História Alexithymia - Anjo de sentimentos ocultos

A l e x i t h y m i a

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 Seus olhinhos expressavam o que sua boca não falava, as mãozinhas tímidas mostravam os locais onde eu deveria tocar.

 A pele branca como porcelana, os lábios avermelhados e cheinhos, os cabelos ruivos com cheirinho de morango, o corpo pequeno e frágil como vidro. Ele era como um anjo, um anjo de sentimentos ocultos.

 No começo ele recusava todas as minhas aproximações, ignorava todas as minhas tentativas de conversa, o que me deixava cada vez mais curioso para desvenda-lo. Quando eu o peguei  fitando o céu estrelado, foi a primeira vez que eu ouvira falar sua voz era doce, era como musica para os meus ouvidos. Ele nunca havia falado tanto comigo, e eu notei o seu interesse pelo céu escuro e pelos pontinhos brilhantes lá no céu.

 Com o tempo eu percebi, que ele era diferente, ele era especial. Quando eu o pedi em namoro, eu realmente fiquei surpreso ao ver que ele havia aceitado, porém ele não sabia se expressar, estava quase sempre apertando a barra de sua blusa ou então fitando o chão e mordendo o lábio inferior.

 No entanto, eu aprendi a desvenda-lo após poucos, eu aprendi a amar cada gesto, cada palavra, cada ação única naquele garoto.

 Quando se sentia mal, eu sabia exatamente o que fazer, eu o abraçava com força e acariciava seus cabelos até que a dor passasse, ele não demonstrava com lágrimas, sempre soltava um gemido dolorido, como se doesse psicologicamente.  Seus olhos se tornavam aquosos, porém nenhuma lágrima escorria, mas sabia que a ferida em seu coração latejava fortemente.

 Quando estava feliz, ficava eufórico e mais agitado que o comum, por mais que raramente visse seu sorriso doce e gentil, ele demonstrava entrelaçando seu pequeno dedinho com o meu. Eu fitava em seus olhos... Ah seus olhos, eles sorriam, choravam, demonstravam prazer, demonstravam amor...

 Eu nunca acreditei muito quando diziam que os olhos eram a janela da alma, só depois que eu o conheci que tive a maior certeza de minha vida, aqueles eram os olhos que carregavam frases nunca ditas, gritos silenciados, lágrimas contidas, sorrisos escondidos e asas quebras, aqueles eram os olhos de Jimin.

 Quando se sentia irritado ele praticamente se isolava, ele não gritava, não batia, não xingava, ele apenas ia para seu quarto e se enrolava debaixo de sua coberta e ficava lá até aquela sensação que ele dizia queimar passasse.

 Ele gostava de dançar, ele dizia que a dança era a forma que ele expressava tudo o que não podia dizer tudo aquilo que não poderia mostrar. Eu não me cansava de me sentar no chão gelado de sua sala, e o fitar dançar por horas e horas. Seus movimentos eram suáveis, como uma brisa de ar fresco, eu nunca me cansava de dizer que ele era um anjo em forma de humano, quando ele dançava eu era transportado para um universo paralelo onde havia somente ele.

 Ele não sabia quando a tristeza me assolava, ele ficava surpreso e não sabia o que fazer, eu lhe dizia que estava tudo bem, e então apenas se sentava ao meu lado e me abraçava fortemente igual quando eu fazia consigo, quando não estava bem. Eu sentia o seu perfume infantil, o calor de seus braços, era tudo perfeito...

Ele era perfeito.

 Quando sentia medo, ele não chorava, apenas olhava em volta rapidamente como se aquilo fosse agoniante, então eu segurava sua mão e olhava em seus olhinhos perdidos... Era agoniante velo daquela forma, então eu me aproximava e entrelaçava os dedos com os dele, um gesto simples, mas significativo para ambos, apenas aquele toque era capaz de transmitir mais de mil sentimentos e mais de um milhão de palavras.

 Ele raramente conversava com as pessoas ou até mesmo comigo, parecia sempre estar sério e dava a sensação de ser uma pessoa fria pelas respostas curtas e impulsivas, mas eu sabia que os olhos do meu bebe gritavam mais do que qualquer coisa.

 Quando sentia prazer, ele gemia baixo em meu ouvido, as suas unhas descontavam o seu prazer em minhas costas, e como sempre parecia uma criança perdida sem saber o que fazer o que lhe deixava mais adorável. E toda vez que gozava ele me encarava surpreso e sempre me perguntava como eu havia feito aquilo, me fazendo rir, não importava quantas vezes.

 Muitas vezes ele desenhava monstros, desenhava varias coisas que eu não conseguia decifrar ou entender mesmo ele tentando me explicar que aquilo eram seus sentimentos, os desenhos demonstravam como se sentia, e na maioria de seus desenhos eu me encontrava presente nas pinturas.

 Quando ele me perguntava “por que eu sou assim?” Eu lhe respondia:

 “Você é um anjo que desceu do céu, cujo os sentimentos foram ocultos por ser tão puro e ser tão belo, você é como um diamante no qual é lindo por e duro por fora, mas é precioso por dentro, você é a rosa no qual é espinhosa mas é acolhedora e encantadora, você é a pessoa que foi escolhida entre tantas para ser especial”

Você é o meu maior tesouro, Park Jimin.