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História Aliança de Fogo - A Guerra do Dragão, parte final.


Escrita por: MiniNicc

Notas do Autor


BOA LEITURA AMORESSSSSS

Capítulo 46 - A Guerra do Dragão, parte final.


Fanfic / Fanfiction Aliança de Fogo - A Guerra do Dragão, parte final.

 

Daerion e Alysanne Targaryen seguiram para a cidade de Tyrosh e sua vizinha, Saar. Ficavam do outro lado do continente, opostas a Astapor, fazendo fronteira com o Mar Estreito. Mãe e filho resolveram contornar as extensas águas e lhes atacar pela retaguarda. Iriam desestabilizar sua posição. Ou assim pensavam. O General Amis, um dos responsáveis pela militarização do exército anarquista, estava lotado para defender a cidade de Tyrosh. Mandara cobrir todos os flancos, pois não sabiam de onde eles viriam. Só sabiam que viriam. Seus homens estavam em alerta, pois as mensagens de que outras cidades estavam sob ataque tinham chegado de forma rápida. Myr já tinha sido aniquilada, e ficava há menos de 45km dos seus portões de entrada.

Amis estava na retaguarda, no tipo da Torre Sul. Tinha camuflado seu Scorpion com uma lona preta, e mandara que seus homens fizessem o mesmo com a maioria das armas. Se não fossem visualizadas, não seriam destruídas com tanta facilidade. De longe, avistou aquilo que poderiam ser dois dragões. Estavam encobertos pelas nuvens que cobriam o Mar Estreito, e pela neblina densa. Mas a silhueta e a sombra fizeram com que Amis não hesitasse. Teve a certeza que eram os dragões. Ajustou o poderoso dardo de madeira no Scorpion, engatilhou e mirou no céu, onde achava ter avistado os inimigos. Atirou. O dardo sumiu por entre as nuvens, e logo ouviu-se um rugido ensurdecedor. Daerion viu um dardo de Scorpion atravessar o ar, e quando virou a cabeça sentiu o coração disparar. A madeira estava perfeitamente atravessada no olho de Mercúrio. Perfurara seu crânio, e por pouco não atingira sua mãe. O dragão rugiu e gemeu de dor, perdendo completamente os sentidos.

— NÃO!!! — Daerion gritou quando viu que o grandioso dragão esbranquiçado despencou velozmente, inconsciente e com um peso de toneladas.

Meraxes deu meia volta e mergulhou no ar ao seu encontro, mas Mercúrio explodiu na água, agitando as ondas calmas do Mar Estreito. Ele afundou rapidamente, e Daerion não conseguiu avistar Alysanne. Desesperou-se. Ela deveria estar embaixo dele, e se não conseguisse desvencilhar-se para subir a superfície? Daerion levantou-se no dorso de Meraxes, equilibrando-se. Respirou fundo, enchendo os pulmões com o máximo de ar que podia. E então deu um impulso forte com os pés, mergulhando no Mar Estreito abaixo deles. A água congelante tocou sua pele, lavando todos os vestígios de poeira e fuligem. Era cristalina, e Daerion conseguiu ver algas, peixes, o azul infinito através dos rochedos. Mercúrio ainda afundava, mas ele só conseguiu visualizar um rastro da sua cauda branca, devido a profundidade que seu corpo pesado já alcançava. Nadou ao redor e, para seu alívio, localizou o corpo desfalecido da Rainha Alysanne sobre uma rocha há poucos metros de onde ele estava. Nadou até ela, e apoiou seu corpo leve no ombro antes de dar um impulso forte com os pés para subir até a superfície. Ao irromper pra fora da água, respirou ofegante. Sua mãe não respirava. Olhou ao redor e não avistou terra. Se não fizesse nada ela iria morrer. Ele não podia perder mais ninguém. Não aceitaria isso. Enquanto ele respirava e olhava ao redor, Meraxes pareceu pensar a mesma coisa e envolveu mãe e filho com uma das suas patas, localizada na parte inferior das asas. Daerion segurava o corpo de Alysanne firmemente para não caírem, quando Meraxes alçou voo, retirando-os da água. Voou rasante para não ser atingindo por outro dardo, e em menos de 2 minutos encontraram um descampado na costa do Mar Estreito. O dragão negro do Rei pousou rapidamente, e devolveu a terra ambos os Targaryens encharcados pela água. Daerion deitou rapidamente o corpo da Rainha-Mãe na areia, de barriga pra cima, e confirmou que ela não respirava. Ajoelhou-se ao seu lado, deixando seu ombros diretamente sobre o meio do tórax dela, e colocou ambas as mãos na altura do peito. Iniciou a reanimação cardíaca, como tinha lido diversas vezes nos livros de primeiros socorros. Deveria apertar com uma força considerável, num ritmo constante e ritmado contando 1, 2, 3. E não poderia interromper até que a vítima recobrasse a consciência.  A pele da Rainha-Mãe estava levemente azul, assim como seus lábios.  Daerion seguiu apertando o tórax da mãe por um tempo indeterminado, até sentir os braços começarem a formigar. Alysanne ainda não tinha dado sinal de vida. Dos seus olhos percebeu lágrimas escorrendo, estava chorando. Não podia perder sua mãe também. Já tinham lhe roubado seu pai. Seu protetor. Sua mãe era o raio de luz da sua vida. Sem ela e sem Maëlle ele teria somente escuridão.

— Por favor! — sussurrou enquanto ainda mantinha o mesmo ritmo das compressões.

Quando começou a sentir as pernas formigarem, os joelhos apoiados na areia doerem, Alysanne recobrou a consciência de supetão. Seu cabeça irrompeu para frente, cuspindo uma quantidade considerável de água. Daerion assustou-se, mas respirou aliviado como nunca tinha feito antes na vida. Seu coração parecia que ia sair pela boca. Ajudou a mãe a sentar na areia, e ela vomitou mais água. Tinha se afogado completamente, e engolido muita água. Respirou fundo por alguns minutos, acalmando-se, inalando o ar como se fosse a melhor sensação do mundo. Era a melhor sensação do mundo, naquele momento. Respirar. Estar viva. Olhou para seu filho, que chorava ao seu lado. Lhe abraçou. Seu corpo estava estão gelado quanto o dela.  As águas do Mar Estreito eram congelantes. Seus lábios tremiam e os dentes batiam de frio quando ela tentou falar.

— Obr..obrigada, meu filho — disse por cima do seu ombro, molhando ainda mais sua roupa com suas lágrimas.

— Eu pensei que iria te perder também! — ele confessou, e apertou ainda mais seu corpo contra si.

— Eu estou aqui. Eu estou bem — falava, afagando as costas do Rei de Westeros como se ele ainda fosse seu filho de 8 anos.

Alguns minutos depois, ambos estavam em frente a uma fogueira. Daerion tinha buscado um pouco de madeira em uma árvore que estava localizada na costa do descampado. Arrancara-lhe os galhos e montou uma fogueira improvisada para que Meraxes pudesse incendiá-la. Precisavam se aquecer. Os lábios da Rainha-Mãe ainda estavam azuis e ela tremia sem parar. Não adiantava ter sobrevivido a um afogamento para morrer de hipotermia. O Rei de Westeros olhava ao redor, certificando-se de que estavam fora da vista de seus inimigos, quando Alysanne lhe chamou.

— Você também precisa se aquecer, meu filho. Venha cá! — ela estava ajoelhada na areia, ao lado da fogueira.

Poucos minutos depois, o aspecto da Targaryen já estava ligeiramente melhor. Retomara o rosa das bochechas, e os lábios já não pareciam mais rachados e azuis. O cabelo platinado ainda estava molhado, mas não encharcado. Daerion aproximou-se.

— Nós temos que ir, mãe. Estamos muito expostos aqui _ele falhou, agachando-se ao seu lado.

— Como é que eu vou ir? Minha amiga. Minha companheira! — a mãe chorava baixinho, referindo-se à Mercúrio.

Daerion viu a lágrimas escorrerem no seu rosto. Não tinha pensado por esse lado ainda. A dragão-fêmea da Rainha-Mãe fora abatida, e agora jazia no fundo do Mar. Elas deveriam ter uma conexão muito grande. Assim como ele próprio tinha com Meraxes.

— Eu sinto muito — a abraçou lentamente, ficando ao seu lado. Observava a madeira estalar na fogueira. Alysanne cobriu suas mãos com as dela. Lhe fez carinho. Suspirou.

— Você tem razão. Nós temos que ir! — falou se levantando. Virou-se para o filho.

— Quando é que vão parar de me roubar entes queridos? — o questionou, com o olhar vidrado e molhado.

Daerion se levantou e abraçou novamente a mãe. Sentiu que ela estava carregada demais. Tinha quase morrido. Perdera sua parceira de voo e de aventuras. Perdera seu marido. Estavam no meio de uma guerra sangrenta e dolorosa para ambos os lados. Era muita coisa. Deixou que ela chorasse tudo o que precisava.

Depois, montados em Meraxes, as chamas negras obscureceram completamente o céu e os quatro cantos da cidade. Tyrosh foi destroçada de Norte a Sul. E de leste a oeste. Da cidade, não sobrou nenhuma construção para a posterioridade. Nenhum exército. Nenhuma arma para ferir outro dragão. Nenhum homem para envenenar outro Rei. Depois de muita dor e de muito sofrimento, seus inimigos finalmente foram aniquilados. Os Targaryens, novamente, triunfaram.

 

-#-

 

Ainda em Lys, a princesa Maëlle Targaryen caminhava sob as ruínas da cidade. Tinha deixado Vhagar no portão principal, descansando. Fora difícil de retirar o dardo de madeira, ainda mais com a dragão urrando ensandecidamente. Ela mesma já tinha sentido dor aguda, a cicatriz no meio da barriga lhe relembrava constantemente disso. Então deixou que ela se recuperasse a seu tempo, e adentrou sozinha na cidade fantasma. Andava pelas ruas e vielas destruídas, desviando dos grandes pedaços de concretos atirados no chão, observando o cenário pós guerra. O cheiro de carne apodrecida e queimada, misturado com o cheiro de sangue seco e poeira suja, era completamente repulsivo. Maëlle tapou o nariz. Observou que a fumaça ainda estava alta, avisando a quem quisesse ver, mesmo de uma distância longínqua, que Lys estava rendida. Rendida para os Targaryens. Virou numa rua mais estreita, escondida. E ouviu um barulho.

Rapidamente empunhou seu arco e engatilhou uma flecha. Era muito improvável que tivesse alguém vivo. Se estivesse, deveria estar ali naquela rua. Ela parecia não ter sido muito atingida. Caminhou lentamente, com o arco em riste. Apurou os ouvidos. O barulho sumira. Fora até o final da rua, que era sem saída, e não encontrara nada. Somente quando estava retornando, ao passar na frente de uma porta marrom e antiquada, que o barulho voltara. Vinha ali de dentro. Poderia ter alguém escondido. Parecia uma taverna.

Maëlle aproximou-se lentamente, colocando o ouvido na porta. Cuidou para não pisar em nenhuma pedra ou algo que lhe denunciasse, fazendo barulho. Do outro lado, ouviu um choro de criança, seguindo de um “shhh”. Assustou-se. Como é que poderia ter uma criança ali? A cidade tinha sido evacuada. O coração apertou, e ela guardou o arco. Lentamente, abriu a porta pesada e entrou. Tinha outra porta há alguns passos. Abriu e se deparou com uma escada de aproximadamente 5 degraus. Era antiga, e estava quebrada na lateral do penúltimo degrau. Maëlle desceu. Era um galpão subterrâneo, gigantesco. As estruturas de pedra rugiam e entravam em atrito, produzindo um pouco de fumaça, mas eram fortes. Por isso não tinha desabado. Olhou para frente e encontrou no mínimo 100 pares de olhos nervosos e assustados. Centenas de mulheres, crianças, bebês e até homens desarmados estavam abrigados ali, lhe encarando. A princesa levou a mão a boca, tamanho o susto. Uma mulher de meia idade, que estava mais a frente, dona de cabelos pretos e olhos igualmente pretos, lhe dirigiu a palavra

— Quem é você? — ela perguntou, em um tom acusatório.

Maëlle tentou responder, mas a voz falhou. Limpou a garganta.

— Eu sou Maëlle — fez uma pausa — Maëlle Targaryen. E vocês? — questionou. Queria saber o porquê eles estavam ali. Por que não estavam com o resto da população de Lys.

Um murmúrio soou por entre as pessoas presentes. Uma criança levantou-se e correu para o colo da mãe, do outro lado do salão. Cochichos, olhares. Maëlle não sabia direito o que falar, ou como agir.

— Você veio aqui para nos matar, Targaryen? — outra mulher lhe perguntou, em tom hostil.

— Não. É claro que não. Eu nunca faria isso! — Maëlle respondeu consternada, chocada que ela pudesse pensar aquilo dela. Mas faz sentido. Ela e sua família tinham destruído sua cidade. Queimado suas casas. Ela deveria ter imaginado que receberia hostilidade.

— E o que é que vocês estão fazendo lá em cima, senão tentando nos matar? — a mulher de longos cabelos pretos lhe questionou.

— Estamos atrás de justiça. Aqueles homens lá fora assassinaram o meu pai e destruíram a minha família — ela acusou, apontando para cima.

— Aqueles homens lá fora são nossa família. Nossos filhos. Nossos maridos. Nossos pais. Os pais das nossas crianças! — ela gesticulou para as crianças sentadas no galpão.

Maëlle engoliu em seco. Reconheceu a dor no olhar de cada um, o medo, o luto, as angústias que ela mesma tinha. 

— Nós só queríamos viver em paz. Queríamos um lar tranquilo, comida na mesa para todos, abrigo, tranquilidade e poder viver em sociedade. Em uma sociedade civilizada! — Maëlle deixou uma lágrima escorrer.

— Mas nós fomos atacados. Dentro da nossa própria casa. Meu pai foi assassinado a sangue frio, na frente do meu irmão e não teve nem a chance de se defender. Jaherys Targaryen nunca fez nada ameaçou um sequer homem aqui desse lado do Mar Estreito. Nós nunca lhe ferimos. Nunca os confrontamos. E pra que? — ela jogou o arco que estava ao redor do seu corpo no chão, e suas flechas.

Alguns olhares tornaram-se confusos. Pessoas se entreolharam. Maëlle desabotoou a túnica preta na altura da barriga, e expos a sua cicatriz. A cicatriz da cirurgia a qual era fora submetida após seu atentado. Ela tinha quase 4 centímetros de comprimento, e tinha uma pigmentação mais escura do que sua própria pele. Maëlle tinha se acostumado com ela, de modo que as vezes nem percebia que estava ali. Mas ela era extremamente visível.

— Pra que e porque eles fazem isso? — questionou, apontando para sua barriga.

— O que é isso? — uma das meninas lhe perguntou, com a voz infantil. Aparentava ter uns 12 anos.

— Eu estava em casa, com minha melhor amiga. E fui atacada por três homens que pareciam-se com aqueles lá fora. Levei uma flechada na barriga, e outra no ombro. E quase morri — ela respondeu.

— Por que eles fariam isso com você? — a menina questionou.

— É o que eu queria saber também. Porque eles me feriram. Porque atacaram o meu país. Porque mataram o meu pai? Porque atacaram pessoas que nunca lhes fizeram mal algum? — Maëlle questionou de volta, olhando para as mulheres ao redor.

— Porque o mundo é um lugar cruel — outra mulher lhe respondeu, mais a direita. Mais velha. Era baixinha e rechonchuda, exalava experiência de vida.

— O mundo é implacável, e os homens são egoístas. São medíocres. Qualquer sinal de alegria eles destroem! — ela continuou.

Maëlle refletiu por uns segundos. Aquilo era uma verdade dura de se ouvir. Mas era verdade. Depois de presenciar tanto sofrimento, tanta matança e tantas tragédias, não existia outra forma de resumir. Os homens em si são medíocres.

— Porque vocês estão aqui? Porque não foram evacuados junto com o resto da população das Cidades Livres? — a princesa perguntou, olhando para todos os olhos que pôde. Procurando uma resposta.

— Somos um escudo humano — a mesma senhora baixinha lhe respondeu.

— Escudo humano? — ela questionou, sem entender

— Fomos escolhidos a dedo e mandados para cá, caso precisassem de nós. É uma tática militar. Usar civis, quase sempre mulheres e crianças, para deter o avanço do inimigo e se blindar. Assim, quem está invadindo precisa escolher entre matar os civis, ou se abster de atacar seu alvo — ela explicou pedagogicamente. Maëlle imaginou que ela deveria ser tipo uma professora, ou uma meister. Em Westeros mulheres não podiam ser meisters. Talvez ali pudessem.

— Isso é hediondo — ela mal podia acreditar nisso. Suspirou exasperada.

— Eu sinto muito. Sinto muito por tudo isso. Nós jamais machucaríamos vocês. Jamais usaríamos suas vidas de escudo humano. Só queremos justiça, e viver em paz — ela falou enquanto as lágrimas rolavam.

— Nós também. Ninguém deveria criar seus filhos em meio a guerra — uma mãe que estava sentada no chão, amamentando um bebê e segurando a mão de outro menino de 3 ou 4 anos no máximo falou.

Maëlle levou a mão a barriga. Pensou em seus gêmeos. Pensou no que ela disse. Ninguém deveria criar seus filhos em meio a guerra.

— Você está grávida? — a moça de cabelos escuros lhe perguntou, observando a menina linda de cabelos platinados com seu olhar clínico. Ela era parteira há quase 10 anos já, e sabiam identificar os sinais.

Maëlle sorriu e assentiu com a cabeça. A mulher lhe sorriu de volta. E então uma criança desprendeu-se da fila da frente e correu ao encontro da princesa. Era uma menina de no máximo 6 anos, com longos cabelos ruivos trançados lateralmente. Ela lembrava levemente Sansa, Maëlle pensou. A menina agarrou-se as suas pernas, e a princesa se abaixou para conversar com ela. Afastou uma mecha de cabelo avermelhado do seu rosto e colocou-o para trás da orelha. A menina tinha o rosto molhado de choro.

— Você parece um anjo — a menina lhe disse com a voz bem alta e clara.

Maëlle sorriu. E antes que pudesse responder algo, a menina lhe fez uma pergunta inesperada.

— Meu papai foi lutar contra as pessoas do mal. Você sabe se ele está bem? — ela mencionou pessoas do mal. Crianças tendem a repetir. Era o que ele deveria ter ido para ela antes de se separem.

A princesa Targaryen sentiu os olhos marejarem. Pensou na sua pergunta. Provavelmente seu pai estava morto, assim como o dela. E só ela sabia o quanto isso ia ser difícil para aquela menininha. Quis lhe abraçar.

— Eu não sei, meu amor. Mas nós vamos descobrir, ta bom? — tocou no seu nariz pequeninho.

— E se ele foi lutar contra as pessoas do mal quer dizer que ele é um herói. Nunca se esqueça disso. E do quanto ele te ama. Onde quer que seu papai esteja, ele sempre vai te amar. E vai te proteger! — falou para lhe confortar, e a menina lhe deu um abraço.

A parteira de cabelos pretos sentiu uma empatia enorme pela Targaryen. Todos os presentes sentiram. Perceberam o quanto ela era abençoada. Preservar a memória daquela menina sobre o seu pai era uma atitude extremamente altruísta e humana. E expor seus sentimentos para centenas de pessoas residentes de uma cidade inimiga. Mulheres dos homens que assassinaram seu próprio pai. E tudo o que ela queria era lhes proteger. Estava preocupada com seu bem estar, com sua segurança. A menina correu de volta para os braços da sua mãe, e a menina Targaryen levantou-se, limpando o rosto. Dirigiu-se a eles.

— Eu desejo que todas as futuras gerações sejam libertas do mal, da opressão, do sofrimento e principalmente da guerra. Quero que possamos coexistir em paz, que possamos ser felizes. E prósperos. Com certeza não é diferente do que o que vocês querem! — ela falou, para todos ouvirem.

Recebeu uns gritos de incentivo, murmúrios de pessoas que concordavam, sorrisos, pessoas que se agarravam a toda e qualquer esperança que os puxasse da escuridão.

— Vamos juntos acabar com tudo isso. Vamos juntos construir um mundo melhor. Vamos ser melhores do que nossos homens foram! — Maëlle disse, emocionando-se.

— Eu vim buscar justiça. E agora lhes ofereço a paz! — gritou novamente, deixando se levar pelos gritos de incentivo, de vibração, pelos sorrisos de alívio das pessoas que a olhavam com admiração.

Maëlle estava em êxtase. Tinha conseguido trazer um pouco de tranquilidade para aquelas pessoas que estavam acuadas, sendo usadas e manuseadas como se não tivessem valor nenhum, que estavam assustadas, sofrendo. Queria lhes ajudar. Iria lhes ajudar. Não sabia como, mas iria.

 

— A PAZ  — uma mulher gritou, e outros pessoas gritaram.

 

A PAZ. A PAZ. A PAZ.

 

-#-

 

Daerion e Alysanne retornaram para Lys depois de darem uma volta completa pelo continente das Cidades Livres. As que não estavam ardendo em chamas e rendidas, estavam evacuadas. Porém intactas. Astapor, Yunkai e algumas outras cidades orientais, fora as cidades Livres conhecidas como Essos, Pentos, Braavos não tinham sido incendiadas. Daerion avistou Vhagar deitada ao lado do portão principal da cidade, no mesmo local que estava quando eles saíram. Pousou ao seu lado e ajudou sua mãe a descer de Meraxes. Avistou Maëlle próxima a uma multidão de mulheres e crianças. Todas muito pobres, com roupas simples, assustadas com a destruição ao redor. Caminhavam pelas ruas, seguindo a princesa Targaryen até o pórtico principal. Maëlle avistou o Rei e a Rainha-Mãe e correu até eles. Abraçou sua mãe e percebeu seus cabelos molhados e roupas úmidas. Além da sua expressão que estava muito diferente.

— O que aconteceu? — questionou. Olhou para Daerion rapidamente, que franziu as sobrancelhas numa expressão triste.

— Mercúrio. Foi abatida —ele falou baixinho

— Onde ela está? O que aconteceu? — perguntou, chocada.

— A perdemos no mar — Alysanne quem respondeu dessa vez, com os olhos no chão. As lágrimas não paravam de escorrer.

— Eu sinto muito, mãe. Sinto muito mesmo — Maëlle a abraçou.

Eles tinham vencido. Tinham tomado as Cidades Orientais. Tinham aniquilado seus inimigos, tinham os queimado e feito pagaram pela morte de Jaherys com suas próprias vidas. Era para estarem contentes. Satisfeitos. Ela pensou que se sentiria satisfeita.

Mas tinham perdido tanto no processo. Na guerra. O sofrimento era imenso, para ambos os lados.  A destruição, a dor, a fome, a sensação de nunca estar seguro. Tudo isso era algo que não deveria existir no meu mundo. Ninguém deveria passar por isso. Não era o mundo na qual era queria viver. Queria mudar isso. Queria ajudar aquelas pessoas, queria lhe dar comida, roupas dignas, um trabalho decente, uma opção para reconstruírem suas vidas. Para serem felizes novamente.

— Majestade, encontrei essas pessoas em um abrigo subterrâneo. Elas foram deixadas para trás, e sobreviveram por um milagre — Maëlle gesticulou para as pessoas, apresentando-as brevemente para Daerion.

As mulheres o encararam assustadas, e sem saber o que fazer. Não o conheciam, mas podiam perceber que ele era alguém importante. E a menina Targaryen tinha se referido a ele como Majestade. Deveria ser o Rei de Westeros. Algumas se curvaram, outras se encolheram.

— Por favor, não é necessário isso. Aqui eu não sou seu Soberano — ele acenou com a mão tranquilizando-os.

— Está todo mundo bem? Tem alguém ferido? Precisando de algo? — ele levantou a voz para atingir as pessoas que estavam mais ao fundo.

Algumas pessoas levantaram as mãos. Tinham necessidades mais urgentes. Comida. Remédios.

— Eu irei ajudá-los, Majestade. Eu faço questão. Vou providenciar o que puder — Maëlle se prontificou.

Daerion arqueou as sobrancelhas. Como se estivesse pensando. Foi exatamente ali, naquele exato momento, diante de todas aquelas pessoas necessitadas e carentes, que ele teve a ideia que mudou tudo. Que radicalizou e deu início a um novo projeto. A um novo povoado. A uma nova sociedade.

— Eu não sou o Soberano aqui, mas eles precisam de um. Precisam de alguém. Precisam de um líder, uma pessoas que os guie, que os cuide, e ajude suas feridas a cicatrizarem — ele falou, olhando para Maëlle.

Ela lhe olhou de volta. Olhou para as pessoas a sua frente para ver se alguém tinha compreendido algo. Todos olhavam para Daerion, aguardando ele terminar seu raciocínio.

— Nós passamos por Astapor, Yunkai, Essos, Pentos, Braavos, Tyrosh, Saar, Myr. Todas são cidades que estão abandonadas, ou rendidas. E vão precisar ser repovoadas. Reconstruídas. Ressocializadas. E você é a pessoa que deveria fazer isso, Maëlle — ele lhe disse, gesticulando com as mãos para as pessoas a sua frente.

— O que você está querendo dizer? — ela lhe questionou. Ainda não tinha entendido onde ele estava querendo chegar.

— Você vai unir todas as cidades e transformá-las em uma só. Na qual você possa ser a líder, e possa ajudá-los a se reerguer das cinzas. Fique aqui, desse lado do Mar Estreito. E os ajude. Os lidere. Você nasceu pra isso! — ele concluiu, lhe olhando.

— Você está me dando um continente? — perguntou com um misto de deboche, mas estava chocada. Os olhos arregalados mostravam o quanto estava apavorada com essa ideia. Apavorada, surpresa, mas admirada. Ela jamais pensaria que passaria por uma situação assim na sua vida.

— Um continente não. Um Império! — ele finalizou, sorrindo.

Um Império. Um Império? Ela pensou na possibilidade. Olhou para sua mãe. Olhou para as pessoas ao seu lado. Olhou novamente para Daerion.

Um Império?

Grandiosas civilizações, grandiosos reinos e grandiosos Impérios surgiram assim. Ela tinha lido sobre. Um momento como esse. Após a aniquilação de uma civilização, após uma guerra, após uma erradicalização. Um momento em que as pessoas olhavam ao redor e pensavam “e agora?” ou “o que faremos?”. Precisavam de um norte. De uma guia. De um recomeço.

— Diga um nome — Daerion lhe disse, de uma forma extremamente informal, como se não estivesse decidindo todo o futuro de uma nação.

Maëlle refletiu. Pensou em liberdade. Pensou em paz. Pensou em prosperidade.

— Terra livre. Terra livre na antiga cultura Valiriana comumente era mencionada como Artena — falou, olhando para Daerion. Tinha lido isso em algum livro uma vez, na tranquilidade da biblioteca localizada no último andar da Fortaleza Vermelha.

— Artena. Império de Artena. Ressurgido das Cinzas — ele disse descontraidamente.

— E é claro, você. Maëlle Targaryen, Conquistadora das Cidades Livres, Proclamadora do Império, e primeira Imperatriz de Artena.

Maëlle o encarou, pensando que estava debochando. Mas Daerion estava sério. Como nunca esteve. A olhava com admiração. E fez a última coisa que ela esperava que ele fosse fazer.

Curvou-se. E então sua mãe fez o mesmo. E todas as pessoas presentes os imitaram, inclusive as crianças.

Maëlle deixou as lágrimas rolarem pelo rosto com a grandiosidade daquele momento. O Império que seria um dos mais poderosos do mundo surgiu ali, assim. Como se fosse uma conversa informal entre algumas poucas pessoas.

 


Notas Finais


EDIT1:
Eu não sou muito de fic interativa, mas o que vocês acham de eu fazer uma enquete e vocês ajudarem no nome do novo Império???? Me deem sugestõessss, aceito.

EDIT2: NOME DO IMPÉRIO OFICIALMENTE ESCOLHIDO. SERÁ O IMPÉRIO DE ARTENA.
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GENTEEEEE, E A BICHINHA QUE VIROU IMPERATRIZ
GOSTARAM????????/ ELA MERECIA TANTO MEU DEUS. VAI SER FORMIDÁVEL. ELA VAI SER A MELHOR IMPERATRIZ QUE ESSE MUNDINHO JÁ VIU.
To muuuuito ansiosa pra ver isso acontecer.
E vamos de coroação da Nova Imperatriz.
Vamos de CASAMENTO REAL pq os bonitos não casaram ainda NÉÉ
Vamos de nascimento dos PRIMEIROS HERDEIROS.
VEM MUITA COISA POR AÍ AINDA!!!!!!!

Continuem lendooooo :)


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