na direção que devíamos seguir.

Eych e Leiftan dormiam um nos braços do outro, no outro lado do barco. Fiquei admirando com carinho os dois juntos. Eles tinham sofrido demais, principalmente Leiftan, já que Eychi ficara esses anos todos no esquecimento. Eles mereciam ser felizes, eu não parava de pensar nisso.

Pela posição do sol, não demoraríamos muito a chegar. Talvez mais algumas poucas horas.

 

Quando Leiftan e Eych despertaram, fizemos uma pequena refeição todos juntos, inclusive o Kappa.

Algumas horas depois desembarcamos na ilha de Esquíatos, na bela Costa de Jade.

Algumas sacerdotisas nos esperavam na areia, e quando reconheceram Eychi correram para abraçá-la. Entre elas estava Juma, a sobrinha de Kratos. Era uma garota pequena e delicada, e ficou muito feliz ao ver Eychi.

 

As duas se abraçaram e eu me escondi atrás de Leiftan, confesso que estava tímida e com medo. Nem parecia eu. Ele riu e me ofereceu o braço, e caminhamos juntos até o templo… Que era lindo.

Eu só tinha olhos para a grande imagem da Deusa que ficava na entrada, como se estivesse guardando o templo. Para onde eu andava, parecia que seu olhar me acompanhava, era lindo e assustador.

As sacerdotisas me cumprimentaram com uma pequena reverência, que eu retribuí.

Ali tinha todo tipo de moças faeries, espécies que eu conhecia e outras que nunca tinha visto nem ouvido falar... As representantes de Tsukiko. E queriam que eu fosse outra. Já não bastavam tantas?

Atravessamos o grande jardim de flores vermelhas. Fomos conduzidos pelo grande Hall da Lua até a sala da Velha Mãe, Gaia, Sacerdotisa Suprema daquele templo. Ela não era uma Filha da Lua. Eu também não queria ser.

 

Mãe Gaia levantou-se de sua cadeira de encosto alto. Trajava uma túnica azul e dourada, parecida com o traje de Ezarel, de chefe da guarda.

A velha Elfa de olhos rosados estendeu a mão para mim.

-Aproxime-se, Jow.

Eu obedeci, calada.

 

-Me prometerem uma médica alegre e barulhenta. Mas parece que me trouxeram uma moça triste e silenciosa… O que aconteceu?

Olhei tristemente para ela sem saber o que responder.

Ela continuou.

-O templo será sua casa por algum tempo. O tempo que vai permanecer conosco depende somente de você. Se chegar hoje e estiver preparada amanhã, pode partir. Eu mesma chamarei os kappas para levá-la de volta…

Meus olhos brilharam.

-Jura? - Olhei para Leiftan e Eychi que sorriam.

-Você não é uma prisioneira, Jow. E isso aqui não é uma prisão. Nem um quartel. Somos uma família. Mas se está aqui, é para um propósito… Me responda com sinceridade, Jow… Com toda sinceridade. Por que está aqui?

 

Eu respondi sem piscar.

-Porque me disseram que eu sou uma bomba, e que se eu não viesse, ia explodir o mundo!

Depois mordi a língua.

Gaia riu da resposta.

-Entendo… Você, diferente de nós todas aqui, não veio por vocação. Não veio servir e dedicar sua vida à Deusa Tsukiko… Veio por necessidade, para proteger e manter em segurança aqueles que você ama.

 

Eu assenti.

-Sei o que você é, Jow. E aqui no templo, apenas eu sei.

Eu olhei para ela e permaneci calada. Ela prosseguiu.

-Você é uma filha da Lua. Um Avatar Híbrido. Sabe o que isso significa, Jow?

Novamente respondi sem pensar, para depois morder de novo minha língua enorme.

-Que sou uma bomba de quatro elementos pronta pra detonar o mundo.

Gaia riu de novo e olhou para Leiftan.

-Ela é sempre assim?

-Sim, Mãe Gaia, essa está mais parecida com a nossa Jow. A que eu disse que viria.

-Você não é feita somente de quatro elementos, Jow… É de cinco… Venha ver uma coisa.

 

Gaia me conduziu até um altar da Deusa, onde um havia um enorme quadro pintado. E apontou para as figuras ali representadas.

-Olhe para isso…

 

Uma bela mulher estava flutuando sobre um campo verde e florido. Pelas vestes e os ornamentos de lua, entendi que era a Deusa.

Abaixo dela, algumas mulheres trajavam armaduras azuis e douradas, com um elmo dourado tendo na testa uma lua negra.  Estavam armadas com espadas, e dessas espadas saíam luzes representando todos os elementos. Algumas estavam de frente e outras estavam de costas.

Em uma delas, com as costas nuas, eu via a tatuagem que eu tinha.

 

Atrás delas estavam pintadas diversas espécies de faeries, elfos, ninfas, unicórnios, brownies… Elas faziam uma espécie de escudo protetor.

À sua frente, num embate, haviam pessoas… Humanos, e estes lutavam com as mulheres.

Aquilo era a representação de uma batalha!

 

-Essa é a nossa Deusa com suas filhas, os Avatares Híbridos. Elas não são Deusas, Jow. Não foram criadas para serem Deusas. Foram criadas para serem Guerreiras. Sua missão sempre foi proteger o povo faery numa eventual batalha que destruiria todo o mundo mágico. Como a grande guerra em que o povo faery fugiu para Eldarya, através do portal, no evento que chamamos de “A Grande Travessia. Está ciente disso?

 

Eu assenti. Ela continuou.

-Você é a única Guerreira completa descendente da Deusa, que temos para nos proteger, desde a travessia. E só conseguirá fazer isso quando… E se… Dominar a habilidade que despertou dos elementos.

Eu olhei para ela, e depois para o quadro de novo.

 

-Eu devo ser uma… Guerreira? O que isso significa?

-Significa que nossa missão é transformar você em uma, Jow. Uma guerreira que domina os elementos. Que é capaz de lutar com eles. Se você nos permitir.

 

-Não faço idéia de como isso pode acontecer. Como posso lutar usando os elementos?

Mãe Gaia riu.

-Isso você vai descobrir ao longo do seu treinamento.

 

Eu abaixei o olhar. Como poderia ser uma guerreira? Nem sabia lutar! Não era nem capaz de segurar uma espada, uma lança, um arco, sem encher a mão de bolhas! Era uma simples médica! Só sabia segurar um bisturi! Era uma garota humana! Como poderia corresponder ao que esperavam de mim? E se falhasse?

 

-Está hesitando, Jow? Está duvidando de si mesma?

Olhei para ela e as lágrimas escorreram.

-Sim, estou. Não sei se sou capaz de ser o que vocês querem que eu seja.

 

Nesse momento, Kazai apareceu.

Ela fez uma grande reverência para Gaia, que retribuiu. A Salamandra flutuou até mim… e falou:

 

-Me permita, Mãe Gaia… - E se dirigindo a mim - Jow… Você pode duvidar… O quanto quiser...Mas eu acredito em você... Tanto, tanto… Que estou ao seu lado, como instrutora e como protetora. Seguiria você por onde quisesse me levar... Porque eu acredito em você... Sinto a luz da sua alma. Se houvesse uma guerra, Jow… Eu a seguiria. Não estaria sozinha. Sei do que é capaz...

Kazai fez uma pausa, flutuou pela sala, sob o olhar atento de todos nós. E continuou.

 

-Mãe Gaia lembrou bem, Jow… Você não é só de quatro elementos… É de cinco… O quinto elemento, Jow, é o Amor. É o seu amor, Jow… Me diga uma coisa… O que seria capaz de fazer para proteger o seu Elfo? Aquele que quebrou todos os selos… Aquele que você viu morrer… Aquele que se dispôs a morrer e a viver por você? O mesmo Elfo que a salvou de se perder no cristal… Até onde iria para protegê-lo, Jow?

Mais uma vez respondi sem piscar e sem hesitar.

-Eu iria até o inferno, Kazai. Até onde fosse preciso. Eu não teria limites. Eu morreria por ele.

Kazai riu.

-É exatamente para isso que deve se preparar, Jow. Não para morrer por ele, mas para viver por ele. Para proteger o seu Elfo, e com isso, proteger todos nós.

 

Eu enxuguei os olhos e esbocei um sorriso. Finalmente minha cabeça dura e minha mente analítica tinham entendido. Elas tinham me dado um objetivo… E um desafio. Com isso eu sabia lidar. Não precisava ser Deusa. Só precisava proteger meu Elfo.

E olhando para Gaia, ela acrescentou…

-Se me permite ficar, Mãe… Acho que posso ajudar... Conheço como funciona a cabeça dessa maluquinha aí… Conheço muito bem e há muito tempo... O quinto elemento é o mais ativo de todos aqui… Ela é… Movida a Ezarel… - Disse olhando para mim e rindo. - Vai fazer de tudo para voltar rapidinho para ele…

 

Gaia olhou para a Salamandra e concordou.

-Tem minha permissão, Salamandra. Pode continuar ajudando no treinamento dela. Preciso mesmo de um guardião para a Arena do Fogo.

-Precisamos conversar sobre isso também, Mãe Gaia, sobre os guardiões… Numa outra oportunidade. - Disse Kazai.

-Perfeitamente. Numa outra oportunidade. - Respondeu ela.

Eu me senti feliz pela primeira vez ali.

-É verdade que se eu estiver pronta amanhã posso mesmo ir embora?

Gaia riu.

-Pode sim. Embora eu duvide muito que esteja pronta amanhã…

 

-Wow! - Gritei bem alto e dei uns pulos, dançando e quase acertando o altar.

-Kazai, Mãe Gaia… Quero começar agora mesmo! Onde vamos treinar? Será que podemos comer antes? Estou morrendo de fome!

Leiftan acrescentou, rindo de mim.

-Mãe Gaia… Eu lhe apresento a “verdadeira” Jow… Aquela que eu prometi que ia trazer…

 

****

 

Antes de comerem, Eychi e Juma levaram Jow para o quarto que seria seu durante seu treinamento no templo. Era um quarto pequeno e simples, com um gaveteiro que continha vestes de noviças. Jow não se imaginava treinando de saias… Mas foi avisada de que teria que usar as roupas que todas usavam ali.

 

Tinha trazido mais livros do que roupas na bagagem. Keroshane arrematou na biblioteca toda a literatura que encontrou na língua dela sobre o templo, os Kappas, os Avatares Híbridos, os elementos e os elementais.

 

Acrescentou por conta dele alguns sobre o domínio dos elementos, invocação de elementais, técnica de concentração e meditação. Esses dois últimos ela usou como mesa de cabeceira.

Fazia calor na Costa de Jade, e as roupas eram mais confortáveis e adequadas do que o uniforme que usava.

 

As sacerdotisas noviças usavam um vestido no estilo frente única, mas para Jow foi dado uns diferentes, para cobrir a tatuagem das costas dela. Gaia não queria que ninguém soubesse o que ela era. Disse a todas que Jow era uma prometida para a Deusa desde jovem, na Terra, que chegou há alguns meses e recebeu o chamado da Deusa. Mesmo sendo velha para entrar no templo, ela teria permissão para ser noviça.

 

Jow tomou banho e já saiu do quarto com a saia amarrada do lado. Mas ninguém falou nada. Sabiam que era humana e era estranha.

 

Foi levada ao refeitório, onde conheceu Myra, e o fato de saber que era irmã adotiva de Kratos foi dissolvida na gentileza dela.

A comida era muito boa e ela estava com fome. Dividiu a mesa com Eychi e Leiftan.

Depois foi informada de que tinha o dia de folga para descansar da viagem.

Mas Jow não queria descansar, queria treinar e ir embora logo… Pediu a Kazai que a acompanhasse à praia, com o intuito de treinar… Mas logo correu para catar as conchas e as pedras verdes que se encontravam espalhadas na areia, largando o treinamento para depois…

Ezarel tinha dito que queria ter levado os cristais verdes para ela… Uma vez.

A lembrança a fez voltar à realidade. Ela apertou o pingente do cordão.

 

-Kazai, me treina rápido! Preciso sair daqui amanhã!

-Ô, Bebê, não é assim não, hihihi! Ao invés de treinar hoje… Vamos jogar… Que tal?

-O jogo das bonequinhas de cinza?

-Pode ser… Se vencer, te ensino outras canções… Muito mais interessantes.

 

****

 

Eychi e Leiftan ficaram três dias na Costa de Jade, até Jow se ambientar. Ela não teve muitas dificuldades. Se enturmou muito bem com as noviças e sacerdotisas e no final fazia tanto barulho que tinha que ser mandada para o canteiro de ervas para meditar. O que nunca dava certo, pois com o selo da Terra quebrado, as plantas cresciam rápido demais, entupindo os canteiros.

 

Jow não gostava muito, mas acostumou-se depressa à rotina do Templo. Leiftan tinha alertado Mãe Gaia para que garantisse que ela nunca ficasse com tempo sobrando ou entediada, sempre dando mais treinos e mais tarefas para ela.

Ela parecia disposta a terminar o treinamento em poucos dias, e a Elfa ria disso.

Jow não reclamava de nada. Cumpria todas as tarefas com alegria e boa vontade. Era gentil e carinhosa com todos ali.

 

Entendera que deveria se tornar uma guerreira de quatro elementos... O que fazer com o quinto? Não sabia. Sabia que deveria estar pronta para lutar e proteger o povo faery caso houvesse uma guerra. Para isso precisava estar preparada.

Mas como uma única guerreira poderia proteger um mundo inteiro? Ela não imaginava. Mas se propôs a ser o mais próximo do que esperavam dela.

 

À noite, quando todos iam se deitar, ela ia para a praia procurar conchas, cristais verdes e fazer esculturas de areia, que se animavam pelo poder da Terra. Tartarugas e golens de areia… Brincava disso todos os dias. O treino para ela tinha que ser lúdico. Senão, ela não conseguia.

Quando ia para o quarto, devorava os livros que Kero lhe emprestara. Leu até os de meditação… Eram bons para dormir…

 

Ela em breve começaria a treinar na Arena do Fogo com a Sacerdotisa Instrutora e com Kazai.

Pelo que lhe foi explicado, o treinamento do Avatar Híbrido era diferente do treinamento das sacerdotisas.

Cada Arena deveria ter um Elemental Guardião nomeado. Kazai seria a guardiã da Arena do Fogo.

 

Mas quem seriam os outros? Ela não temia o Fogo, não temia a Terra e não temia o Ar.

Mas achava que tinha todos os motivos para ter medo da Água.

 

****

 

Thadeus Grimm estava em seu pequeno gabinete no Pentágono.

Esboçava num papel as diretivas que pretendia impor às embaixadas faeries. Mas antes, precisava dar um jeito de estar na reunião com os embaixadores, que aconteceria em alguns dias.

Sentia-se um pouco mais confortável tendo movido a sua base para o subsolo do pentágono, ao invés de dividir a sala com o Departamento de Defesa e ser sempre deixado de lado pelo colega com mais poder. Thadeus já tinha o poder que precisava. Com a assinatura que precisava. Trancado dentro de um cofre em um lugar que nunca existira.

 

O Secretário de defesa, no início, tinha se oposto ao fato de Grimm querer sair das suas vistas. Mas depois acabou concordando, devido à insistência daquele jovem General orgulhoso e obstinado, que o Departamento de Segurança Interna fosse para o subsolo.

Rabiscando seus papéis, sozinho na sala trancada, ele procurava pensar.

 

A mídia já mordera a isca sobre a “Ameaça Faery”.

As Igrejas também.

O partido conservador tinha se mostrado um importante aliado, além do fato de ser constituído por pessoas facilmente manipuláveis. Era só ameaçar a integridade das famílias, a segurança das mulheres e crianças, que conseguia o que queria. Eles eram fracos. Todos aqueles lixos.

Aos poucos, ia soltando entrevistas meticulosamente elaboradas… Dava declarações com pesar nos olhos, lançando ao vento dúvidas quanto a qual seria o real objetivo dos faery em visitar a Terra.

Já tinha conseguido dividir a opinião pública, a ponto de precisarem colocar a segurança pública para garantir a integridade física dos funcionários da embaixada Faery, uma vez que alguns manifestantes já queriam fazer passeatas e gritar impropriedades para os fairies dali.

A morte de Kratos estragou tudo o que ele vinha traçando como diretiva.

Por que aquele mago imbecil teve que morrer?  E quem o teria matado? Com certeza ele nunca foi flor que se cheirasse, e provavelmente cultivava um séquito de odiadores… Mas trocavam importantes informações…

 

Kratos tinha deixado bem claro para ele que as visitas que fazia sozinho à terra eram extremamente sigilosas. Ele chegava e o contactava através de um emissário, e se encontravam sempre em locais aleatórios escolhidos pelo Mago. Grimm se submetia a esses encontros, porque sentia o potencial maldoso de Kratos, e temia seu poder. Embora o desprezasse, ele o respeitava.

Esse sentimento era mútuo… desprezo, medo e respeito.

Grimm aprendeu o que pôde de Kratos, e em troca fornecia algumas escórias que o discípulo de Kratos levava para Eel…

Ele sabia que não era o único a fazer isso. Sabia que Kratos viajava pelo mundo inteiro buscando pessoas de que ninguém daria falta para suas experiências… E ele também agora estava fazendo o mesmo, suas próprias experiências… Retribuindo o favor. Até que o mago morreu...

 

Kratos procurava alguma coisa ou alguém. Ele não teve tempo hábil para descobrir o que o mago buscava…

Com a morte de Kratos, Grimm tinha ficado no escuro…

Até ter sido procurado por alguém com muito potencial destrutivo. Alguém descartável que sabia que Kratos se encontrava com ele… E adivinhara que ele odiava os faery. Alguém disposto a se infiltrar e se arriscar, para que seus planos se concretizassem.

Ele soube aproveitar essa oportunidade enviada pelos céus. O Universo conspirava para o seu sucesso.

 

O Embaixador americano já tinha confirmado a presença do novo Embaixador de Eldarya numa reunião.

Grimm precisava trazer à tona que tipo de líder era esse, conhecer o inimigo, o oponente, talvez um possível futuro aliado. Buscaria a mesma coisa que Kratos?

 

Já tinha infiltrados na NSA, dentro do departamento de defesa. E tinha os curiosos e revoltados dos hackers, a seu favor. Bastava favorecer uma pequena brecha na segurança para que as imagens cuidadosamente selecionadas por ele vazassem na internet, aumentando o pavor que os humanos sentiam daquelas criaturas.

 

Grimm sabia disso tudo. Só não fazia idéia ainda de como invadir Eldarya. Como manter aberto um daqueles portais infernais para atravessar de forma segura com as tropas e as armas… Não sabia se seria possível a entrada em Eel das máquinas de ataque em massa, tanques, jatos… Provavelmente não. Seria apenas a artilharia de solo. Combate corpo a corpo. Talvez alguns mísseis portáteis.

 

Depois o grande desafio seria transportar aquele cristal através do portal. Se não fosse inteiro, teria que ser fragmentado. Seria fácil, com a tecnologia orto-molecular de que dispunham, isolar a estrutura atômica daqueles elementos e recompor o cristal na sua integridade, onde ele quisesse.

Depois da reunião com o Embaixador, começaria a ocupar as embaixadas com sua equipe. Primeiro, a norte-americana. Estavam em território americano cedido a eles por cortesia, e tomar esse território de volta não era difícil. Não havia desrespeito à soberania de outra nação, uma vez que Eldarya não poderia ser considerada uma nação. Se nem da ONU fazia parte… Não, não era uma nação.

 

Os faeries não permitiam a presença de estranhos durante a abertura dos portais. Isso acontecia no interior das embaixadas numa sala altamente sigilosa. Nenhuma autoridade nunca presenciou a abertura e a travessia por eles. Precisava se concentrar em tornar público como isso acontecia. Uma câmera talvez  resolvesse o problema.

Quando a humanidade presenciasse esse tipo de magia, ficaria mais aterrorizada.

 

Depois seria fácil, acusar o embaixador de trazer armas químicas para a Terra. Principalmente se o Elfo da Absinto o estivesse acompanhando. Poderia detê-los como ameaça terrorista. Essa era sua área de atuação e era o terreno onde se sentia confortável para agir.

 

Sua responsabilidade era trabalhar na esfera civil para proteger o território nacional, dentro e fora de suas fronteiras. Bem fora de suas fronteiras,  era o que ele entendia. Iria onde fosse preciso da forma que fosse necessária. Com a força que lhe conviesse.

Fazer o Embaixador refém seria suficiente para obrigar a abertura de um portal? Não sabia. Conseguiria ele ir Além dos Portais? Não fazia idéia. Mas parece que tudo caminhava para que isso acontecesse.

 

Batidas à porta despertaram-no de seu devaneio…

-O que foi? - Perguntou gritando irritado, pois todos estavam cientes de que não deveriam interrompê-lo quando estivesse trancado e sozinho.

-Senhor… - Disse uma voz tímida - Morderam a nossa isca. Invadiram o sistema…

-Pode entrar, tenente.

O tímido tenente abriu a porta devagar e entrou.

-É pedir demais que me ponha a par dos fatos, tenente? Ou vai esperar que eu me levante e o faça falar?

O tenente olhou para ele com olhos vidrados, com medo e muito respeito.

-Não, Senhor. Quero dizer… Houve um acesso de um IP fixado no oriente médio. Achamos que é o mesmo Hacker que invadiu a NSA ontem. Já estamos rastreando a rota dele, e parece que nos leva à Europa… Mais precisamente, à Alemanha.

 

Grimm sorriu com gosto expondo todos os dentes muito brancos e perfeitos.

-Um conterrâneo… Dê linha ao peixe. Não podemos deixá-lo escapar dessa vez, tenente. Quero saber o que ele pretende e o que já conseguiu obter de informações… E o mais importante… Pra quem ele envia isso. Não quero falhas de novo!

-Sim, senhor.

-Dispensado, tenente.

-Sim, senhor! Com sua licença, senhor!

E saiu da sala, fechando silenciosamente a porta.

 

Grimm mantinha o sorriso no rosto. Tinha sido uma excelente idéia lançar a isca para esses peixes gordos. Mas todo pescador tinha que cultivar a virtude da paciência. E isso era uma coisa que ele tinha de sobra…

 

 

 

 


Notas Finais


Aí está, Jow no Templo, Grimm na Terra.


N]ao vejo a hora deles se cruzarem!!!


Espero que curtam, beijos!!!


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