1. Spirit Fanfics >
  2. Além dos Portais >
  3. 2T - A Arena do Ar

História Além dos Portais - 2T - A Arena do Ar


Escrita por: Especttra

Notas do Autor


Apresento pra vocês o Amikoh...

Silfo lindo e meu amigo, Maestro, Músico, alegre...

Tudo o que precisamos para que o ar borde nossa alma livre!

Capítulo 48 - 2T - A Arena do Ar


Fanfic / Fanfiction Além dos Portais - 2T - A Arena do Ar

O curso intensivo de hematomas e ferimentos que North provocou em Jow durou três dias.  Depois disso, ela não exibia mais grandes lesões ou hematomas. Manipular a água parecia claro e leve para ela. A ligação que tinha com North ajudou bastante. A ferida do lábio inferior tinha fechado e uma pequena cicatriz ainda permanecia ali. Talvez não saísse mais. Como a que tinha na testa…


 

Eles em momento algum pararam de se provocar, se irritar ou se desafiar. Como mãe Gaia previu, a Guerra de Água não durou muito tempo. Jow estava pronta para os próximos estágios da água e do Fogo. Era hora de entrar em outra arena, e seria a do Ar.

Ela se preparou. Estudou todos os dias, sobre o manejo de todos os elementos. A pergunta que mais fazia era… Quem seria seu guardião do Ar?


 

Ela sabia que Kazai e North  conheciam seus guardiões que ainda viriam. Mas eles nada lhe contavam. Kazai a estava evitando desde que voltara de Eel. Ela não conseguia conversar direito com ela e ela se esquivava das perguntas de Jow.

Jow madrugou naquela manhã, estava nervosa, comeu sozinha seu desjejum, e foi andar na praia para se acalmar. Kazai e North conversavam ali.

Como hoje não havia treino com ele, e North não andaria pelo Templo, ele já estava de novo sem as roupas, o que a fez rir.


 

-Bom dia, meus guardiões…

-Bom dia, Bebê! - Disse Kazai flutuando, espalhando as chamas dos cabelos ao redor de Jow. - Animada para enfrentar o Ar hoje?

-Estou sim. Muito animada… Você está fugindo de uma conversa comigo, Kazai…

Kazai apenas riu.

-Não parece animada, princesa - retrucou North estendendo a mão para ela- Está nervosa? Vem, entra comigo na água… Está preocupada?


 

-Pareço preocupada? É… Acho que estou sim… Quem será meu guardião? - Disse aceitando a mão dele e entrando na água do mar até os joelhos.

-Só entrando lá pra descobrir, bebê. - falou Kazai.

-É... Eu sei…


 

-Ficou no seu quarto estudando o Ar, não ficou, Jow? Porque ontem não veio aqui na praia à noite.

-Eu fiquei no quarto lendo… E me preparando para me machucar mais.

North riu.

-Isso foi uma indireta pra mim?

-Foi mais uma… Direta. Eu sei que sempre acabo me machucando. Faz parte do treinamento. Não tenho medo de dor.


 

-Tem medo de que, princesa?

-Tenho medo do Medo, North. Foi o sentimento que me despertou a marca do Ar…

-Eu sei - Disse ele, sério.

Jow sentiu um arrepio que foi mais forte do que o amor que North lhe transmitia pelo contato da mão.


 

Lembrou-se vagamente do pesadelo que viveu durante o coma. As criaturas, seres espectrais monstruosos feitos de fumaça púrpura… Açoitando seu corpo com os ossos dos seus amigos mortos… Kratos matando Ezarel, seus amigos presos e ameaçados. Não tinha sido uma sensação boa. Mas ao mesmo tempo, foi libertador… Vencer aquilo. Era o que tinha que fazer nessa guerra, não era? Proteger os seus até a morte?


 

“Ar é liberdade… Você tem um coração livre. Vai gostar do Ar… “ Pensou ela para ela mesma… Ou não foi ela?

-Acho que não tenho mais motivos pra ter tanto medo, não é? Estou só apreensiva. É tudo… Muito  novo pra mim.

-Você está é atrasada, Jow - Disse Kazai. - Vai logo. Solta ela, Ondina. - Disse Kazai puxando Jow para a areia e empurrando a garota em direção ao templo.


 

Jow balançou a cabeça e despediu-se deles, voltando para o templo.

-Não atrasa ela, North. Ela está ficando… Sem tempo. Quando você a segura, ela esquece da vida!

Ele ignorou o comentário de Kazai.

-Por que ela fica assim, tão preocupada, Kazai? Os sentimentos que despertaram o fogo e a água me pareceram muito mais assustadores pra ela!

-No final, tudo se reporta ao Elfo, North. Todos esses sentimentos. O medo que ela sente, é de perder aqueles a quem ela ama. Principalmente ele. Ele é seu farol… E sua Escuridão. A força e a fraqueza dela... Ela não sabe lidar com isso… Ainda. Ainda não alcançou o equilíbrio.


 

North concordou com a cabeça, e ficou pensando que, realmente, o fardo de Ezarel era enorme. Ter sido responsável por tudo aquilo, e no entanto, não poder fazer nada para ajudar... Sabia que ele próprio não teria hesitado, se pudesse, em estar no lugar de Ezarel… Com ela. Mesmo tendo optado por desistir dela no passado. Mas embora seu amor impossível por Jow fosse enorme, estava aliviado por não ser ele o responsável por ter acordado uma filha da lua. Ainda mais, uma rebelde, maluca, teimosa, irritante e determinada como Jow. E também linda, inteligente, amiga, alegre, engraçada...


 

-Sei o que está pensando, Ondina… -Disse Kazai farejando North. - Trate de… “Despensar”!

-Que foi, Kazai? Me deixa, tá, desgraça? Pára de me cheirar!

 

****

 

Jow entrou na Sala de Gaia que já a esperava.

-Bom dia, Jow. Está pronta?

-Acho que sim, Mãe. Pareço pronta?

-Parece sim, criança. Não tenha medo. Enfrente-o. Faltam poucos passos para todas as arenas estarem liberadas para você.

-Eu sei. Eu… Estou pronta.


 

Gaia e Jow deixaram a sala e cruzaram o Hall da Lua, chegando à ala do templo dedicada ao Ar.

As paredes dos corredores eram brancas e com texturas de nuvens rosadas, roxas e violetas. Não parecia tão assustador dali.

O local era inundado por um mundo de perfumes e melodias.

Chegando na frente da porta, Gaia desejou boa sorte.

-Será como nas outras. Pise no solo sagrado e deixe fluir as lembranças para invocar seu guardião.

Jow assentiu e entrou, ouvindo a porta se fechar às suas costas.


 

Desceu depressa as escadas que levavam ao campo de batalha. As paredes, o campo, o teto… Tudo branco como as demais. Ao lado, o altar do elemento.

Jow apertou as mãos e pisou, determinada, no solo sagrado, com os olhos fechados.

O mundo rodou e ela novamente caiu de joelhos no chão… Uma onda púrpura tingiu as paredes, a areia e os outros componentes da arena.


 

Jow estava em coma, e sonhava… Estava num grande calabouço escuro… Úmido. Correntes saíam das paredes e prendiam seus amigos ali, alguns mortos…. E ela viu Kazai! Ela estava em seu pesadelo! E havia aquele ser mascarado... Quem era ele?  Sentiu o punho queimar quando ele a arrastou para junto de Kratos e apontou Ezarel no chão, com o pescoço cortado… Exatamente da forma como Kratos tinha morrido!


 

Kratos também jazia no chão com um punhal cravado no peito… Foi aquele mascarado quem fez aquilo, ele tinha matado Kratos… Mas Ezarel também se esvaía em sangue. O Mascarado, impassível, mostrava para ela a cena. E não permitia que ela ajudasse seu amor.

Depois foi levada dali pelo pesadelo, chorando lágrimas de sangue, tendo certeza de que seu Elfo estava morto… Aqueles seres nojentos de carniça saíram das paredes e começaram a aterrorizá-la, naquele recinto escuro e úmido


 

Jow sabia que era uma lembrança.

Mas o coração estava disparado, e o pavor consumia sua alma… E ela sentiu medo daqueles seres enfiando ossos pontudos na sua carne e batendo nela com eles. Mas o seu maior medo… Era de fracassar. Medo de perder aqueles que amava. Medo de nunca mais ver seus pais… Medo de ver Ezarel morrer. E ela viu Kazai…


 

Kazai naquele momento, se fez presente, com seus cabelos de fogo enchendo o ambiente de luz… Kazai a salvou dos espectros! Ela lhe deu forças para vencer… Ela e a Oráculo. Elas acreditavam nela! “Acorde, Filha da Lua…”

Ele se lembrou de ver a luz verde, e lembrou-se do seu farol, os olhos de Ezarel. Assim, correu para aquela luz…

As lágrimas de sangue ainda queimavam o rosto de Jow quando ela começou a despertar da visão…


 

Ela olhou para o chão onde o sangue pingava do seu rosto, manchando de vermelho a areia púrpura da arena do Ar. Levantou os olhos para o altar do elemento… E ali estava Amikoh.


 

Amikoh sorria e abotoava os punhos do terno branco que parecia ser feito de nuvens. Seus cabelos brancos e muito longos voavam. Ele era tão lindo, e parecia tão alegre e confiante!

Descendo as escadas do altar, Amikoh se aproximou de Jow. Seus olhos eram verdes, mas de uma palidez tranquila. Quando ele chegou perto, ela sentiu os perfumes do vento.


 

-Olá, garota melequenta! Sou Amikoh.

Jow abriu um sorriso iluminado.

-Vento Amigo!

Amikoh sorriu.


 

-Que bom que me reconheceu, Jow. Fico muito feliz!

-Então… - Disse ela, limpando as lágrimas de sangue do rosto - Vocês todos eram reais! Não era minha imaginação! Eu… Nunca fui esquizofrênica... Sempre foram meus guardiões!

-Eu era apenas um elemental do Ar, um Silfo. Quem me fez guardião foi você, garota.


 

Jow levantou-se e se atirou nos braços de Amikoh, abraçando o Silfo com força. Parecia querer ter certeza de que ele era real como North.

-Nem sei o que pensar, o que dizer, Vento Amigo! Meu melhor Amigo! Eu estou lembrando… Você salvou meu pai!

-É… North ajudou, o moleque azul.

Amikoh olhou para Jow e limpou o resto do sangue do rosto dela.


 

-Sei que andou estudando e se preparando para esse momento, preocupada e com medo do que viria. Não precisa ter medo. Sei do que você é capaz. Sabe, nunca deixei de estar ao seu lado, quando ficou crescida demais para ter amigos imaginários. Também tem raiva de mim por eu tê-la abandonado? Eu também permiti que esquecesse suas memórias, Jow. North levou junto todas elas… Não teve como separá-las.

-Vocês não foram sinceros comigo, Vento Amigo… Amikoh. Mas eu agora entendo isso.


 

-Wow! Que tranquilidade! Ainda bem que o moleque azul veio pras arenas antes de mim, hahaha! Já vi que todas as antigas mágoas, você descontou nele, e não sobrou nenhuma raiva para ter de mim! Isso foi ótimo! Tenho que agradecer a ele depois que essa bagaça toda acabar…

-Você… Você fala como eu!

-Não, garota melequenta… “Você” é quem fala como eu… Aprendeu suas manias e gírias comigo. E as músicas também…


 

-As músicas do vento? Você cantava pra mim! Eu me lembro! lembro de todas, Amikoh!

-Eu as cantava pra você na praia. Desde que era um bebê melequento.

-E eu… Eu gostava de cantar pro North…

-Aproveitou bastante da sua infância com o seu namoradinho de água, hehehe.

Jow ficou sem graça.

-Ele… Não era meu namoradinho!

-Não era não… O moleque azul era seu príncipe… O Príncipe bobinho do Mar, hahaha!


 

-Você escutava a gente? Ficava junto de nós quando conversávamos?

-Eu estava sempre com você, meu pequeno bebê de nariz melequento. Gostava de estar ali por perto, vigiando você. E quando o North chegou, tão criança, tive dois filhotes para vigiar… Mas infelizmente não pude proteger vocês de se machucarem na adolescência… Existem limites pra a intromissão dos tutores.


 

Jow sorriu. Então sempre tivera amigos imaginários… Reais. Isso era muito louco!

-Fiquei tão feliz quando vi você! Na praia cantando e ventando… Eu sempre amei o vento… Eu aprendia as músicas que você cantava. E quando eu o vi descendo ali do altar… Foi uma alegria…. A sua cor… Parece que eu sabia…


 

-Púrpura. Eu vejo a sua aura. Não é só o medo que a faz ficar dessa cor… É a sua liberdade, Jow. A sua inteligência, a sabedoria. Sua curiosidade, a vontade de aprender… Vencer o Oculto...  Você tem um coração e um espírito livre, Jow. Nunca se esqueça disso, minha amiguinha. Ainda me lembro do bebê melequento de cabelo embaraçado.


 

Jow passou a mão pelo cabelo muito curto.

-Agora eu não tenho mais cabelo. Acabei com ele.

-Não posso embaraçá-lo mais. Mas posso fazê-lo voar…

E um vento perfumado fez voar os cabelos de Jow e encheu o ambiente da arena. Cheiro de Terra molhada… Maresia… Jow fechou os olhos e se envolveu nas lembranças boas que aquilo lhe trazia.


 

-Amikoh, eu me lembro… Você me trazia vento… Me trazia chuva… Espantava nuvens para eu ter sol!  Eu tive tanto pavor de entrar nas arenas, e mesmo sendo o medo o sentimento que despertou o ar… Eu me senti tão mais forte quando o venci! E aqui, apesar de toda a dor que eu revivi… A arena me trouxe lembranças boas...Me trouxe de volta meu Vento Amigo! Ah, Amikoh… Que bom que você é meu guardião do Ar!


 

Amikoh sorriu quando ela o aceitou… E a Arena se encheu de nuvens, névoa rosa e perfumes de todos os tipos, cheiros da natureza, e música.

O solo da arena parecia algodão doce cor de rosa.

Jow abraçou novamente o Silfo, e estava tão feliz, que não conseguia nem falar.


 

-Acho então que é hora de vermos o que já pode fazer com o Ar… Porque sei que  há semanas anda treinando sozinha, na praia… Acha que eu não estava lá te observando?


 

Jow deu uns pulos de alegria e fez uma pose, com uma das mãos na cintura e a outra para cima, como se estivesse segurando uma bandeja. Seus cabelos curtos voavam.

Um minúsculo tornado rodava na sua mão…

E ela o soltou no chão como se fosse um pião.


 

Amikoh riu. Ia ser moleza ensinar Jow. O difícil, seria ser rígido com ela…

 

****

 

Após algumas horas sendo testada e orientada na arena do Ar, sozinha com seu guardião, Jow já tinha areia grudada em todo o corpo.

Amikoh tomou cuidado para não pegar muito pesado sem a presença da instrutora, mas Jow não estava ligando nem um pouco para isso. Estava disposta a dar o melhor de si.

Ele explicava apenas uma vez como empurrar o ar, ou gerenciar os redemoinhos de vento...

Além dos escudos, bolhas de ar, lâminas de vento… E ela sorria e correspondia.


 

O Ar era um elemento que bordava sua alma livre. Aprendeu a amortecer as quedas com barreiras e bolhas de ar. Amikoh lhe explicou também a letalidade do elemento… Em esferas mais avançadas, seria capaz de atrair o ar para si, criando áreas de vácuo e esvaziando ambientes e pulmões. Todos esses aspectos mortais dos elementos a apavoravam. Como seria quando fosse obrigada a usar aquilo em seres vivos? Na guerra?


 

-Amikoh, eu vou ser capaz de voar?

-Infelizmente não, Jow… Mas será capaz de aumentar tanto sua velocidade, que poderá aprender a impulsionar o salto além do que imagina.

-Que pena, hahaha!

-Já quer sair voando por aí? Mal chegou na arena? Hahaha! Tá bem… Garota melequenta.


 

-Mãe Gaia nem vai acreditar que eu saí da arena com poucos arranhões!

-Preciso te arranhar mais para ela acreditar que o treino foi eficaz?

-Nem pense nisso, Vento Amigo! Já me basta o massacre que Mar do Norte fez comigo, e as queimaduras da Kazai!

-Então ainda tenho direito a te causar pelo menos uma… Conjuntivite de areia...


 

Jow riu. Estava com o corpo todo marcado pelas cicatrizes das arenas. Mas o que era isso em comparação ao que tinha marcado na alma? Era pinto!

-Precisamos sair para a instrutora entrar, melequenta. Senão ela nunca vai nos interromper. E está na hora de comer alguma coisa. Mãe Gaia quer que se alimente direito todos os dias… E ela está certa, garota. Precisa ficar saudável para aguentar o tranco.

-Tá bem.

E Amikoh ofereceu o braço à Jow, que o segurou. Subiram as escadas juntos. Jow estava muito feliz.


 

Do lado de fora da arena, algumas sacerdotisas do Ar esperavam com a instrutora e Mãe Gaia. Quando a porta se abriu e viram Jow sair toda feliz de braço dado com Amikoh, elas vibraram.

Cercaram o Silfo, seguraram nas mãos dele, mexeram nos cabelos dele. Amikoh ria e retribuía o carinho delas.


 

“Essas meninas estão há tanto tempo sozinhas aqui, que têm mesmo que surtar com North e Amikoh, esses dois elementais maravilindos… Se Ezarel estivesse aqui, estaria morrendo de ciúmes... “ Pensou ela rindo.

A instrutora e Mãe Gaia estenderam a mão para cumprimentar Amikoh. Ele beijou-lhe as costas da mão, como um verdadeiro cavalheiro que era.

-Depois que almoçar venha até minha sala, Jow - Pediu Gaia.


 

Jow deixou Amikoh nas mãos das sacerdotisas e correu para o refeitório, espanando a areia do corpo. O horário do almoço já tinha terminado e Myra deixou que ela se servisse, incentivando-a para que comesse bastante. Dessa vez estava com fome. Depois correu para a sala de Gaia.

A instrutora também estava ali com Amikoh, Kazai e North.

-Posso entrar, mãe?- Perguntou Jow.

-Entre, Jow. Estamos acertando alguns detalhes do seu treinamento. E das outras. E também… Eu… Preciso lhe falar uma coisa.


 

O peito de Jow gelou. Na hora, ela mudou de cor. Seria o segredo de Kazai?

-Calma, Jow. Não aconteceu nada de ruim com ninguém - Gaia a tranquilizou - Mas vou precisar dos seus guardiões para o treinamento das outras garotas também. Enquanto treina um elemento, eles estarão nas arenas treinando as outras meninas. A guerra se aproxima, Jow. Quanto mais instrutores, melhor. Não deve ficar dias inteiros só com Amikoh. Deve invocar logo o seu guardião da Terra. Vamos precisar muito dele.


 

Jow suspirou aliviada e assentiu.

-Ótimo. Amikoh me disse que você não tem dificuldades no manejo do Ar. Vai aprender depressa. E como, pelo que vejo, não está muito machucada… Pode treinar agora dois elementos por dia, ao invés de se prender a um só.

-Tudo bem, Mãe - Disse ela

- Mas abrirá a arena da Terra amanhã. Deve estar preparada. Fique na do Ar hoje até o final do dia…


 

-Tá! - Gritou ela animada.

-Perfeito, Jow. Então podem retornar ao treinamento. Mando alguém interromper quando estiver passando dos seus limites…

Jow agarrou o braço de Amikoh e da instrutora e os puxou para a porta, em direção à arena do Ar, soprando um beijo para Kazai e North.


 

Kazai sorriu e olhou para North e depois para Mãe Gaia.

-Viram como ela ficou animada com Amikoh?

-Não quis contar à ela? - Perguntou North para Mãe Gaia, bem aborrecido.

-De que adiantaria? Ela não pode fazer nada, isso só a deixaria nervosa e com vontades de largar tudo e voltar a Eel…


 

-Eu tenho certeza… -Disse Kazai - Que se ela souber o que está acontecendo na Terra vai ficar sem foco. Ela não pode saber ainda.


 

- Recebi a mensagem de Leiftan hoje pela manhã, quando meu mascote voltou. Foi como você me contou, Kazai… Esvaziaram todas as embaixadas da Terra, menos a da América. E o mestre Embaixador vai se reunir com os dirigentes daquele país… Isso não vai acabar bem. Se eles conseguirem acesso ao portal… Vamos precisar defender o cristal.


 

-Ela deveria saber, gente! Que todos correm perigo! - Disse North alterado. - Que seu Elfo corre perigo!

Kazai olhou séria para ele.

- Não conte nada à ela… Ainda não. Ela precisa de paz, North.

Ele deu um olhar de súplica para Gaia.

- Por favor, conte, Mãe! Não esconda nada dela! Ela jamais vai nos perdoar!


 

-Não, North. Ainda Não - Disse Gaia - Isso somente a deixaria louca e desesperada para voltar. Se atrapalharmos o seu treinamento antes de ter invocado todos os guardiões… Terá sido tudo em vão… Porque se o Templo ruir… Vocês guardiões podem continuar preparando a Filha da Lua para salvar essa Terra e nosso povo. Mesmo sem nós. Estará nas mãos de vocês.

 

****

 

O placar mágico já estava brilhando, mostrando 0 pontos.

Amikoh olhou para o placar e para ela.

-Não pense que vou facilitar as coisas para você, garota melequenta… Eu não sou um professor bonzinho…


 

-Eu sei, Vento Amigo. Não quero que sejam bonzinhos comigo…- Disse ela, pisando no solo da arena, que se encheu de nuvens.

A instrutora já segurava o vento para empurrar Jow… Amikoh regia sua orquestra… E Jow só teve tempo de conjurar um frágil escudo… Antes da cair no chão e ser arrastada pela ventania.


 

Da mesma forma que se defendia dos ataques dos outros elementos, Jow precisava do escudo de ar para se defender dos ataques do Silfo e da instrutora. Quando era arrastada para trás pela ventania, ela precisava empurrar de volta toda aquela massa de ar. Isso apenas pra começar…

Ao final de um par de horas, suas pernas doíam tanto, que ela pensou que sinceramente preferia as pedras de gelo e os hematomas de North. Sabia onde estavam todos os músculos das pernas… Porque eles todos doíam!


 

Além das massas de ar, os tornados de Amikoh a levantavam do chão, e ela caía, de alturas cada vez maiores.

-Crie a bolha, melequenta! Não se deixe espatifar no chão como se fosse uma pizza!

Jow praguejava e criava as bolhas, tentando amortecer a queda. Às vezes conseguia, às vezes não… E caía mesmo como uma pizza.


 

As lâminas de vento cortavam sua pele como se fosse manteiga, e Amikoh e a instrutora não tinham pena dela, arremessando aqueles dardos em direção às suas pernas que já estavam em frangalhos.

Jow se defendia como podia, com as bolhas de ar e o escudo, e devolvia os dardos afiados.

Descobriu nos livros que poderia conjurar fumaça mesclando elementos. Inclusive simular o cheiro dela. Era o que Amikoh fazia quando lhe trazia perfumes, simulava o cheiro das coisas…


 

Correndo o mais rápido possível, desejou passar logo para os próximos níveis e aumentar sua velocidade… Mas olhava para o placar mágico e ele não saía de zero. Cada ponto positivo que ganhava apenas anulava um negativo. Ela teria muito trabalho também, ali.


 

À noite, Gaia mandou uma noviça interromper o treino. Aquela instrutora era mais jovem e tinha mais disposição do que as outras que tinham treinado Jow. Nunca parecia se cansar. Subiu as escadas com uma enorme velocidade de treinamento avançado do Ar.

Ao final do treino, Jow se atirou no chão de nuvens cor de rosa, de costas.


 

-Estou morrendo… - Gemeu ela.

-Não me parece muito morta, melequenta. Melhor ir tomar um banho e jantar.

-Não tenho fome e nem forças para subir… Quero… Me teleportar para o meu quarto e morrer...

-Eu poderia levá-la no colo… Afinal, você é minha amiguinha, garota melequenta.

Jow levantou em um salto.

 

-Nem pensar! Tá querendo que digam que eu estou ficando mole?

Amikoh riu.

-Então chega de morrer, sua orgulhosa, e suba essas escadas na velocidade do vento!

-Wow! Pode ser… Uma brisinha? - Disse ela fechando os olhos e se atirando de novo no chão.

Amikoh levantou-a do chão, puxando sua mão.

-Eu te acompanho, e a velocidade pode aumentar um pouquinho.

- Obrigada, Amikoh! - Gritou ela feliz enquanto subiam as escadas.

 

****

 

Depois do banho e do jantar, de algumas poções de energia e de muitas pomadas cicatrizantes, Jow se reuniu com seus amigos na areia da praia.

Era maravilhoso ver todos eles juntos… E ver North sem as roupas, pra variar.

Quando Jow chegou perto de Kazai, avisou logo.

-Precisamos conversar, Kazai. Está fugindo de mim há um tempão! Não me escapa agora!

-É conversa de mulher? - Perguntou North - Querem que a gente saia?


 

Kazai riu.

-Hihihi! Por que essa pergunta, Ondina? Você é macho?

North fez uma cara de quem não entendeu nada.

-Ué… Eu sou… Não sou, Amikoh? - Perguntou olhando para o Silfo.

Amikoh também ria dele.

-Decididamente é, North, hahaha! Com certeza.


 

North deu um suspiro aliviado.

Mas Jow não estava brincando. Estava séria.

-Podem ficar aí… Os machos… Não é segredo de mulher não.

-O que foi, Bebê? O que é tão sério assim?

-Eu a vi no meu pesadelo, Kazai. Quando estava na arena do Ar.

-Hihihi! Viu mesmo, não viu?

-E aquele cara mascarado de armadura preta? Quem ele é?

-Não posso dizer, bebê. Sinto muito.


 

-Como assim não pode me dizer? Então sabe mesmo quem é ele!

-Ele me pediu segredo, e eu não vou… Trair a confiança dele.

-Então ele existe! Não foi só um devaneio!

-Ele existe sim. E não posso… Dizer mais nada.

-Mais segredos! Que droga, Kazai! Tem sempre alguém escondendo alguma coisa de mim! - E olhou para North, com um olhar acusador.


 

-Ei! - Ele apontou para Amikoh - O Silfo metido também escondeu! Olha pra ele também! Me mira, mas me erra!

-Eu devia estar acostumada a isso… ser uma… Excluída.

-Sem drama, garota melequenta. Tudo vai ser esclarecido na hora certa. Agora, deve se concentrar no que está por vir.


 

Jow revirou os olhos, impaciente.

-Conselhos, conselhos e conselhos! Kazai, o que foi conversar com Leiftan em Eel?

Ela deu seu risinho engraçado.

-Hihihi, não posso contar!

Jow olhou para ela com um olhar triste e resignado. Depois olhou para as mãos, antebraços e pernas, que exibiam cortes profundos das lâminas de vento, e suspirou.


 

-Não importa… Vai acabar me contando mesmo. Então… Acabei me machucando afinal… - Disse deitando-se na areia e fechando os olhos.

North riu.

-Então o tio ventinho também te machucou? Olha só, Kazai, eu estava pensando que nós éramos os maus…

-Cala a boca, aquoso egoísta… Se ela tivesse tomado mais cuidado, não teria se machucado.


 

Jow murmurou alguma coisa parecida com “malditos, pregos e pleuras” que ninguém entendeu. Quando olharam para ela, ela dormia na areia.

-Já vi que alguém vai entrar amanhã  crua, crua, na arena da Terra… - Disse North. - Você deu mesmo um chá de cansaço nela, Amikoh, hahaha! Coitada, ela tá detonada, não vai estudar mais nada hoje!


 

-Ela é resistente, vai se recuperar até amanhã.

-Vou levá-la  para a cama dela - Decidiu Kazai.- E vou ficar um pouco com ela pra ver se o fogo restaura as suas energias… - E vendo que North ia para junto delas - Fique aí, Ondina macho! Você está pensando que vem junto, está? Quer que ela repouse ou que ela enlouqueça? E digo mais… Se o guardião da Terra… For realmente quem a gente acha que vai ser… Ela vai estar muito pior amanhã!


 

E dizendo isso, fez uma careta para North, envolveu Jow nos braços e desapareceu nas chamas.

-Acho que depois dessa, vou fazer uma ressaca… Esse mar tá manso demais - Disse North rindo, animado.

-Boa idéia… Revire bem a areia do fundo que eu mando bastante vento. Amanhã essa praia vai estar cheia de conchas e cristais de Jade para ela pegar… Se ela aguentar, hahaha!

-Como nos velhos tempos, Silfo metido…

-Como nos velhos tempos, aquoso egoísta…

 


Notas Finais


Espero que tenham curtido.


Realmente o Amikoh é tudo de bom!

Beijos!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...