Tasha respira fundo para tentar desfazer o nó da garganta, mas é inútil. Ela encara os olhos furiosos de Patterson, desvia o olhar para uma mesa com remédios, os mesmos que ela tomava quando estava em crise de pânico. Ela aparentemente voltou a tomá-los, pois quando saiu em missão, ela estava ótima e não precisava mais deles. Seu peito afunda e seus olhos começam a marejar, o desespero já estava começando a tomar conta do seu corpo. Só havia uma solução a se tomar:
Ela avança na loira furiosa, segura seu rosto perolado, que agora estão um pouco vermelhos. Fecha os olhos e a beija. Se em nada desse depois, pelo menos ela não se arrependeria.
Patterson amolece e as duas ajoelham no chão. Ambas sentem o gosto amargo de suas lágrimas. O beijo era bom, mas triste. Era um beijo de despedida.
— Escuta... O que eu fiz não tem volta, mas por favor, me entenda... — Começa Tasha ainda segurando firmemente o rosto de Patterson e limpando algumas de suas lágrimas com o dedão. — Você faria o mesmo para me proteger. Se eu tivesse contado, ele poderia ir atrás de você novamente e, desta vez, conseguir te matar.
— Mas... — Tenta Patterson, mas logo é interrompida por Tasha.
— Read me demitiu, achou melhor para a “nossa relação”. Não estávamos dando certo mais e você sabe. E eu também achei melhor sair e aceitar a vaga na CIA, eu não estava conseguindo mais esconder o que sentia por você. — Admite Tasha em voz alta pela primeira vez, até mesmo para ela. Patterson abre a boca, mas não consegue dizer nada. — Por isso eu fui embora, aceitei a missão, parecia o melhor a se fazer. Até me deparar com o maldito Borden. Eu quis contar antes, eu chorei todas as noites por não poder. Eu sei, deveria ter sido mais corajosa. Mas se algo te acontecesse de novo, e ainda mais por descuido meu, eu não sei o que seria de mim!
— Se tivesse me falado da demissão, eu não teria tanta raiva. Você foi embora sem dizer nada! E você entenderia que, do meu jeito, eu estava correspondendo. — Patterson também toma coragem. Ela fecha os olhos e respira fundo para continuar a falar. — Sobre a missão, eu entendo o sigilo. Eu também precisei omitir coisas para as pessoas que eu amava... Mas nunca aceitaria trabalhar com um terrorista que quase matou minha parceira diversas vezes.
— Me perdoa... Por favor... — Implora Tasha deixando as lágrimas rolarem.
— Eu não consigo... — Patterson se desvencilha das mãos de Tasha e se afasta, encostando as costas na geladeira.
— Você consegue acessar aqueles arquivos mega decodificados e entender algoritmos que eu nem sabia da existência, mas não é capaz de perdoar? — Pergunta Tasha se levantando. Patterson não responde, apenas encara o chão. Aquilo já foi o suficiente para Tasha saber que perdeu e que era melhor seguir, por mais doloroso que fosse.
Ela pega a caixa em cima da mesa e abre a porta respirando fundo. Fecha a porta atrás de si, lutando para não desabar em lágrimas e sair de lá com alguma dignidade. Se é que ainda tivesse alguma. E segue corredor a fora.
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