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História Além dos Portais - 2T - O Portal Para a América


Escrita por: Especttra

Notas do Autor


Gente...

Um pouco de muita treta pra vocês...


Espero que curtam!!
Beijos!

Capítulo 51 - 2T - O Portal Para a América


 

 


 

Mestre Azham se preparou para abrir o portal para a América e ter a tão esperada reunião com os representantes daquele país. Por insistência de Miiko e de Ezarel, esse portal seria aberto longe do cristal, no meio da floresta profunda, perto do antigo cativeiro de Kratos.

Ezarel e Hans estavam junto a ele.

-Eu devo ir sozinho, Ezarel. Não virão comigo. E eu não vou levar o orbe.

-Sinto muito, Mestre. Não podemos concordar com isso. Eu vou junto com o senhor. - Disse Ezarel.

 

-Nada disso, Ezarel. Eu já falei que não virá.

-Não pode me impedir, mestre. Eu já decidi que vou.

-E eu também! - Disse Hans.

-Você não, Hans! - Protestou Ezarel. - Você precisa ficar!

-Ezarel… Eu preciso ir à Terra!

-Quando voltarmos discutiremos isso, Hans. Hoje não, por favor… É um pedido de um amigo! - Retrucou Ezarel.

 

Hans afastou-se deles. Sabia que Ezarel não ia ceder.

Mestre Azham Conjurou a magia do portal e a névoa púrpura encheu o solo. Quando o portal abriu, ele rapidamente o cruzou, seguido por Ezarel.

Uma vez do outro lado, na embaixada faery, saíram em uma sala vazia. Não havia nada e nem ninguém lá. Parecia já ter sido evacuada…

 

Eles se entreolharam e cruzaram a sala do portal em direção ao salão da embaixada. O mestre parou na porta, empurrando Ezarel para trás.

-Espere! Não entre ainda!

O salão também estava vazio. Sem ninguém, sem móveis, como se fosse um lugar abandonado.

Assim que o Mestre pisou no salão, foi envolvido por uma rede que caiu em cima dele e o cobriu. Ezarel teria sido pego pela armadilha também, se não estivesse um passo atrás.

-Volte, Ezarel! - Gritou o Mestre - Volte pelo portal e feche!

Ezarel voltou-se e correu, e nesse momento a sala do portal foi invadida por diversos militares armados que dispararam contra ele.

Ezarel atirou-se através do portal e o lacrou, ouvindo um grito de terror e uma rajada de tiros que o acertaram várias vezes na perna esquerda.

Hans assistia a tudo, apavorado.

 

Viu Ezarel se jogar pelo portal e ser seguido por um soldado fardado e armado, que disparava contra ele. E quando o portal se fechou, cortou o homem ao meio. Ele ainda levou um ou dois minutos para morrer, com o sangue do seu corpo se esvaindo na terra,  com a névoa púrpura do portal que se apagava se dissipando.

-Maldito, me acertou! - gritou Ezarel, comprimindo os ferimentos dos projetis que atravessaram sua perna.

Hans adiantou-se para ajudá-lo.

-Parece que não acertaram nenhum vaso importante e nenhum osso, Hans. Eu acho que sou capaz de andar. Você viu aquilo, não viu?

Hans assentiu, sem conseguir falar. Tinha lido o soldado moribundo antes dele apagar de vez. Havia câmeras nas salas. Os faeries estavam na área 51. Tudo tinha sido armado para que os militares entrassem pelo portal. Uma vez em Eldarya, com armamento pesado, obrigariam os faery a abrir outro portal para que os demais cruzassem. As ordens deles eram para eliminar Ezarel.

Hans escorou Ezarel até o QG para que fosse tratado na enfermaria. Ia ter que voltar depois e por um outro portal… Que teria que abrir sozinho.

 

****


 

O Mestre, ainda preso na armadilha, viu o portal se fechar e adivinhou o que ia acontecer ao soldado que alcançou Ezarel.

A metade cadáver da cintura para baixo ainda estremecia com espasmos musculares e sangrava no chão da Embaixada. Os outros soldados gritavam ao ver o colega morto partido ao meio.

 

Apavorados com a cena, revoltados com a morte do colega, começaram a bater no mestre, que indefeso, continuava no chão coberto pela rede.

Ele perdeu a noção do tempo que ficou apanhando ali. Procurava proteger a cabeça, mas mesmo assim era agredido por todos os lados. Depois de xingado e espancado, a rede foi retirada, enquanto ele permanecia sangrando no chão.

Um saco foi colocado sobre a sua cabeça e uma pancada forte fez com que perdesse os sentidos.

****

Mestre Azham acordou em uma cela escura. Estava contido com correntes e deitado em uma maca. Pela sensação de repuxar que sentia na face, sabia que tinha ali bastante sangue seco, provavelmente escorrido dos ferimentos da cabeça.

Ficou imaginando se Darien estaria ali preso. Ele nunca devia ter permitido que o metamorfo tivesse ido naquela missão suicida maluca!

Muito tempo se passou até as luzes da cela se acenderem.

Ele apertou os olhos sensibilizados pela claridade súbita.

Uma vez na luz, observou o lugar onde estava preso, uma pequena sala, com as paredes estofadas. Correntes curtas prendiam seus punhos e tornozelos a ganchos presos às  paredes.

Suas roupas e o lençol da maca estavam sujos de sangue. A cabeça e o rosto doíam e ele percebeu alguns ossos das mãos e da face fraturados.

 

Permaneceu deitado, sem forças para se levantar, ouvindo vozes no corredor. Alguém gritava muito ali fora. Alguém muito aborrecido… Thadeus Grimm.

-São uns idiotas estúpidos e inúteis!  - Berrava o General. - Quem deu permissão para que o prisioneiro fosse espancado? Ou para errar ao atirar contra o Elfo? Quero toda aquela equipe de inúteis morta!

-Mas senhor… - Retrucava alguém - Eles viram o colega ser partido ao meio!

-Porque era outro incompetente e inútil! Se tivesse acertado o alvo, o portal não teria se fechado e ele estaria vivo! E estaríamos dentro! Um idiota completo! Não era para perseguir o Elfo, era para matar o desgraçado!

 

Grimm estava furioso. Dificilmente se descontrolava assim. Planejou aquela estratégia por tanto tempo, aguardou tantos dias, para ver tudo ir por água abaixo junto com um cadáver inútil cortado em dois! Se o embaixador “abridor de portais” morresse antes de abrir um portal para ele, ele seria capaz de matar até o presidente!

-Saia daqui, tenente! Suma da minha frente! Se não mandar matar todos eles, eu mesmo o farei, incluindo o senhor e toda a sua família!

 

Entrou em sua sala e bateu a porta.

Mestre Azham ouvia tudo em silêncio. Não fazia idéia de que Grimm fosse assim tão frio, cruel e obstinado. Eliminar a equipe inteira por terem falhado! Era pior do que ele imaginava.

Grimm, uma vez na sua sala, lavou o rosto, enxugou, tirou a farda e a pendurou. Vestiu o jaleco branco com a tarja de identificação e respirou fundo. Precisava se recompor para interrogar o embaixador.

 

Uma vez transformado em Dr. Grimm, ele deixou sua sala e se dirigiu a Phill, o enfermeiro que guardava a cela do Mestre.

-Abra.

-Sim senhor! - E digitando um código com seu crachá inserido, destrancou a porta da cela.

Grimm entrou em silêncio, observando o velho Elfo que olhava para ele, calado, ainda deitado na maca. Tinha muito sangue na face.

-Boa tarde, Embaixador. - Cumprimentou ele - Sou o Dr. Grimm.

Mestre Azham sentou-se na maca, e olhou para ele impassível, apesar de ter visto as sombras dos seres que o cercavam.

-Pensei que o senhor era o Secretário de Segurança.

Grimm também estava impassível.

-Não aqui. Aqui sou o Médico chefe das Pesquisas.

Mestre Azham balançou a cabeça num gesto afirmativo.

-Entendo. E devo presumir que serei objeto de suas pesquisas?

Thadeus manteve-se sério e com um olhar frio.

-Isso vai depender da sua cooperação, Embaixador. Antes de qualquer coisa, vou examinar seus ferimentos. - E gritou para o enfermeiro - Bandeja e luvas!

O rapaz rapidamente providenciou o material e postou-se ao lado do mestre para auxiliar Grimm.

Thadeus calçou as luvas e pegou a lanterna na bandeja.

-Abra bem os olhos, Embaixador. - O mestre obedeceu. - Olhe para cima, e depois acompanhe com os olhos os movimentos da minha mão, sem mexer a cabeça… Isso, ótimo. - Depositando a lanterna na bandeja, Grimm aproximou-se mais do mestre e examinou as feridas da cabeça. - Isso precisa de pontos, enfermeiro. Limpe e suture essas feridas e depois providencie roupas limpas para o Embaixador. Farei uma prescrição para a dor. Espero que não tenha nenhuma alergia, Embaixador.

-Não tenho. - respondeu simplesmente o mestre. - Obrigado.

-Não me agradeça. Apenas coopere… Retornarei depois para interrogá-lo… E não será como médico, Embaixador. - falou enquanto lançava um olhar frio e vazio para o mestre.

Mestre Azhan sentiu um arrepio no corpo ao ver a escuridão nos olhos de Grimm e sentir a energia ruim que se desprendia dele. Seria forte o suficiente para resistir quando fosse torturado?

 

****

 

Ezarel estava furioso. Na enfermaria, sendo costurado por Marcos e Ewe, tinha na perna esquerda vários ferimentos dos tiros do soldado morto, que transfixaram sua musculatura.

-Aquele idiota! Tinha que me seguir!

-Fica quieto, Ezarel! - reclamava Ewe - Depois você xinga, grita e esperneia! Deixa a gente terminar aqui!

Marcos, em silêncio, limpava uma das feridas, enfiando com toda a força uma pinça com gaze no interior do ferimento.

-Ai, mais cuidado aí!

-Oh, desculpe, não sabia que estava doendo… Devo anestesiar mais? - E pegou a seringa com anestésico, apontando a agulha para ele.

-Não! Nada de mais agulhas, chega!

-Certo, então fique quieto - Disse com um leve sorriso sádico.

Ezarel irritado, viu que ele estava adorando fazer com que ele sentisse dor… Depois se vingaria do idiota, só queria que aquilo acabasse logo.

Ewe, percebendo a treta no ar, pediu que Marcos fosse chamar a Miiko e assumiu o tratamento. Uma vez sozinhos, ela falou.

-Ezarel, O que vai ser do mestre agora? E… Obrigada por não deixar o Hans cruzar o portal! -Não sei, Ewe… Não me agradeça ainda. Tenho certeza de que ele vai arranjar um jeito de abrir um portal e ir! Se isso acontecer, tenho que estar com ele.

-Isso ainda vai me matar do coração, Ezarel! Nem quero pensar numa coisa dessas!

-Conhece o Hans, Ewe. Ele é igual à Jow quando cisma com uma coisa. Independente disso ser perigoso ou poder matá-lo, ele vai. É melhor então eu estar ao lado dele, pra que ele não faça nenhuma besteira maior.

Ewe assentiu e terminou de enfaixar a perna de Ezarel.

-Procure fazer pelo menos um pouco de repouso, Ezarel. Isso não pegou nenhuma estrutura importante, mas ficou bem feio. Perdeu muito tecido muscular.

-Vou tentar, Ewe.

Nesse momento, Marcos entrou com Miiko e Keroshane.

-Ezarel! Você está bem? Ewe, ele está bem?

-Está tudo bem, Miiko, eu estou bem - Disse ele - Fique calma…

- Esses tiros não pegaram nada sério? Ainda bem! - Disse Kero - Mas o mestre… O que será que vai acontecer com ele?

Ezarel levantou-se mancando.

-Vamos resgatá-lo. Todos eles.

-O quê? Tá maluco? - Gritou Miiko - Já não chega tantos reféns? Vão pra lá pra ficarem presos também?

-Pergunte ao Nevra o que acha de deixar a irmã dele lá, Miiko - Disse Ezarel azedo. - Ou à Ykhar sobre largarmos as melhores amigas dela lá… Ou à mãe do Chrome, o que acha do filhote dela estar preso em um canil humano…

-Chega, Ezarel! Já entendi! - Dizendo isso, Miiko saiu irritada da sala, arrastando Keroshane - Vou convocar o conselho!

Ezarel olhou para Ewe e Marcos.

-Estou liberado? Posso ir?

-Deve fazer repouso com essa perna, Ezarel. - Disse Marcos - Mas sei que não vai fazer, então… Faça o que quiser. - E saiu da sala.

Ewe riu.

-Ele te ama, não ama?

-É… E como ama, Ewe. Deve ter bons motivos para me amar tanto, não é mesmo? - E piscou para ela, saindo da enfermaria mancando e indo para a sala de Miiko.

 

****

 

O conselho estava reunido na sala do cristal.

Nevra e Valkyon já tinham em mãos uma lista dos guardiões que estavam lotados em missão na embaixada da América.

-São todos reféns, Miiko - Dizia Nevra - Todos estão presos nas mãos daquele psicopata! Temos que resgatá-los!

-E como vamos fazer isso, sem virarmos reféns como eles? Tem algum plano mirabolante, Nevra? Nem à Terra você pode ir! - Disse ela desconsolada.

 

-Fico imaginando como a Kareen vai se virar quando acabar o efeito da poção dela. Se estiver presa… Como vai fazer? Se estiver escondida, ainda não será tão ruim… Mas se estiver detida, Miiko?

-Quanto tempo acha que ela tem, Nevra? Quanto tempo pra terminar o efeito da poção?

Ykhar foi quem respondeu, olhando no relatório que tinha em mãos.

 

-Ela tomou uma poção de efeito prolongado para abolir o Gene de vampiro. Então ainda tem… 54 dias.

-Sabia que a Ykhar tinha tudo anotado. - Disse Valkyon, orgulhoso dela.

-E Alajéa... tem 61 dias e Chrome… 67 dias. Os demais faeries são Brownies, Faunos, Elfos e Ninfas. Sem necessidades especiais.

 

Ezarel estava sentado e com a perna enfaixada em cima de uma cadeira. Agora ele achou que era um elfo com necessidades especiais… O suor que escorria da sua testa indicava que ele estava com dor. Ele falou com a voz meio arrastada.

-Ainda tem a louca da Bia que fugiu de nós nos trópicos.

-Não vou me preocupar com malucos agora, Ezarel - Disse Miiko - Ela não disse que iria encontrar com vocês depois? Ela que se vire!

-Vamos abandoná-la? - Perguntou Keroshane - Ela é maluca, mas ainda é faery.

Hans, que estava calado, respondeu.

-Kero, eu acho que foi ela a assassina do mascote de Ewe. Não creio que seja uma faery indefesa precisando de resgate. Devemos é nos preocupar em ela fazer algum tipo de besteira contra nós, isso sim.

Leiftan e Eychi estavam calados até esse momento, e se entreolharam. Leiftan então falou.

-Temos uma preocupação maior. Se alguém na Terra abrir um portal para cá… Grimm vai invadir Eldarya. E Jow ainda não está pronta para lutar.

-Ela estará pronta logo - Disse Ezarel - Tenho certeza, eu acredito nela. Vai terminar o treinamento e voltar logo pra nós. Vamos vencer essa guerra e viver em paz finalmente.

Eychi teve pena dele. Bendita era a ignorância dos inocentes. Ela trocou olhares com Hans… E Ykhar foi a única a perceber. E passou a prestar mais atenção neles do que na reunião.

-Precisávamos saber se existe um tempo estimado para que ela conclua esse treinamento - Continuou Miiko - Leiftan, você tem trocado mensagens com Mãe Gaia, ela disse alguma coisa?

-Jow abriu todas as arenas e invocou todos os Guardiões dos Elementos. Em poucos dias deve passar para os próximos estágios e abrir a arena do Espírito. A Eychi é a melhor aqui para explicar isso agora…

Eychi então continuou de onde Leiftan parou.

-Na Arena do Amor, ou do Espírito, o quinto elemento, ela vai treinar com os quatro guardiões, com todos os elementos ao mesmo tempo em estágios mais avançados de controle, manipulando a eletricidade, o campo magnético, venenos, elementos químicos e seres vivos.

Ykhar arregalou os olhos.

-O quê? Ela vai virar uma arma!

Todos olharam para a coelhinha, que começou a gaguejar.

-E-e-e-la… Vai ser uma má-q-q-q-quina de m-m-matar!

-Calma, Ykhar! - Disse Ezarel - Ela vai sim ser capaz de um monte de coisas, mas terá o controle! Afinal, não é para isso que ela está lá? Dominar os elementos antes que eles a dominem?

Ykhar tremia toda e não conseguiu mais falar. Só percebia, silenciosa, os olhares que Leiftan, Eychi e Hans trocavam. Como ninguém percebia isso?

 

Miiko prosseguiu, pedindo a Nevra e Valkyon os relatórios dos treinamentos com os guardiões.

Mas Ykhar não escutava mais. Sua cabeça estava na biblioteca, lembrando-se de um certo livro que provavelmente tinha todas as respostas.

Kero falava sobre as pesquisas que fez com ela, sobre as traduções dos pergaminhos das profecias… Mas ela não estava mais ali. Seu pensamento percorria as estantes à procura do livro.

 

….. - Não é, Ykhar? Ykhar? Você está se sentindo bem? - Perguntava Keroshane.

-Eu…. Não estou não. Acho que vou v-v-v-vomi-t-t-tar!

E saiu correndo dali.

Miiko revirou os olhos e sacudiu a cabeça, passando a palavra para Hans.

-Eu li a mente do soldado cortado ao meio pelo portal, antes dele morrer. Grimm planejava uma pequena invasão fortemente armada para nos obrigar a abrir um portal daqui, e permitir que o restante das tropas dele entrassem. - E improvisou, sabendo que as informações a seguir tinha conseguido com Kratos - Ele quer eliminar os faeries, mas também quer o cristal, quer o poder da magia, ele quer tudo o que temos aqui. E como parece ser um homem sem alma, rodeado por seres das trevas, não vai ter escrúpulos para conseguir seu objetivo.

-Mas como não entrou ninguém vivo, graças ao Ezarel, não temos que nos preocupar, não é, Hans? - Perguntou Nevra.

-Desde que ninguém lá abra um portal para cá, não é? - Respondeu ele - Mestre Azham é refém dele. E por pouco Ezarel também não é.

Miiko preocupou-se.

-Vocês acham que o Mestre pode ser obrigado a abrir um portal pra cá?

-Ele ou mais alguém. Se alguém lá sabe abrir portais… Estamos vulneráveis.

Ezarel respondeu.

-Darien está na Terra. Em missão, enviado pelo próprio Mestre. E até onde sabemos, Amin continua desaparecido. Fora eles três… Ninguém da guarda que esteja lá abre portais. Temos que torcer para não ter sobrado nenhum círculo de cogumelos ativo…

-Então precisamos tentar encontrar Darien, continuar procurando Amin… E resgatar o Mestre! Senão continuamos correndo perigo, Ezarel! - Disse Kero.

-Precisamos resgatar todos. Para isso… - E olhou para Hans - Preciso ir à Terra com Hans.

-Nem pensar! - Gritou Miiko! - Olha pra você, parece um queijo, cheio de buracos! E quer levar o Hans? Tá maluco?

-Se alguém tiver uma idéia melhor - Disse Hans - Estamos ouvindo.

Um silêncio reinou na sala.

-Ótimo. Está decidido. Vou à Terra com Hans amanhã mesmo. Só não vou hoje… - Disse esfregando as ataduras - Porque não vou conseguir andar! Hans, me encontre na biblioteca daqui a pouco, vamos traçar uma estratégia para nossa travessia. Vou à enfermaria me intoxicar de poção para dor, e se aquele médico idiota estiver no meu caminho, vou aproveitar e matá-lo só um pouquinho.

E dizendo isso, deixou a sala, mancando.

Miiko olhou para os outros.

-Devemos invocar a Oráculo?

-Pra quê? - Perguntou Eychi - Já sabemos a opinião dela, sobre abandonar os faery da América e não abrir o portal para lá… Já fizemos tudo ao contrário, não foi?

Miiko assentiu.

-Então estão dispensados. Continuamos os treinos e… Leiftan… Mande uma mensagem para Mãe Gaia, para saber como anda o treinamento da Jow… Por favor. Precisamos trabalhar dentro de um limite de tempo…

Leiftan assentiu e a sessão do conselho foi encerrada.

 

****

 

Ykhar revirava as estantes da biblioteca em busca de um antigo livro Kappa. Escrito num dialeto deles, esquecido, desde os tempos em que habitavam as terras do Japão e que eram demônios devoradores de humanos, antes da migração. Um dialeto que ela aprendeu com mestre Kappa.

Subindo em uma escada empoeirada e procurando nas estantes mais altas e esquecidas daquele seu tesouro, que era a Biblioteca de Eel, ela se lembrava da capa do livro, branca, com um Lua Crescente Negra na capa.

 

Angustiada porque não achava seu objeto de desejo, Ykhar praguejava em alguma língua estranha quando Ezarel entrou para esperar Hans.

-O que foi isso, Ykhar? Não estava passando mal? Está vomitando aí em cima nos livros?

-AHHHHH! Cala essa boca, Ezarel! Não me atrapalha! Estou ocupada!

Ezarel deu de ombros, estava muito irritado e com muita dor para aturar a Ykhar histérica como parecia estar. Sentou-se em uma das mesas de pesquisa para esperar Hans, e fechou os olhos, recostado na cadeira. Cansado e drogado como estava, acabou adormecendo.

 

Ykhar finalmente encontrou o livro que buscava.

Desceu da escada, passou por Ezarel que dormia, e foi para o seu quarto. Precisava de paz e sossego para procurar… O que esperava encontrar.

Trancada no quarto, folheou o livro sem saber por onde começar… Eram mais de mil páginas, mas ela teve que começar pelo início mesmo…

“A História por Trás da Lenda do Avatar Híbrido....

Tudo começa com  o Amor da Deusa Tsukiko… Seu Amor não tinha limites… Amou Amaterasu, a Deusa do Sol… Aprendeu a amar o Povo Faery mais do que tudo na vida… “

 

Ykhar devorou os capítulos na velocidade da Luz. E finalmente chegou onde queria chegar… As Arenas do Templo. O treinamento do Avatar Híbrido.

Após entender o que ocorria na Arena do Espírito, o Amor, ela começou a descobrir o que ocorreria na Arena da Lua.

Ali, o Avatar Híbrido seria testado em sua forma completa, pela própria Deusa Tsukiko. Seria posto a prova para mostrar que era merecedor do Título e capaz do sacrifício que salvaria o povo faery da extinção.

Precisaria espontaneamente abrir mão da sua essência e da sua existência, para unir sua energia às energias dos seus quatro guardiões dos elementos e se tornar um outro ser… O verdadeiro Avatar Híbrido. Esse ser não seria mais aquela doce filha da Lua que entrou na Arena. Seria uma guerreira poderosa, uma entidade de Destruição, que permitiria à Deusa habitar o seu corpo, e com seus poderes, usando a fúria e a destruição dos elementos, poria fim à guerra, exterminando tudo e todos os que estivessem ameaçando a existência dos faeries. Seria o canal para a manifestação do poder da Deusa.

Ykhar, com o coração na boca, nem respirava direito. Parou um pouco de ler para assimilar as idéias e retornou ao livro.

Uma vez a guerra terminada, a Deusa destruiria o próprio Avatar Híbrido, pois seu corpo estaria imprestável para a vida. Ele não seria mesmo mais necessário, por ter servido ao seu propósito, e sua destruição garantiria  que não se colocasse em risco a segurança dos Faries. Era inconcebível a existência de um ser com todo aquele poder.

 

Ykhar fechou o livro e começou a dar um monte de socos na capa dele, como se ele fosse culpado por tudo aquilo que estava acontecendo.

-Não! Não, não e não! Não é justo! Não quero! Não vou deixar!

E começou a chorar, sempre socando o livro.

-Deusa má, Deusa ruim, você é má, você não é justa!

Jogou o livro no chão, com raiva.

Estava tudo ali. Sempre esteve, bem na frente dos narizes deles, toda a trajetória da filha da Lua, a quebra dos selos, o treinamento nas arenas. Eles é que não souberam procurar.

“E Hans e Eychi sabem! Eles sabem! Eu vi quando eles se olharam, eu vi… E Leiftan também sabe! Preciso contar para o Ezarel!”

E pensando nisso, catou o livro no chão e saiu, batendo a porta do quarto, em direção à biblioteca.

Nem reparou que já era madrugada.

 

****

 

Darien ocupava uma pequena sala no subsolo, seu novo local de trabalho. Tinha à sua disposição um poderoso computador com um link de internet dedicado e com uma velocidade que nunca imaginaria existir na sua vida. Provavelmente tinha um satélite só para ele… Acesso a toda e qualquer informação que desejasse. E acesso a Thadeus Grimm.

Perambulava pelas instalações quando Grimm não estava lá, e conversava com os colegas discretamente, imitando o comportamento de Chris. Não tinha muito tempo, apenas alguns poucos dias antes do rapaz recuperar a memória…

 

Já sabia que tinham invadido a embaixada e prendido os faeries que lá estavam. Alguns fugiram, e estavam sendo caçados.

Alguns ele já vira ali, e sabia onde estavam, em celas separadas. E sabia que Mestre Azham tinha sido capturado. Para a segurança do mestre e sua própria, não podia deixar que sua identidade fosse sequer suspeitada pelo velho Mago Elfo.

Ele estava ciente inclusive de que poderia ver alguns de seus colegas morrerem, e deveria se controlar, para não comprometer a missão inteira. Isso lhe dava um aperto no estômago.

Evitava as alas mais afastadas do elevador, onde Grimm realizava suas experiências e procedia às suas torturas com os faeries. Ouvir os gritos de dor o deixavam nervoso. Mesmo achando que estaria preparado para aquilo, ele não estava.

Não abria um portal desde que chegara na Terra, porque ele não conseguia ir embora. Estava confinado ao alojamento coletivo, e tinha certeza de que Grimm fazia isso de propósito, mantendo sua equipe também refém dele.

Mesmo os banheiros e os chuveiros eram compartilhados… Privacidade zero.

Em poucos dias, Chris recobraria a memória e sua identidade estaria exposta.

Então… Ele tinha que se apressar, e conseguir uma amostra do DNA de Grimm.

 


Notas Finais


Pronto gente.

A treta nuca acaba....

Beijos!!


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