Ao ouvir a palavra pai o corpo de Jimin se autodesligou. Quanto tempo tinha desde que vira seu pai pela ultima vez? Nem se lembrava. Não que sentisse falta dele. Passou anos sentindo saudades de seu pai, mas nada o trouxe de volta. Depois de um tempo, não queria mesmo que ele voltasse.
Seus olhos estavam vidrados aos de Jin, ele não queria ir lá e simplesmente agir como se nada tivesse acontecido, até porque muita coisa tinha acontecido, e grande parte dessas coisas era culpa daquele homem que estava em alguma sala esperando para rever o filho.
Filho. Jimin se lembrava de quando iam jogar futebol, antes de ficar doente. Se lembrava de seu pai o chamar de filhão e gritar esse é o meu garoto para os lados todas as vezes que o ruivo acertava um gol. Se lembrava do presente de dia dos pais que havia dado ao seu tão amado e adorado pai quando tinha quatro anos. Era um simples desenho, era uma criança, mas o sorriso que seu pai lhe deu fora algo que o dinheiro jamais poderia comprar. Se lembrava do ultimo dia que seu pai o chamou de filhão. Foi uma semana antes de seu aniversario de cinco anos. Foi uma semana antes dele partir. Se Jimin soubesse que sua vida mudaria tanto depois que seu pai colocou os pés pra fora de casa, se soubesse que sua mãe também o abandonaria...
O que mudaria?
Nada. Exatamente, nada mudaria.
Começou a andar em direção a sala de Jin, onde provavelmente Park JiSung o esperava. Seu coração batia forte no peito, sua mão suava frio e sua boca ficara seca. Aquilo não era nervosismo, não. Aquilo era raiva. Queria meter a mão na cara de seu pai por ser um homem horrível, que não pensava nos sentimentos do próprio filho. Queria perguntar a ele como teve coragem, como havia conseguido deixar sua família para trás e como ainda tinha a cara de pau procura-lo depois de anos.
Jin entrou primeiro, sendo seguido pelo ruivo. E lá estava ele, Park JiSung, sentado na cadeira do paciente. Seu rosto ainda era o mesmo, deveria estar com 41 anos, pelas contas que Jimin fez, mas ainda parecia estar nos 30. Os olhos escuros do mais velho parou sobre o filho e o encarou de cima a baixo, o avaliando. Depois de alguns minutos o olhando, sorriu. Sorriu como se tivesse acabado de achar aquele brinquedo que havia perdido no meio dos outros.
–Jimin?
Quando o ruivo ouviu seu nome ser dito novamente pelo pai, seu coração se apertou. Sim, talvez estivesse nervoso.
–O que você quer aqui? –o sorriso de seu pai sumiu.
–Eu falei com a sua mãe.. e ela me contou sobre você. Eu me senti péssimo em saber...
–Deveria ter se sentido péssimo quando me deixou! Não agora, que estou morrendo!
–Você não está morrendo, não diga bobagens!
–E desde quando você se importa?
–Eu sempre me importei, Park Jimin! Não haja como se eu não tivesse sido um bom pai!
–Um bom pai? –Jimin riu sarcástico. –Pais de verdade não abandonam os filhos por causa de uma vadia. Por favor, JiSung, não venha querer agir como pai agora, esta bem? Eu realmente não me importo mais com isso. Quando eu precisei, você não estava lá. Quando eu me sentia sozinho, você não estava lá! Quando minha mãe me abandonou por sua causa, você também não estava lá! Você tem ideia do que eu passei? De como era horrível e de como eu chorava no dia dos pais e das mães na escola? Todos os meus colegas sorrindo abraçados com seus pais e eu sempre estive sozinho! Você não sabe de nada! Você não sabe o quanto é horrível crescer sozinho. –Jimin respirou fundo, e continuou. – Você não sabe o que é passar todos os aniversários de sua vida sentado em sua sofá, esperando que sua mãe apareça e lhe diga ao menos parabéns! E depois, quando finalmente tinha idade para poder fazer amigos e curtir a vida, passar dois anos dentro de um hospital sofrendo por uma doença que pode lhe matar. VOCÊ NÃO SABE!
–Eu sei esta bem, eu sei de tudo isso! Eu não entendo a sua dor, e me arrependo por causar grande parte dela. É por isso que estou aqui agora, porque quero concertar o meu erro para ser um pai para você, porque mesmo que negue, eu sei que você precisa, eu sei porque eu sou o seu pai. Mesmo que você não queira que eu seja, eu sou.
–Apenas faça o que você fez da primeira vez. Ta vendo aquela porta, abre ela e vai embora! Eu não preciso de você aqui. Eu não preciso MAIS de você aqui. Porque sozinho, eu consegui encontrar pessoas que se importam comigo, eu encontrei..pessoas...que me amam...
Só depois de dizer tudo o que estava entalado em sua garganta, percebeu que as lagrimas desciam por seu rosto tão rápido quanto à chuva desce das nuvens. Aquela dor não era para estar ali, mas estava. Estava ali para piorar ou melhorar tudo, sua dor física estava tão forte que fazia o esquecer da dor sentimental.
Olhou para Jin desesperado, tentando mostrar a ele que aquele chororô todo era por causa de sua doença, que sempre dava um jeito de aparecer para ferrar com sua vida;
Mas o médico não entendeu; ele apenas ficou olhando para Jimin que chorava de dor, seu pai o encarava também, seus olhos transbordavam tristeza. Nenhum dos dois pareciam estar realmente entendendo a situação. Ele queria muito gritar, e foi o que vez.
Gritou até sua garganta arder e então Jin finalmente perceber o que estava realmente acontecendo, saiu correndo do quarto, enquanto JiSung continuava imóvel, não entendendo mais nada. A enfermeira Choi entrou correndo, e com dificuldade, levantou Jimin do chão e o sentou na cadeira. Depois daquilo, tudo passou em um borrão diante de seus olhos.
Ouviu seu pai gritar para que alguém explicasse o que estava acontecendo e srta.Choi gritar de volta dizendo que agora não era hora. Jin entrou correndo, com dois enfermeiros e uma maca, com certeza, para si. Sentiu a agulha entrar em sua pele e sentiu o remédio sair da pontinha da agulha e adentrar seu corpo. Depois ouviu seu pai gritar novamente, não sabia o que ele gritava; se era Jin ou Jimin.
(...)
Abriu os olhos, esperando que estivesse novamente naquela salinha branca onde sempre acordava depois de desmaiar, mas para sua surpresa, estava em seu quarto. A janela estava aberta e o céu acinzentado pós chuva lhe davam uma certa sensação de conforto. Havia vários remédios separados ao lado esquerdo da cama, e varias coisas de comer do lado direito. Sua dor ainda estava presente, o que era estranho, sua dor nunca estava ali depois de um desmaio, mas ignorou, chamando Choi que babava na poltrona.
Ela deu a ele todos aqueles remédios, era uns seis, que era para tomar devida a situação, os para dormir e para dor era por sua conta e os outros era somente quando a enfermeira desse. E depois disse que ele poderia comer tudo já que JiWoo quem havia deixado ali.
–E JiSung? –perguntou antes de começar a comer.
–JiSung? Seu pai? –confirmou com a cabeça. –Ah, ele está ali fora. Jin não o deixou entrar, disse que ele iria te deixar mais nervoso se entrasse e que você não pode ficar nervoso. Então ele começou a gritar de novo, ele é bem estranho. Mas depois aceitou ficar lá fora.
–Que bom que não o deixaram entrar, podiam expulsar ele do hospital..
–Alias, Jimin, SeokJin disse que não precisaremos raspar os seus cabelos, mas ele acha melhor cortar um pouco, tirar seus brincos e cortar as unhas.
–Ta brincando?!
–Eu sei o quanto você queria que ela estivesse brincando, mas não está. Eu preciso ter uma conversa muito seria com você, Park Jimin. O que você fez ontem foi muito arriscado. –Jin entrou no quarto de repente. –Mas como uma boa mãe vou esperar você terminar de comer.
Jimin voltou a comer em silencio. Sabia que o que tinha feito era errado, mas só queria poder passear com Jeon, só queria poder andar um pouco na rua, porque depois viveria trancado ali. Depois que terminou de comer, Jin começou a falar. Ele parecia uma mãe que não dormira a noite por ter ficado preocupada com o filho que saiu e não voltou.
Ele simplesmente jogava na cara de Jimin o quanto ele havia sido um idiota irresponsável, como ele havia o deixado preocupado e desesperado. Depois de muito gritar com o mais novo, disse que iria buscar os resultados dos exames para mostrar ao ruivo. Nem mesmo o próprio médico havia os aberto ainda, o nervosismo estava grande.
Pegou seu celular que estava largado em cima da mesinha ao lado do abajur e viu que Jeonguuk havia lhe mandando duas mensagens. Uma ontem à noite e outra hoje cedo. Respondeu o garoto, não esperando resposta, é claro, alias ainda era apenas 08:15 da manhã, mas ela veio.
[08:17 / 07.10] Kookie: Bom dia, hyung. Você pode sair hoje?
[08:18 / 07.10] Jimin: Desculpe, hoje não posso... Kookie, posso falar com a vovó?
Ele não respondeu, mas tomou a resposta como sim, quando seu celular começou a vibrar e o nome de kookie apareceu na tela. Aceitou a ligação e a voz de OkJin invadiu seus ouvidos trazendo um pouco de calma, ouvi-la o chamar de querido era reconfortante.
Depois de ter certeza que Jeongguk não estava ouvindo ele contou para ela tudo o que havia acontecido. Contou sobre a sua ida ao cinema com o mais novo, sobre sua briga com seu pai e sua briga com Jin. Ocultou a parte de sua dor ainda estar presente mesmo depois de uma noite inteira tomando remédio pela veia do braço esquerdo.
OkJin disse que se seu pai continuasse bancando o idiota era para ele a avisar, que a mesma apareceria ali no hospital para quebrar a cara dele. Mesmo em pouco tempo, aquela senhora já era tão importante para si. A conversa estava boa, mas Kook começou a gritar porque sua vó estava tentando roubar mais um de seus amigos.
–Jeongguk, eu não quero o seu namorado! Nenhum homem jamais ira ocupar o lugar do seu avô!!
Jimin riu e ficou ouvindo os dois discutirem, não era chato, se sentia um tanto feliz. Era algo reconfortante, como se tivesse uma família lá fora que aguardasse logo sua volta.
Mas não havia.
Seu coração quase parou de bater quando a voz de Jeongguk chamou seu nome baixinho e manhoso.
–S-Sim? O-O que disse?
–Se poso ir visitar você hoje.. já que não pode sair..
–Ah, sobre isso.. –O mais novo ficou sussurrando “por favor” baixinho de propósito. Jimin suspirou. –Tudo bem, Kookie, você pode vir.
–YES!! Teve vejo na hora do almoço, tchau Jimin-ah.
–É HYUNG!! –gritou, mas a ligação já tinha sido encerrada.
Estúpido.
Choi levou a mesinha com comida para fora, depois entrou com a cadeira de rodas e disse que eles iriam para cortar o cabelo logo. Saiu do quarto novamente e voltou acompanhada de Jin e seu pai. Bufou alto, para que JiSung percebesse que ele não o queria ali.
Choi trocou os remédios e saiu mais uma vez, SeokJin se sentou na poltrona e JiSung ficou andando para lá e para cá, aos pés da cama. O pacote de onde os resultados dos exames deveriam estar estava aberto, deixando claro que eles já haviam visto o resultado. E pela cara que faziam, não deveria ser nada bom.
–Antes de você começar a falar sobre como a minha doença continua motivada a me matar, sugiro que aumente a dose dos meus remédios para dor.
–Já aumentaram, não podem aumentar mais. É sobre isso que vamos falar também. –JiSung disse se escorando na parede.
–Eu não perguntei a você. –Jimin rebateu.
–Aish, tão mal educado..
–Quietos! Bom, então Jimin, nós demos uma olhada nos resultados e não foram muito bons. Estava melhorando no primeiro mês e então continuamos com a mesma dose. Mas agora, na primeira semana do segundo mês, digamos que “caiu” de 51% para 0%, você imagina o quanto isso é ruim, certo? Eu não sei, se não tivermos resultados bons em pelo menos, quatro meses, acho que teremos de optar por um transplante.
Jimin arregalou os olhos um pouco, mas logo se acalmou. Sabia como funcionava, não porque já havia feito, sim porque quase chegaram a optar por isso da primeira vez, mas não foi necessário. Talvez agora fosse, e se pudesse, optaria por aquilo agora mesmo, mas Jin nunca aceitaria. Seu pai continuou parado, encostado na parede e olhando para o chão, parecia concentrado em pensar em algumas coisas.
–Hyung, posso sair do quarto na hora do almoço? –perguntou meio receoso.
–Por quê?
–Jeongguk vem me ver..
–Ele não pode te ver no quarto?
–Eu não contei pra ele ainda...
–Tudo bem, mas conte logo. Você não pode ficar fora do quarto por causa dos remédios.
–Você vai mesmo autorizar que ele saía? Você sabe, melhor que eu, que ele não pode, apenas mande esse garoto idiota embora! Aposto que sua saída com ele ontem resultou nesse resultado! –JiSung gritou.
–Cala a boca! O único idiota aqui é você! – Jimin gritou de volta.
–Quietos, os dois! Park JiSung, você não esta no controle aqui, não ligo se você é ou não o pai dele, enquanto ele estiver aqui, dentro desse hospital, eu sou o responsável dele então você não decide nada. E você esta aqui não tem nem um dia. Eu vou deixar que ele saía sim! Por mais que eu saiba que está preocupado com ele por ser o seu filho, o garoto não pode ficar vinte e quatro horas por dia dentro de um quarto. E Jimin, você não vai ficar muito tempo lá fora. Por favor adiante-se em contar logo para o seu amigo e volte para o quarto. Entendidos?
–Certo. Eu vou...
–JiSung, me acompanhe por favor. Preciso falar com você!
Os dois saíram e Jimin ficou sozinho de novo. Queria chamar Choi para ajuda-lo, mas estava com pressa. Simplesmente tirou a agulha de sua veia e se pôs para fora do quarto. Andava de vagar se escorando na parede, talvez a hora de voltar a usar cadeira de rodas tenha voltado. Bufou. Odiava estar doente. Mas claro, quem gostaria de ter leucemia?
Jimin depois de descer para o andar de baixo, se sentou no banquinho onde conhecera Jeongguk, para descansar, olhou para trás e sorriu percebendo que já estava bem longe de seu quarto.
Estava se sentindo exausto mesmo por ter andado tão pouco. Seus ossos doíam como o inferno, mas ele não sairia dali, não antes de contar ao seu único amigo, seu real motivo de estar ali. Encostou sua cabeça na parede gelada, se lembrando só ali, que havia se esquecido de por a touca.
Ouviu seu nome ser chamado ao longe, pensou ser o mais novo, mas descartou essa ideia, pois a voz era feminina. Olhou para o lado e deu de cara com a enfermeira Choi o encarando, ela estava tão perto mas sua voz estava tão longe...
–O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTA FAZENDO? VAMOS VOLTAR PRO QUARTO AGORA! –Sua voz saia de vagar, em câmera lenta e parecia estar longe.
–N-Não posso.. não agora.
–NÃO INTERESSA! QUEM TIROU SEUS REMEDIOS??
–P-pare de agir... como o Jin hyung, e eu mesmo tirei.
–Ah meu Deus, Park Jimin você quer mesmo morrer!
Choi o puxou pelo braço e o levou com dificuldade para o quarto, apesar de ser mais velha que ele, era menor e mais magra. E mesmo assim o levou.
(...)
Já tinha alguns minutos desde que chegara ao hospital, mas não havia ninguém na recepção e não poderia simplesmente chegar entrando. Se sentou em uma das cadeiras de espera e respirou fundo.
Quando alguém ira aparecer?
Fechou os olhos tentando manter a calma. Se demorasse muito, logo o horário de almoço acabaria e Jimin não poderia mais recebê-lo. Passou as mãos pelos cabelos, demonstrando nervosismo.
–Senhor? Posso ajudar? –Kook levantou correndo para onde a moça que o chamara estava.
–Sim! Posso saber onde Park Jimin está?
–Park Jimin?... Ah, sim, você pode encontra-lo com o Doutor Kim. Para chegar na sala dele, você vira nesse primeiro corredor a direita, depois para a esquerda, a ultima porta e a única da parede.
–Certo, obrigado.
O moreno se curvou e saiu correndo pelo corredor que estava estranhamente silencioso. Viu que a porta onde estava escrito “Kim SeokJin” estava um pouco aberta então se aproximou. Quando percebeu que ele estava conversando, pensou em se afastar, mas não o fez, não depois de ouvir o nome de Jimin.
–Você sabe, você precisa falar com a mãe dele! Ela não vai querer nem olhar mais na minha cara depois do escândalo que eu fiz na casa dela porque ela não me contou que Jimin estava com leucemia.
–Eu não sei se ela vai me ouvir, acho que ela não gosta muito de mim... e tudo que Jimin me disse sobre ela, acho que não vai querer doar, mesmo se for compatível...
–Aish, aquela v..-Jeongguk se colocou pra dentro da sala, o interrompendo.
–Desculpem-me interromper assim, mas podem me dizer onde eu encontro o Jimin?
–O Jimin? Ah, você dever ser o Jeongguk, certo? –o mais novo confirmou com a cabeça. –Certo, se ele não estiver em um dos corredores do segundo ou terceiro andar te esperando... Hum, vai estar no quarto 402 do terceiro andar, segundo corredor e primeira porta.
–Certo, obrigada. –se curvou e saiu.
Saiu correndo da sala de volta a recepção, a mesma moça que o atendeu disse que ele não podia ficar correndo pelos corredor mas a ignorou e começou a correr pelas escadas. Seus pensamentos estavam nublados e ele só queria chegar à Jimin e perguntar-lhe o motivo daquilo, saber o motivo de ter escondido algo tão importante de si.
Seu coração estava se correndo em raiva. Por que Jimin não havia lhe contado sobre o seu real motivo de sempre estar no hospital? Essa pergunta não saiu de sua cabeça um segundo sequer, enquanto corria. Se eram amigos não deveriam confiar um no outro? Se sentia triste, aquilo com certeza estava doendo mais que qualquer outra coisa. A raiva lutava contra a preocupação dentro de si, e parecia que nenhum dos dois iria ceder fácil. Procurou Jimin pelos corredores e seguiu para o quarto 402 quando não o encontrou em lugar nenhum.
Parado em frente a porta do quarto, seu coração parecia querer sair pela boca, seu único pensamento o abandonou, e sua mente estava nublada. Não percebeu que já havia aberto a porta e entrado gritando.
–ATÉ QUANDO VOCÊ PRETENDIA ESCONDER ISSO DE MIM, PARK JIMIN?
–Esconder o que? –Jimin olhou confuso, mas logo aquela confusão se foi. Seu coração falhou uma batida. –Como você...?
–Eu venho ao hospital para visitar o meu amigo ajudante e descubro que na verdade ele esta aqui por causa de uma doença! Isso não é o máximo?
–Kookie... eu ia te contar, mas..
– Ia me contar? Quando? Depois de ter terminado o seu tratamento?? Talvez, depois de morrer? Quando você ia me contar, Park Jimin, quando?
–Eu jamais faria isso, Jeon Jeongguk! –Gritou. As lagrimas já desciam de seus olhos. –Eu ia te contar está bem? Eu ia te contar hoje, mas eu passei mal e tive que ficar aqui dentro...
–E por que você não me contou antes? Por que teve de esperar um mês para me contar?
–Eu estava com medo, merda! Eu estava com medo, satisfeito? Eu estava morrendo de medo, de que meu primeiro e único amigo fosse me deixar! –respirou fundo secando as lagrimas, percebendo que Jeongguk fazia o mesmo. –Eu estava com medo de ter que conviver com a solidão, com o abandono. Com medo de te fazer sofrer por isso. Eu sou um medroso, eu sei, eu só não queria que você fosse embora...
–Por que você acha que eu iria embora? Você não devia ter perguntado a mim? Você não deveria tentar saber a minha opinião? Isso não era o certo? Então por que agiu as minhas costas?? Eu disse que tu podias confiar em mim! EU DISSE, MAS VOCÊ NÃO O FEZ! VOCÊ NÃO CONFIOU EM MIM!!
–EU CONFIEI EM VOCÊ!! EU CONFIO EM VOCÊ! É EM MIM, JEON JEONGGUK, É EM MIM QUE EU NÃO CONFIO! EU NÃO POSSO CONVIVER COM A IDEIA, DE QUE UM DIA EU POSSA MORRER E TE DEIXAR AQUI, SOFRENDO POR ME PERDER , EU ME SINTO A PESSOA MAIS HORRÍVEL DO MUNDO, VOCÊ NÃO IMAGINA. –Jimin se segurava para continuar naquela maldita cama. –Você não imagina, o quanto eu me amaldiçoei por não ser forte o bastante pra te contar. Você não faz ideia..
–Eu estou realmente muito magoado com você, Park Jimin. Eu queria poder socar a sua cara para você perceber como foi idiota por pensar essas coisas. Por pensar que em algum momento eu te deixaria. De verdade. Então eu vou embora, por agora. Por favor, não me ligue e nem mande mensagens. Eu preciso de um tem.. –fora interrompido pela enfermeira Choi.
–Ei poço de doenças, falei com uma amiga minha ela é cabeleireira e ...–Sua fala morreu assim que ela viu os dois chorando. –Ah, interrompi algo?
–Não. Eu já estava de saída.
O moreno se curvou e saiu. Seu coração parecia mais pesado agora, queria voltar lá e pedir desculpas por ter gritado, mas estava magoado demais para fazê-lo. Simplesmente seguiu seu caminho, parecendo um zumbi. Por mais que ter agido daquela forma estava errada, Jimin também estava. Não ter contado sobre sua doença e escondê-la fora um grande erro.
Quando se sentou no banco do ônibus, se perguntou até quando ficariam brigados, se voltariam a se falar... Ficou ainda mais triste se lembrando da conversa que ouvira. Seu coração se apertou só de pensar que Jimin teria que raspar seus cabelos. Seus cabelos ruivos que o deixava ainda mais bonito. A última vez que o vira com cabelos? Espantou esses pensamentos e se concentrou no caminho para casa. Aquilo que ele e Jimin tinham, ainda era amizade?
Mas eles deviam saber, amizade nem sempre é um mar de rosas. Sempre vai haver confusões, brigas e tristeza. Mas no fim, se amizade for mesmo de verdade, nem o tempo e muito menos a distância vai diminuí-la. Ninguém fica sozinho por muito tempo, porque se fossem para viver sozinhos, qual seria o significado da palavra amizade?
Mas o que os dois sentem um pelo outro, é amizade?
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