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História Aliança de Fogo - Morte.


Escrita por: MiniNicc

Notas do Autor


Chorem comigo, por favor!

Capítulo 40 - Morte.


Fanfic / Fanfiction Aliança de Fogo - Morte.

 

Não passava das nove da manhã quando o Rei Jaherys Targaryen, vestindo uma túnica justa e dourada, atravessou os corredores da Fortaleza Vermelha em direção a Sala da Mesa Pintada. Seu Mão do Rei, Lorde Arryn, tinha solicitado uma reunião de emergência a mando do Príncipe Delfim. Ele tomara café da manhã ao lado da Rainha Alysanne, como de costume. Ainda estava com gosto de café e torradinhas tostadas na boca enquanto dirigia-se ao encontro com seu Conselho Privado. Não usava sua coroa. Olhou pela janela, seus olhos arderam quando encontraram o Astro Rei. Estava um dia de verão ensolarado e bonito. Os passarinhos cantarolavam, as flores brilhavam suas inúmeras cores. Uma calmaria. A calmaria antes do alvoroço.

Ao redor da Mesa Pintada encontravam-se somente 8 das 10 pessoas que faziam parte do Conselho Privado. Estavam presentes, além do próprio Rei, o Príncipe Delfim, o Mão do Rei, os mestres da Moeda, Leis, Navios, Sussurros e o GrandMeister. Faltava o General do Exército da Coroa e o Senhor Comandante da Guarda Real. Entretanto, como era uma reunião emergencial para tratar de algum assunto sem muita relevância, o Rei Jaherys deu início assim mesmo.

— Muito bem, senhores. Passamos aos negócios! — o Rei gesticulou para que o Mão do Rei se pronunciasse

Ao invés disso, quem se pronunciou foi o Mestre dos Sussurros, Lorde Harren. É o encarregado de angariar informações de inteligência na Fortaleza Vermelha, Porto Real, pelos Sete Reinos e além do Mar Estreito. Também recebe diariamente relatórios de oficiais reais e anônimos.

— Vossa Majestade, recebemos uma mensagem codificada esta manhã. Vossa Alteza Real, o príncipe Delfim, estava de plantão e fez a gentileza de recebê-la por mim. O comunicado não é oficial, mas acredito que devemos tratá-la com prioridade! — o Mestre dos Sussurros estava de pé, assim como todos os presentes. A Sala da Mesa Pintada só possuía uma cadeira, por tradição. As reuniões, embora longas, eram realizadas costumeiramente em pé.  

— Já fora descodificada? — o Rei perguntou com interesse enquanto tomava um generoso gole de água.

Daerion escutava com atenção. Estava cansado, não tinha dormido praticamente durante a noite. Nem tomado café da manhã. Tentara se ocupar o máximo que pôde nos últimos 2 dias e esquecera de descansar. Após a reunião iria voar até a Caverna Targaryen e tirar o resto do dia para si, pensou. 

— Sim, senhor. Duplicamos a monitoração nas Cidades Livres após o atentado sofrido pela Princesa Maëlle, e nossos comunicantes oficiais não identificaram nenhuma ameaça até o presente dia. Porém, temos essa fonte anônima que garante haver uma consociação na cidade de Lys. Sabemos que existe uma grande possibilidade da informação não ser verídica, mas... — Lorde Harren continuou, porém foi interrompido pelo Rei.

— Seríamos relapsos e negligentes se não investigássemos. Entendo. O que o senhor sugere? — Jaherys lhe perguntou, e a voz falhou no final da frase. Tossiu, e tomou mais um gole de água para limpar a garganta. Não funcionou.

— Bom, eu acho que, quaisquer que sejam suas intenções, se fizermos uma grande mobilização eles poderiam perceber. Então minha sugestão é que primeiro entremos em contato com...— o Mestre dos Sussurros interrompeu sua fala quando estranhou a expressão do Rei.

Jaherys estava avermelhado no rosto, como quem fez muita força para levantar algo pesado do chão. Tossia levemente, e foi se intensificando. Ele levou a mão a garganta.

— Senhor? — o Mestre perguntou mas a voz fora abafada pelas tosses do Rei.

Jaherys se apoiou na mesa, sentia muita dor no peito e não conseguia parar de tossir. Tentou puxar o ar e desesperou-se ao não conseguir. Na sua visão, pequenos pontos pretos surgiram e foram ganhando proporção. Não sabia o que estava acontecendo. Nunca sentira-se assim. Ouviu a voz do filho, muito distante. Como se ele estivesse do outro lado de uma parede fina. Queria vê-lo.

— Pai? — Daerion pousou a mão no seu ombro. Inicialmente, achara que o pai tinha se afogado. Ele tentava puxar o ar, e tossia muito. As veias do pescoço jaziam aparentes, e pulsavam. Seus olhos pareciam não ver nada, estavam vidrados. Todos os presentes adquiriram uma ar de preocupação, com as sobrancelhas franzidas. Dividiam olhares entre si e a figura vulnerável do Rei.

O GrandMeister se aproximou, e tocou seu braço. Gesticulou para que, do outro lado, o Delfim fizesse o mesmo. Ambos inclinaram o Rei para trás, a fim de sentá-lo na cadeira para que pudesse respirar melhor. No curto espaço de tempo em que fizeram isso, Jaherys perdera os sentidos. O corpo mole jazia inconsciente na cadeira, e a cabeça loira pendia para o lado. Atrás de si, Daerion pode ouvir murmúrios perguntando o que estava acontecendo. Mas nem ele mesmo sabia. Em um momento, o pai estava bem, conversando. E no outro, tinha desmaiado. Sentiu os Mestres reunindo-se ao seu redor para prestar ajuda, mas estava concentrado no movimentos do GrandMeister. Luwin agilmente, com uma mão, pegou uma das canetas em cima da Mesa Pintada. E com a outra, enfiara os dedos na boca do rei afastando seus dentes. Inseriu a caneta pressionando a língua para baixo. Queria verificar as vias áreas, podia ter algo bloqueando a passagem de ar. Porém, não achou nada. Seus olhos experientes observaram que o Rei perdera a cor avermelhada do rosto, voltando ao tom de pele normal. Franziu as sobrancelhas e fez a única coisa que estava ao seu alcance naquele momento. Verificou a pulso.

Daerion percebera quando o GrandMeister levou a mão ao pulso de seu pai. Não era inocente e nem leigo, embora não possuísse grandes habilidades medicinais. Sabia que ele estava verificando seus batimentos cardíacos. Depois, verificou o pescoço. Voltou para o pulso. E a julgar pela expressão de completo pavor que atravessou seu olhar, Daerion soube.

Soube que o pai estava morto.

Em algum lugar na mente do Delfim, uma alavanca se desligou momentaneamente. Seu cérebro isolou a parte que processa a dor, reação comum em momentos de trauma. A pessoa fica em choque e não consegue reagir ao acontecido. O GrandMeister lhe lançou um olhar urgente, e a boca abriu-se para falar algo. Não conseguiu. Era o único Meister presente, e sabia que precisava declarar oficialmente. Mas como?

Como se declara a morte completamente inesperada do líder de uma nação? Como verbalizar essas palavras? Ou melhor, como se conta para um filho que o pai morrera daquela forma? Sua cabeça começou a doer com tamanha pressão e nervosismo. Embora não tivesse nenhum problema cardíaco, já era um homem idoso. Respirou fundo e fechou os olhos, pousando sua mão em cima da mão branca e inerte do Rei. E então, olhou para o Lorde Arryn. O GrandMeister balançou a cabeça em negação para o Mão do Rei, que aguardava sua pronunciação. Ele levou a mão a boca, tamanho o abalo.  E então, uma fração de espaço-tempo ficou perdida dentro da Sala da Mesa Pintada. Ninguém se moveu. Ninguém respirou. Ninguém conseguia acreditar. Fora tudo tão rápido, tão repentino. Não era assim que as coisas deveriam acontecer. Um Rei morre em batalhas. Um Rei morre de velhice, deitado em seus aposentos reais, cercado da sua grande família. Um Rei morre com honra. Não engasgado. Não tossindo. E não em questão de segundos.

A comoção atingiu, aos poucos, um a um, enquanto iam se dando conta da grandiosidade do que acontecera. O Rei estava morto. Soberano de Westeros. Líder de uma nação inteira. Jaherys, o primeiro do seu nome, da Casa Targaryen. Neto primogênito de Aegon Targaryen, O Conquistador. Rei dos Ândalos, dos Primeiros Homens, Senhor e Protetor do Território. Era um homem de integridade única. Bondoso, Gentil, Piedoso. Completamente idolatrado e amado pelos seus súditos. Jaherys costumava fazer turnês reais por todos os senhorios de Westeros. Visitava um a um, ouvindo suas queixas, conhecendo suas realidades, trazendo melhoras para o seu bem estar. Onde houvesse a oportunidade de falar com o povo, ele o fazia. Sempre solícito, com um sorriso no rosto. Com uma aura de tranquilidade, de paz. Majestosa. Certa vez, um senhor de pouco renome e terras, recusou-se a receber o Rei. Intrigado, Jaherys o questionou e a resposta que recebeu em troca lhe comoveu. O homem alegara que não tinha luxo o suficiente para receber o Rei, e não queria lhe envergonhar. Jaherys, então, hospedou-se com a Rainha Alysanne em um celeiro esburacado ao lado de sua humilde casa.  Tomara café da manhã com a família do camponês em uma mesa de madeira localizada dentro de uma minúscula cozinha. Ouvira suas reclamações, suas necessidades. E após a visita, além de dar uma quantia generosa de suprimentos, ele declarara para todos que aquela família tinha sido a melhor anfitriã que ele já vira. Ele valorizava o esforço de cada um, a lealdade, a bondade. E era por esse motivo que recebia a admiração do seu povo. Não simplesmente porque fora ungido em sua coroação e ganhara um Trono. Jaherys era um homem grandioso. E sempre seria.

Daerion ainda estava em pé ao lado da cadeira. Afastou-se lentamente e caminhou até o canto oeste da Sala, parando em frente à janela. De costas para os homens do Conselho, fechou os olhos. E apoiou uma mão na parede. Permitiu que as lágrimas finalmente rolassem pelo rosto. Perder um parente próximo gera uma dor indescritível, e Daerion nunca a sentira antes. O coração dispara, a cabeça dói, o profundo sentimento de vazio e perda inunda o coração. Ele nunca mais poderia abraçar o pai. Pedir seus conselhos. Dizer que lhe amava. Agradecê-lo por ter lhe criado, por ter lhe guiado. Pensou na sua mãe e o coração doeu mais ainda. Como contaria para sua mãe algo assim? Outro pensamento lhe ocorreu: seu pai não conheceria seu filho. Ele nem sabia que iria ser avô. Daerion não tivera tempo de contar. Se permitiu sentir, permitiu que o luto viesse. E assim ficou por longos minutos.

— O que aconteceu? — foi Lorde Arryn o primeiro a quebrar o longo silêncio. Estava apenas enrolando. Ele sabia que precisava colocar em prática o plano de funeral do Rei. Precisava reagir. Organizar os preparativos. Avisar a família. Avisar os senhorios. Avisar o Reino. Todavia, nada daquilo parecia real. Era como se fosse uma grande brincadeira de mal gosto. E a simples ideia de dar o primeiro passo tornaria tudo real. Por isso, hesitou.

— Sem uma análise completa é impossível ter certeza. Mas a julgar pela intensa falta de ar, sensação de queimação na garganta que provocara a tosse, suor frio, tontura eu diria que foram causas naturais — o GrandMeister falou com uma expressão impassível

— Causas naturais? — foi a vez do Mestre das Leis perguntar.

— Algum mau funcionamento interno do corpo. Um órgão que falhara. Talvez ataque cardíaco. Ou derrame! — ele fora citando as opções até que o Mão do Rei o interrompeu.

— Chamarei um equipe médica para averiguar isso. GrandMeister, o Senhor ficará responsável por avisar o Reino. Quero que envie uma mensagem a todas as cidades, vilarejos e senhorios. E envie outra para Pedra do Dragão. A pira funerária da Casa Targaryen fica localizada lá, e iremos seguir a tradição de cremação dos Reis para que se juntem aos Deuses Valirianos! — Lorde Arryn bradava as ordens.

— Lorde Harren, o senhor ficará encarregado de fechar o comércio de Porto Real e todos os outros estabelecimentos, em sinal de respeito. Leve os homens da Guarda Real consigo. Depois, avise o Septão do Grande Septo de Baelor, os sinos da Igreja devem tocar ininterruptamente por uma hora. E não se esqueça de verificar se todas as bandeiras da cidade, inclusive da Fortaleza Vermelha, estão a meio mastro! — Arryn continuou.

— Lorde Tully e Kelon, os senhores acompanharão o GrandMeister e o ajudarão a programar os preparativos para o funeral. Todos os senhorios e suas famílias precisam estar presentes em Pedra do Dragão. E com eles vêm seus funcionários, criados. Estamos falando de uma concentração de milhares de pessoas. Disponibilizem dinheiro, carruagens, navios e tudo necessário para o transporte daqui de Porto Real até a Ilha o mais rápido possível — o Mão do Rei ainda falava.

— Eu e o Lorde Tyrell ficaremos responsáveis por avisar a família e recepcionar a equipe de autópsia. Irei solicitar auxílio da Guarda Real para lhe transferir para os aposentos reais sem alvoroço, para que a família tenha privacidade — ele finalizou, exaurido. Suspirou fundo, e encarou seus homens.

Eles acenaram a cabeça para as ordens do eficiente Lorde Arryn, mostrando que as compreenderam. Porém, ainda sim, mantiveram-se paralisados.

— Senhores, nós, aqui dentro dessa Sala, somos os principais pilares de Westeros. Precisaremos ser eficientes e fortes para conduzir o reino através dessa tragédia inimaginável. Teremos tempo depois para nos despedir da grande figura que ele representou em nossas vidas, teremos tempo. Então agora, nesse exato momento, iremos focar exclusivamente em executar o protocolo real com a maestria que nosso Soberano sempre nos exigiu. Compreendido? — perguntou seriamente. Os homens assentiram novamente, quietos.

— E depois? — o GrandMeister que fez a pergunta de um milhão de dólares.

Lorde Arryn ia começar a falar mas se calou. Era obvio. Ele havia pulado a parte mais importante da morte de um Rei.

A parte mais importante da morte de um Rei, é o surgimento de outro.

Isso porque um Reino jamais pode ficar sem um Soberano. Eles precisavam lidar com isso antes de qualquer outra coisa. Lorde Arryn olhou para Daerion, e todos seguiram seu olhar.

Ele estivera tão quieto que os Mestres quase esqueceram da sua presença. Daerion ainda mantinha a mesma posição, com a cabeça abaixada, virado para a janela e a mão apoiada na parede. Arryn respirou fundo e olhou seu conselho privado, um a um. Seus homens retribuíram o olhar. Estavam prestes a presenciar um momento histórico. E sabiam disso. Manearam a cabeça positivamente, lhe encorajando. E então, Arryn finalmente virou-se para aquele que, no presente momento, já era seu Rei.

— Senhor? — chamou, pigarreando a garganta.

Daerion levantou a cabeça. Tinha se acalmado, e agora vagava os pensamentos por lembranças felizes de quando era criança e seu pai estava sempre ao seu lado. Lhe ensinando algo. Pensou no dia em que o pai lhe dissera que ele precisava aprender a ser forte se quisesse governar. Ele ficara ofendido. Eu sou forte, Daerion, com 8 anos, lhe respondera. E Jaherys lhe explicara que Um dia você vai precisar ser forte para além de si mesmo, meu filho. Você precisará ser forte para os outros. E, nesse dia, você descobrirá o que é ser um Rei.

Daerion respirou fundo e, lentamente, virou-se para encarar os membros do Conselho Privado. Lorde Arryn lhe encarou com uma expressão urgente.

— Nos lhe oferecemos nossas profundas condolências e sentimentos. E pedimos aos Sete Deuses que confortem o seu coração e lhe abençoem para guiar-nos daqui pra frente, Vossa Majestade! — Arryn referiu-se a Daerion pela primeira vez como Vossa Majestade.

Após isso, ajoelhou-se em uma reverência completa e formal. Foi seguido por todos os presentes, inclusive pelo GrandMeister, que possuía idade avançada. A grandiosidade daquele momento chegava a transbordar e vibrar no ambiente. A soberania pairava no ar, e recaía sobre ele como um manto pesado. Daerion arrepiou-se completamente, o coração acelerou e ele deixou uma lágrima rolar pelo rosto petrificado. Levantou o queixo. Firmou o olhar. Não seria mais reverenciado como Delfim, Príncipe de Pedra do Dragão e Herdeiro do Trono de Ferro. O Trono de Ferro agora era seu. E a Coroa também.

Era o fim de uma era, e o começo de outra.

O desfecho de uma história, e início de outra.

A queda de um gigante, e o nascimento de outro.

 

-#-

 

Os funcionários só perceberam que tinha algo muito estranho acontecendo quando viram a Rainha Alysanne passar apressada nos corredores da Fortaleza Vermelha, chorando copiosamente, acompanhada do Mão do Rei e alguns outros Lordes. Aos poucos, a notícia se espalhou como um tsunami descontrolado. Um sentimento sombrio, uma tensão e aura negativa pousaram sob o Castelo à medida que as pessoas balbuciavam o nome do Falecido Rei. A temperatura tornou-se menos calorosa, apesar do dia ensolarado. Em Porto Real, os sinos do Grande Septo de Baelon começaram a soar e a bandeira oficial de Westeros, localizada no alto do mastro da Fortaleza Vermelha, fora retirada, e uma outra bandeira completamente preta fora hasteada a meio mastro. Westeros estava oficialmente em luto. O Rei está Morto era a frase que soava pelas ruas, vielas, becos e pelo porto. As pessoas choravam em desespero, gritavam, mulheres se abraçavam, homens retiravam seus chapéus ao ouvir os sinos e ver a bandeira preta hasteada. O comércio se fechou, o transporte no porto foi paralisado e em poucos minutos a cidade estava completamente estática e em choque. Quando os sinos pararam, quem estava olhando para o céu pôde perceber a nuvem negra formada por uma centena de corvos mensageiros se erguendo da Fortaleza Vermelha. Eles iriam espalhar a notícia.

 

O Rei Jaherys I, da Casa Targaryen, estava morto.

 

-#-

 

Nos Aposentos Reais, a Rainha Alysanne, debruçada sobre o corpo inerte do falecido Rei, desejava estar morta. Assim, não sentiria a dor lancinante que atravessara seu peito. Queria arrancar o próprio coração com a mão e esmigalhá-lo, tamanha agonia. Seu marido era seu melhor amigo, seu porto seguro, seu mundo. Tinha lhe proporcionado as maiores alegrias da sua vida, e ela sinceramente não sabia como viver sem ele. Não conseguia se imaginar em um mundo em que ele não estivesse. Beijou seu rosto, suas mãos, tremia compulsivamente, não conseguia acreditar que fosse verdade. Da sua boca só saía a palavra “não”. Não. Seu amor não estava morto. Não. Como contaria aos seus filhos mais novos que eles jamais voltariam a ver seu papai sorrir? Como contaria para sua filha? E o seu filho mais velho, herdaria o pesado fardo de sentar-se no Trono de Ferro. Tão novo. Isso não estava certo. Não era pra ser assim. Deixou a dor lhe inundar e perdeu as forças. Deslizando da cama, e caindo no chão. Os Lordes Arryn e Tyrell, que observavam a cena emocionante a uma certa distância, prontamente se certificaram de ajudar a Rainha. Ela deixou que eles a carregassem.

Sentou-se no sofá, enterrou o rosto nas mãos e só tornou a levantá-lo quando ouviu os gritos de Aegon e Rhaenys. Rhaenys subiu na cama e abraçou o pai, e Aegon sentou-se ao seu lado. Viu o filho, de 7 anos, adquirir uma postura protetora e madura. Lhe consolava com as pequenas mãozinhas em suas costas, e deitou a cabeça em seu ombro. Ela queria ser forte para lhes dizer que iria ficar tudo bem, queria ter alguma atitude maternal para com a filha que estava deitada ao lado do cadáver do pai, mas tudo o que conseguia fazer era chorar. E encontrou um conforto inesperado no abraço do filho. O calor do seu pequeno corpo lhe aqueceu, e lhe devolveu as forças. Conseguiu respirar, e diminuir os tremores.

Ninguém deveria passar por isso, pensou. Seus filhos, tão pequenos, não deveriam passar por isso. O Rei tinha apenas 46 anos. Uma vida inteira para viver. Deveria levar suas filhas ao altar. Presenciar o nascimento dos seus primeiros netos. Seus primeiros bisnetos. Deveria viver por muitos anos ainda. Era forte, era saudável. A Rainha Alysanne não se conformava.

E então, levou o filho até a cama onde seu pai descansava, e segurou sua mão trêmula enquanto ele se despedia.

Ali, os três, mãe e filhos, ficaram por um momento que pareceu interminável. Abraçados. Juntos.

Rezaram.

 


Notas Finais


Vou postar ainda hoje os próximos.

OQ ACHARAM?????????? To chorando aqui.


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