História All of Us - Capítulo 22

-Para que tanta bebida, Melanie? -Peter está apavorado olhando para o tanto de garrafa de tequila, que exagero, são apenas 5. Mais três de vodka, três caixas de cervejas, e algumas frutas para os coquetéis.

-Para beber. -Ironizo, ah me deixa.

-Amanhã eu vou estar em casa.

-Só não quero que não chegue perto da piscina. -Aviso.

-Eu vou ficar nesse calor aqui dentro de casa?

-Tira a roupa, vai para o estúdio e liga o ar condicionado. -Encontro a solução perfeita. 

-Não aceito.

-Ou você aceita, ou serão mais dois anos de noivado, e se eu me estressar não vou querer mais casar com você, já estou cheia da sua cara. -O encaro com raiva.

-Estou sentindo que você vai menstruar ou hoje, ou amanhã. -Gargalhou.

-Vai se foder, babaca. -Saio de perto.

*Bruno On*

A Mel acordou mais bruxa que nunca, comprou um monte de bebiba para o dia de meninas, porra, não vi ela comprar nada para comer, só álcool. Mulher louca do caralho. Já vou começar a me planejar para levar um monte de mulher para o hospital, em coma alcoólico.

-Estou indo, Bruxa. -A puxo para o beijo gostoso. Esses lábios carnudos que me deixam louco.

-Para de me chamar de bruxa. Filho da puta. -Reclama fazendo cara feia. Tem dia que ela não fala nada, quando eu a chamo de bruxa, que é a cima de tudo é muito carinhoso, mas tem dias que ela manda eu me foder mesmo. Ainda mais na TPM.

-Que boca suja. -Dei um selinho, e ela me encarava séria.

-Tchau, Bruno. -Respirou fundo e saiu.

-Tchau minha vida. -Tá porra, eu adoro deixa-la puta da vida. Sabe a forma que ela fode quando está com raiva, e não deveria estar fodendo? Maravilhosa.

-Vai para o inferno, seu idiota. -Gargalho indo para a garagem.

Nosso relacionamento está muito bem, graças a Deus, isso não significa que viramos um casal de adolescentes, até porque, sabemos o que a Mel não consegue ser. Continuamos as colisões frontais, o que nos torna um casal perfeito. Como antes da merda que eu fiz.

Somente o fato dela decidir que vamos casar, chamar todas as mulheres, me deixou feliz para caralho. Ela sempre foi muito madura, confesso que muito mais que eu, sim as vezes eu sinto que ela é mulher demais para mim. Ela me apoiou com o lance da Andrea, e eu achando que ela me daria um chute no traseiro, muito pelo contrário, me apoiou, não me jugou e está organizando nosso casamento.  Eu sinto como se isso fosse uma afronta para a Andrea, como se ela dissesse “Faço com ele o que eu quiser, e para o seu azar, decidi que quero casar com ele.” Isso é a cara da minha Bruxa.

Cheguei no estúdio, hoje teríamos uma reunião com a produtora. Coisas de negócios. Antes liguei para a Jaime, dando o endereço da Andrea, e ela a levaria para fazer o exame de gravidez. E porra, eu não quero pensar nisso. Não quero pensar no que acontecerá na minha vida se ela estiver gravida, eu sei, a culpa será minha, mas eu tenho a minha família, e já tenho a mãe dos meus filhos. Porra, nem sei se a Mel seria madura para lidar com essa merda, tenho medo de acordar e ela ter levado meus filhos embora, ou algo como o que ela fez com o Tommy. Foda-me.

“Quando sair da reunião liga para casa, a Lunna quer falar com você.” Mel

“Tá bom, minha vida.” Peter

“Vai se foder, Bruno Mars. “ Mel

“Me respeita, Melanie.” Peter

“Me deixa em paz, pelo amor de Deus, Peter.” Mel

“Você está zangada comigo? Não sei se esse tratamento é sério ou brincadeira. ” Peter

“Peter, estou na TPM, e cansada. E hoje eu não estou muito amigável para o seu lado, acordei enjoada da sua cara. Então, eu preciso daquele espaço para respirar.”  Mel

Sincera como sempre.

“Está bom, desculpa a brincadeira. Mas eu estava te tratando com carinho, sem maldade. Vou deixar você quieta. Te ligo quando acabar aqui, te amo.” Peter

“Eu sei, só estou estressada. Também te amo.” Mel

Me concentrei na reunião. Coisa rotineira. Faturamento, marketing, e planejamento para o próximo CD. Nesse eu vou precisar de um tempo, me dedicar a escrita, e ter o meu tempo para dedicar a cada música, sem pressa, sem cobrança. Vai que nesse tempo, eu não consiga uma certa parceria.

Saimos da reunião, e eu fui para a outra sala com o Phil. Precisava ligar para a minha princesinha.

-Papai. -A Mel atende e já coloca no viva voz.

-Bubuzinho. -Sua alegria é contagiante.

-Oi, Lua.

-Papai, esqueceu a cuequinha? -Ela não esquece esse lance da cuequinha. Jesus.

-Não, Lua. Papai está de cuequinha. -O Phil gargalha se jogando no sofá. -O que você está fazendo?

-Eu estava em apuros, Bubuzinho. -Mini Mel. -Mamãe me colocou no cantinho do pensamento, e eu fiquei lá pensando.

-Pensando em que, minha filha?

-Na sua cuequinha, papai. -Tive que gargalhar.

-Já saiu do cantinho do pensamento?

-Sim, e mamãe disse para eu ficar quieta. -Ela parecia bem séria. -Vou tirar um cochilo, ai, Mimi chega, aí eu como, ai eu bebo, ai eu merendo, ai eu brinco, ai eu apronto. Tá papai?

-Você só precisa tirar o “aprontar” da sua lista, meu bebe.

-Vou tirar, tá certo? Um beijo. -Ouço o som do seu beijo.

-Um beijo, minha princesa. -Ela gargalha.

-Tchau Peter, te vejo mais tarde. -A voz da Mel estava estranha.

-Você está bem, Mel?

-Estou com dor de cabeça. -Respira fundo.

-Vai relaxar, beijo meu amor.

-Tchau.

Encaro a tela por um tempo, e volto a realidade quando alguém entra na sala. Jaime

-Oi rapazes. -Ela cumprimentou o Phil, e me deu um beijo na bochecha.

-Você vai para o dia de meninas na casa do Bruno?

-Claro.

-A Urb já disse que a crianças ficam comigo, porque ela vai ficar bêbada na casa do Brunão. -Meu amigo gargalha.

-Vou te mandar uma foto do tanto de cachaça que a Melanie comprou. -Falo sério o fazendo gargalhar.

-Eu preciso ir buscar o Jaimo. -Minha irmã me olha e abre a bolsa, tirando de lá, um envelope pardo. -Aqui está o resultado do exame. -Me entrega super séria.

-Você já leu? -De repente estou suando frio.

-Sim, parabéns Bruno. -Diz e eu olho a porra do resultado.   

*Mel on*

Estava com os meus filhos assistindo filme. Enfim o caralho da menstruação desceu, eu já estava ficando louca. E agora eu estou com aquela porra de cólica chata. AH, vai se foder. Qual a porra do benefício em ser mulher? Hum? Quando fodemos pela primeira vez, a boceta doe e sangra, enquanto o cara fode igual um louco sem sentir porra de nada. Menstruamos, e temos uma sensação de parto todos os meses, e quando engravidamos, ficamos gordas, quase rolando da ladeira, enjoo do caralho, dor no corpo todo, chute na bexiga, ficamos ‘Maria mijona’ e os filhos da puta? Só posando para a foto. Cansei de ser mulher, agora eu quero ser homem.

-Tá vendo, Mimi? -Lunna estava inconformada com o filme.

-Está certo, Estela. Só um pode ganhar. -Essa era a milésima vez que o Thomas explicava para ela.

-Mas eu não quero. -Fez bico de choro. Choro? Não, chorar não.

-Sem choro Luz. -Falei gemendo. -Fica quietinha tá?

Ouvimos latidos do Gerônimo, que era sinal do boy em casa.

-Bubuzinho chegou, Mimi. Vamos comer comida delicia. -Minha filha só pensa em comer.

-Você pensa em comida o tempo inteiro, Estela. -Meu filho reclama.

-Ih, deixa eu. Xato. -Olha o bico dessa menina.

-Sem briga, por favor. -Sério, eu não estou falando, eu estou gemando. Deus que me salve.

-Oi amores. -Ele entra no quarto e nos olha sorrindo.

-Papai vamos jantar? -Lunna é a primeira a se jogar nos braços do pai.

-Não acho que você esteja com fome, princesinha. -Ela gargalhou gostosa. -Oi, cara. Não vai rolar um abraço no papai?

-Pai, acho que a Estela precisa ir para a escola. -Meu filho abraça o pai, a cara da Lunna nesse momento é uma paisagem.

-Ih, mamãe tá vendo? -Me olha chateada. Ela diz isso porque hoje, depois dela escalar a geladeira para pegar um cupcake, eu disse que se ela continuasse assim, eu a colocaria numa escola que ela ficaria o dia inteiro de castigo e estudando. Sem brincar, sem se divertir. Então, isso não é algo que ela gostou.

-Thomas e Lunna, relaxem. -Respiro fundo sentindo uma pontada na barriga.

-Está sentindo dor? -O boy sensível.

-Estou com cólica.

-Tomou remédio? -Neguei. -Vou pegar um remédio para você. Vamos pessoal, mamãe está dodói, e é melhor deixar ela em paz. -Ponto pro boy.

As crianças saem atrás dele, e não demora para ele me trazer um remédio, e uma compressa de agua quente. Isso aí, eu estou sendo muito boazinha com ele, então será maravilhoso se ele me fizesse um mimo. Me obriguei a levantar, para jantar com os meus filhos, mesmo que eu não comesse nada. Somente o fato de estar ao lado deles, já me fazia bem.

Os deixei com o Peter, e fui para o lado de fora de casa. A lua refletia na piscina, e uma brisa fresca soprava em meu rosto. Fechei meus olhos e fiquei lá, não sei por quanto tempo. Choraminguei, chorei, se tem uma coisa que me faz chorar é cólica. Jesus Amado. É nessas horas que eu queria muito a minha mãe, que estaria na cozinha preparando um chá, me dando com um remédio, e me abraçando até que eu estivesse bem. Eu sei, eu sei, sou adulta agora, posso ir fazer meu chá, mas porra, posso sofrer em paz? TPM é uma desgraça na minha vida.

-Meu amor. -Ouvi a voz do Peter me deu vontade de chorar. Eu queria a minha mãe, mas acho que o Peter serve. -Toma seu chá, comprei outro remédio para você. -Abri os olhos, e lá estava ele, banho tomado, calça de pijama e regata, com os cabelos molhados, segurando uma xicara do bob esponja. -Não chora, amor. Toma o remédio, a moça disse que faz efeito mais rápido que o outro. -Sento e ele me entrega o remédio, engulo com o chá.

-Cadê as crianças? -Pergunto limpando as lágrimas.

-Dormindo. -Ele se abaixa e me olha nos olhos. -Odeio ver você sentindo dor.

-Odeio sentir dor. -Tomo mais um pouco de chá. -Desculpa pela forma que tratei mais cedo. -Lembro-me. Estava sendo uma vaca com ele, não que ele não mereça, mas sabe, ele me comprou um remédio e trouxe chá.

-Não fiquei zangado, nem magoado. -Sorriu de lado. -Vamos deitar? -Concordei.

Eu notei ele um pouco tenso, o assistir trancar a casa, desligar as luzes. Lembro-me que hoje a criatura faria o exame, e se ele está assim nervoso, e não me disse nada até agora, só tem uma resposta.

-Peter, a Andrea fez o exame? -Perguntei sentada na cama.

-Fez. -Me olhou.

-E o resultado? -O olho. Juro que estou nervosa. Ele me encara, e vai até o closet, quando volta segura um envelope em sua mão.

-Toma. -Ele está apreensivo, ou seja, essa porra só tem uma resposta.

-Fala logo, ela está gravida ou não? -Meu coração dispara de uma forma, que minha cabeça dói e minha cólica diz “Voltei vadia”. Abro a porra do papel, impaciente pela, fodida, resposta dele. Leio rapidamente e vejo a porra do NEGATIVO no final. -Ah, vai se foder, Bruno.

-Ela não está gravida, a Jaime me disse que a menstruação dela chegou no consultório. -De repente ele está com a cara de um pinto abandonado no lixo. Jogo o papel de lado, e deito na cama.

-Dá próxima vez que for foder com uma puta, se proteja para não correr esse risco novamente. Ah, e sem contar nos riscos de uma DST. -Estou com raiva. -Que sirva de lição para você, seu babaca imaturo. E se isso acontecer mais uma vez, eu vou embora, com os meus filhos, e você nunca vai vê-los. Arrumo um homem, maduro, que assuma o papel de pai para eles. -Falo sem respirar. -Abaixa a temperatura do ar condicionado, e desliga esse caralho de luz. -Deito com raiva. Ah, vai se foder.

-De onde veio isso? -Ele ousa perguntar.

-Estou juntando isso desde o dia que aquela vagabunda disse que poderia estar gravida. Desde aquele dia, que eu quero enfiar a mão na sua cara.

-TPM filha da puta. -Ele resmunga baixinho e deita ao meu lado. -Será que você pode ficar feliz com a noticia?

-Eu ficar feliz? -O encaro. -Quem tem que ficar é você. Não estou gravida de nenhum cara que eu fodi, então, o único que tem que comemorar é você.

-Tá bom, amor. Vou deixar você descansar. -Levantou e saiu.

Acho bom mesmo!