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História Além dos Portais - 2T - O Vírus Fary


Escrita por: Especttra

Notas do Autor


Queriam mais treta?

Que tal alguém para odiar? Mais um pouco?

Tomem Grimm...

Capítulo 45 - 2T - O Vírus Fary


 

 

 

 

Thadeus Grimm dava uma entrevista em rede Nacional.

Com a farda militar impecável, sem seu quepe, para parecer menos ostensivo, procurava transmitir um ar preocupado de pai de família.

-Caros cidadãos de todas as cidades da América. Caros turistas e imigrantes que sempre foram calorosamente acolhidos pelo Governo do nosso país. Venho humildemente discorrer sobre a maior ameaça que nosso planeta já enfrentou.

“Como é do conhecimento de todos, fomos invadidos por uma horda de aberrações que se autodenominam Faery. Tenho certeza de que todos vocês já viram andando pela sua vizinhança algum tipo desses seres a quem me refiro.“

“ Gostaria de comunicar oficialmente o banimento desses seres do território nacional norte-americano. Não pelo medo que nos trouxeram… Não por teimosia, discordância religiosa ou intolerância racial. Mas por uma real e grave ameaça que eles trouxeram com eles… Um vírus mortal!”

“Esses seres invadiram nosso espaço urbano, nosso planeta mãe, trazendo com eles uma doença viral incurável para a humanidade. Não há vacinas contra ela. Não há defesas contra ela. Embora tenhamos conseguido isolar o vírus, não é possível cultivá-lo para que seja estudado. Ele simplesmente é disseminado pelo ar e penetra livremente nos nossos pulmões, destruindo nossos glóbulos vermelhos… “

“No começo, parece apenas uma indisposição. Horas depois, aparece a anemia. Depois de algum tempo, a falta de ar… E a asfixia… E a morte. É rápido, senhores. É fatal e brutal. As crianças e as gestantes são os mais afetados.  Durante a evolução, dores alucinantes e manchas hemorrágicas aparecem por todo o corpo, incapacitando o indivíduo para suas funções mais básicas, como comer ou dormir.”

“Trata-se de apenas uma fatalidade? Não sabemos. Trata-se apenas de mais um vírus imbatível para se somar aos tantos que nós já temos? Não sabemos. Trata-se de uma arma biológica? Quem sabe? Pensem, prezados cidadãos! Esse vírus desconhecido afeta apenas seres humanos. E as projeções e estudos apontam para uma disseminação em massa que vai dizimar a população mundial em apenas meses…”

 

Nesse momento, se faz um silêncio e entra uma música instrumental de suspense…

Uma simulação feita em computador mostra um mapa do planisfério da Terra e vários pontos vermelhos onde se lia “Embaixada Faery” . Desses pontos, saíam setas vermelhas com o símbolo da contaminação biológica, e essas setas iam tomando conta das cidades, países, até que todo o planisfério ficou vermelho.

 

“Isso, senhoras e senhores, é uma simulação do que poderia acontecer em apenas alguns meses… poucos meses para ser mais exato. Pelos nossos cálculos, se não detivermos essa ameaça imediatamente, teremos menos de dois meses para nos despedirmos de nossos entes queridos e do nosso amado planeta azul.”

“Quero crer que é uma fatalidade. Que esses faeries simplesmente não sabiam, que carregavam esse patógeno. Alguns estudiosos afirmam que são inofensivos. Outros que alguns humanos poderiam ser imunes, e usando o soro dessas pessoas poderíamos fazer vacinas. Que para desenvolvermos resistência, precisamos nos expor ao vírus. E eu pergunto a vocês, humanos, que me ouvem… Vocês arriscariam deixar seus filhos expostos para que sirvam de meio de cultura para uma possível vacina?”

“Deixo a pergunta no ar.

E que Deus abençoe a América!”

 

Grimm desceu do palanque e evitou os repórteres. Simplesmente acenou com a cabeça para eles e entrou no carro oficial, rodeado de sua escolta que ele achava inútil. Isolado do motorista pelo vidro blindado que separava o motorista dos passageiros, sozinho no banco de trás, Grimm pegou o celular e discou. Uma voz de mulher atendeu do outro lado. Ele apenas disse.

-Prossiga...- E desligou.

 

Recostou-se no banco do carro e sorriu.

Algumas pessoas iam morrer. Americanos e turistas. Algumas crianças iam asfixiar… E sangrar. Mas era um sacrifício aceitável em comparação ao que ele conseguiria com isso.

 

****

 

A mulher de terno claro e óculos escuros desligou o telefone. Fez um sinal para seu acompanhante, também de terno claro e óculos escuros.

Eles desceram do carro e abriram o porta malas, onde uma jovem kitsune estava, com as mãos amarradas e um saco de estopa na cabeça.

Eles retiraram a garota dali e a colocaram de pé.

 

-Prontinho, querida, está livre. Eu disse que só queríamos fazer algumas perguntas e depois a soltaríamos… Você pode voltar agora para seu trabalho na Embaixada, se precisarmos a contactaremos de novo…

Dizendo isso, desamarrou as mãos da garota e retirou o saco marrom da cabeça dela.

-Vai nos acompanhar por uns minutos e depois a deixaremos ir…

 

A garota, apavorada e com os olhos arregalados, nada disse, concordou com a cabeça e ajeitou as roupas amassadas, passou as mãos pelos cabelos pretos que estavam desalinhados e limpou os olhos, inchados de tanto chorar.

-Se tentar alguma coisa eu quebro seu pescoço - Disse o homem.

A garota novamente concordou com a cabeça e manteve-se calada.

 

Eles caminharam por alguns minutos, e ela olhou espantada para os lados.

Pareciam estar no mundo da fantasia.

-Sabe onde estamos, garota? - Perguntou a mulher.

Ela sacudiu a cabeça em negativa.

-Estamos no maior parque temático do mundo. Aqui todos se fantasiam como você. Não vai ser reconhecida como faery… Vão pensar que está fantasiada.  Vamos deixá-la aqui.

 

E dizendo isso, abandonaram a kitsune ali.

A garota começou a andar entre as pessoas, assustada, até que alguém gritou:

-Olha ali! Um faery!

Ela arregalou os olhos e correu.

A multidão se espalhou, correndo dela e algumas pessoas atiraram nela latas de refrigerante e sapatos.

 

Ela gritou e correu mais depressa. Seguranças chegaram e cercaram a garota, para protegê-la das pessoas que gritavam e atiravam coisas nela.

Alguém acertou um dos seguranças com uma lata quase cheia de refrigerante e um sorvete.

Ele xingou e acertou alguém com um cassetete. A multidão avançou.

Rapidamente, outros seguranças de uma guarda armada chegaram, e para conter a população irritada, atiraram bombas de fumaça no chão.

As pessoas tossiram e começaram a se dispersar… Os guardas levaram a jovem kitsune para longe dos turistas exaltados.

Observando de longe, os dois comandados de Grimm sorriram.

Naquela fumaça dos seguranças, havia uma toxina...

Desenvolvida nos laboratórios da área 51.

 

****

 

O Efeito Grimm nos humanos foi brutal.

Os faeries do intercâmbio de todo o mundo, hostilizados como se fossem uma doença, começaram a procurar as embaixadas para solicitar seu retorno a Eldarya.

 

Centenas de pessoas foram contaminadas pelo “vírus faery” num dos grandes parques temáticos de Orlando. Muitas morreram e outras ainda estavam hospitalizadas em estado grave. Um número enorme de crianças e jovens americanos e turistas.

Com medo do que estava se tornando uma caça às bruxas, muitos fairies escondidos e camuflados nas diversas cidades espalhadas por toda a Terra, procuravam as

Embaixadas para cruzar o portal.

 

Mas o povo de Eel permanecia sem saber o que acontecia.

Ezarel abriu finalmente o portal na embaixada em um dos países tropicais sul-americanos. Seriam os últimos carregamentos de sementes.

Ele e a sua equipe só souberam daquele êxodo quando chegaram à Terra.

 

Quando o portal se abriu, havia um alvoroço no salão principal da Embaixada. Os caixotes de sementes estavam prontos e havia uma multidão de faeries ali, todos com bagagem para atravessarem de volta.

Ezarel assustou-se com aquilo e olhou para Hans. Se dirigiu ao responsável ali, um fauno que já estava há anos naquele país.

-O que aconteceu aqui? O que significa isso?

 

-Todos queremos partir, Ezarel. Estamos sendo hostilizados, ficar aqui ficou inviável. Tivemos que selar a entrada da embaixada com magia, estamos neste cerco há um tempão! A magia já se extingue…

O fauno, sob os olhares desesperados dos funcionários, resumiu rapidamente para Ezarel e Hans tudo o que estava acontecendo, a ameaça do vírus, a contaminação no parque temático na América.

Ezarel decidiu.

-Vou manter aberto o portal. Atravessem todos depressa. Tragam tudo. Tragam as sementes e a bagagem de vocês, se apressem!

 

Os funcionários conduziram todos os que ali estavam pelo portal que Ezarel mantinha aberto, foram quase cinco minutos para que todos atravessassem. Ouvia-se do lado de fora os humanos gritando. O cheiro de queimado no ar e o barulho de vidro quebrando indicava que estavam atirando na Embaixada algum tipo de material inflamável… Como bombas incendiárias e coquetel molotov.

 

Hans sabia o que estava acontecendo… Darien já tinha mostrado o perigo… Ele já tinha lido algumas pessoas naquele bar… E percebeu que talvez não fosse possível nenhum contato com os pais de Jow.

Quando o último faery cruzou o portal, Ezarel e Hans atravessaram de volta.

A sala de Miiko estava lotada de gente, e ela estava histérica.

 

-O que significa isso? De onde vocês saíram? EZAREEEEEEL!!!!!

Ezarel entrava e lacrava o portal nesse momento.

-Calma, Miiko. Vamos explicar.- E virando-se para Jamon - Por favor, Jamon, leve todos para o Hall, chame a Ykhar e peça para que providencie tudo para que eles reencontrem as famílias.

Jamon concordou com a cabeça e levou todos para fora da sala do cristal.

 

Miiko andava em círculos e sacudia a cabeça.

-Miiko… - Disse Hans - Houve uma revolta de verdade na Terra e os humanos se voltaram contra os faery.

-Não sei o que mais pode estar acontecendo na Terra. Precisamos trazer todos… Todos de volta! Bem que a Oráculo alertou! - Acrescentou Ezarel.

-Ezarel! São trinta embaixadas!

-Vamos visitar todas hoje, Miiko. Vamos trazer todos os que pudermos trazer! Convoque o conselho novamente! Vou começar agora mesmo!

-Não pode ir sozinho, Ezarel! Leve alguns guardiões pelo menos! - Gritou Miiko.

Ezarel concordou. Ir sozinho podia ser mais arriscado.

-Vou falar com Valkyon. Não podemos demorar.

Ezarel e Hans saíram dali deixando Miiko muito nervosa. Ela deixou a sala, e quando chegou ao Hall, Ykhar já conversava com o pessoal da embaixada. Alguns tinham família em Eel, outros não.

 

-Ykhar… - Disse Miiko - Convoque alguns guardiões para fazerem isso para nós. Preciso de você em outra missão. Encontre Eychi. Vamos invocar a Oráculo de novo. Onde está Leiftan?

-Está no mosteiro em reunião com Mestre Azham.

-Eu vou chamá-los - Disse Hans.

-Ótimo. Ykhar, encontre Nevra e Keroshane. - E vendo que ela abria a bolsa para pegar material para escrever… -Não perca tempo com pergaminhos, Ykhar, chame todos agora!

Ykhar assentiu e saiu correndo com suas pernas curtas o mais depressa que pôde.

 

****

 

Ezarel e Valkyon saíram da forja no momento em que Ykhar e Hans deixaram o hall principal.

Valkyon chamou meia dúzia dos seus guardiões hábeis em batalha.

-Eu vou junto com vocês, Ezarel. Uma tropa não é nada sem comando. - Decidiu ele.

-Certo, vamos depressa, Eu vou começar pelas outras quatro embaixadas que ficam nos trópicos. Incluindo o país dos pais de Jow.

-Vai conseguir abrir todos esses portais em um só dia? Vai ficar detonado!

-Eu ia mesmo abrir os cinco hoje, Valkyon. Não importa, serão… Só mais vinte e cinco… Terei tempo para me recuperar depois. - Dizendo isso, engoliu uma poção de energia.

-Venham! - Gritou Valkyon para os guardiões.

Correram para a sala do cristal onde Miiko já esperava. Bia juntou-se a eles.

-Eu vou junto, quero ajudar!

Valkyon sorriu para ela.

-Quanto mais gente hábil, melhor, obrigado, Bia.

-Se vierem de novo tantas pessoas quanto vieram agora, não sei o que vamos fazer! - Dizia Miiko aflita.

-Virão muitos mais… Não se preocupe com isso agora, Miiko, o importante é trazermos todos. - Disse Ezarel.

 

Retirou o orbe do estojo e o segurou, deixando a energia azul do cristal se espalhar pela sua mão, e abriu o próximo portal. Cruzou na frente, com Valkyon e os guardiões os seguindo.

Chegando lá… Nada havia de diferente. O ambiente estava calmo e sereno e as caixas de sementes embaladas já esperavam por eles.

-A rebelião não chegou aqui, Valkyon. - E virando-se para o funcionário que ali estava - Por favor, chame o responsável. Precisamos conversar, é urgente!

 

Ezarel e Valkyon reuniram-se com o responsável pela unidade, deixando-o a par de tudo. Prontamente ele reuniu toda a equipe para evacuação da unidade.

Ezarel adorava a tecnologia.

-Tem como saber das outras embaixadas a repercussão dessa revolta?

-Claro, isso é fácil. - Imediatamente o funcionário acessou a internet e descobriu que só havia mais algumas revoltas, mas nenhuma tão grande quanto a da embaixada da América.

-Que alcance esse computador tem nas embaixadas do mundo todo?

O funcionário riu da ignorância de Ezarel.

-Alcance ilimitado… O que precisa fazer?

Ezarel sorriu.

-Avise todas as outras embaixadas. Comece pelas outras embaixadas dos trópicos. Vamos evacuar todas hoje.

Valkyon se opôs.

-Ezarel, você está maluco? Vai mesmo abrir trinta portais? Não viu que não há rebelião em todas?

Ele, com um ar irônico, perguntou:

-Tem uma idéia melhor? Vai esperar esse vírus se espalhar? Ou a guerra começar? Vai querer expor nosso povo assim?

Valkyon sacudiu a cabeça.

-Não, Ezarel. Mas você morrer, vamos perder também.

Ezarel botou a mão no ombro do amigo.

-Isso não vai me matar, Valkyon. Mas se demorarmos, vão matar nossa gente. Vamos logo, rapaz, passe essas mensagens! - Disse para o funcionário.

 

O rapaz obedeceu e logo todas as embaixadas estavam orientadas a se preparar para que todos deixassem a Terra.

-Pronto, Ezarel.

-Mais uma coisa… Apenas veja se consegue contato com a embaixada da América.

-Eles estão off-line… É… Isso quer dizer sem contato.

-Droga… Estarão isolados, não saberão que estamos saindo. Ela vai ter que ser a última... Então vamos embora. Depois eu volto com Hans para tentar contato com os pais de Jow.

 

-Eu não vou voltar para Eel, Ezarel - Disse Bia.

-Tá maluca, Bia? Entra logo na droga do portal! - Gritou Ezarel para ela.

-Eu vinha mesmo para cá… Tenho alguns amigos aqui… Que não vi em Eel e nem na embaixada. Vou encontrá-los… Depois dou um jeito de me juntar a vocês.

-Nada disso - Disse Valkyon- Entre logo e vamos embora, Bia, não é seguro!

-Já tomei minha decisão. Vocês não podem me obrigar. Adeus! - E dizendo isso, correu para fora da embaixada, com sua mochila às costas.

 

Sem poder fazer nada, Valkyon e Ezarel se olharam.

-Vamos, Ezarel. Não vou atrás dessa maluca!

Dizendo isso, ajudaram o rapaz da informática a juntar as suas coisas e partiram.

Saindo na sala de Miiko, apenas ela e o resto da equipe de Valkyon ali estavam. Todos os outros já estavam no hall.

-Vamos à próxima… - E segurando o orbe, abriu mais um portal.

****

Quando estavam saindo da última embaixada dos trópicos, a energia de Ezarel e do orbe já estavam no fim.

O portal foi fechado e Ezarel já nem conseguia mais raciocinar.

Mestre Azham já estava ali, assim como os demais membros do conselho, além de Hans e Eychi.

Miiko pediu para Eychi convocar a Oráculo.

Ela tocou a pedra.

A Fada colorida apareceu e novamente abraçou Eycharistisi que entrou no transe. Olhou para todos eles e repetiu o que já havia falado antes.

-Tragam todos os fairy. Tirem todos da Terra Antiga. Eles correm perigo…  Não abram o portal para a Embaixada da América!

 

Ezarel gritou…

-NÃO PODEMOS DEIXÁ-LOS LÁ!

Eychi olhou friamente para Ezarel.

-Tragam todos os outros. Não podem atravessar para lá.

Todos se espantaram.

-Está sugerindo que deixemos os fairies lá abandonados à própria sorte? - Disse Keroshane - Não podemos!

Eychi olhou para cada um deles, e repetiu calmamente.

-Tragam todos os outros. Não podem ir lá. Se forem, a guerra será inevitável.

E aproximou-se de Ezarel, retirou o orbe de suas mãos e a esfera voltou a brilhar. Ela tocou a cabeça dele e sua energia se restaurou.

Assim que a  Oráculo desconectou-se de Eychi e voltou para o cristal, ela olhou para Miiko, preocupada. Ela viu o que a Oráculo viu… E não gostou nem um pouco.

Mestre Azham estava pensativo e naquele momento se manifestou.

-Precisamos abrir os portais juntos, Ezarel. Assim será mais rápido. Vou ajudá-lo com isso. Onde estão os outros orbes?

-Estão com Hans. Não podemos abrir os portais aqui, Mestre, na sala do cristal. Não podemos expô-lo assim. Vamos abrir os portais no Quiosque Central.

-Miiko, cuide para que todos sejam acomodados de forma adequada - Disse o mestre - Valkyon… preciso de mais meia dúzia de guardiões. - E olhando para Nevra - E você me acompanhe. Vamos cobrir o hemisfério da Terra onde agora é noite.

Nevra concordou com a cabeça.

-Não podemos mais protelar, agora é sério. - E se dirigindo a Ykhar - Vá buscar o Hans… Quero que traga os orbes. E chame Darien e os outros mestres no mosteiro, Ykhar. Diga para virem ajudar a abrir os portais.

E durante todo o dia, Ezarel, Darien e os Mestres de Eel abriram portais para todas as embaixadas e resgataram fairies espalhados por toda a terra… Exceto os da América.

****

À noite, todas as embaixadas estavam fechadas.

Com os funcionários das Embaixadas, retornaram muitos faeries que moravam na Terra há séculos, e nunca tinham ido para Eldarya. Esse pessoal não tinha família e nem amigos lá. Deixaram tudo para trás para fugir da nova guerra que os humanos estavam decretando contra eles.

 

Miiko e Ykhar conseguiram acomodar muitos deles no QG, nas casas do refúgio e outros no mosteiro, mas eram muitas famílias. Deveriam fazer um mutirão para construção de novas moradias, e também pedir auxílio às cidades e vilas vizinhas a Eel.

Jamon, incansável, carregava bagagens para todos os cantos.

Os chefes das guardas estavam exaustos.

Mestre Azham conversava com Darien sobre a missão escondida que ele mesmo inventou.

 

-Eu sei o que faz na Terra, Darien - Dizia ele - E sei que não posso impedi-lo, uma vez que é um Alquimista e Mago graduado. Tem que assumir as responsabilidades dos seus atos.

-Eu estou seguro, mestre. Sei o que estou fazendo.

-Mas não deveria ter levado Hans com você.

-Como sabe disso?

-Eu o vi ontem saindo do mosteiro, e vi as manchas na aura dele, Darien. Não o alertou sobre isso?

-Esqueci.

-Pois é. Se quer fazer algo escondido, faça direito…

Darien riu, meio sem graça. Pensou que ia ser preso, mas parece que não ia…

-Mas agora essa sua ousadia vem a calhar… Vai ter que prosseguir com seu plano. Não podemos deixar os faeries da América à própria sorte, como sugeriu a Oráculo.

-Vai desobedecer?

-Não tenho que obedecê-la. Ela está aqui para aconselhar. Temos o livre arbítrio, Darien.

-Ela não costuma errar, Mestre. Mas eu… Concordo com o senhor. Temos que tirar todo mundo de lá… Inclusive… Ainda há membros da guarda em missão lá, não é?

-Sim. Kareen, Alajéa e Chrome. Eles estão na América.

-Posso prosseguir com meu plano?

-Pode sim. Mas como vai manter contato? Deve levar um orbe com você.

-Vou levar. Se eu precisar, trago para carregar…

-Se não conseguir, Darien… Não vamos ter como resgatá-lo.

Ele riu.

-Eu me viro, Mestre! Não se preocupe.

-Não pode deixar o orbe cair nas mãos dos humanos, Darien. Nunca.

-Eu sei, mestre.

-Vou à América em alguns dias, a lua estará nova. Os portais não estarão muito estáveis.

-E já sabe o que pode acontecer, não sabe? Pode ficar refém, mestre!

-E você estará lá, Darien. Não me preocupo com isso… Mas não envolva mais o Hans nisso… Isso é uma ordem.

-Não vou envolver, se não precisar. Mas saiba que ele é safo…

O Mestre riu.

-Eu sei. Mas ainda é um noviço… Ele não é Kratos…

-Tem certeza disso? Talvez tenha mais poder do que Kratos tinha.

-Mas está do lado bom dessa magia. Deve se manter assim.

-Está bem. Quando devo partir?

-O quanto antes. Agora mesmo, se for possível… Se puder, mantenha contato todos os dias. Se não puder, entenderei.

-Quem vai saber que eu estou lá, mestre?

-Só Ezarel, Darien. E com isso, Hans vai saber também. Não posso envolver mais ninguém nisso. Caso eu fique refém, alguém aqui tem que ser seu contato.

Darien assentiu, enquanto retornavam para o mosteiro.

Já tinha a bagagem pronta. Ele nunca a desfazia.

 

Uma vez na segurança do seu “arsenal de GPS”, trocou suas roupas de mago por roupas normais da Terra. Precisava de um local seguro para o Orbe, e nenhum melhor do que no seu próprio corpo. Abriu um buraco na pele da barriga e enfiou o orbe e a chave do seu quarto lá dentro. Assim, teria energia e se por acaso fosse capturado, ninguém poderia se apoderar dele. E ainda teria a chave para voltar para Eldarya. Observou a ferida se fechar, imaginando a careta que Hans faria ao ver aquilo.

Cuidadosamente, escolheu na estante o objeto que o guiaria, pegou a mochila, abriu o portal e entrou.

 

****

 

Em Eel estava uma confusão enorme.

Com fairies de todos os lados do mundo, parecia que tinha acontecido uma excursão e turistas de todos os lugares invadiram a cidade.

 

Depois, alimentar toda aquela gente não foi tarefa fácil. Karuto se desdobrou com os ajudantes e no final, todos conseguiram comer.

Marcos, Ewelein e a equipe médica examinavam todos eles em grupos, escreviam fichas, ministravam medicamentos e vacinas.

Ykhar e Keroshane catalogavam as pessoas novas, acertando os registros.

Miiko e Jamon, cansados, descansavam no refeitório, após todos já terem comido.

Quando Nevra e Valkyon se juntaram a eles, ela desabafou.

-Não sei o que vamos fazer com todas essas pessoas! São tantas!

-São a nossa gente - Disse Nevra - E voltaram para nós… Mas ainda faltam algumas pessoas queridas, Miiko.

Ela assentiu.

-Eu sei, Nevra. Sua irmã, o Chrome e a Alajéa. Eles estão na América.

-Por isso não podemos abandoná-los lá. Nem eles e nenhum outro faery. Não entendi qual foi a da Oráculo, mandando deixá-los lá! Como é que pode?

-Talvez não tenha sido isso exatamente o que ela quis dizer - Disse Valkyon - Ela disse que não podíamos ir para a Embaixada da América… Mas não disse que não podíamos ir pra outro canto e trazer todos de lá.

 

-E como traríamos sem um portal? Teleporte? - Disse Nevra irritado - A Oráculo está sendo egoísta!

-E esse Grimm? O que ele é? O que ele quer? - Perguntou Miiko.

-Não vamos arriscar para descobrir, não é? Vamos ter que esperar o mestre Azham se reunir com esses caras… Depois traçamos a estratégia - Dizendo isso, Valkyon levantou-se. - Vou ver se alguém precisa de ajuda em alguma coisa. Ficar aqui parado me tira do sério.

 

Todos se levantaram e foram ajudar os demais.

Ezarel, ainda no laboratório, escrevia o relatório da missão.

Só conseguia pensar em como seria bom ter Jow ali, para ajudar… E como teria sido para ela enfrentar a Arena da Água.

Apenas dois dias se passaram da sua partida, e ele já estava morrendo de saudades.

Hans juntou-se a ele, interrompendo o pensamento.

-Quer ajuda com os relatórios?

-Quero, obrigado. Detesto fazer isso…

-Eu sei, por isso vim ajudar. Ezarel… Não deveríamos… Avisar o Templo do ocorrido aqui?

Ezarel parou de escrever e olhou para Hans.

-Se interrompermos o treinamento da Jow ela nunca vai terminar… Não sei se devemos fazer isso… Não ainda.

 

-Se acontecer alguma coisa séria e ela não ficar sabendo, nunca vai nos perdoar… Ela já domina o fogo, talvez fosse suficiente para um combate… Se é que vai haver algum, Ezarel.

-Penso nisso todos os dias… Mas ela apenas brinca com o fogo. Dominar um elemento é mais do que isso. Ela precisa ficar lá… Infelizmente. Ou domina os elementos ou será dominada por eles, Hans. Ela… Não tem escolha. Nem nós…

-Mestre Azham mandou Darien para a Terra, não é Ezarel?

-Nem preciso perguntar como ficou sabendo disso, Hans. É sigiloso, por favor, não diga nada para ninguém.

-Eu… Queria poder ter ido também.

-Vai chegar a hora em que talvez precisemos ir. Se essa hora chegar, vamos precisar de você, Hans.

-E ainda a Bia fugiu de vocês lá…

-Aquela maluca! Saiu correndo, e a gente não ia atrás dela, né? Está por ela mesma agora.

-Ela ficou no país dos pais de Jow, não ficou?

-Sim… E não tivemos oportunidade de ter contato com eles… Talvez um outro dia. Não aguento mais abrir nenhum portal hoje…

Hans desconfiava de Bia, agora mais do que nunca, de ter sido a autora do massacre do mascote. Não confiava nela. Não teve tempo para sondar-lhe a mente, tinha certeza de que ela o estava evitando. Mas agora, de nada adiantava se queixar, ela se fora.

 

****

 

Leiftan e Eychi, auxiliados por outros guardiões, terminaram as entrevistas com os recém-chegados já bem tarde.

Depois de entregarem os relatórios para Ykhar na biblioteca, puderam descansar.

Mas Eychi estava inquieta.

-Leiftan, precisamos avisar a Jow…

-Eu sei, Eychi. Vamos avisar na hora certa. Não agora. Por que está tão preocupada?

 

-Quando a Oráculo me abraçou e eu fiquei conectada nela… Eu vi muita destruição… Vi o cristal destruído. Vi faeries mortos, Eel deserta… Vi esse Grimm com tropas em Eldarya, Leiftan… Vi o Templo da Lua em ruínas!

-Por que não me disse isso antes, Eychi?

-Por que… Eu tenho as visões de forma embaçada, e depois elas vão clareando para mim. Ainda não aprendi a entender…

Leiftan abraçou Eychi.

-O que mais viu? Tente se lembrar…

-Vi tantas possibilidades! Os faeries presos e torturados, numa espécie de quartel… Vi mestre Azham preso… Vi…

E começou a chorar.

-Calma, Eychi… Me conte devagar, o que mais viu…

-Vi você, transformado em Dragão, num Dragão enorme, na Terra… E a Jow… Com você… Vocês… Destruindo tudo!  Matando todo mundo!

Leiftan riu.

-Fique tranquila, Eychi… Eu não posso ir para a Terra, isso jamais aconteceria. Se eu fosse, não teria controle sobre a transformação. As visões mostram as possibilidades do futuro. Cabe ao sacerdote do oráculo interpretar e aconselhar… A fada te mostra as possibilidades, e você as interpreta para que possamos evitar que aconteçam essas coisas…

Ela enxugou os olhos. Ele prosseguiu.

-E você, conhecendo a Jow, acha que ela seria capaz de sair por aí voando num Dragão,  destruindo tudo e matando todo mundo? Mesmo com toda essa ameaça, ela não é uma assassina, Eychi… Ela é… Boa. Não vai matar pessoas se houver outro jeito.

-Eu sei disso… Mas fiquei apavorada! Ela… Tinha fogo nos olhos… Cabelos brancos e longos, como nuvens, e deles saíam raízes… Tinha… O corpo todo azul, como se fosse de água… Estava transformada em alguma entidade… Poderosa e impiedosa! Ela… estava diferente, estava mudada! O chão se abria, ondas enormes levavam as pessoas para o fundo da terra… Os raios caíam, havia explosões e… Tornados!

 

-Isso nunca vai acontecer, Eychi… Pode ter certeza. Jow jamais lutaria assim. É mais fácil ela jogar os bolos duros do Karuto na cabeça de todo mundo do que conjurar raios ou ondas gigantes… Não se impressione com as visões… E ponha tudo num papel… Para lermos com calma e tentarmos interpretar depois… Talvez tenha mais alguma coisa da qual você não se lembre agora. Não se esforce demais. Vem aqui… - E puxou Eychi para bem perto, beijando-a com todo o seu amor.

Ele não demonstrou, mas ficou extremamente preocupado com o que Eychi falou…

 


Notas Finais


E que continue a treta, ehhhhh!


Beijos!


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